Leitura digital

“Em relação às técnicas anteriores de leitura em rede, a digitalização introduz uma pequena revolução copernicana: não é mais o navegador que segue as instruções de leitura e se desloca fisicamente no hipertexto, virando as páginas, transportando pesados volumes, percorrendo com seus passos a biblioteca, mas doravante é um texto móvel, caleidoscópico, que apresenta suas facetas, gira, dobra-se e desdobra-se à vontade diante do leitor” (Pierre Lévy em “O que é o virtual?”).

É isso. Embora um livro seja bem mais prazeroso de se ler, pois nos permite “ter em mãos” o objeto da leitura – além de se poder manuseá-lo, abri-lo, fechá-lo, riscá-lo, marcá-lo, emprestá-lo, enfim, há todo um fetichismo em torno do livro –, a leitura hipertextual em um ambiente virtual também tem seus atrativos. O livro impresso, considerado dentro do sistema em rede de remissões internas de uma biblioteca (um livro que remete a outro que remete a outro que remete a outro, além de índices e catálogos que remetem a vários outros livros), requer que se faça deslocamentos físicos – é o leitor quem precisa ir de um livro a outro em busca de informações adicionais. Na web, basta clicar em um link, ou buscar em um banco de dados, que a informação requisitada estará diante de nós, em instantes. A possibilidade aberta pelos hiperlinks permite que se vá de página em página, sem sair do lugar (físico) onde se encontra. E é isso o que torna a navegação na web uma experiência tão interessante e singular: somos nós quem estamos no comando do caminho a ser traçado em nossa leitura hipertextual.

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