Livro: O Enigma do Quatro

Comecei a ler “O Enigma do Quatro”, de Ian Caldwell & Dustin Thomason, terça-feira, numa crise de tédio provocada pela total falta do que fazer à tarde. O que primeiro me chamou a atenção para a leitura é um pequeno comentário na contracapa do livro, assinado por Nelson DeMille, e que diz “Se Scott Fitzgerald, Umberto Eco e Dan Brown se juntassem para escrever um romance, o resultado seria O Enigma do Quatro”. Tentador, não? A curiosidade me instigou à leitura, mas, após ter ultrapassado o limiar da página 100, começo a acreditar que isso seja uma propaganda extremamente enganosa.
As analogias possíveis com Fitzgerald, Brown e Eco, ao que parecem, não ultrapassam o nível da obviedade – a semelhança com Umberto Eco e Dan Brown poderia estar no interesse por livros antigos que escondam segredos, como em O Nome da Rosa (Eco) e O Código da Vinci (Brown), e Scott Fitzgerald, embora eu nunca tenha lido nenhuma obra inteira dele (comecei a ler The Great Gatsby ano passado, mas abandonei-a antes da metade), é até mesmo citado no livro, mais de uma vez.
A história do livro gira em torno das tentativas de dois estudantes universitários em desvendar os segredos do misterioso livro Hypnerotomachia Poliphili, um texto real, da época da Renascença, que tem alimentado a curiosidade de muitos estudiosos ao redor do mundo. Os personagens de O Enigma do Quatro são descritos nos mínimos detalhes, e o clima de mistério em torno do livro antigo é mantido o tempo inteiro. A intercalação entre fatos passados e fatos presentes na narração é muito bem feita, e as descrições dos ambientes são pormenorizadas.
Mas, sei lá, parece que tem algo nesse livro que não me atrai. Talvez os diálogos se arrastem desnecessariamente, talvez eu esteja me sentindo frustrada por ter lido 100 páginas e nada de realmente importante ter acontecido, talvez eu esteja me sentido traída por não encontrar outras semelhanças mais profundas com o estilo de Umberto Eco, ou talvez a tradução do livro não seja lá muito boa… O fato é que eu esperava algo de extraordinário, e até agora o livro não me surpreendeu. Não que toda história tenha que necessariamente surpreender seu leitor, mas até o momento parece que ainda não saí dos fatos narrados na orelha do livro.
Não é por falta de temáticas interessantes – há várias menções a outros autores e fatos históricos interessantíssimos, as personagens principais são estudantes na época de elaboração de suas teses acadêmicas, o que em tese deveria me interessar -, mas este livro é um forte candidato para ser o primeiro do ano a ter sua leitura deliberadamente abandonada (talvez adiada, para um tempo em que eu esteja “mais madura” e possa desfrutar melhor dos fatos narrados…). De qualquer modo, não tenho ainda subsídios para dizer se o livro é bom ou ruim. De repente, lá pela página 200, o livro dá uma guinada e coisas mega interessantes começam a acontecer (nunca se sabe :P). Já abandonei a leitura de O Nome da Rosa mais de uma vez no passado, e hoje ele é um dos meus livros favoritos Nada impede que isso não vá acontecer também com o Enigma do Quatro… (se bem que se predomina o Fitzgerald eu estou ralada! :P). Até lá, acho que prefiro usar o meu tempo livre para ler outras coisas…

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