Monthly Archives: September 2007

Proteção ao idioma nacional

“Oeuvre en partage” (algo como “obra em partilha”) é a nova denominação para a licença Creative Commons na França. Os franceses são tão protetivos quanto ao seu idioma, que tudo deve ser devidamente adaptado para o idioma francês. No documento da commission générale de terminologie et de néologie, consta ainda que o emprego da expressão “Creative Commons” na França é “desaconselhado”.

Segundo a Wikipedia, a comission générale de terminologie et de néologie é um organismo administrativo francês cuja função é contribuir para o fortalecimento da língua francesa. O órgão, criado em 1996, atua sob a direção do primeiro ministro. A idéia é proteger a francofonia.

Alguns exemplos de termos franceses felizes aplicados à Internet são logiciel espion (para spyware), diffusion pour baladeur (para podcasting), e bloc-notes (para blogs).

Curiosidade: como ficariam termos como “blog”, “podcast” e “spyware”, caso fossem aportuguesados?

E depois ainda reclamam da proposta de reforma ortográfica para unificação da língua portuguesa. Para nós brasileiros, apenas somem alguns acentinhos, caem os tremas, e mudam algumas poucas palavras. Imagina a tragédia que não deve ser para os portugueses ter de abrir mão do “c” charmosinho antes dos “ts” em palavras como “contracto”. E ainda por cima ter de fazer isso em favor de seu ingrato ex-filho mais pobre (e mais populoso).

(Via Jean-Luc-Raymond)

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A insurreição no Brasil, há 114 anos atrás

Em setembro de 1893, um artigo do New York Times comentava a queda da monarquia no Brasil e os primeiros anos da República. O artigo, em uma página de jornal entupida de texto (bem ao estilo da época), trazia ainda um mapa do Brasil, para ajudar os norte-americanos a compreender a localização daquele novo país recém-descolonizado. Histórico. Interessantíssimo. E acessível gratuitamente via arquivo do New York Times na web – todas as edições do jornal, de 1851 a 2007, estão disponíveis na íntegra na Internet. Os textos publicados até 1922 (e que estão em domínio público) podem ser lidos gratuitamente, em pdf. Para os demais, é preciso pagar pelo acesso. Dá para ficar horas e horas perdido em leituras sobre o passado.

(Via GJol)

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Jornalismo em 20 palavras

É possível contar uma notícia completa em apenas 20 palavras? Essa é a proposta do 20palabras.com, projeto dos jornalistas argentinos Dario Gallo e Pablo Mancini, no qual 20 jornalistas (presença cabalística do número 20?) enviam as atualizações pela web ou por dispositivos móveis, se possível a partir do próprio local do acontecimento. O resultado são notícias curtas, informativas, publicadas em estilo blog (das mais atuais para as mais antigas), para serem lidas preferencialmente em dispositivos móveis, e que servem como ponto de partida para conhecer os fatos que acontecem no mundo. Útil para não se perder por aí com tanto caos informacional.

Há três critérios de hierarquização das notícias: cronológico (coluna principal), editorial (coluna Esenciales 20P) e por popularidade (nuvem de tags, com os temas mais falados do dia).

O site conta ainda com blogs, podcast, e permite comentários nas notícias.

Em tempo: os comentários podem exceder 20 palavras.

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Notícia online

Pirâmide invertida, pirâmide deitada, news diamond… afinal, qual o modelo ideal para uma notícia na internet? Há, de fato, um modelo ideal, ou seria possível lidar com uma verdadeira multiplicidade de opções – algo como… cada tipo de fato requeriria um tipo de texto, que, por sua vez, seguiria um modelo diferente?

A idéia do news diamond parece interessante. E ainda inclui o Twitter (ali no topo, no ‘Alert’, como primeiro passo de uma notícia na internet).

(Via André Deak. Via GJol. Via Online Journalism Blog)

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Jornalismo wiki e o futuro do jornalismo online

Há algum tempo atrás, Paul Bradshaw, do Online Journalism Blog, iniciou uma página em formato wiki para escrever um artigo sobre jornalismo wiki. No dia 13 de setembro, o resultado final foi apresentado na Future of Newspaper Conference, na Cardiff University, Inglaterra. O artigo delinea as principais possibilidades de utilização da ferramenta wiki para a produção jornalística (com ou sem a participação dos leitores).

Aproveitando o assunto, fiz algumas perguntas por e-mail para autor, sobre jornalismo wiki e o futuro do jornalismo online, em uma entrevista para a disciplina de Jornalismo Digital. O resultado pode ser conferido no meu blog de aula (em português), ou no próprio blog de Paul Bradshaw (em inglês).

Em tempo: normalmente, uma jornalista de verdade não precisaria pedir isso… mas… se alguém notar algum deslize grave na tradução, favor noticiá-lo via comentário. É a primeira vez que tento fazer algo do tipo, e erros costumam fazer parte do processo de aprendizagem 🙂

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Zero Hora

Da Zero Hora de hoje, página 36:

– Não é a primeira vez que fazem uma barbaridade dessas. Meu marido e meus filhos também têm moto, poderia ter sido eles – alerta uma moradora que pede para ser identificada

Desculpem o post meio Verdade Absoluta, mas…
Por favor, alguém identifica a moça! Coitada, ela está perdida e não sabe quem é. Deve ter ficado transtornada com a história do motociclista degolado.

(Não me perguntem o que eu estava fazendo lendo a página policial da Zero Hora de domingo; mas é interessante notar que os erros de supressão de palavras não acontecem só no jornalismo online)

Falando em jornalismo online… A Zero Hora irá lançar uma nova versão online na quarta-feira. A estratégia faz parte da comemoração dos 50 anos do Grupo RBS. Dentre as novidades anunciadas, estão notícias em tempo real e espaços para a participação dos usuários. (Finalmente a ZH vai sair do modelo transpositivo!). Só não precisavam fazer tanto suspense, substituindo a página tradicional do site por um contador no estilo “nós vamos mudar o mundo”. A roda já foi inventada. Sites mudam todos os dias.

Update – 20/09 – hora de morder a língua e fazer a mea culpa – o resultado final do novo site da ZH é realmente muito interessante. E também não deixa de surpreender o fato de que se trata de um jornal online de uma empresa jornalística que fica fora do eixo Rio-São Paulo. No máximo, talvez eles tenham exagerado um pouco nos espaços em branco (essa é uma nova tendência feliz para o design de páginas na web?) – falta uma cor marcante e que chame a atenção.

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Leitores (não) sabem escolher notícias

Um estudo do Project of Excellence in Journalism (PEJ) comparou, durante uma semana, o agendamento de notícias em sites em que os usuários podem escolher o que irá receber destaque, e na mídia tradicional. Os resultados apontam que as informações encontradas em um e outro lugar tendem a ser diferentes.

A pesquisa levou em conta as notícias veiculadas na semana entre 24 e 27 de junho de 2007, nos sites Del.icio.us, Digg, Reddit (conteúdo gerado por usuários), Yahoo! News (nas categorias mais vistas, mais enviadas por e-mail e mais recomendadas) e nos jornais normalmente analisados pelo PEJ. Na semana em recorte, observou-se que a mídia tradicional focou em assuntos de interesse público, em áreas como política, ou internacional, ao passo que os sites de conteúdo gerado por usuário focaram-se em novidades tecnológicas e científicas (como o lançamento do iPhone) e em trivialidades (como imagens de frutas e legumes comendo-se uns aos outros).

De acordo com o estudo, ainda,

“In short, the user-news agenda, at least in this one-week snapshot, was more diverse, yet also more fragmented and transitory than that of the mainstream news media”

Sim. Os resultados apontam que, se se deixar tudo nas mãos dos usuários, a audiência emburrece. Essa é mais ou menos a conclusão a que chega Nicholas Carr, ao comentar o estudo em seu blog:

“When you replace professional editors with a crowd or a social network, you actually end up accelerating the dumbing-down of news. News becomes a stream of junk-food-like morsels. The people formerly known as the audience may turn out to be the people formerly known as informed”

Algumas considerações:

– Se o público prefere outras coisas, diferentes das tratadas na grande mídia, será que isso não poderia significar que a mídia é quem está errada?

– O fato de que o público não sabe escolher, significa que a mediação jornalística continuará necessária, talvez não tanto na geração de conteúdo, mas pelo menos na questão de selecionar o que é relevante? (Entretanto: relevante para quem???)

– Não é absolutamente normal que tenha predominado contribuições sobre tecnologia em sites como del.icio.us e digg, cujos públicos são formados, em sua maioria, por geeks?

– Qual seria a necessidade de haver agregadores de notícias controlados por usuários se fosse apenas para reproduzir o conteúdo da grande mídia?

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Vergonha nacional

Ainda não comentei nada sobre a recente vergonha nacional. Passados alguns dias, não tem lá muita graça discorrer sobre os números discrepantes da votação secreta (40 votaram contra, 35 a favor, 6 abstiveram-se, sendo que 41 bastariam para cassar Renan; 41 também é o número dos que afirmaram terem votado a favor da cassação – o que nos leva a duas saídas: permanecer na ingenuidade e aceitar que talvez tenha havido fraude no sistema de votação, ou então constatar a triste realidade política do país – pelo menos 6 senadores mentiram).

Eu poderia ficar horas enumerando históricas coincidências que envolvam o número 40. Ali Babá tinha 40 ladrões. 40 é também o número de mensaleiros indiciados. Mas tudo isso já foi feito blogosfera afora.

Também dava para falar dessa interessante Google bomb iniciada por dois blogs ao mesmo tempo e que foi parar até na mídia, demonstrando o quanto uma rede descentralizada pode se reunir a partir dos extremos para interferir no centro (mas então por que não houve uma mobilização massiva antes da votação?).

Também daria para falar de pizzas (afinal, tudo acaba em pizza mesmo), narizes de palhaço, descrédito com as instituições públicas, situações de embaraço, e tudo o mais que nos levou a essa triste sensação de desilusão coletiva.

Mas não tenho legitimidade para isso. Demonstrar um pseudo-simulacro de consciência política quatro dias depois é o mesmo que nada. (Ainda mais vindo de alguém que não lembra em quem votou para senador na eleição passada…).

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Em busca de idéias

Preciso urgentemente ter idéias! O normal é que elas apareçam sem ter que procurá-las. Elas costumam brotar assim, do nada, espontaneamente. (Na verdade, não é bem do nada. Elas precisam de todo um contexto especial para surgirem. Um contexto que propicie que elas surjam, ao menos aparentemente, a partir do nada. Um contexto em que não seja preciso se preocupar com nada, para que o nada gere idéias – uma mente livre de preocupações consegue ter idéias; sob pressão, não criamos, apenas reproduzimos técnicas repetidas). Quando menos se espera, eis que surge uma idéia.

Lembro de um desenho que vi muito tempo atrás (algo como 2003) no Canal Futura (nos tempos em que eu ainda assistia televisão, em que eu ainda acreditava no potencial pedagógico dos meios), no qual as idéias (graficamente representadas pela letra “i”) continham apenas uma perna. A idéia era simples. Sozinhas, as idéias não conseguiam andar. Mas apoiadas em pessoas que decidissem levá-las adiante, as idéias iam longe.

Estou disposta a apoiar uma idéia, a dar suporte a várias idéias ao mesmo tempo. O problema atual é um pouquinho mais pontual. O problema é: como ter idéias?

Mas não é qualquer idéia que me satisfaz. Tem que ser uma idéia da qual se possa participar de todo o processo criativo de gestação. Do estalo inicial à execução. Do brainstorming acidental ao elogio ou à decepção final. Posso até me sentir frustrada depois, mas o importante é que seja uma idéia própria. Uma idéia minha. Algo que, tanto faz que dê certo ou errado ao final, mas que me faça querer ir até o fim.

Alguma idéia de como conseguir isso?

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Meme no Twitter?

Hoje faz seis anos que dois aviões se chocaram contra as torres gêmeas do World Trade Center e mudaram o mundo. Em uma data tão estigmatizada como essa, fica difícil não lembrar o que acontecia há seis anos atrás com a gente e com o mundo.

E foi assim, de forma mais ou menos caótica, mas organizada, que hoje, seis anos depois da tragédia do WTC, muita gente decidiu atualizar o Twitter com uma frase curta que sintetizasse o que estava fazendo há seis anos atrás. Fica a pergunta: Seria esse o primeiro grande meme do Twitter?

(Via Interney)

Em tempo: participei também, mesmo sem querer, tal é o poder dos memes… 😛

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