Parece que vivemos em um eterno modo de espera. Durante algum tempo, esperamos de forma veemente que uma determinada coisa aconteça. Deixamos de viver as outras coisas, porque esperamos o desenlace de algo em específico. Entretanto, assim que a coisa que esperávamos enfim acontece, ao invés de passarmos a viver e aproveitar o resto, passamos a esperar por alguma outra coisa.
E assim nossa vida se resume a um eterno esperar. Esperamos a formatura, o atendimento no dentista, o acúmulo de dinheiro suficiente para comprar o próprio carro, o crescimento do primeiro filho, o especial de fim de ano na televisão, o reconhecimento de nosso trabalho, a hora exata em que o show vai começar. Em todo momento temos sempre uma meta principal na vida (por mais frívola que seja) e é essa meta que nos impede de viver o resto. Essa meta é tão forte que tem o poder de obscurecer o resto, de fazer com que as outras atividades do dia-a-dia percam seu colorido e se transformem em meros instrumentos para se atingir o objetivo principal. Os demais fatos da vida perdem a sua verdadeira importância.
Por mais doloroso que seja, é preciso aprender a viver cada dia de cada vez. Sim, devemos ter esperança. Mas não colocar a espera por uma determinada coisa como nosso objetivo principal de vida. Nosso objetivo principal de vida deveria ser viver. O que resta são meros acontecimentos. Reconhecer isso envolve uma mudança de perspectiva muito forte. É difícil perceber que a vida acontece entre uma meta e outra, entre um plano e outro, entre uma comemoração e outra. Não é só de momentos especiais que se faz a vida. Ela também acontece nos interstícios entre os momentos de ápice de felicidade. De fato, os momentos de felicidade poderiam se multiplicar se passássemos a encarar cada momento como um momento único, cada dia como um dia especial.
Que 2007 seja um ano especial, cheio de esperas e objetivos a serem alcançados, mas, ao mesmo tempo, repleto de dias em que se possa viver plenamente.
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Fazer acontecer a mais difícil do que esperar a realização pronta, não é?
E enxergar a realidade também é muito ruim. Por isso aguardamos as datas para termos algo a celebrar. x.x
Também acho que os sonhos nos impulsionam…. mas não devem se tornar esperas eternas, fazendo com que a gente esqueça das coisas maravilhosas que nos acontecem todos os dias… como o simples fato de viver para contar como foi a tarde de ontem!
O ideal é saber dosar, não acha??
FELIZ 2007!!!! o
“A virtude está no meio” 🙂
gostei do texto 🙂