Monthly Archives: July 2007

A desgraça alheia ’empacotada’ como espetáculo para as massas

E o que eu tenho a ver com um ex-síndico que matou o morador de um prédio há 8 anos atrás? É incrível como a mídia (em especial, a televisiva) consegue transformar todo julgamento em espetáculo. A parte interessante é que isso só acontece com crimes bárbaros. Principalmente quando há registro de imagens.
Crimes bárbaros são bastante telegênicos, mesmo que as imagens que se tenha não sejam nada nítidas.

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Orkut 2.0

Dentro do fenômeno de pipocação de novas redes sociais, dois novos serviços estariam sendo gestados.
O primeiro vem do Google, que patrocinou um projeto de criação de uma página que integrasse várias ferramentas em um só local, ao mesmo tempo que permitisse interação entre os usuários. — Mas, espera aí, o Google já não tem o Orkut?
O Yahoo também teria planos de lançar uma nova rede social (embora já tenha o 360°).
Resta saber se as pessoas terão tempo de conviver com tantas ferramentas de comunicação digital ao mesmo tempo.

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Diálogo na veterinária

Diálogo na veterinária hoje à tarde:

– Como é a primeira vez que você traz sua cachorrinha aqui, precisamos fazer uma ficha para ela.
– Ah, tudo bem.
– Nome?
– Gaby. Com ípsilon.
– E o seu nome?
– O meu nome? Er. Ahm. É…
[minha irmã intervém na conversa]
– Gabriela.
[olhar bizarro da atendente]

O que não gosto nessas situações é que geralmente não me dão a oportunidade de explicar que o cachorro já veio “de fábrica” com esse nome (compramos ela com 6 meses, e trocar de nome nessa idade seria uma crueldade com o bichinho). E que a Gaby tecnicamente não pertence a mim.
É por essas e outras que odeio quando a Gaby troca de pet shop.
Talvez eu devesse pensar em um nome alternativo para dar quando levo a cã a esses lugares. “Caqui”? “Babi”? “Aqui”? (Alguma sugestão de algo mais que rime com Gaby? :P)

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Muito entusiasmo, pouco uso

Este texto publicado por Clay Shirky no blog Many2Many em dezembro de 2006 (e republicado em português na revista Trópico em maio) sugere que os números de acesso ao Second Life esconderiam um dado fundamental: a taxa de desistência de uso do software é muito grande. Pelo que Shirky diz, as pessoas entrariam no Second Life movidas pela curiosidade, apenas para ver como funciona. Entretanto, a maioria não retorna. Assim, mesmo que realmente tenha havido 1 milhão de acessos nos últimos 60 dias, isso significaria muito pouco em termos práticos, na medida em que mais de 70% desses usuários jamais voltarão ao Second Life.

There’s nothing wrong with a service that appeals to tens of thousands of people, but in a billion-person internet, that population is also a rounding error. If most of the people who try Second Life bail (and they do), we should adopt a considerably more skeptical attitude about proclamations that the oft-delayed Virtual Worlds revolution has now arrived.

No post, Shirky ainda discorre acerca do fato de que o Second Life não seria de fato um ambiente virtual totalmente inovador, na medida em que busca inspiração em outras comunidades virtuais preexistentes. Enfim, vale a pena ler o texto completo.

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The New7Wonders

Ontem, dia 07-07-07, foram anunciadas em Lisboa as 7 novas maravilhas do mundo. A votação foi feita durante vários meses pela Internet e por telefone. Qualquer um poderia votar pela Internet, bastando que, para isso, fornecesse alguns dados simples, como país e e-mail (e também era preciso confirmar a validade do e-mail).

Como Lynz já havia ressaltado em seu blog, esse sistema de votação era um tanto tendencioso:

“La verdad es que todo esto me parece un cachondeo y bastante poco serio, ya que una misma persona puede efectuar muchos votos mientras pague por ello. No me parece justo. Al final, resultará que las 7 maravillas del mundo moderno estarán en función del país que más dinero se haya gastado en los votos y no en funciópn del valor real que tienen estas magníficas obras patrimonio de la humanidad”

No Brasil, houve uma campanha massiva em prol do Cristo Redentor. Algo como: “veja, temos uma candidata a nova maravilha do mundo, então vamos votar para estimular o turismo no lindo e nada-violento Rio de Janeiro”. Isso talvez seja uma verdadeira política narcisística, uma vez que as campanhas pró-Cristo tentavam convencer as pessoas a votarem no monumento apenas sob o argumento da territorialidade. (Mas será que as outras candidatas, algumas mais antigas, outras mais belas, não mereceriam em iguais condições o título de maravilhas do mundo?)

Além do Cristo, outras seis atrações mundiais receberam o título de “novas 7 maravilhas do mundo”. É possível conferir a lista completa no site. Na minha humilde opinião (de alguém que não conhece ao vivo nenhuma das candidatas), a torre Eiffel não deveria ter ficado de fora. Nem as estátuas da Ilha de Páscoa. Mas talvez para isso fosse preciso aumentar a lista para bem mais que apenas sete itens.

Em tempo: já começou o período de indicações de candidatas para as novas 7 maravilhas da natureza.

Confira também a lista original das sete maravilhas do mundo.

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Filme: Um Crime de Mestre

No filme “Um Crime de Mestre” (Fracture, 2007), Hannibal, digo, Anthony Hopkins, interpreta Dr. Lecter, digo, Ted Crawford, um homem que descobre que sua mulher tem um amante. Para resolver o problema, Ted decide matar sua esposa quando ela chega em casa logo após ter se encontrado com o amante. Não, eu não estou estragando o final da história. Isso acontece logo nos primeiros 15 minutos de filme. O principal da história não é o tiro deferido contra a mulher, mas a tentativa de condenar Ted pelo crime.

Como em todo julgamento teatralizado norte-americano, há aspectos processuais penais interessantes que são destacados pelo filme. Primeiro, Ted abre mão de ser representado por advogado ou defensor público. Aparentemete, lá nos EUA isso é permitido. Mas não tente parecer cool fazendo isso no Brasil. Por aqui, só é permitida a auto-representação se a pessoa tiver número de registro na OAB. Ou seja, só pode abrir mão de constituir advogado ou de ser representado por defensor público quem já é advogado. Mas como lá isso é permitido, Ted vai em frente e tenta se defender sozinho.

O filme passa uma certa inquietação no telespectador, porque o tempo todo nós sabemos que Ted realmente deu um tiro em sua esposa (a cena é mostrada em todos os seus detalhes, e não há como contestar que foi ele mesmo quem atirou). Mesmo assim, aos poucos vamos percebendo a audácia dos planos de Ted. Seu objetivo é conseguir a absolvição a partir de aspectos meramente processuais: ninguém tem provas de que ele realmente atirou contra sua mulher, uma vez que a perícia constatou que o revólver encontrado na cena do crime não havia sido disparado em nenhum momento.

Inicialmente, a única prova que se tinha era uma confissão assinada por Ted a partir de um depoimento tomado logo após a chegada da polícia em sua residência. O detalhe é que o policial que atendeu a ocorrência era o amante da mulher de Ted (isso também é revelado nos primeiros minutos do fime; não estou estragando o final da história :P), o que abriu caminho para que Ted alegasse no julgamento que o depoimento fora tomado sob forte coação moral. Ora, uma prova tomada de forma coercitiva é considerada uma prova ilícita, e não é admitida em Direito (esse mesmo princípio é aplicado a escutas telefônicas não autorizadas pela Justiça). E, pela teoria da árvore dos frutos podres (fruits of a poisonous tree), uma prova ilícita contamina todas as demais, invalidando todo o argumento de defesa ou acusação que se baseie em tais provas. Assim, mesmo a prova mais cabal possível (a própria confissão do criminoso) não possui valor algum em termos processuais por ter sido obtida de forma inválida, o que praticamente inviabilizaria a condenação de Ted, pelo menos até que se encontrasse a verdadeira arma do crime, ou alguma outra prova igualmente eficaz.

Mas Willy Beachum (Ryan Gosling), o jovem promotor público designado para o caso, que tem um índice de 97% de condenações, não vai desistir enquanto não conseguir desvendar o mistério desse crime.

Outro aspecto processual penal ressaltado é a proibição de duplicidade de acusação (o que tem a ver com a teoria da coisa julgada) e a idéia de que não se pode modificar o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, mesmo que elementos novos sejam descobertos depois. Em nome da segurança jurídica, o mesmo fato não pode ser julgado duas vezes. Mas melhor não entrar em detalhes, sob pena de, aí sim, estragar um dos aspectos mais interessantes do final do filme.

No mais, o Anthony Hopkins de “Um Crime de Mestre” é quase um Hannibal. Exceto pelo fato de que Ted não tenta comer o cérebro da própria esposa (praticamente um Hannibal sem carnificina).

* em cartaz até terça-feira, 10/07, no Cineart, em Pelotas

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Perseguição canina

A Gaby, do alto de seus 15cm e 3kg, colocando a Lia, 3x maior e 10x mais velha, para correr.

Prometo que este é o último vídeo da série “elementos disformes que parecem cachorros em cenas captadas a partir de uma câmera de celular de baixíssima resolução”. Até tentei virar a tela para ver se aumentava o tamanho da imagem. Mas não. A realidade me mostrou que (ainda) não tenho um iPhone.

* Música = Bottlefly – Got 2 B Luv

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Contador de tempo online no Firefox

Stumbleando por aí, encontrei uma extensãozinha de Firefox interessante. O TimeTracker instala um reloginho na barra de status que conta o tempo que a pessoa permanece com a janela do navegador aberta e ativa. Mudar do Firefox para outro aplicativo do computador suspende momentaneamente a contagem do tempo, que é retomada quando se retorna para a janela do navegador. O resultado que se obtém é uma contagem das horas diárias que se passa navegando. Chega a ser assustador.
Nas configurações, é possível ainda excetuar alguns endereços da contagem do tempo online.

Problema prático: a extensão não é compatível com algumas versões do Firefox (ou pelo menos não foi muito com a cara do acomodado Firefox em português do computador de Bagé, embora tenha funcionado perfeitamente na versão equivalente em inglês).

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Rememoração através dos meios

“Os primeiros tópicos que atraem a atenção dos homens são aquêles que se referem às coisas que êles já conhecem. Se presenciamos algum acontecimento, seja êle uma partida de futebol, um estouro de Bôlsa ou uma tempestade de neve, logo tratamos de ler notícias sôbre êle, em primeiro lugar. Por quê? A resposta é da maior importância para a compreensão dos meios. (…) A experiência traduzida num nôvo meio fornece, literalmente, uma agradável rememoração, um delicioso play-back de um conhecimento anterior”
Marshall McLuhan em Understanding Media (São Paulo: Cultrix, 1964:239)

Isso ajuda a explicar a vontade de querer contar tudo o que acontece em nossas vidas em um blog. Também serve como possível explanação para o fato de que as pessoas que comentam em blogs tenham a tendência a relatar fatos pessoais similares ao do post em seus comentários (naturalmente, isso ocorre porque as pessoas só irão ler o post se a priori se identificarem com o assunto tratado – isso sem falar que só irão ler o blog em si se tiverem um mínimo de afinidade com as temáticas ali abordadas).

Nada como buscar explicações sobre a vida e o mundo em uma obra clássica sobre o papel dos meios… A idéia básica de Understanding Media (e que provocou uma revolução na Comunicação à época em que foi lançado) é a de que os meios de comunicação funcionariam como extensões das capacidades do homem. A televisão, o rádio, a imprensa, e tantos outros meios, atuariam como dispositivos para ampliar o alcance dos sentidos e funções humanos.

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