Um quase crime impossível

Agora há pouco eu estava no centro da cidade fazendo compras. Como o que eu queria adquirir era algo relativamente simples, e não encontrava em lugar algum, passei a entrar em lojas em que não entraria normalmente – era um ato de desespero. E, ao entrar numa dessas lojas, eis que alarme toca. As vendedoras solicitaram que a gente saísse e entrasse de novo, só para verificar se tinha tocado por nossa causa, ou por algum outro motivo. Entramos novamente, soou o alarme. Daí, em um ato de insanidade, as criaturas pediram para nos revistar antes de poder entrar na loja.

Sim, qualquer cliente em potencial já pode entrar em uma loja com mercadoria furtada. É perfeitamente lógico, racional e possível um cliente entrar na loja já com mercadoria furtada. Algo como, você pensa em furtar alguma coisa, e, pá!, a mercadoria já aparece nas sacolas que você está carregando. Veja bem, eu nunca tinha sequer entrado naquela loja antes. Seria a primeira vez que entraria para olhar alguma coisa. SERIA.

Não tenho culpa se o detector de etiquetas eletrônicas deles é hipersensível. As vendedoras é que tinham que tinham que ter tido o bom senso de ver que é completamente insano pedir para revistar uma cliente que entra na loja pela primeira vez na vida.

Minha reação foi um tanto estranha, confesso. Apontei para a cara da moça que disse que ia nos revistar, comecei a rir sem parar, e disse que seria muito menos irracional, idiota e insano procurar pela mercadoria em QUALQUER outra loja da cidade, já que aquela em específico estava negando a minha ENTRADA. Ela fez uma cara de interrogação (será que demorou para processar a insanidade do ato?) e saímos da loja. Simples. Pelotas tem um zilhão de lojas. Garanto que em qualquer outra eu encontraria muito mais bom senso que naquela.

crime impossível quando, por ineficácia absoluta do meio empregado, é impossível que se consume um delito. Lojas com essas etiquetas eletrônicas são um bom exemplo disso. Por mais que a pessoa tente furtar o produto, ao sair da loja irá inevitavelmente soar o alarme, a pessoa terá sua saída barrada, e não terá havido crime algum. Nesse caso, não se pune nem sequer a tentativa de furto – porque de todo modo seria impossível sair do estabelecimento com a mercadoria.

Entrar na loja errada não é crime. Mas pedir para revistar alguém sem justa causa pode gerar indenização por danos morais…

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6 thoughts on “Um quase crime impossível

  1. Poo Super Gabi, nunca pensei que fosses capaz de usar dos teus poderes sobrenaturais para cometer um delito :pSem noção essa loja, qual é o nome? Quero manter-me afastado. Vá que eu passe na frente e dispare essa geringonça. Será que eles iriam querer me revistar também?

  2. Inacreditável, tentiva de furto ou qualquer outro crime do yipo não ocorreu e nem poderia ocorrer, mas só no fato de pedirem para voltar e passar novamente pelo detector há o constrangimento ilegal.

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