Monthly Archives: July 2006

Verbo “googlear”

Informação do Sony Entertainment Television (televisão também é cultura!) – a Real Academia Española (RAE) poderá incluir o verbo “guglear” na edição de 2007 de seu dicionário oficial. A possibilidade foi anunciada pelo diretor da RAE, Víctor García de la Concha, ao apresentar o evento Memoria 2005 da Fundéu (Fundación del Español Urgente), no dia 18 de julho. A inclusão se justificaria pelo fato de que o uso cada vez mais intenso da Internet viria acompanhado do surgimento de termos específicos para esse meio, o que obrigaria as entidades de padronização da língua a se pronunciarem sobre eles. A idéia de criar um verbo em espanhol para a “ação de pesquisar no Google” teria surgido após a inclusão do verbo “to google” no dicionário Merrian-Webster Collegiate.
Enfim, em quanto tempo teremos o mesmo verbo aqui no Brasil? Alguém mais acha o emprego do “u” ao invés do “oo” uma espécie de agressão ortográfica visual? — não estariam exagerando na ‘espanhonolização’ da palavra?

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Digitalização das leis de Bagé

Como parte das comemorações dos 195 anos de Bagé, a Câmara de Vereadores da cidade passou a disponibilizar online todo o seu acervo legislativo para que a população possa acompanhar pela Internet as leis vigentes na cidade. A empresa que digitalizou as leis foi escolhida por licitação, e o processo todo levou bastante tempo para ser concluído. Entretanto, a data de finalização do projeto foi intencional: 17 de julho de 2006, em pleno aniversário da cidade.
O que eu achei mais legal é que está tudo bem dividido, dá para consultar por tipo de lei (complementar, ordinária, resolução, decreto), por assunto, por ano, além de pesquisa livre por palavra. O sistema torna a tarefa de localizar leis bem mais fácil que na legislação de Pelotas, por exemplo.
A organização é tal que quando uma lei revoga a outra, há link apontando para a lei revogada 🙂 O mais divertido é que grande parte das leis que abri (a título de exemplo) são excessivamente diretas e curtas, como esta que torna facultativo o uso do cinto se segurança em Bagé (e a seguinte que a revoga). Outras leis relativamente curtas são as que regulam as placas de identificação de ruas da cidade e a que estabeleceu quando Bagé incorporou oficialmente o título bizarro de Rainha da Fronteira (estranho ou não, o título só se tornou oficial bem recentemente…). Em compensação, a lei de loteamento público (outra lei que acessei aleatoriamente para testar o sistema) é bem grandinha.
Enfim, grandes ou pequenas, o importante é que agora as leis estão ao acesso (fácil) de todos 🙂 A partir de agora, a previsão é de que agora em até dois dias cada nova lei seja adicionada ao site. Sinais de uma lenta e tímida (mas gradual e futura) democracia digital?

Livro: Angels & Demons

Pelo menos duas das minhas metas não-oficiais de férias foram cumpridas hoje. A primeira era terminar de ler o livro “Angels & Demons” (Pocket Books, 2000) de Dan Brown. A obra segue o padrão danbrowniano de suspense medíocre envolvendo altas conspirações, grupos obscuros e empresas de renome mundial. Além disso, como em Fortaleza Digital, Ponto de Impacto e O Código Da Vinci, há uma excessiva multidivisão em desnecessários mas instigantes mais de 100 capítulos. Como sempre, cada capítulo termina no ponto crucial da historieta que narra, o que faz com que o leitor não sinta vontade de parar de ler até descobrir o que acontece depois daquilo que acabou de ser lido.
A história de “Anjos e Demônios” nasce da nada original mistura entre religião e ciência. Os locais principais onde se desenrola a trama são o CERN (Conseil Europeen pour la Recherche Nucleaire, laboratório suíço responsável por grande parte das descobertas científicas mundiais, principalmente na área da fisica) e a cidade-país do Vaticano (religião, mais especificamente catolicismo, parece ser um tema recorrente na obra do autor – ao menos está presente em dois de seus quatro grandes livros). Na parte do livro que se passa no CERN, há ate mesmo uma breve menção a Tim Berners-Lee, o criador da Web. Embora a Internet seja uma criação americana, segundo o livro, poucos sabem que foi no laboratório suíço que surgiu a invenção que possibilitou que a rede se popularizasse (sou exceção à regra porque aprendi isso na faculdade? 😛).
Esta é também a primeira aventura do personagem Robert Langdon (mais tarde tornado célebre em “O Código da Vinci”, e até mesmo estrela de Hollywood na pele de Tom Hanks).
Como em todas as outras obras do autor, há uma boa dose de conspiração. Neste livro, a intriga é fornecida pelo envolvimento de uma organização secreta, os Illuminati, nas mortes obscuras (outro tema recorrente na obra do autor) que acontecem ao longo do livro. Essa irmandade teria se insurgido no passado contra a Igreja Católica (e a religião em geral), e pregava que só a ciência era o caminho para se chegar à verdade. Um de seus expoentes seria o cientista italiano Galileu Galilei.
Há coisas mais absurdas que o leitor precisa aceitar, como a queda de Langdon de um helicóptero em movimento e seu restabelecimento em pouco mais de alguns minutos (ora, a justificativa é simples: para a história poder continuar, ele tinha que estar “up and running”). Robert Langdon seria um super-herói? Se não me engano, a personagem principal de Ponto de Impacto também escapa ilesa de uma queda livre a partir de um helicóptero. Seria esta outra temática recorrente na criativíssima obra de Dan Brown?
Apesar de acontecimentos interessantes e relativamente inesperados ao longo da história, o final do livro é mais ou menos previsível. (Se bem que talvez o autor não dispunha de recursos para torná-lo mais supreendente – o livro, apesar dos 165 cardinais candidatos ao papado e dos mais de 3000 funcionários residentes no CERN, tinha poucos personagens nominados – os quais, invariavelmente, dividiam-se entre as duas únicas categorias de seres humanos anunciadas pelo título do livro: ou “anjos”, ou “demônios” — não seria legal se a vida fosse assim, tão simples: ou se é “do mal”, ou se é “do bem” –, independente de estarem do lado da ciência ou da religião. Como ao longo do livro ficou bem claro quem era a favor do quê, poucos poderiam ser os responsáveis pelo “mal supremo” ocasionado na história 🙂
Uma frase de um diálogo do livro que resume bem a contradição entre ciência e religião (além de ser um belo preceito de filosofia barata) é “Science can heal, or science can kill. It depends on the soul of the man using the science” (pág. 332) dita pelo camerlengo (sim, até o Papa morre!), ironicamente o maior defensor da preponderância da religião acima de tudo (leia-se ciência) ao longo do livro.
Enfim, o livro é bom, apesar de tudo.


— Ah! A segunda meta era cortar o cabelo. Segundo o rapaz (afinal, existem homens em salão de beleza?) lá do salão (argumento de autoridade), entrei com cara de “14, no máximo 15 anos” e saí de lá com cara de “até dá para dizer que tem 20”.
P.S.: Se até lá ninguém descobrir uma forma eficiente de fazer parar o tempo (o que eu realmente gostaria que acontecesse, detesto trocar de idade), faço 20 no mês que vem.

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Inquietação

Eu queria escrever sobre as maravilhas do universo, ou sobre a experiência de viver muitos e simultâneos amores. Eu queria poder desvendar as profundezas do mar e os mistérios do oceano, a partir de uma inocente busca no Google e de um singelo post de blog. Eu queria comentar o último grande sucesso de Hollywood, ou criticar alguma produção obscura que ninguém nunca viu, mas que tem tudo para despontar como a grande promessa do ano. Eu queria abordar aspectos controversos do último livro do maior autor da atualidade, falar sobre temas relevantes, fomentar debates em áreas que todo mundo considerava até então pacíficas. Eu queria escrever sobre tudo, sobre nada, sobre o nada, sobre qualquer coisa…. Mas não consigo. Bagé (ou o “estar-em-férias”, genericamente considerado) me “desinspira”. Estou aqui, nessas férias patéticas de pouco mais de uma semana, sabotando a leitura do único livro que trouxe para ler, porque sei que no momento em que eu terminar a leitura, nada mais restará para ser feito – exceto pensar na vida. E pensar me dá medo.

Yahoo + MSN Messenger

Interessante a estratégia ‘unidos venceremos’ que começou a ser adotada pela Microsoft e pelo Yahoo! (isso tudo é medo do Google? Ou mera jogadinha rotineira de marketing?). O primeiro passo é a fusão dos softwares Yahoo! Messenger e MSN Messenger. O que vem depois? (Windows 2.0 que já venha com sinuca Yahoo! instalado no menu Iniciar > Programas > Acessórios > Jogos? :D)

“Softs agora falam entre si” – legenda abaixo de um gráfico meiguinho na reportagem sobre a fusão no Estadão…
Quanta intimidade com os programas para chamá-los de “Softs” 😛 E, bem, teoricamente não são eles (os “Softs”) que falam entre si, e sim alguns de seus usuários que podem agora interagir (a princípio, apenas os “escolhidos” para testar a versão beta). Mesmo assim, gostei do poder de síntese da frase 😛 É assim que se faz jornalismo! Se o espaço era para poucos caracteres, nada como espremer a frase para tentar dizer o máximo com o mínimo! Viva o capacidade sintética do ser humano!! 🙂

P.S.: “sumi” da blogosfera porque fiz uma viagem no tempo e voltei ao passado (:P) – estou em Bagé, passando as férias (yay!) e aqui só tem conexão discada – resultado: retorno à ditadura da conexão somente em horários em que o telefone é mais barato.

Um clipe por uma casa

Lembram do maluco canadense que queria trocar um clipe de papel por uma casa? Pois é, ele coseguiu. Um ano depois de ter dado início à idéia maluca em seu blog, Kyle MacDonald finalmente conseguiu uma nova casa para morar. Desde 12 de julho de 2005 ele vinha ofertando em seu blog na Internet coisas para serem trocadas, com o intuito de que um dia ele chegasse a ter uma casa. Tudo começou com um clipe de papel, que foi trocado por uma caneta, que, por sua vez, foi trocada por uma maçaneta, e assim por diante, até chegar num papel em um filme de Hollywood (penúltima oferta), e por fim, a casa \o/ 🙂
Alguém ainda tem coragem de duvidar do pontecial da Internet? 😛

Meme de livro

Meme descaradamente copiada do blog do Maltut:

1. Coge el libro mas cercano a ti.
2. Abre el libro por la página 123.
3. Busca la quinta frase o párrafo.
4. Postea el texto en tu journal junto a estas instrucciones.
5. No busques el libro mas guay que tengas o que puedas encontrar. Tan solo coge el más cercano.

Resultado:

“O reconhecimento gradual das liberdades civis, para não falar da liberdade política, é uma conquista posterior à proteção da liberdade pessoal”. (Norberto Bobbio em “A Era dos Direitos”)

(Obs.: leve trapaça: o livro que estava realmente mais perto de mim tinha menos de 123 páginas 😛 Este é o segundo mais perto)

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Sempre à espera

Por que esperar é tão penoso? E, do mesmo modo, por que a vida parece tão sem sentido quando dela nada esperamos? Por que transformamos em verdadeiras metas de vida cada singela esperazinha na fila do banco, cada pequena conquista do dia-a-dia? Vivemos em constante espera – que a noite chegue, que o novo dia amanheça, que aquele que nos ama nos diga…. É como se estivéssemos vivendo em um constante e voluntário stand by: nossa vida só se realiza de forma plena quando está em modo de espera!

Ascensão e queda em (pouco mais de) 90 minutos

Alguém me explica como o Zidane conseguiu marcar um gol (de pênalti, mas é válido) e ser expulso na sua partida de despedida dos gramados? O cara foi o salvador da pátria no jogo contra o Brasil, e neste saiu sob vaias? (se bem que, com esta afirmação/interrogação, eu fujo um pouco da proposta do título deste post… ).
Hoje, na final da (Euro)Copa, em uma única partida, Zidane conseguiu ser o herói e o bandido. Tudo bem que o gol foi de pênalti, mas… ele definitivamente perdeu a chance de encerrar sua carreira com chave de ouro. E da pior forma possível: o rapaz mostrou ser temperamental (bonitinho, mas ordinário?). Ele devia estar sob tensão, é verdade (não deve ser nada fácil encarar a dobradinha final-de-Copa-do-Mundo-barra-final-de-carreira), mas sair dando cabeçadas assim, gratuitamente, já é um pouco demais. Zidane praticamente entregou o título para a Itália (não que a presença/ausência dele tenha feito muita diferença, mas seria mais um pênalti certo para a França – se é que o jogo chegaria aos pênaltis: nunca subestime o poder de um jogador que sai de campo expulso por dar uma cabeçada…).
Aliás, mas quem disse que sair do campo às vaias não é um belo final de carreira? Ao menos é um final de carreira inesquecível. Por um bom tempo ainda [(in)felizmente, as fofocas midiáticas não costumam durar mais do que algumas semanas] ele será lembrado pelo fiasco na sua última partida de futebol (façamos um teste: alguém ainda lembra do caso do Ronaldo na final da Copa da França? okay, talvez o que o Zidane fez não seja esquecido assim tão facilmente…).
— E o melhor de tudo é perceber que aquela historinha da alternância entre países europeus e americanos na liderança dos Mundiais permanece… São 9 títulos para cada lado, intercalados desde que o Brasil levou dois títulos na corrida (1958-1962). Logo, (tudo indica que) vai dar Brasil em 2010 na África do Sul! (ou, pior: Argentina! De qualquer modo, tudo indica que o título virá para a América do Sul, yay! :P).

No mesmo sentido: curiosidade descoberta via UOL: “Doze anos depois de perder o tri para o Brasil, a Itália foi tri em 1982. Doze anos depois de perder o tetra também para o Brasil nos pênaltis, a Itália sagrou-se tetra e ganhou a Copa do Mundo de 2006”.
— O legal é que com o retrospecto dos títulos da Copa dá para fazer várias associações aleatórias e malucas 🙂

Observação: Não vi o jogo (no sentido televisivo da frase). Mas sou Itália desde criancinha (ius sanguinis, etc.)…

— Update: sugestão da Caroldê cabeçadas no lugar do Zidane 🙂