Monthly Archives: April 2006

Hino de Gana

Considerações sobre a notícia “Rei mecânico grava em alemão o hino de Gana para a Copa“, do dia 18/04, no Último Segundo (também saiu no Terra):

Ela fala sobre:
– Um rei
– Que tem uma oficina mecânica com três funcionários
– Que governa uma região Gana, mas mora na Alemanha
– Que governa pela Internet
– Que tem um irmão que por ser canhoto é impuro (?)
– Que levou 12 facadas na cerimônia de posse
– Que tem uma foto duvidosa em cima de dois tigres (no sentido de que pode ser montagem)
– Que já gravou uma musiquinha natalina em CD
– E, finalmente, que gravou o hino de Gana para a Copa — em alemão!

Dá para acreditar numa coisa dessas? 😛

Profile views no Orkut 2 – como burlar a ‘lei’

Menos de 48 horas depois da implementação do sistema de contagem de visitas dos perfis no Orkut, e o número de perfis falsos do sistema já aumenta exponencialmente 😛 Não deu muito certo a idéia de só permitir ver quem é visto: basta criar um perfil falso com a opção desativada, e utilizá-lo para (continuar a) fuxicar a vida dos outros. Não duvido que a moda passe a ser todo mundo ter perfil duplicado no Orkut… 😛 — Palavra de quem vai passar a usar o perfil do cachorro para espiar a vida alheia… (não que eu costume fazer isso, mas… é mais saudável fazer de forma anônima).

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Profile views no Orkut

A antiga ferramenta do Orkut de contagem do número de acessos de cada perfil está de volta, em versão remasterizada. Agora, além de apresentar o número total de acessos que cada perfil tem (felizmente, na versão 2.0 esse número fica visível apenas para o dono da página), o software também se encarrega de mostrar uma listagem das últimas pessoas (com os respectivos links para seus profiles) que acessaram um determinado perfil. O ranking também mostra o número total de acessos no dia anterior, para os mais afoitos em descobrir o quão freqüentemente são bisbilhotados. O recurso, que é quase igual a um contador de visitas de websites, oferece ainda uma opção adicional: quem quiser permanecer surfando no Orkut anonimamente poderá fazê-lo como sempre o fez, mediante marcação de tal opção nas configurações do site. Entretanto, vale a regra de Talião. O preço a pagar por não ser visto é o de também não poder ver: a ‘punição’ para quem desmarca a opção é a de perder o acesso a seus próprios profile views. Nada mais justo.

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Tablóides brasileiros

Matéria da Veja de 26 de abril (aliás, qual o sentido de enviar no sábado a revista de quarta-feira? Por que não colocar então a data do próprio sábado em que as revista são remetidas, já que os assuntos estarão desatualizados de qualquer jeito quando chegar a quarta-feira?) fala sobre a tendência atual dos jornais brasileiros de copiarem o modelo de tablóide de jornais ingleses. O objetivo é chamar a atenção do leitor, e a estratégia vem sendo utilizada por jornais tradicionais que perderam parte de seus leitores (como o Jornal do Brasil) ou por grupos jornalísticos que descobriram no jornal popular um filão que gera receitas. Esses últimos são pequenos jornais vendidos a preços módicos (como o Aqui, dos Diários Associados, que circula em Brasília e Belo Horizonte por 25 centavos a unidade) que apresentam matérias pouco aprofundadas sobre os fatos mais importantes de cada dia, geralmente tratando de assuntos de interesse local. Esses jornais têm o tamanho ideal para quem quer algo para ler no trajeto de casa até o trabalho, ou em pequenos momentos de folga na hora do almoço. O objetivo é criar o hábito de leitura nas pessoas que normalmente não lêem jornal (por ser muito caro, ou por uma suposta ‘falta de tempo’), para que depois busquem maiores informações e aprofundamento dos assuntos no jornal tradicional.
No jornal em formato tablóide, o tamanho do papel é reduzido (para uma melhor mobilidade e facilidade de leitura), as matérias recebem tratamento visual diferenciado (tabelas, fotos, gráficos), os textos são simplificados, os temas tratados são de interesse geral, e as cores predominam – enfim, tudo que possa ser usado para chamar a atenção do leitor e facilitar a compreensão do assunto tratado. Será esta uma tendência generalizada? Alguém consegue imaginar a Folha ou o Estadão em formato tablóide?

Mensalão

Só fui entender direito o que é/era o mensalão quando li o relatório da denúncia do Ministério Público contra os envolvidos no esquema. O documento coloca José Dirceu como o principal articulador do movimento, e contém outros 39 nomes de suspeitos envolvidos. O mensalão é definido como uma organização criminosa com ramificações variadas e estrutura complexa. A organização era dividida em três núcleos: o político-partidário (José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares, Sílvio Pereira – para manter o PT no poder, comprava suporte político de outros partidos), o publicitário (Marcos Valério e cia Ltda. – recebia vantagens indevidas em contratos de publicidade) e o financeiro (galera do Banco Rural – facilitava a operação de lavagem de dinheiro).
A denúncia foi feita pelo Procurador-geral da República (chefe do MP, órgão auxiliar do Judiciário brasileiro). Se aceita pelo Supremo Tribunal Federal, ainda poderá levar um bom tempo para a se desenvolver, porque cada advogado de cada um dos indiciados tem direito a ter acesso aos autos do processo por um determinado período de tempo. Pode ser que só no ano que vem isso surta efeitos. Mas é bom ver que medidas estão sendo tomadas para reduzir os índices de corrupção no país.
O mensalão tornou-se público com a denúncia do ex-deputado, então presidente do PTB, Roberto Jefferson. Ele dizia fazer parte de um esquema de corrupção no qual os parlamentares recebiam periodicamente recursos ‘não contabilizados’ do PT, em razão de seu apoio ao governo federal. O PT utilizava-se de duas formas para garantir o apoio dos parlamentares ao governo: ou como loteamento político de cargos públicos, ou distribuição de mesadas aos parlamentares. Marcos Valério era quem fazia a distribuição do dinheiro.
De acordo com os resultados da investigação do MP, as denúncias feitas por Roberto Jefferson na CPMI da compra de votos foram comprovadas. Entretanto, a origem dos recursos ainda não foi identificada (existiu o mensalão, foi crime, mas ninguém conseguiu descobrir de onde saía o dinheiro? Fala sério!).
A promessa de investigação do MP era a de produzir mais resultados que as CPIs. No fim, o que pareceu é que o relatório do MP é bem mais completo e detalhado que o das CPIs, mas não traz praticamente nada de novo.

Alguns trechos do documento:

“[A] análise das movimentações financeiras dos investigados e das operações realizadas pelas instituições financeiras envolvidas no esquema demonstra que estes, fazendo tabula rasa da legislação vigente, mantinham um intenso mecanismo de lavagem de dinheiro com a omissão dos órgãos de controle, uma que possuíam o apoio político, administrativo e operacional de José Dirceu, que integrava o Governo e a cúpula do Partido dos Trabalhadores.”

“Os denunciados operacionalizaram desvio de recursos públicos, concessões de benefícios indevidos a particulares em troca de dinheiro e compra de apoio político, condutas que caracterizam os crimes de quadrilha, peculato, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, corrupção e evasão de divisas.”

“O conjunto probatório produzido no âmbito do presente inquérito demonstra a existência de uma sofisticada organização criminosa, dividida em setores de atuação, que se estruturou profissionalmente para a prática de crimes como peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, gestão fraudulenta, além das mais diversas formas de fraude.”

“As provas colhidas no curso do Inquérito demonstram exatamente a existência de uma complexa organização criminosa, dividida em três partes distintas, embora interligadas em sucessivas operações”

“Roberto Jefferson, com o conhecimento de quem vendia apoio político à organização delitiva ora denunciada, em todos os depoimentos prestados, apontou José Dirceu como o criador do esquema do ‘mensalão’”.

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Protesto divertido

Da Zero Hora de hoje:
Um advogado de Cruz Alta, indignado com o baixo valor dos honorários recebidos pela prestação de seus serviços numa ação contra o Ipergs, decidiu utilizar os R$12,48 que receberia pela ação na compra de quatro rolos de papel higiênico de cor pêssego. O objetivo é prostestar contra a baixa remuneração (fixada em 1% pelo juiz da execução), e também fornecer papel higiênico para o banheiro do Fórum, que, segundo o advogado, está sempre sem papel.
O mundo jurídico está definitivamente em decadência… 😛

Alckmin nas eleições 2006

No início do semestre, o professor de Marketing Político tinha pedido que a gente entregasse no dia 20 de abril um texto que contivesse uma análise de um fato político. Como a data de entrega coincidia com a de muitas provas, decidi me adiantar e fazer o trabalho um pouco antes. Aí fiquei um domingo inteiro decidindo sobre o que fazer e pesquisando informações sobre o fato a ser analisado. Escolhi um fato bem bizarro, mas que tivesse potencial para ser desenvolvido (os índices de intenção de voto para Geraldo Alckmin nas eleições 2006, e os motivos pelos quais sua candidatura não estava dando certo). Meu texto não ficou lá muito bom, mas tinha suas 8 páginas… Aí nesta segunda-feira encontrei com o professor e resolvi perguntar sobre como era para ser feito o trabalho. Ele falou que era para escrever um artigo de 1 página (“no máximo duas”)… ¬¬
Bom, resumindo… antes que eu cortasse os pulsos ou me jogasse pela janela (pena que eu moro no segundo andar habitado… o impacto não ia ser tão grande assim :P), decidi que ao menos ia aproveitar o texto para alguma coisa. Meu domingo não foi em vão, ao menos serviu para que eu tivesse um post para o blog no dia de hoje (yay!).
Então, se alguém tiver curiosidade em saber sobre a candidatura do Alckmin… Divirta-se!

* Análise da evolução de Geraldo Alckmin nas pesquisas eleitorais

P.S.: Só quero ver eu conseguir resumir esse texto todo para as míseras “uma, no máximo duas páginas” que o professor quer…

Passeando pelos favoritos

Este artigo do NYTimes é/era tri massa. Fala de como os sites americanos de notícias já estão começando a colocar dois títulos em suas reportagens: um para captar a atenção do leitor humano, na página inicial dos sites; e outro na própria matéria, escrito especialmente para que os agregadores de notícias (tipo o Google News) possam localizá-lo.
O legal de colocar uma página nos favoritos na categoria “Outros” é que obviamente eu não tenho a mínima idéia de como cheguei até lá… Mas provavelmente foi através de algum e-mail, site, blog, ou pelo StumbleUpon mesmo… É bom fazer uma faxina nos bookmarks de tempos em tempos 🙂 (o próximo da lista na categoria ‘Outros’ é um site que explica como contribuir para a Wikipedia. Em qual categoria devo colocá-lo? Educação? Web? Ambas? :P).

Quem matou o coelhinho da Páscoa?

Por que as pessoas não se empolgam mais com a Páscoa? Antigamente (na época de outrora, sabe? aquela que os tempos não trazem mais) todos ficavam felizes quando a Páscoa se aproximava. As lojas faziam decorações mirabolantes, as pessoas elaboravam planos do que fazer na data, as crianças escolhiam seus ovos com base no sabor (e não no brinquedinho que vem dentro), as famílias se reuniam… Era tudo tão mais mágico, tão mais meigo.
Escolhi como pauta de Foto o tema de Páscoa, mas não encontrei nada de decoração nas lojas de Pelotas. E tinha muito pouca coisa em Bagé. No comércio, o espírito de Páscoa já era.
E em termos de viagens também há decadência. No meu retorno de Bagé para Pelotas, em pleno sábado de véspera de Páscoa, achei que o ônibus ia estar lotado (até comprei a passagem com três dias de antecedência!), e, no entanto, o ônibus estava completamente vazio (o que não impedia que houvesse os velhos chatos habituais de sempre, como uma cara esparramado do meu lado – sem que restasse espaço para meus braços, pernas, livro, bolsa e bagagem de mão – e um menininho sem noção dando socos a partir do banco de trás). E não adianta alegar que talvez as pessoas estivessem fazendo o caminho inverso (Pelotas-Bagé) porque os dois ônibus se cruzam (perfect timing?) no meio do caminho em Pinheiro Machado. O outro ônibus estava igualmente vazio. A minha mala ficou o tempo todo sacolejando sozinha no bagageiro, sem outras malas para ampará-la (aliteração intencional), sem nada que evitasse que ela se debatesse (em vão?) no vazio.
Mas o que mais me impressiona é o fato de as pessoas não estarem mais dando a mínima para a Páscoa. Nas ruas, não há nada de coelhinhos. Diferente do que acontece no Natal, em que há um Papai Noel a cada esquina, e as pobres crianças que ainda acreditam na magia do Natal (são poucas, hoje em dia) são enroladas com desculpas bizarras que tentam explicar a multiplicidade de papais noéis, quando, no fundo, mal conseguem disfarçar a decadência da infância. Lá em Bagé tem até uma loja que todo Natal contrata um carinha para distribuir balas vestido de Papai Noel. Na minha infância eu tinha medo desse carinha, porque ele usava uma daquelas máscaras assustadoras de plástico (mistura de Chucky com Fidel Castro). Mas eu ia lá e pegava uma balinha mesmo assim. Hoje passei por essa loja, na esperança de encontrar alguém vestido de coelhinho. Mas não havia nada, nem ao menos alguma decoração fajuta ou alguma alusão ao fato de hoje ser véspera de Páscoa.
Tudo bem que a religiosidade esteja meio em decadência e tudo o mais, mas poxa, a Páscoa é um feriado religioso, tal qual o Natal. Por que um abismo tão intenso entre um e outro? (lembrar morte e ressurreição é triste, mas lembrar o nascimento do bebê-cristo é divertido? Esses católicos são muito esquisitos…). Afora todo o apelo comercial que ronda ambas as datas, é tempo de refletir e repensar valores. O coelho simboliza a reprodução. O ovo representa o nascimento. (O chocolate é mero apelo comercial?). Que idéia mais linda e maravilhosa a de um coelho ovíparo para simbolizar a ressurreição! (Não vou nem entrar no mérito da questão de um coelho que pode botar ovos, ainda por cima de chocolate, para não estragar a reflexão).
Sinceramente, acho que a Páscoa está se transformando num verdadeiro dia das mães – uma data móvel sem sentido que só serve para tirar dinheiro das pessoas. Ou acaso alguém ainda desembala um ovo lembrando que Jesus morreu na cruz pelos cristãos? Ah, enfim, ninguém morreu em favor dos ateus, e mesmo assim me reservo no direito de me sentir indignada com o tratamento que os cristãos estão dispensando à Páscoa. Não fosse pela negligência deles eu não teria precisado ir para Bagé para tirar fotos 😛

Um Feliz Natal a todos! Porque a Páscoa, tal qual Jesus, definitivamente já morreu (mas talvez ela ainda ressuscite…)