Balanço geral dos últimos dias

Nesses dias que passei em Pelotas fui confundida várias vezes com vestibulanda. Também pudera, de domingo a terça aconteceu por lá o vestibular da UFPel, e, numa cidade minada de candidatos (nas ruas, nos bares, nas esquinas, em todos os lugares…), é natural que qualquer um com uma cara de adolescente perdido e cheio de espinhas na cara venha a ser confundido com um sofredor: da exceção faz-se a regra; essa é a grande tendência da humanidade. A confusão foi de vários tipos, desde uma inocente indagação “tu tá fazendo vestibular pra qual curso?”, feita por uma companheira de espera (aliás, interminável) na fila do Circulu’s, com o objetivo nítido de simplesmente puxar assunto; ao taxista de hoje, que, ao nos deslocar de casa até a rodoviária, perguntou o que a gente tinha achado da prova — e até brincou com o fato de que também não teria a mínima idéia de como tratar um frei, que era o destinatário da carta que deveria ser feita na redação do vestibular. O detalhe é que nessa pergunta ele incluiu a minha irmã mais velha, que também foi confundida com vestibulanda, apesar de já se formada e especializada (e mestranda!). Com tanto estresse de vestibular, até me senti bem por nunca ter passado por esse aperto. De certo modo, foi bom “passar sem querer” 😛 (embora seja ruim conviver com a dúvida eterna do “será que é isso mesmo que eu deveria estar fazendo?”).
Mas o ápice da confusão ficou por conta da minha situação hoje de manhã. Saí de casa cedo, com a prova de português e redação da minha prima, para tirar um xerox (coisas da minha mãe…). Como eu já estava na rua, aproveitei para ir na biblioteca da faculdade pegar alguns livros para as férias (não que isso tenha algo a ver com a história, mas gostei da idéia de se poder pegar livros para ler nas férias — o ruim é que eu não tinha planejado o que pegar, e escolhi livrinhos pequenos, do tipo que termino de ler em dois tempos, e tudo volta ao mesmo tédio de sempre! bom, e é hora de fechar logo este parêntese, sob pena de não conseguir mais retomar o fio da história — se é que ela tem um fio, mas falar da existência ou não de um fio nesta história me faria ir muito longe no assunto; aliás, qual é o assunto mesmo? :P), e, aproveitando que já estava por perto, fui ao centro da cidade fazer parte das compras de Natal. Depois de andar a manhã inteira, de loja em loja, eu sem querer senti sede e resolvi — inocentemente — comprar uma garrafinha de água mineral. Agora, imaginem a cena: nas mãos, duas provas de vestibular (no caso, a mesma, em versão original e cópia), alguns livros empilhados, e uma garrafinha d’água a tiracolo… Perdi a conta do número de pessoas que parou para me perguntar se a prova de hoje tinha sido muito difícil! Foi bem engraçado. E dá-lhe explicar que era tudo um mal-entendido, e que de fato eu não era vestibulanda… Em uma das abordagens resolvi levar na brincadeira e até falei da redação, que tinha sido muito difícil, e que eu não sabia(saberia) como tratar um frei. Ainda bem que não pretendo ver essas pessoas nunca mais na minha vida 😛 Uma mentirinha boba dessas não faz mal a ninguém… 🙂
Entretanto, o mais legal de tudo foi voltar para casa num ônibus abarrotado de estudantes. Vestibulando é uma praga que se prolifera como gafanhoto! É incrível! E mesmo com o fato no mínimo curioso (mas esperado) de o ônibus das 14h conter apenas vestibulandos (eu e minha irmã éramos talvez as únicas exceções…) que se deslocavam de Pelotas a Bagé, mesmo assim, mesmo com todos os passageiros indo de um ponto a outro comum a todos, o ônibus não deixou de parar em Pinheiro Machado (a tradicional parada dos 10 minutos) e na Vila Operária de Candiota (o ônibus entrou na cidade, parou na rodoviária por menos de 30 segundos, e prosseguiu viagem — só pelo prazer de cumprir o roteiro pré-estabelecido). E, para completar, o ônibus não podia de ter deixado de entrar pelos fundos de Bagé (característico dos ônibus das horas pares), mesmo que nenhum indivíduo, nenhuma criatura, nenhum ser, tenha tomado a iniciativa de descer no meio do trajeto diferenciado que foi feito. Fizeram isso só para gastar gasolina mesmo. Só pelo prazer de desorientar todo mundo 😛

E a matrícula da faculdade (— a outra), para variar, foi uma verdadeira bagunça. Teve reajuste (embora, aparentemente, TUDO continue absolutamente igual) e a gente levou quase uma hora para fazê-la por conta da incompetência de certos professores (ou do sistema de informática da faculdade — porque faltava para todos uma nota, de uma matéria que é pré-requisito para outra que tentávamos nos matricular). Estou pensando seriamente em abandonar o módulo fechado. Semestre que vem vou ter 7 matérias (no anterior eram 5), e o valor a ser pago, considerando-se o acréscimo de matérias e o reajuste, sofrerá um aumento de cerca de 40%. Ensino ruim + mensalidade cara + bagunça na rematrícula. Só não fico de cara com a “Universidade Caótica de Pelotas” (ou CUPel, como preferir :P) porque gosto de Jornalismo e porque a biblioteca de lá empresta livros durante toda as férias 😀

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