Monthly Archives: October 2006

Excesso de atividades

Parafraseando o Gilberto, meu novo endereço é Praça Conselheiro Maciel, n° 215. (Há controvérsias quanto à necessidade de se colocar no número ao enviar alguma correspondência, pois se trata do único prédio localizado dentro da praça).

Sabe aquela história de que o ensino universitário não pode ser dissociado da pesquisa e da extensão? Pois é, acho que estou levando isso um pouquinho demais ao pé da letra. Faço estágio, participo de um projeto de extensão, pesquiso (de forma totalmente voluntária, mas, ao menos em tese, pesquiso), e, nas horas vagas, também faço dois cursos universitários. O resultado disso tudo é que sempre parece que falta tempo para fazer as coisas. Muitas idéias ficam inconclusas. Muitos pensamentos são suspensos temporariamente, e depois acabam sendo esquecidos de serem retomados. Faço muita coisa. Mas também, por conta disso, tenho que deixar de fazer muita coisa (como postar no blog :P). Por que os dias não têm mais horas? Por que não há mais dias por semana? Por que o céu é azul?

Someday we’ll know
If love can move a mountain
Someday we’ll know
Why the sky is blue
Someday we’ll know
Why I wasn´t meant for you

New Radicals – Someday We’ll Know

Marcadores: ,

Coraline

, de , é um livro infantil (ou infanto-juvenil, whatever) que, diferentemente dos outros do gênero, leva o leitor-criança a sério. Assim com Alice no País das Maravilhas, era esse tipo de coisa que eu gostaria de ter lido na infância (a diferença é que Coraline não existia na minha infância – o livro é de 2003).
O livro narra a história de Coraline Jones, uma menina muito corajosa que acaba de se mudar com a família para um prédio antigo, dividido com outros moradores estranhos que são incapazes de dizer o nome da menina de forma correta (“É Coraline, e não Caroline”). Coraline está em férias, e por isso precisa encontrar maneiras criativas de passar seu tempo. Como já leu todos os livros que possui, e não encontra nada de interessante para ver na tevê, a menina decide que o melhor que tem a fazer é “explorar” os arredores de seu novo lar. E é explorando o pátio e a casa que ela vai encontrar uma porta misteriosa na cozinha. Ao destrancá-la, Coraline percorrerá um corredor que a levará para um mundo diferente, onde tudo acontece de forma misteriosa. Tudo é muito similar a sua própria casa, mas ao mesmo tempo, tudo é diferente. Do outro lado, ela tem outros pais, seus vizinhos dizem seu nome de forma correta, as refeições são mais gostosas, e sua outra mãe, diferentemente da mãe real, está sempre disposta a brincar com Coraline. Mas coisas estranhas acontecem, num suspense eletrizante (vale lembrar: suspense em nível infantil :P). Em um determinado momento, Coraline quer voltar, mas não consegue… Ou melhor, consegue, mas nada está como era antes. Seus pais estão desaparecidos. Ela até tenta conversar com um policial sobre o “seqüestro” de seus pais, mas o homem do outro lado da linha não a leva a sério: “’I think my other mother has them both in her clutches. She may want to keep them and sew their eyes with black buttons, or she may simply have them in order to lure me back into reach of her fingers. I’m not sure.’”. Assim, para escapar das garras de sua outra mãe, Coraline contará apenas com a ajuda de um gato preto. Que fala.
Vale a pena ler o livro 🙂 É tão bom que dá até vontade de voltar a ser criança (se bem que, no fundo, acho que nunca deixei de ser criança…).
[Link para o site oficial]

Marcadores:

Admirável Mundo Novo

“O wonder!
How many goodly creatures are there here!
How beautious mankind is!
O brave new world,
That has such people in’t!” (Shakespeare, The Tempest, Ato V, Cena I)

Admirável Mundo Novo” foi escrito na década de 30 pelo inglês Aldous Huxley. O título da obra vem da fala de Miranda do livro “A Tempestade”, de Shakespeare. Apesar de ter sido escrita há mais de 70 anos, o conteúdo de Admirável Mundo Novo permanece atual. A obra conta a história de uma sociedade totalmente organizada e planejada, na qual as pessoas são fabricadas em laboratório já com seus destinos predeterminados. Para que não haja reação à estabilidade, os indivíduos passam por reiterados condicionamentos ao longo da infância, como ouvir repetidas vezes as mesmas frases durante o sono para que lhes sejam incutidos pensamentos conformes ao sistema. As pessoas são treinadas para não manifestarem suas vontades e desejos. Para manter a felicidade, há o soma, uma droga química poderosa, distribuída em rações diárias para os trabalhadores.

Em um mundo repetitivo e monótono, onde o pensamento é cerceado, não faz sentido haver religião. Deus é Ford. Ao invés do sinal da cruz, faz-se o sinal do T. Os anos são contados a partir de Ford, tido como o pai da produção em série (no filme, até os humanos são produzidos em série – não há famílias, apenas superembriões capazes de gerar milhares de seres humanos idênticos). Para que a estabilidade seja mantida, essa insólita sociedade abomina mudanças. O pensamento científico e as artes são terminantemente proibidos. A higiene é cultuada. Não há doenças. Mas, em compensação, também não há sentimentos. Todos vivem felizes porque desconhecem uma outra forma de se viver.

Aqueles que, mesmo com todo o condicionamento, conseguem desenvolver o pensamento crítico e criativo são mandadas para ilhas para viver em comunidades. Ainda há “selvagens” no mundo, que ficam em aldeias bem demarcadas e são encarados como algo exótico. Selvagens são os que vivem como os seres humanos da época em que o livro foi escrito (em famílias, em casas, etc.).

Apesar da distopia, será que as novas descobertas científicas e invenções tecnológicas não estariam nos levando em direção a uma vida parecida com a narrada no livro? O homem fica maravilhado com as possibilidades abertas a cada novo invento e quer logo colocá-las em prática, mas muitas vezes se esquece de analisar os impactos possíveis dessa descoberta na vida das pessoas. Obviamente, não se tem como parar os avanços tecnológicos, mas é preciso ir com calma. Ao invés de se maravilhar com cada descoberta, as pessoas deveriam se preocupar em avaliar o impacto que ela poderá causar na sociedade antes de colocá-la em prática. Sem ordem e controle (paradoxal! é preciso ordem e controle para que se evite ainda mais ordem e controle!), sem pensar nas implicações éticas de um invento ou descoberta científica, poderemos acabar numa sociedade tal qual a narrada em Admirável Mundo Novo.

“– Mas eu não quero conforto. Quero Deus, quero a poesia, quero o perigo autêntico, quero a liberdade, quero a bondade. Quero o pecado.
– Em suma – disse Mustafá Mond –, o senhor reclama o direito de ser infeliz.
– Pois bem, seja – retrucou o Selvagem em tom de desafio. – Eu reclamo o direito de ser infeliz.” (Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo, 2. ed., Editora Globo, 2006, p. 291)

É preciso reclamar o direito de ser infeliz, antes que seja tarde demais… Temos o direito de sentir, de sofrer, de sorrir, de chorar, enfim, de viver – nem que para isso tenhamos que abrir mão de certas comodidades do mundo em que vivemos.

Marcadores:

Blogs como Quinto Poder

De acordo com a divisão clássica de Montesquieu, os três poderes são o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Já há mais de um século a Mídia vem sendo tratada como uma espécie de Quarto Poder, pois caberia a ela fazer a crítica dos outros três poderes. Mas quem criticaria a mídia?
Baseado nisso, já está sendo defendida na blogosfera a idéia de que blogs (e as demais ferramentas colaborativas da Internet, como fotologs, videologs, wikis, e até mesmo as experiências de jornalismo cidadão) exerceriam uma espécie de Quinto Poder, pois nesses lugares é possível fazer uma verdadeira crítica da mídia. Cada vez mais as pessoas tenderiam a caminhar rumo a uma descentralização da produção de informações. Isso poderia fazer com que os grandes conglomerados midiáticos começassem a ruir, a menos que se abrissem para as experiências de participação dos cidadãos na produção da informação.
Não sei se os blogs já estão suficientemente desenvolvidos e articulados para serem considerados como um Quinto Poder (talvez chamá-los assim seja um pouco de exagero), mas uma coisa é certa: bem ou mal, eles criticam a mídia.

Marcadores:

Especial dia das crianças

Joguinhos online para despertar a criança grande que há dentro de nós

Hapland: o objetivo do jogo é abrir o portalAdoro esses joguinhos que a gente tem que quebrar a cabeça para tentar solucionar. Fiquei viciada nisso a partir das aulas de Comunicação e Multimídia na faculdade. Além de Hapland (o joguinho da foto), há também a seqüência de joguinhos do Grow Cube, versões 1, 2 e 3, e o Chronon, do Eyezmaze.com. Hapland também tem sua continuação.
Hoje tive a idéia de procurar outros joguinhos com a tag hapland no Stumble, e achei muita coisa legal, como o Rhetundo Island e o Idustrial Place Thingy. Para quem gosta de jogos tão confusos ao ponto de fundir a cuca, há também os enigmas (riddles) mega complexos, como o Doubt (também com versão 2), o Faz Sentido Riddle (brasileiros) e o Notpron (que se autoproclama o mais difícil de todos – ele até emite certificados para quem consegue resolver os 139 níveis!). Para os que preferem coisas mais simples, há várias opções no Plastelina, como o Wolf, sheep & cabbage, e os joguinhos tradicionais, idiotas e sem graça (mas viciantes) do Yahoo! Games.

Acho que neste post tem diversão suficiente para o (resto do) feriado inteiro. 🙂 Feliz dia da criança pra vcs! 😛

Marcadores: , ,

Do Relatório Macbride à Nova Ordem Internet[1]

O relatório Macbride[2] foi um documento publicado pela UNESCO[3] em 1980 com o objetivo de analisar os problemas da comunicação no mundo em sociedades modernas, principalmente a questão da comunicação de massa e a imprensa internacional. O projeto recebeu este nome porque o texto foi elaborado por uma comissão presidida pelo irlandês Seán MacBride, vencedor do prêmio Nobel da Paz em 1974 por sua luta pelos direitos humanos.
Segundo a Wikipedia, alguns dos problemas identificados no documento eram a concentração da mídia (poucos produtores detém/detinham o controle de muitos meios), a comercialização da informação (e o papel centralizador das agências de notícias norte-americanas e européias) e o acesso desigual à informação e à comunicação (mesmo com a previsão da proteção desse direito na Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948[4], ele não estaria sendo plenamente assegurado pelas legislações dos diferentes países). Outra questão fundamental diz respeito ao desequilíbrio nos fluxos de informação entre o primeiro mundo e os países em desenvolvimento.
A solução proposta pelo relatório era a de promover uma maior democratização da comunicação (a partir de um maior acesso às fontes de produção e maior acesso ao produto final) e o fortalecimento das mídias nacionais (para evitar as influências externas, como no tocante ao papel das grandes agências internacionais de notícias).
A elaboração do relatório faz parte da idéia da Nova Ordem Mundial da Informação e da Comunicação, um projeto internacional de reorganização dos fluxos globais de informação lançado em 1970 pelo movimento dos Países Não-Alinhados (e com o apoio da UNESCO).
Apesar da boa intenção, as medidas sugeridas pelo relatório não foram plenamente aplicadas. Os interesses dos envolvidos no projeto não são totalmente compatíveis com os interesses capitalistas dos produtores de informação. Com o passar dos anos, a pauta de discussões em comunicação na Unesco foi sendo modificada. Outros temas passaram a fazer parte das discussões da organização, como a democratização da informação e a sociedade da informação. Os temas ligados ao acesso ao ciberespaço, como a inclusão digital, foram bastante discutidos na Convenção de 2003 da Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação. Para Ignacio Ramonet, estar-se-ia caminhando em direção a uma Nova Ordem Internet.
A discussão quanto ao futuro da Internet é também relevante. Enquanto isso, entretanto, os temas ligados à produção da informação vão sendo deixados um pouco de lado…


Notas:
[1] Em clima de trabalho de Ética para a Comunicação sobre o Direito Social à Informação. Matéria medíocre, assunto interessante 😛
[2] Também conhecido como “Um mundo, muitas vozes” (ou pelo nome “científico”, completo e original: Communication and Society Today and Tomorrow, Many Voices One World, Towards a new more just and more efficient world information and communication order)
[3] Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
[4] Artigo 19 Todo o homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios, independentemente de fronteiras (Declaração Universal dos Direitos do Homem, ONU, 1948)

Marcadores: , ,

Fim das provas

Finalmente a minha eterna-semana-de-provas se encaminha para um fim. Falta só uma prova na semana que vem, e o terceiro bimestre do ano estará terminantemente encerrado. Essa história de encaixar uma semana de provas em outra não é nada divertido. As postagens deste blog deverão voltar ao “normal” (seja lá o que for essa tal normalidade) a partir desta semana 🙂

Marcadores: ,

A interatividade no jornalismo online

Valendo-me de uma das prerrogativas fornecidas pelo jornalismo online (a interatividade, decorrente das características do próprio meio Internet), enviei um e-mail através do Fale Conosco do site do Terra informando sobre um erro numa notícia (faltava uma palavra em uma frase do texto). Hoje recebi uma resposta muito simpática deles, agradecendo por avisar do erro e informando que o mesmo tinha sido corrigido. Um trecho do e-mail:

“Muito obrigado pela sua mensagem. É através da interação com nossos usuários que poderemos corrigir eventuais erros e seguir em frente com o compromisso de melhorar continuamente nossos produtos e serviços.”

Muito bacana. Eu até me sentiria comovida, exceto pelo fato de que o erro era de uma matéria de abril, e eles só foram me responder hoje, em pleno outubro, 6 meses depois.
A notícia foi corrigida. Faltava a palavra mundo no final do primeiro parágrafo.

Marcadores:

Os altos índices de consumo de pães em padarias

Uma pesquisa fez o levantamento dos itens mais comprados nas padarias de quatro capitais brasileiras. Surpresa no primeiro lugar da lista: o item mais comprado em padarias é o pão (!). – E eles precisaram de uma pesquisa que lhes dissesse isso?
Na verdade, essa pequena nota da Zero Hora mostra o quanto a descontextualização da informação pode vir a prejudicá-la. Esses resultados fazem parte de uma pesquisa muito mais complexa, que procurou avaliar o perfil dos consumidores em padarias, mercadinhos e lojas de conveniência. O produto mais comprado em padarias é apenas um dos dados revelados pela pesquisa (e seria de se estranhar se o pão não encabeçasse essa lista). Em lojas de conveniência, por exemplo, os produtos mais consumidos são, infelizmente, os cigarros.

Marcadores: ,