Controle da Internet

Terminou em nada a reunião da Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação, organizada pela ONU, e realizada de 16 a 18 de novembro na Tunísia. Estiveram presentes representantes de 170 países, e foram abordados temas como os direitos humanos e a censura na internet, além, é claro, do tema principal – o controle e a administração da Internet.
Até então, o sistema estava basicamente todo nas mãos dos Estados Unidos – uma empresa chamada Icann (Corporation for Assigned Names and Numbers), situada na Califórnia, e vinculada ao Departamento de Comércio norte-americano, é quem detém o monopólio da criação, registro e armazenamento de endereços Ips, o que faz com ela controle a oferta de endereços de internet em todos os países do mundo. Por estar vinculada a um órgão do governo americano, é praticamente como se o próprio governo pudesse decidir a seu bel-prazer sobre a liberação de novos endereços na web. É um risco enorme deixar tudo nas mãos nos Estados Unidos!
Entretanto, durante a Cúpula Mundial da Informação foi criado o Fórum de Governança da Internet, no qual os países insurgentes (como o Irã e o Brasil, que clamavam por um controle internacional dos registros na internet) poderão tratar de questões como segurança, políticas de inclusão digital (a meta realisticamente utópica da Cúpula era traçar estratégias para garantir o acesso de pelo menos metade da população mundial à internet até 2015!) e a regulamentação do comércio online mundial (se bem que para este ponto era mais simples fazer um Conselho de Comércio Virtual, que se reportasse ao Conselho Geral da Organização Mundial do Comércio… 😛 — se bem que é bem provável que próprio Fórum de Governança faça parte da OMC…). Basicamente, esse Fórum não vai servir para nada. Os EUA seguem detendo o monopólio da administração da rede mundial de computadores, e os demais países apenas poderão brincar de tomar decisões tratando de temas (bem) mais irrelevantes.
Ao menos a Cúpula serviu para discutir questões como a liberdade de expressão na internet e o direito de informação 🙂 E também para promover discussões acerca de estratégias para a inclusão digital de países em desenvolvimento — só que os Tios Patinhas lá de cima não estão dispostos a colaborar com o desempobrecimento daqui debaixo, a julgar pelas parcas contribuições feitas por aqueles ao Digital Solidarity Fund das Nações Unidas!

[Editado: se der certo a idéia do laptop de baixo custo para as populações carentes (funciona a manivela! ¬¬), a Cúpula terá servido para alguma coisa, afinal… :P]

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