Monthly Archives: March 2007

Título de livro mais bizarro do ano

O site theBookseller.com está promovendo uma votação para escolher o título de livro mais bizarro do ano de 2006 (“Diagram Prize for Oddest Title of the Year”). Os concorrentes são:

Tattooed Mountain Women and Spoon Boxes of Daghestan, de Robert Chenciner, Gabib Ismailov, Magomedkhan Magomedkhanov e Alex Binnie (algo como “Mulher tatuada da montanha e caixas de colheres do Daguistão”)

How Green Were the Nazis? – Nature, Environment, and Nation in the Third Reich, Thomas Zeller, Franz-Josef Bruggemeier e Mark Cioc (“O quão verde eram os nazistas? – Natureza, ambiente e nação no Terceiro Reich”)

D. Di Mascio’s Delicious Ice Cream: D. Di Mascio of Coventry?An Ice Cream Company of Repute, with an Interesting and Varied Fleet of Ice Cream Vans, de Roger De Boer, Harvey Francis Pitcher e Alan Wilkinson (“Deliciosos sorvetes de Di Mascio: Di Mascio de Coventry, uma companhia de sorvetes de reputação, com uma interessante e variada frota de furgões de sorvetes”)

The Stray Shopping Carts of Eastern North America: A Guide to Field Identification, de Julian Montague (“Os carrinhos de supermercados desgovernados da América do Norte Oriental: um guia para identificação de campo”)

Proceedings of the Eighteenth International Seaweed Symposium (“Relatórios do décimo oitavo simpósio de algas”)

Better Never To Have Been: The Harm of Coming Into Existence de David Benatar (“Melhor nunca ter sido: os danos de alcançar a existência”).

O vencedor do ano passado foi People who don’t know they’re dead: how they attach themselves to unsuspecting bystanders and what to do about it, de Gary Leon (“Pessoas que não sabem que estão mortas: como elas se prendem a terceiros desavisados e o que fazer a respeito disso”).

Por enquanto, o que está na frente é o livro sobre os carrinhos de supermercados desgovernados. Meu voto foi para o livro da existência. Mas a tese dos nazistas verdes também é interessante.

Todos os concorrentes são títulos reais, e o prêmio é dado desde 1978. A disputa é tão séria que alguns livros com nomes bárbaros tiveram que ficar de fora por terem sido publicados antes de 2006. Vale a data de publicação na Inglaterra. O vencedor será anunciado no dia 13 de abril.

Via G1.

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Um mundo sem jornalistas?

Nos dias 7, 8 e 9 de março de 2007 foi realizado na França a primeira edição do Assises Internationales du Journalisme (algo como “alicerces internacionais do jornalismo”). A questão que permeou os debates dessa edição do evento era “Un monde sans journaliste?”.

Logo na abertura, Hervé Bourges, presidente da União internacional da imprensa francófona, falou sobre a Web 2.0 e da facilidade que qualquer pessoa tem para poder publicar uma matéria na Internet, o que poderia levar a uma mídia sem jornalistas.

Embora haja o temor de que no futuro a figura do jornalista (enquanto profissional formado em uma universidade) se torne dispensável, é preciso levar em consideração que o webjornalismo cidadão ainda está dando os primeiros passos. Não sei se já existem estatísticas quanto a isso, mas, pelo que tenho observado, muito pouca gente possui o hábito de colaborar em espaços participativos. Os espaços seriam restritos a alguns poucos interessados, o que seria incapaz de acabar com a grande mídia. Como fonte alternativa e complementar, entretanto, o jornalismo cidadão pode se mostrar bastante eficaz. Nem sempre o jornalismo tradicional é capaz de cobrir todos os acontecimentos do mundo (há interesses os mais diversos, notadamente comerciais, organizacionais, políticos e econômicos, que cerceiam a “liberdade” da imprensa tradicional)

Há diferentes formas de um cidadão poder colaborar com a veiculação de conteúdos midiáticos pela Internet. A forma mais básica é através de um blog. Mas não um blog que faça reverberação midiática (aquele que só repete o que já disse a grande mídia – é mais ou menos isso o que eu faço :P), e sim uma página que crie seu próprio conteúdo, busque suas próprias fontes, produza sua própria informação. Também é possível atuar em espaços colaborativos junto a sites de grandes veículos (Minha Notícia do IG, Citizen Journalist do MSNBC, vc repórter do Terra, FotoRepórter do Estadão, Cidadão Jornalista da Folha, e assim por diante). Nesses lugares, há uma certa restrição da liberdade, pois os sites se reservam no direito de publicar ou não publicar o conteúdo colaborativo, e, mesmo que escolham publicar a matéria do “cidadão”, muitas vezes também podem editá-la. Há ainda páginas específicas de conteúdo construído de e para cidadãos, em que eles mesmo se auto-organizam (Overmundo), ou com intervenção jornalística para seleção e hierarquização das informações (BrasilWiki). Por fim, há páginas construídas colaborativamente que repetem informações dadas pela mídia tradicional (Wikinews) e lugares onde é possível sugerir links para matérias interessantes que tenham saído em qualquer tipo de mídia (Linkk, Rec6, Digg).

Entretanto, pelo que tenho observado nesses sites, por mais que o cidadão possa criar, redigir e até publicar a sua matéria, isso não dispensaria a atuação de um jornalista enquanto profissional apto a adaptar o texto ao estilo jornalístico ou para hierarquizar as informações. O cidadão pode ter a criatividade, a curiosidade e uma boa redação. Mas ele não terá o nível de técnica suficiente que se aprende com a prática profissional associada à experiência universitária.

A nova geração de serviços de Internet (sintetizados no termo “Web 2.0”) pode contribuir para que cada vez mais pessoas possam colaborar na difusão de informações isentas e despretensiosas. Mas talvez não seja caso de dizer que o fim do jornalista está próximo. No máximo, ele terá que aprender a conviver com a concorrência de jornalistas cidadãos cada vez mais dedicados à produção amadora de notícias. Espaços para discussão como o proporcionado pelo evento da França são necessários para que os jornalistas desenvolvam a consciência crítica de que precisam ir além do fato noticiado se não quiserem perder espaço para o cidadão.

Para mais informações sobre o jornalismo cidadão, a revista Link do Estadão fez uma série de matérias sobre o assunto. (Aliás, o tema desta edição é o Second Life. Vale a pena conferir também). Há ainda o livro “We the media” e o site do Center for Citizen Media, ambos criados por Dan Gillmor.

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Easter Egg

Eu provavelmente devo ser a última cidadã sobre a face da Terra que ainda usa a versão 97 do Pacote Office. O programa é de 10 anos atrás, mas, incrivelmente, ainda funciona.
Sabia que tinha um pretenso simulador de vôo nos créditos do Excel 97, mas nunca tinha visto o:

”Pinball” (ou algo que lembra remotamente um jogo tipo pinball) no Word 97

Passos para acessá-lo:

1. Viaje no tempo e compre um 486 com Windows 98.
2. Abra o Word. Crie um novo arquivo.
3. Digite “Blue”. Sem aspas.
4. Selecione a palavra digitada.
5. Vá em Formatar > Fonte. Escolha o estilo Negrito e a cor Azul.
6. Volte para o documento, e digite um espaço após a palavra “Blue” (ficará “Blue ”).
7. Vá em Ajuda > Sobre o Microsoft Word
8. Aperte concomitantemente as teclas ctrl, shift, setinha para esquerda enquanto clica com o botão do mouse em cima do logo do Word.
9. Divirta-se. Se conseguir. Os comandos são Z para a barrinha da esquerda, M para a da direita e ESC para sair. Assim como no Excel, também aparecem os créditos do programa junto ao “jogo”.

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A supervelocidade das informações

A Petrobrás organizou uma palestra que aconteceu simultaneamente no mundo real e no mundo virtual. Era possível acompanhar o evento ao vivo em dois lugares: no estande da Petrobrás no Proxxima (Encontro Internacional de Comunicação Digital), ou no auditório virtual da empresa dentro do Second Life.

Inicialmente, iriam ser realizados dois eventos. Um hoje, das 13h10 às 14h10, e outro amanhã, no mesmo horário. Mas como havia a previsão de que o sistema do SL ficaria fora do ar nesse período na quarta-feira, o conteúdo das duas palestras foi condensado e transmitido em um só dia.

Resumindo ao máximo, o evento já aconteceu, e a palestra foi muito interessante. E antes que alguém me culpe por não ter avisado antes, até o Terra esbarrou na velocidade de transmissão das informações pela web e deu a informação 3 minutos depois de ter acabado. Quem duvida pode conferir no site.

A data atesta que a notícia foi publicada às 14h13 de hoje. Logo abaixo, há a informação de que a palestra terminaria às 14h10, e que era preciso chegar com 15 minutos de antecedência. Também não há a ressalva de que a palestra de amanhã foi cancelada. Nada como o jornalismo online, mais ágil, mais rápido e mais interativo do que as outras mídias…

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A máquina dos concursos públicos

A indústria dos concursos públicos é um setor que movimenta grandes somas de dinheiro a cada ano. Milhares de pessoas tentam a “sorte” em provas para as quais muitas vezes se fornece uma ou no máximo duas vagas sob a promessa de salário bom aliada à estabilidade do serviço público.

Essa máquina vende a ilusão de um emprego estável a 116 reais (preço da inscrição mais a apostila – sim, eu paguei pelos dois). Há também quem invista em cursos preparatórios para concursos (okay, confesso que fiz quatro aulas de lógica). O resultado é um investimento pesado para algo que no fundo não passa de uma verdadeira loteria (além de precisar saber tudo de tudo para passar, é preciso ter a sorte de estar diante das perguntas certas).

Fiz a prova para o TRF 4ª região hoje. Há uma vaga para técnico-administrativo para Pelotas. De cada 5 pessoas que transitavam pelos corredores do local de prova, 4 eram de rostos familiares provenientes da faculdade de Direito (colegas, conhecidos, amigos de bar). Ou seja, as chances de passar são mínimas.

Pelos meus cálculos, acertei pouco mais de 20 questões de conhecimentos específicos (de um total de 30 questões divididas entre português e matemática) e bem menos de 20 questões de conhecimentos gerais (de um total de 30 questões sobre noções básicas de legislação constitucional, administrativa, processual penal e processual cível). Errei boa parte das questões de português porque não consegui entender um dos textos da prova. Em compensação, a prova de matemática aparentava ser ridiculamente fácil. Apesar de tudo, o resultado não foi tão ruim. Eu não pretendia passar. Na verdade, não sei o que eu pretendia quando me inscrevi para o concurso. Fiz a inscrição em uma época em que fazia estágio voluntário na Justiça Federal. Ora, poder receber mais de 2 mil reais por mês para fazer o que eu fazia de graça era praticamente uma visão do paraíso. Mas trabalhar na área técnico-administrativa de uma repartição pública vai contra todos os meus objetivos de vida (terminar as faculdades, e continuar na vida acadêmica ad infinitum). Espero não precisar fazer concursos públicos para me dar bem na vida. Fazer concursos faz parte do meu plano D de vida.

Na dúvida, amanhã sai o gabarito. Em abril, sai o resultado final. Por um equívoco na hora da inscrição, meu nome vai acabar saindo na lista de classificação geral. Isso não é nada divertido. Em 2004, fiz o concurso para Oficial Escrevente. Até hoje a minha classificação nada digna pode ser consultada nas páginas do Google (algo como 8,9 mil, ou 9 mil e alguma coisa).

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A difícil tarefa de dar nome a um bichinho

As pessoas costumam adotar as estratégias mais absurdas para escolher os nomes de seus animais de estimação. Alguns aproveitam a oportunidade para exercer a criatividade e escolhem nomes muito bacanas. Outros, menos afortunados em termos de inventividade, escolhem um dos nomes já clássicos para animaizinhos. Tem ainda gente que pede ajuda para os amigos, ou que mantêm o nome provisório dado pela Petshop, ou até mesmo aqueles que pedem ajuda para o Santo Google das Causas Impossíveis.
Comecei a pensar no processo de escolha dos nomes dos animaizinhos depois que ouvi uma colega de aula contando que fez uma lista das pessoas que ela mais odiava para escolher um desses nomes para usar como alcunha de sua mais nova cachorrinha. Cruel, pode-se dizer. Mas o fato é que temos total liberdade para batizar nossos bichinhos.
Um deputado já tentou passar pelo Congresso um projeto de lei proibindo colocar nomes de seres humanos em animais. O resultado foi desastroso. Até o bichinho de estimação do presidente Lula tem nome de humano (“Michelle”). E, é claro, há muitas outras questões mais relevantes a serem discutidas pelos representantes do povo lá em Brasília.
Em geral, as pessoas escolhem o nome do animal com base em critérios de afetividade. Desse modo, predominam diminutivos e nomes associados a coisas fofas. Os termos que designam os animais não costumam ultrapassar duas ou três sílabas – mais do que isso o próprio animal será incapaz de assimilar, fazendo com que ele não entenda o próprio nome, ou, no máximo, fazendo com que o animal retenha apenas a sonoridade das sílabas mais fortes da palavra. Isso, é claro, só vale para animais que tenham alguma capacidade de escutar seus nomes (como exemplo, não é preciso chegar ao extremo de se nomear um peixe com uma palavra de duas sílabas, visto que dificilmente ele será capaz de responder a um chamado por seu nome).
Dentro do universo de escolhas possíveis, tem até pessoas que utilizam um daqueles nomes que demonstram total falta de criatividade (ou total criatividade, se se considerar que o nível de falta de criatividade é tão intenso que chega a ser criativo escolher um nome não-criativo). Isso seria algo do nível de chamar de “Preta” uma cachorra escura. Claro que tem também aqueles nomes que chegam a ser hors-concours no critério de (falta de) criatividade, como Totó ou Rex – se bem que de tanto que esses nomes eram considerados incriativos algum tempo atrás, já deve dar até para considerar que se cruzou o limiar da criatividade, e nomear um cão macho de “Totó” voltou a ser sinônimo de alto grau de inventividade.
Para quem está em dúvida, o Site do Cachorro traz uma lista de nomes para colocar em cãezinhos. Para nome de gatinhos, há outra lista. Na prática, não consigo entender qual seja a diferença entre uma lista e outra (tipo, existem nomes que sejam exclusivos para gatos ou para cachorros?). Como exemplo, na lista de nome de cães consta a sugestão “Garfield”. Na lista de gatos o nome não é sugerido.
Para quem quer fugir dos convencionalismos, vale colocar nome do ator ou personagem de seriado favorito (aliás, a dica “Alcapone” do Site do Cachorro chega a ser divertida), adotar nomes de personagens de desenho animado, ou até propor algo mais enigmático como as inicias do nome do seu irmãozinho. Por fim, há quem confie tanto na criatividade alheia que chega a pedir ajuda no Yahoo! Perguntas.
Qualquer que seja o critério de escolha do nome, o importante é que ele seja a cara de seu bichinho. Basicamente, para quem quer exercer a criatividade na escolha do nome, o céu é o limite.

(Palavra de quem: a) manteve o nome fornecido pela Petshop e b) tem o mesmo nome que o cachorro)

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Quando quem fala e de quem se fala são a mesma pessoa

Essa é boa. O jornalista sueco Niclas Rislund estava sendo processado por ter se passado por um policial durante uma investigação sobre um desaparecimento. Além do processo na Justiça, ele também acabou sendo demitido do jornal onde trabalhava, o tablóide Expressen. Atualmente ele trabalha para a revista Dagens Media.
Na terça-feira o caso ganhou destaque na imprensa sueca porque era a data da primeira audiência. Mas o que mais chamou atenção foi a matéria do Dagens Media sobre o caso. O próprio Rislund fez o relato, em terceira pessoa, do processo no qual estava envolvido. Ora, quem melhor para falar sobre um processo senão o próprio réu que está sendo julgado?
O fato ganhou repercussão, e está sendo discutido na Suécia. Até que ponto é ético um jornalista falar sobre si próprio?

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