Feriados

— E aí, como foi o feriado?

— Que feriado????

É impressão minha ou essa história de renegar o feriado do aniversário da proclamação da República foi uma coisa generalizada? De minha parte, confesso que não parei em nenhum momento para refletir sobre os valores de se viver numa nação pautada por valores [ditos] democráticos e republicanos, e que também não refleti sobre o quanto a imagem de nossa República encontra-se manchada pelos escandalosos acontecimentos recentes no âmbito político. Mas será que isso também aconteceu com todo mundo?
Particularmente, eu tinha motivos de sobra para nem sentir a passagem do feriado: três provas e um trabalho. Como passei o dia de “folga” inteiro estudando, é como se fosse simplesmente um dia em que não se fosse à aula. Um dia como outro qualquer. Um dia qualquer. Um dia.
Mas, convenhamos, dos feriados dedicados à nação, o da república é o mais inútil de todos. No 7 de setembro ao menos há desfiles. Responda rápido: o que se faz para comemorar a República? Fala sério… dava para fazer um referendo (já que virou moda!) propondo acabar com o feriado da república e transportando-o para um mês que já não tenha outro feriado (2 de novembro – 15 de novembro.. para que dois feriados no mesmo mês e em menos de quinze dias?). Para não perder o cunho político, dava para comemorar algo mais concreto e objetivo, como, sei lá, a abolição da escravatura (embora já haja outro feriado em maio… o problema é que feriado em fim de ano não tem a mínima graça! Qual a utilidade de um feriado a duas semanas das férias? :P), ou a data de edição da Constituição atual (aí teríamos um feriado relativamente móvel, visto que uma Constituição no Brasil não costuma durar mais do que 50 anos… mas num país com uma data tão móvel quanto o Carnaval, o que significa mudar a data de um mísero feriadinho de tempos em tempos?) ou a reconquista da democracia (bem mais interessante que comemorar a República! E dava até para fazer desfiles comemorativos felizes, simulando o dia em que os jovens foram às ruas clamando por eleições diretas)…
O que não dá é para seguir comemorando uma mera decisão arbitrária de meia dúzia de generais de transformar o país de monarquia para república. Tudo bem que esse ato simboliza a passagem do poder político das mãos de portugueses para brasileiros, mas não passa disso. Não reflete os anseios de um povo. Não houve revolta. Não teve a mínima graça. (mas aí poderíamos cair também no desvalor da comemoração da independência; ao menos a independência assinala algo relativamente concreto — o país passou das mãos de Portugal para… os portugueses…?). Ah, enfim, para que feriados? Abole tudo de uma vez e aumenta as férias no fim do ano! 😀

[P.S.: Nunca leve a sério nada do que escrevo no período pós-24h :P]

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