Cidade fantasma

Praticamente ninguém fica em Bagé durante o carnaval. As pessoas aproveitam os dias de folga para ir à praia, ou para curtir a folia em algum outro lugar. Há até quem prefira fugir para o campo para descansar. O resultado é uma cidade vazia, quase desértica, no período que vai da sexta-feira que antecede o início do carnaval até o meio-dia da quarta-feira de cinzas.

(Este ano ainda há um agravante: a seca, que deixa a cidade sem abastecimento de água por dezoito horas por dia.)

Pelo menos metade das pessoas que foram/irão viajar nesses dias (o ideal seria poder chamar de “feriado”, mas feriado não é, tecnicamente, pois só é feriado nacional o que foi definido em lei, e, bizarramente, no Brasil não é considerado feriado nacional durante o carnaval) vão para a praia do Cassino (em Rio Grande-RS, a cerca de 300km de Bagé). O movimento de migração Bagé-Cassino no verão (e mais especificamente no carnaval) é tanto que as rádios e jornais locais costumam instalar sucursais de praia no Cassino. É até possível transferir a assinatura dos jornais locais para lá.

No caso específico do período da maior festa popular do Brasil, até os blocos de carnaval dos clubes da cidade migraram para o Cassino, a ponto de um dos clubes mais tradicionais de Bagé, o Clube Comercial, ter desistido de promover o seu tradicional baile de carnaval anual. Como alternativa, os bajeenses pulam carnaval na Sociedade Amigos do Cassino, com direito a se sentir quase em casa, tamanha quantidade de conterrâneos que pode encontrar, tanto nos blocos quanto fora deles.

A outra metade das pessoas que saem de Bagé vai em direção a outras praias (como exemplo, Punta Del Este, no Uruguay, também possui uma boa base de bajeenses) ou “para fora” (as pessoas aproveitam a folga do carnaval para curtir um descanso em fazendas, chácaras, sítios, ou em campings).

O resultado são ruas vazias, comércio fechado e poucos carros circulando. Só não é uma verdadeira cidade fantasma porque tem sambódromo, escolas de samba e blocos de rua. Do contrário, Bagé ficaria vazia. Corre até a piada de que o último a sair da cidade no carnaval não deve se esquecer de fechar a porteira.

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3 thoughts on “Cidade fantasma

  1. Levei tua casa rosada como favorita para o meu Flickr. É um chuá.Ouvi dizer que o pessoal de Passo Fundo anda com prancha de surf e bermudão, é verdade? Goium carinha de Carazinho quem me disse. Ach oque deve ser onda.Escrevi sobre os Mutantes para a Lágrima Psicodélica.E no Flickr sou anarchic_universe.

  2. Olá!Cheguei aqui através do blog da Tina, “Universo Anárquico” e estou a dar uma olhada neste seu espaço que me parece de grande qualidade! Muitos parabéns! 😉

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