Monthly Archives: June 2006

Fanatismo por Green Day salva a vida de uma garota

Ser fã de Green Day tem lá suas vantagens. Uma garota americana de 12 anos teve sua vida salva após identificar um artefato estranho que encontrou como sendo uma granada. A identificação só se tornou possível porque ela lembrou da imagem de uma granada que há na camiseta promocional do CD American Idiot do Green Day e percebeu as semelhanças que haviam entre o objeto encontrado e o desenho utilizado pelo grupo.

O poder de um torcicolo

– Ei, o que é aquilo?
– Aquilo o quê?
– Aquilo que estão todos olhando. Olha, lá no alto!
O sujeito ensaiou uma virada de cabeça, meio de má vontade, e, apontando para o alto, exclamou:
– Oh! Magnífico! Que coisa mais linda!
– Então, você está vendo?
– Na verdade, não. Melhor, não sei. O que é para eu estar vendo? Vejo o céu, vejo o sol, vejo as nuvens… os passarinhos!
– Não! Era para você olhar para onde todos estão olhando!
– Mas e o que é que todos estão olhando?
– Não sei. Era justamente essa a minha dúvida.

Muitas provas = pouco tempo

Esse sistema progressivo de quantidade de provas não é nada animador. Semana passada tive uma prova. Hoje fiz outra. Sexta-feira tem mais uma. Segunda tem uma prova, terça-feira tem três, e na quarta mais uma – a última da Comunicação. Depois segue ainda a programação normal do curso de Direito (com pelo menos outras quatro provas que ainda estarão faltando serem feitas), e entro em férias – espero – dia 10 de julho (data da última prova marcada, de Direito Civil, matéria que preciso de mais nota, além de ser a matéria que mais odeio).

Mas apesar de tudo hoje me senti bem. E quase tive a certeza de que tudo vai dar certo. Primeiro, um colega meu disse que me considera uma espécie de “paradigma de pessoa que faz dois cursos e dá certo” (o que ao menos em tese é verdade… até hoje não tive nenhuma nota absurdamente abaixo da média). Nunca fiz provas de segunda chamada. Nunca precisei faltar aulas de um curso para estudar para o outro. Nunca deixei de entregar meus trabalhos em dia – e até mesmo faço alguns dos trabalhos opcionais. Embora eu sinta que não estou aprendendo nada de nada (não dá tempo para aprofundar nenhum assunto!) no fundo até que está dando certo essa ‘vida dupla’ 😛
Outro ponto positivo do dia foi quando fiz uma pergunta em sala de aula. Eu nunca tinha feito nenhuma pergunta para professor algum, em aula alguma. Sempre me senti meio anormal por nunca ter dúvidas durante as aulas. E hoje na aula de manhã tive uma dúvida que realmente precisava ser sanada. Talvez o professor fosse falar do assunto em questão cedo ou tarde, mas ele não se opôs em responder a minha pergunta assim que perguntei. [Okay, posso não ser mais anormal por não ter dúvidas, mas sigo sendo anormal por considerar algo extraordinário o fato de ter feito uma pergunta em sala de aula. Definitivamente, eu não sou normal (em todos os aspectos!) :P]
Outro fator que me fez sentir bem aconteceu quando estava fazendo a prova de hoje de noite. Fui a última a terminar, e em um dado momento ficamos só eu e o professor na sala de aula. Aí ele saiu por um momento da sala e disse que já voltava – ou seja: a) eu sou uma pessoa extremamente confiável (deixar um aluno sozinho em dia de prova?), ou b) ele queria fingir que ia se afastar para tentar me pegar no flagra colando quando ‘voltasse’, ou – talvez a opção menos absurda – c) o professor não está nem aí para cola. De qualquer modo, prefiro adotar a primeira interpretação e me auto-considerar confiável 😀

Ah, sim, e retomando a idéia do título (pouco tempo) espero que isso tudo tenha servido para ilustrar o quanto tenho estado (relativamente) ocupada (okay, nem é tanto assim) ultimamente. Espero que a partir da semana que vem (férias de um curso) eu tenha mais tempo para viver e postar aqui pelo blog (sem ter que recorrer a assuntos pessoais e posts do tipo “Querido Diário”)

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Aplicação do Código de Defesa do Consumidor nas relações banco-clientes

Por 9 votos a 2, o Supremo Tribunal Federal decidiu que as relações banco-cliente deverão ser regidas pelo Código de Defesa do Consumidor. A decisão foi dada semana passada, no julgamento de uma ação direta de inconstitucionalidade proposta pelos bancos para evitar que o código do consumidor fosse utilizado para regular a relação dos bancos com seus clientes. Se a ação fosse aprovada, a Justiça estaria contribuindo para reforçar a gritante desproporção existente entre as grandes instituições financeiras e seus singelos e enfraquecidos usuários. A decisão do STF nada fez além de reconhecer a disparidade existente na relação (o cliente é o elo mais fraco, e, como tal, precisa ser protegido – até aqui, nada de novo…). Uma das inúmeras vantagens da aplicação do CDC ao invés do Código Civil é a ampla proteção contra cláusulas abusivas exercida pela lei que regula as relações de consumo. Além disso, o cliente também pode solicitar ao juiz, em ações cíveis, que o ônus da prova caiba ao banco. Em tese, a decisão do STF não muda nada: o CDC, bem ou mal, já vinha sendo aplicado nas relações entre clientes e bancos. A diferença é que agora tem-se a certeza de sua aplicação.

Construindo uma máquina do tempo ideal

Reflexões surgidas após a leitura do conto “All you zombies” de Robert A. Heinlein, e de algumas considerações acerca do Paradoxo do Avô.

Considerações iniciais

Uma máquina do tempo ideal deveria permitir movimento apenas no tempo, e não no espaço. Para viajar no espaço a gente tem carro, foguete, lancha, balão, bicicleta. O que falta é um dispositivo que permita “viajar” (por falta de um termo mais apropriado) por horas, semanas, meses, decênios, milênios. E não da forma unilateral que se faz quando se mergulha em recordações de um passado vivido, contado ou imaginário (ou acaso alguém esteve na Idade Média para saber como ela realmente era?).

Da importância da construção da cabine

Como ficou decidido que a movimentação se dará apenas no tempo, e não no espaço, faz-se necessária a construção de uma espécie de cabine que permita tal deslocamento. A cabine deveria ser pequena (para uso individual, provavelmente) e feita de um material firme e forte, que resista à ação do tempo (sem ironias).
A pessoa entra na cabine no momento em que está, e sai algum tempo antes no mesmo lugar (para deslocamentos no espaço, consulte o item Máquina do Tempo X Teletransporte). Para pequenas distâncias no tempo, a “viagem” seria tranqüila. O problema é com futuros longos retrocessos no tempo, o que talvez fosse requerer que a cabine seja de um tamanho e formato confortáveis. Considerando-se a necessidade de que a cabine tenha existência tanto no tempo de onde se parte quanto no momento de destino, as longas “viagens” apenas se processarão daqui alguns anos (isso se a máquina for efetivamente implantada e produzida mais ou menos por agora). Mas, em termos simples e lógicos, voltar uma semana no tempo para tentar compreender um pequeno mal entendido é rápido. Mas se alguém que esteja em 3417 resolva voltar ao ano de 2006 para tentar compreender como se deu a construção de determinado dispositivo da máquina do tempo, aí com certeza a “viagem” vai ser bem mais demorada.

O quanto demorada vai ser a “viagem”

Por uma decisão completamente arbitrária (este post trata da construção da minha máquina do tempo, portanto, reservo-me no direito de decidir de forma totalmente aleatória tudo o que concerne ao funcionamento da minha hipotética máquina do tempo), e fazendo analogia com distâncias físicas, cada minuto deslocado no tempo corresponderá a 1 metro. Para fins de cálculo do tempo, considerar-se-á apenas o tempo de deslocamento real, desconsiderando-se os tempos de desintegração e reintegração da matéria (cf. item “Conversão da matéria em luz” abaixo).

Máquina do tempo X Teletransporte

Antes de prosseguir, convém lembrar que o mesmo princípio de desintegração e reintegração da matéria poderá ser adotado na construção de uma máquina de teletransporte (mas aí se estaria falando em uma “máquina do espaço”, o que de certa forma foge à temática proposta neste post). Mas já adianto: o esforço teórico para a construção de uma máquina de teletransporte é completamente inútl, pois para isso (deslocamento no espaço) já dispomos de diversas bugigangas semoventes que desempenham tal função de forma satisfatória, embora em velocidades bem menores do que o que se gostaria. Assim, o caminho para que se atinja uma melhora no deslocamento espacial não é investir no teletransporte, e sim tratar de garantir que a velocidade dos atuais meios existentes seja aumentada.

Conversão da matéria em luz

Tendo sido feita a distinção entre máquina do tempo e máquina do espaço (teletransporte), o passo seguinte seria determinar como se dará a desintegração da matéria. Uma saída prática seria converter a massa do indivíduo que pretende se deslocar no tempo em luz, haja vista a extrema velocidade que a luz é capaz de atingir (ressalte-se novamente que o mesmo princípio também poderia ser adotado numa infrutífera máquina de teletransporte).

A velocidade da luz

A velocidade máxima que a luz pode atingir é de 1 800 000 000km/h, ou seja, 300.000km/segundo. Mas aí tem toda aquela história da teoria da relatividade que diz que a massa do objeto que chega perto da velocidade da luz e a percepção do tempo de quem está em tal velocidade acabam sendo alteradas. A massa reduz, o tempo encolhe. Daí a máquina do tempo necessariamente teria que ter um dispositivo que permitisse corrigir tal falha. Esse é um detalhe que deverá ser trabalhado com o tempo. Por ora, vale fazer como nos exercícios de física do Ensino Médio e partir do pressuposto de que todos os dados complicados poderão ser desconsiderados (“despreze a gravidade, ela é inútil e tem um valor muito complicado”) em nome de uma possível reflexão teórica distanciada acerca do caso.
Entretanto, uma consideração importante que não se pode deixar de fazer neste momento é a necessidade de parcimônia para a utilização da máquina do tempo. Ora, se a conversão causa mudanças de ordem física e temporal, é lógico deduzir que seu uso prolongado possa causar sérias conseqüências. Este assunto poderá ser retomado em futuras considerações teóricas acerca da construção da máquina do tempo. Fica o convite para eventuais pesquisadores e interessados no tema possam desenvolvê-lo via comentários.

Tabela 1 – Proporções tempo – minutos

tempo minutos
1 dia 1.440 minutos
1 semana 10.080 minutos
1 mês 43.829 minutos
1 ano 525.948 minutos

Cálculos

Logo, na razão de 1 metro por minuto que se queira retroceder no tempo, convertendo a massa em luz, tem-se que:
1 ano = 525 948 minutos.
525 948 minutos = 525 948 metros
525 948 metros = 525,948 km
A uma velocidade de 300.000km/s, seria possível retroceder 1 ano no tempo em menos de 1 segundo (0,0017 segundos). Nessa mesma proporção, uma viagem de 40 anos no tempo (de 2046 para 2006, caso a máquina seja construída ainda este ano), levaria um pouco mais de tempo, mas mesmo assim se manteria em menos de 1 segundo (0,7 segundos). A velocidade seria apenas significativa para trajetos que envolvessem mais de 300.000.000 metros, o que se daria em mais de 570 anos. Como esta não deve ser uma preocupação de alguém que exista em 2006, deixaremos essa reflexão
para nossos descendentes, e vamos logo ao que interessa.

Da impossibilidade de se alterar o passado

Alterar o passado poderia ter conseqüências drásticas (tipo Efeito Borboleta, teoria do caos… mexe num detalhezinho e teu futuro muda drasticamente… tanto que tu podes nem mais existir nele – vide Paradoxo do Avô). Logo, o retorno no tempo deveria apenas permitir que se assistisse, como mero espectador, aos acontecimentos do passado.
Não haveria problemas em alguém se assustar ao se deparar com uma versão de si mesma alguns anos mais velha circulando por aí, pois todos do passado “revisitado” saberiam da existência da máquina do tempo, já que a cabine precisaria existir em tal tempo para permitir o “deslocamento” temporal. Mas para evitar confusões e mal-entendidos, o ideal seria que a versão do corpo que retorna ao passado seja mais ou menos fantasmagórica (e decididamente invisível).
Outra questão importante é decidir se a pessoa vai com a idade que tem, ou com a idade que tinha (e, consequentemente, com o grau de julgamento da idade que irá revisitar). Há dois aspectos a serem observados: (1) de nada adiantaria, por exemplo, poder retornar ao passado para avaliar com distanciamento crítico uma determinada ação, se não se pudesse utilizar dos conhecimentos adquiridos ao longo do tempo para poder refletir com maiores subsídios e tentar alterar o futuro (já que o passado é inalterável); e (2) se a pessoa vai ao passado, como mero espectador (sem poder interferir nos eventos), nada mais lógico que se vá com a idade que se tem no momento em que se entra na máquina (e não com a idade que terá quando observar-se ao sair dela).

Finalidade prática da máquina do tempo

A utilização prática da máquina, ao menos em tempos em que estejamos vivos (considerando-se a construção da máquina em 2006, e uma expectativa de vida média de 71,3 anos para um brasileiro), será apenas para rever acontecimentos dos quais tomamos parte e durante os quais estivemos vivos. Sua finalidade principal seria permitir que as pessoas revejam suas atitudes e reconsiderem seus posicionamentos.

Conclusão inexorável

A máquina do tempo já existe, sob diversas formas e para diversos usos: máquina de fotografar, máquina filmadora, blogs. Tudo são próteses que nos ajudam a revisitar o passado em momentos de dúvidas. Mas não dá para se prender a ele: o presente está aí, para ser vivido. E o futuro chega a todo momento. Então, qual o sentido de se querer tanto ir de volta ao passado?

Fim do mundo

Sem graça. O dia passou e não fiz nenhuma piadinha infame com o 666 :/ Agora não tem mais graça dizer que o mundo poderia ter acabado pela 467862ª vez. Também não faz sentido argumentar pró e contra os motivos da data (desde dizer que não é bem 666 porque o ano é 2006, e não, bem, 6, até falar que às 06:06:06 da manhã o mundo deveria ter acabado!). Não deu para criar uma lista inútil de despedidas para o fim do mundo (vá que os blogs e a Internet permanecessem no ar pós-fim do mundo) e nem deu tempo de fazer uma relação idiota de coisas que eu gostaria de fazer até o fim do mundo. Agora é tarde. Alguém sabe qual é a próxima data que o mundo está marcado para acabar? 😛 Até lá prometo fazer um post mais elaborado 🙂

Chatsum

Uma nova (depende: até quando algo pode ser considerado novo?) extensão do Firefox promete dar o que falar. Com o Chatsum é possível bater papo com as pessoas que visitam a mesma página que você na Internet. Imagine poder comentar aquela notícia bombástica no mesmo momento em que a lê? Agora, ao menos em tese, isso é possível. Por enquanto, o sistema é novidade e tem poucos usuários. Na maioria das páginas que acessei hoje tudo que vi foram recados do tipo “legal esta extensão”, ou “olá, tem alguém aí?”. Mas, se conseguir conquistar usuários, essa é uma ferramenta que promete arrasar! 🙂
O grande obstáculo para o crescimento e popularização da extensão é o fato de que ainda pouca gente usa o Firefox como navegador de Internet.

(Obs.: quem ainda não usa o Firefox pode baixá-lo clicando aqui)

E mesmo com pouco uso os brasileiros já se apropriaram do sistema e encontraram modos diferentes de utilizá-lo. Na página do Google, por exemplo, é possível ver diversas propagandas de sites entre os comentários do histórico do bate-papo o.0 Brasileiro na Internet é pior que praga: se espalha por tudo!!

“Alô. Quem fala?”

Tenho pavor de telefone – nunca sei o que dizer, muito menos como as coisas devem ser ditas. Gaguejo, tremo, suo frio… Tenho medo de ser mal compreendida, sei lá. Sempre que posso, mantenho-me afastada dessa coisa. Mas tem horas que não dá para escapar. E um desses momentos típicos é quando o telefone toca.
Uma das coisas que nunca entendi, e que talvez nunca vá entender, é o motivo que faz com que a pessoa que liga tenha a prerrogativa de iniciar a conversa. Não parece de bom grado invadir a privacidade de alguém sem aviso e, não obstante, como se não bastasse, iniciar a conversa perguntando quem está falando. Por que, ao falar no telefone, quem liga é quem faz essa pergunta? Não deveria ser o contrário?
Quem liga tem ao menos uma vaga noção de quem poderá atender o telefone, ao passo que aquele que recebe a chamada não tem a mínima idéia de quem poderá estar do outro lado da linha (a menos, é claro, que esteja esperando uma ligação, mas nesse caso estará tão grudado ao telefone que nem dará chances para a pessoa que liga falar qualquer coisa).
A pergunta correta, aliás, não é nem quem fala, e sim com quem se quer falar. O ideal não seria, então, aquele que recebe a ligação, após o alô, perguntar: “quem é você e com quem deseja falar?”. Apesar do tom inquisitivo que a pergunta invertida possa aparentar ter, isso se faz necessário quando se constata que o elo fraco da relação não é quem liga, e sim aquele que é incomodado no recôndito do seu lar por uma ligação inoportuna.
Imagine a cena. Você está lá, de pijama de bichinhos, meia furada, cabelos desgringolados, arrastando-se pela casa enquanto toma uma xícara de chá bem quente, e de repente toca o telefone. Você leva um susto homérico, toma um gole mais forte que os pequenos bebericos que vinha tomando por saber que o chá estava muito quente, e acaba queimando o céu da boca e a língua. Sua vontade é a de xingar as paredes, mandar o telefone para aquele lugar que rima com cerda, mas o melhor que tem a fazer naquele momento é deixar a xícara e o chá de lado, dirigir-se ao telefone e atendê-lo; do contrário, ele não vai parar de berrar. Ainda não totalmente recuperada do susto, você tira o telefone do gancho e, ao invés de do outro lado da linha alguém se desculpar pelo susto que te deu, muito pelo contrário, a voz do além simplesmente pergunta quem é você, e isso antes mesmo de querer saber se está tudo bem, ou sem ao menos te questionar se você queria ou se podia atender aquele telefonema. Mas tudo bem. Digamos que isso é culpa do comodismo da vida em sociedade: certos hábitos arraigados são muito difíceis de serem modificados.
(Não vou nem entrar no mérito da questão de a pergunta ser “Quem fala?”, ou “Quem é?”, porque esta última abre uma gama infinita de possibilidades de respostas, muito mais do que caberia neste humildíssimo post de blog)
Até que há uma pseudo-justificativa para a situação. Geralmente quem liga é quem sabe o que vai falar, e, sabendo o tema da conversa, tem maiores subsídios para conduzi-la com propriedade.
Mas não é só esse o problema. Tem ainda toda aquela história de quem deve dar o alô inicial: se é quem liga ou quem atende. Às vezes isso nem chega a ser um problema, os dois tentam se adiantar e acaba saindo um alô concomitante. Mas tem vezes que o que liga está distraído, não percebe que sua chamada foi atendida, e o cara do outro lado da linha fica meio hesitante, não sabe se fala alguma coisa ou espera pela voz de com quem se fala. Aí fica aquela situação estranha, aquele silêncio constrangedor, e acaba que nenhum dos dois tem a coragem necessária para dar início à conversa. O cara que atende chega até a pensar se não estaria sonhando que o telefone tinha tocado. No fim, um dos dois vence esse jogo do sério imposto, a brincadeira acaba, e o um dos indivíduos pergunta se tem alguém do outro lado da linha.
Celular acaba com isso tudo. É sempre com quem você vai falar que vai atender. Mas invade muito mais a privacidade, muito mais. Daí se dizer que celular é problema, não é solução.
A meu ver, o meio de comunicação ideal seria o Skype. A justificativa é simples: para acessá-lo, presume-se que você esteja ao menos disposto a conversar… Ou acaso alguém seria insano de colocar seu status como online quando não está a fim de papo?

P.S.: Reflexões surgidas após o telefonema que recebi hoje de tarde:

Interlocutor estranho do sexo feminino: Alô?
Eu: Alô!
Iesf: De onde fala?
Eu: É, er.. [silêncio constrangedor… demorei para lembrar qual era o meu telefone] trinta e dois vinte e sete – blá blá blá blá.
Iesf: É de Pelotas?
Eu: Sim.
Iesf: Quem é você?
Eu: [a vontade era responder “Não sei, estou há tempos procurando me entender, mas ainda não cheguei a uma conclusão específica”, mas engoli a resposta e disse, simplesmente:] Gabriela.
Iesf: Gabriela? Não, Gabriela não…
Eu: [“Sim, é Gabriela! Ao menos é assim que me chamam desde que eu nasci, e é esse o nome que consta na minha carteira de identidade. Queres que eu te mostre? Ah, não, isso é impossível… A gente está no telefone. Ei! Quem é você???”] Com quem você gostaria de falar?
Iesf: Com a Kelly. A Kelly tá aí?
Eu: [Kelly??] Não tem ninguém com esse nome aqui.
Iesf: [dirigindo-se para um terceiro alheio à conversa, provavelmente] Viu? Tu discou o número errado. Não tem nenhuma Kelly lá. [novamente dirigindo-se a mim] Ah, desculpa, eu devo ter errado o número.
Eu: Tudo bem, t- [a pessoa desligou antes que eu pudesse terminar a palavra].