Monthly Archives: May 2007

Ementa de outono

Outono. Clima ameno. Frio pela manhã. Calor à tarde. Frio de noite. Folhas caindo. Folhas secas. Café. Chá. Chocolate quente. Edredom. Solzinho. Cama. Casaco. Acolchoado. Caneca. Cachecol. Meia. Bota. Muita comida. Mas também: Supergripe. Rinite. Bronquite. Nebulização às 6:30 da manhã. Acordar cedo no sábado. Dormir abraçada no rolo de papel higiênico. Dedos congelados. Pé frio. Tosse seca. Espirro. E nunca saber que tipo de roupa colocar.

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Teoria da Comunicação

Uma das discussões interessantes que rolou em um dos GTs do Celacom foi sobre o fato de a Teoria da Comunicação ser ensinada nos primeiros semestres do curso e de forma totalmente desvinculada da prática. Não haveria mal nenhum em se ministrar a disciplina logo no começo do curso se ela não costumasse ser ministrada na forma expositiva clássica: um professor despeja as várias teorias na cabeça dos alunos; os alunos entram em colapso decorando nomes de teorias e suas respectivas explicações, e tudo isso para eles não faz o mínimo sentido. O resultado é um mar de alunos que acham a Teoria da Comunicação uma disciplina chata e tediosa, e são incapazes de perceber que ela é, na verdade, a base para todo o resto do curso (e justamente por isso deve ser ministrada logo de cara).

Os alunos sobrevivem à teoria e chegam ao final do curso. Lá na outra ponta, eles vão precisar se basear nessa teoria que (não) aprenderam nos primeiros semestres para poder redigir um trabalho de conclusão de curso decente. Só aí é que vão perceber o quanto a Teoria da Comunicação era importante, e terão que correr atrás do tempo perdido para recuperar a compreensão do conteúdo e a apreensão de conceitos que já deveriam ter sido assimilados muito tempo antes.

Alguns dos problemas apontados para a impopularidade da Teoria da Comunicação junto aos alunos seriam os professores despreparados para ministrar a disciplina (geralmente, a Teoria da Comunicação é dada por jovens professores, que ainda não possuem uma clara sistematização de todas as Escolas e da evolução da comunicação no país e no mundo), a forma excessivamente dogmática de ministrá-la (uma solução seria propor aos alunos aplicar as diferentes teorias estudadas a casos reais, a acontecimentos midiáticos que estejam em voga no momento em que se estuda determinada teoria) e o fato de que grande parte dos professores adotam uma corrente de pensamento (que quase nunca é a própria corrente latino-americana) e praticamente não falam sobre as outras. Isso contribuiria para outro fator relevante: a situação inusitada de que a Escola Latino-Americana de Comunicação (ELACOM) possua mais prestígio no exterior do que dentro da própria América Latina. Por aqui, predominariam professores e pesquisadores da linha frankfurtiniana, ou seguidores do funcionalismo norte-americano. Desse modo, costuma-se adotar uma perspectiva estrangeira para analisar fenômenos localizados, ao invés de se utilizar de uma teoria latino-americana para estudar objetos igualmente latino-americanos (o que pareceria bem mais lógico).

A conversa aconteceu no GT 3, Comunicação, Educação e Linguagens Educacionais, na quarta-feira à tarde, a partir da apresentação do trabalho da Dra. Maria Cristina Gobbi (da Metodista). O trabalho procurou sistematizar a evolução histórica do pensamento da ELACOM. A partir dessa sistematização, surgiu o questionamento de por que a maior parte dos presentes à sala nunca tinha estudado nada sobre a Escola Latino-Americana durante o curso de graduação. Uma coisa levou à outra, e acabou se tendo um interessante debate sobre o ensino da Teoria de Comunicação como um todo 🙂

Estou começando a pensar em rever minhas tendências frankfurtinianas. A crítica pela crítica não leva a nada – e o receptor nem sempre é assim tão passivo.

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Sobre o Celacom

De segunda a quarta aconteceu na UCPel o Celacom 2007. Esta era a 11ª edição do Colóquio Internacional sobre a Escola Latino Americana de Comunicação. O Celacom é uma iniciativa da Cátedra Unesco de Comunicação, e é promovido anualmente na Universidade Metodista, em São Paulo. Este ano foi a primeira vez que o evento foi deslocado de sua sede – e a proposta é de que os próximos também sejam realizados fora de São Paulo, em nome de uma maior regionalização do congresso.

A proposta é reunir pesquisadores em Comunicação para discutir a Escola Latino Americana de Comunicação (ELACOM) em três dias de evento. A edição deste ano contou com a participação de estudiosos de três países, e teve como tema central os Gêneros Comunicacionais: formatos e tipos latino-americanos.

Participei da comissão de organização (de forma voluntária; aliás, às vezes ainda me surpreendo com a minha natureza intrinsecamente voluntária… acho que não nasci para ingressar em um mundo capitalista), e por isso esses últimos três dias foram uma verdadeira correria. Mas valeu a pena.

Como em todo evento destinado à pesquisa, com o Celacom não foi diferente: foram três dias de intensa reciclagem científica e ebulição e aperfeiçoamento de idéias. Assisti a poucas palestras, mas todas elas eram muito boas. Só a mesa redonda de ontem pela manhã, sobre Gêneros Digitais, valeu pelo evento inteiro. A mesa contou com a participação de Elias Machado (UFSC), Alex Primo (UFRGS) e Vinícius Andrade Pereira (ESPM/UERJ), sob a coordenação de Raquel Recuero (UCPel). Os temas tratados foram o digital trash, a micromídia, e a forma de se pensar os gêneros no jornalismo digital. Mas a parte mais interessante foi o debate que rolou entre os painelistas após suas exposições.

Outros pontos altos do evento foram a palestra de Manuel Carlos Chaparro (da USP) sobre gêneros e a apresentação de trabalho de Maria Cristina Gobbi (Metodista; vide post acima) sobre a ELACOM.

Não sei se sou altamente influenciável, mas… gostei da idéia de pesquisar algo como a relação entre digital trash, cauda longa e micromídia. Também achei interessante a proposta de empregar a análise de discurso para investigar a comunicação, ou realizar a reflexão sobre gêneros. Só não gosto do fato de não conseguir encontrar um foco (algo mais específico; como objeto, já está praticamente certa a Internet) em meus interesses de estudos.

Nota mental: É mais divertido apresentar trabalho do que participar da comissão de organização. Acho (tenho certeza de) que eu teria aproveitado o evento bem mais se tivesse apresentado trabalho.

Hoje, quinta-feira, de volta à rotina, não tive mais desculpas para faltar às aulas do Direito. Tenho negligenciado demais esse curso ultimamente…

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the Konstrukt

A partir de amanhã os brasileiros poderão contar com uma
revista digital mensal em português com as últimas novidades sobre o Second Life. A iniciativa é da Verbeat, uma “não-organização, não-lucrativa, não-governamental” que se propõe a fomentar a comunicação, a arte e a cultura no ambiente digital.
O pessoal da Verbeat está sempre de olho nas novas tendências da Internet. Em 2005, eles fizeram uma pesquisa que procurou mapear os usos e costumes da blogosfera brasileira. Desde 2003, a página também funciona como um condomínio de blogs, um espaço que reúne blogs interessantes sobre os mais variados temas.
A próxima novidade deles, com lançamento oficial previsto para amanhã, é a versão em português da revista the Konstrukt. Para quem não sabe, a Konstrukt é uma revista mensal sobre Second Life, produzida na Suécia, escrita em inglês, e que se propõe a ser um veículo de conteúdo especializado sobre o ambiente virtual do SL. O conteúdo pode ser acessado gratuitamente em pdf, e a partir de hoje já é possível baixar a edição especial em português da revista. Mas os investimentos da Verbeat no universo do SL não param por aí: prepare-se para muitas outras novidades em breve no inversus, o espaço do portal dedicado a metaversos em geral.
Aliás, já aproveito o post para perguntar: alguém aí costuma usar regularmente o Second Life e teria aventuras para relatar? Se sim, entre em contato.

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Brasileiros na blogosfera

De acordo com um levantamento realizado pelo Technorati, apenas 2% da blogosfera fala português. Isso não parece ser lá muito compatível com o fato de que os brasileiros* costumam ficar mais tempo na web que os internautas de outras nacionalidades. Uma possível explicação é o fato de que o brasileiro usa a Internet predominantemente para despesa improdutiva: bate-papo, jogos online, enfim, a palavra-chave é a diversão. Não é à toa que somos campeões de uso do Orkut, uma rede social cuja finalidade principal é bisbilhotar dados sobre a vida alheia. Outra explicação é a dada por Fábio Flaschart, em entrevista ao G1: o brasileiro usa a Internet de forma passiva. Não se teria, segundo ele, o costume de usar a rede como ferramenta de expressão – os brasileiros a utilizariam para resolver problemas imediatos, para conversar, e, no máximo, para ler alguma coisa (se é que alguma coisa é efetivamente lida). O resultado é uma presença pouco significativa do português na blogosfera, e possivelmente uma grande quantidade de blogs que nem ao menos são lidos.

* abstraindo o fato de que há pessoas de outra nacionalidade que também falam português.

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Código Penal dos Estudantes de Direito

Induzimento, instigação ou auxílio ao alunicídio
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a cometer alunicídio ou prestar-lhe auxílio para que o faça.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos se o alunicídio se consuma; ou reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, se da tentativa de alunicídio resulta lesão corporal de natureza grave.

Parágrafo único. Entende-se por alunicídio o suicídio cometido por aluno durante ou após a realização de uma prova, ou no momento de recebimento da nota. Como o suicídio em si não é punível pela legislação brasileira, o alunicídio também não o é – apenas é apenado aquele que, valendo-se do estado depressivo no qual se encontra o aluno, contribui para que esse vá em frente e pratique o atentado contra a própria vida.

Mestrecídio
Art. 123. Matar, sob a influência do estado puerproval, o próprio professor, durante a prova ou logo após:
Pena – detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.

Parágrafo único. Entende-se por estado puerproval a alteração psíquica provocada pela realização de provas complexas e mal-elaboradas que levam o aluno ao estado alucinante de não entender nada e tomar atitudes incompatíveis com sua personalidade normal. Também é abrangido por esse conceito a chamada depressão pós-prova (DPP).

Dispositivos equivalentes no Código Penal Brasileiro “normal” – artigo 122, auxílio ao suicídio, e artigo 123, infanticídio.

* Piada interna.

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Termos jurídicos absurdos, parte 2

Outrem é alguém que só existem no mundom jurídico.

Utilidades práticas:
– A Maria me ligou?
– Tocou o telefone, mas acho que era outrem.

– Então quer dizer que o safado do Carlos estava com outra? Era a Lúcia, só pode!
– Tenho certeza de que não era a Lúcia, era outrem.

– Você pode me ajudar?
– Agora não posso. Melhor você pedir ajuda a outrem

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