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Sem tempo agora? Deixe para ler este post depois.

O que você faz quando, em suas andanças virtuais, depara-se com um texto que parece ser legal, mas está sem paciência ou tempo para ler nesse exato momento? Eu costumava adicionar a página ao del.icio.us, mas assinalando a opção “do not share” (seria insano compartilhar como bookmark algo de que apenas conheço o título). É algo levemente simples (requer apenas que se forneça URL e título), e ainda traz como vantagem o fato de poder categorizar o texto não lido com tags. Inclusive é possível criar uma tag apenas para classificar os textos não lidos (confesso que isso só passou pela minha cabeça neste exato momento).
Mas, desde ontem, minha rotina online poderá mudar. Descobri, via Tweetmeme, o Instapaper. A página foi criada por Marco Arment, produtor do Tumblr. O slogan do site é engraçadinho: “The best newspaper in the universe”. A premissa básica, segundo o próprio Marco, é a seguinte:

– Você encontra notícias ou posts de blogs importantes que você quer ler, mas não tem tempo no momento.
– Você precisa de algo para ler enquanto está em um ônibus, esperando em uma fila, ou entediado na frente do computador.

Instapaper resolve ambos os problemas.


Um objetivo singelo, uma página ridiculamente simples
Para usar, não precisa nem de cadastro, nem de senha (embora seja recomendável, pelo menos, ter uma senha). Basta escolher um nome de usuário. A partir daí você adiciona um botão à barra do navegador, e, sempre que encontrar algo potencialmente legal, mas quiser deixar para ler depois, é só clicar em “Read Later” que o conteúdo fica salvo para referência futura. Pronto, simples assim. Quando você quiser, pode voltar ao site para ler os textos pendentes, ou eliminá-los, à medida que desista de lê-los – segundo o Techcrunch, os textos ficam separados nas categorias “Unread”, “Recently Read” e “Recently Skipped”. Em síntese, é como se fosse um purgatório virtual: pode ser que o link armazenado fique eternamente ali, como não lido, ou pode ser que ganhe uma segunda chance, e seja passado adiante – promovido ao del.icio.us, talvez.
O único problema é que, como em toda ferramenta da Web 2.0 (criando soluções para problemas que antes não existiam), no dia seguinte (hoje) você pode simplesmente esquecer que a ferramenta existe, e voltar a usar o do not share do del.icio.us para fazer exatamente a mesma coisa…

E vocês, o que normalmente fazem quando enfrentam uma situação parecida?

Mapas para todos os caminhos

O mapa não é o território. Mas certamente ajuda a compreender o caminho.
Para não se perder na Internet, há o Web Trends 2008, que se utiliza do mapa do metrô de Tóquio para indicar os caminhos mais badalados da Internet em escala mundial. O mapa, produzido pelo Information Architects, já está em sua terceira versão.
Se você preferir dar um passeio pela ficção, pode achar interessante o mapa interativo de Springfield, a terra dos Simpsons, ou então navegar por este outro mapa, de livros de ficção. Ainda no mundo dos livros, para saber onde se passam as histórias da Bíblia, há o BibleMap. Dá para navegar por livro e capítulo.

bible.jpg
BibleMap

Já o WikiCrimes é um interessante projeto colaborativo brasileiro cujo objetivo é mapear os crimes ocorridos no país (em especial, furtos e roubos). Falando em crimes, você sabia que o Brasil está no mapa da censura online, elaborado pelo Gobal Voices Online? Corra lá para descobrir o motivo!
Quem é ligado em esportes pode acompanhar o andamento das ligas de futebol do mundo todo pelo Soccer Map. Quer ir mais longe? Google Mars e Google Moon ajudam, respectivamente, a explorar as superfícies de Marte e da Lua. Há ainda o WikiSky, que mapeia os céus e as estrelas.
Também dá para acompanhar o andamento das eleições norte-americanas por mapas. E este post do Online Journalism Blog sugere ainda um interessante mapa do Telegraph que apresenta as tendências políticas do Reino Unido.
Quer mais? Que tal explorar os caminhos do corpo humano com o Visible Body? Se o seu negócio é aventura, também dá para visitar o mapa das estradas mais perigosas do mundo. Já este mapa ajuda a encontrar mais de 1.000 emissoras de rádio na Internet.

Mapas e jornalismo
Uma narrativa jornalística pode se tornar bem mais interessante se apresentada na forma de um mashup. Grandes volumes de informação podem ser sintetizados em um formato visualmente atrativo, como num mapa.
Para lugares físicos, o tipo mais comum de mapa são os construídos a partir do Google Maps. Com a ferramenta, é possível fazer mashups da forma mais singela possível. Basta acrescentar pontos de referência em um mapa padrão do Google, e, em instantes, informações complexas podem ser mais facilmente compreendidas. Dá para criar mapas simplesinhos no próprio Google Maps (tipo este que fiz na semana passada, para mapear os usos jornalísticos do Twittere que, diga-se de passagem, baguncei todo ao tentar acrescentar, mais tarde, um novo pino), ou então produzir materiais mais elaborados, a partir da API do Google Maps. Para quem quer ir a fundo mesmo, há ainda o Google Mashup Editor, que traz até um modelo para fazer um “Map Wiki”, ou um mapa em que qualquer um pode acrescentar ou editar informações [além de trazer modelos para a construção de outros tipos de mashups que não necessariamente envolvam a utilização de mapas]. Mas mesmo nos mapas simplesinhos, feitos no próprio Google Maps, tem-se a opção de transformá-lo numa ferramenta colaborativa, e convidar amigos – ou qualquer pessoa – para ajudar a incluir novos pontos de referência no mapa.
Para saber mais sobre mapas:
Google Maps Mania – blog que traz exemplos interessantes de mapas – há ate um post com uma lista de 50 coisas que dá para fazer com o Google Maps
Maps API Blog – blog oficial da API do Google Maps
Undergoogle: Mashups brasileiros feitos com o Google Maps
10,000 words: 6 (More) Notable Maps – post do 10,000 words que serviu de inspiração para este post
Mais sobre mashups:
What are Mash-ups – vídeo que explica o que é um mashup de uma forma relativamente didática.
Mashup Awards – premiação que destaca um mashup por dia. E, sim, existe muita coisa interessante além dos mapas – os mashups construídos a partir da API do Twitter, como o TwittPoll (mashup do dia de hoje no Mashup Awards), são particularmente interessantes.

Let’s play
Quer experimentar criar/modificar um mapa? Ao invés de comentar no post, entre no mapa abaixo (link aqui) e tente deixar um comentário indicando onde você está 🙂
Passo a passo simplificado:
1. Você precisa estar logado em uma conta do Google para poder editar o mapa.
2. Após logar, basta abrir o mapa, e clicar no botão “Editar” no menu da esquerda
3. Vão aparecer no mapa alguns quadradinhos. Clique no que tem o formato de um pino, e escolha o local para o seu comentário.
4. Escreva o texto e clique em Ok quando terminar.
5. No menu da esquerda, clique em Salvar, e depois em Pronto.


Exibir mapa ampliado
(se não gostar da idéia, também vale comentar/criticar por aqui mesmo… :P)

Update 27/01 — mais dois mapas: o ciclo de vida de um post de blog, da Wired, e um mapa de usuários de Internet, da CNN Money.
Atualização da atualização — há ainda o Twitter Atlas, um mashup que mistura as atualizações do Twitter com um mapa do Microsoft Visual Earth (existe vida além do Google Maps).
Em comentário, o professor Idelber Avelar sugeriu o blog Strange Maps. Há muitos mapas estranhos e interessantes por lá.

Jornalismo online: velocidade X inovação

O que é mais importante em termos de jornalismo online: ser o primeiro a falar sobre um assunto, ou tratar o assunto de forma diferente dos demais?
Na Internet, ao menos em tese, não há limites de ordem espaço-temporal. Em termos práticos, isso significa que uma notícia pode ser dada a qualquer momento, e pode ter qualquer tamanho. Mas essa é apenas uma das possibilidades abertas pela Internet. Além da velocidade, o jornalismo online também se caracteriza pela integração de mídias, pela interatividade, pela personalização, pela memória, e pela hipertextualidade. Entretanto, paradoxalmente, mesmo sem limitações espaço-temporais, não se tem necessariamente um maior aprofundamento dos fatos. A meta é a instantaneidade – a redução máxima possível do tempo entre o acontecimento e a publicação da notícia.
Assim, pode-se perceber uma grande diferença entre o que se poderia fazer na Internet – matérias diferenciadas, inovadoras em termos de conteúdo e formato, que permitissem a participação/interação com o público – e o que acontece na prática – imitação do conteúdo de outros meios, reaproveitamento de material produzido originalmente para outras mídias, enfim, a produção e notícias para a Internet acaba, muitas vezes, seguindo a lógica dos meios de comunicação de massa: publicar tão logo aconteça o fato, em narrativas em que predomina o texto.
Mas, aos poucos, percebe-se o interesse dos veículos em tentar aproveitar as potencialidades da web e procurar inovar. Para tentar ilustrar essas tentativas de inovação, escolhi, como exemplo aleatório, a morte do ator australiano Heath Ledger, ocorrida ontem. Uma rápida passada de olhos em todos os jornais, por volta das 20h27min de ontem, trazia o seguinte panorama geral:


Primeira conclusão óbvia: todos os sites noticiaram a morte. Independente de quem noticiou primeiro (a lógica do ‘furo’ simplesmente não faz sentido em termos de jornalismo online), o fato é que todos os sites dispunham de informações gerais sobre a morte, além de poder contar com dados padrões para esse tipo de acontecimento (biografia, filmografia e fotos do ator). Há sites que se limitaram a fazer apenas isso – traziam uma notícia textual sobre a morte, com uma fotinho básica do ator, mais ou menos reproduzindo as informações do despacho da Associated Press, além de disponibilizarem uma galeria com fotos. Ah, e claro, a chamada na página inicial. A informação foi dada, os sites cumpriram seu papel. Mas isso basta?


Infográfico do G1 sobre a morte de Heath Ledger

Partindo do pressuposto de que a informação pode ser dada por qualquer um, e mais ou menos ao mesmo tempo (pouco importa quem disse primeiro), o que diferencia um site do outro é a forma de contar a história. Então, por que simplesmente jogar as fotos do ator lá, sem sentido, se é possível usá-las para contar uma história? Por que passar em um texto sem graça as mesmas informações que os demais veículos já deram, se é possível explicar os fatos de uma forma visualmente mais interessante? Por que não aproveitar material de arquivo, e resgatar vídeos, fotos, entrevistas passadas, cruzar informações? Por que não abrir para comentários dos leitores, para aqueles que gostariam de lamentar publicamente a morte do ator? Por que não procurar por fatos que possam ter alguma relação menos óbvia com o ocorrido, mas que possam enriquecer a cobertura de alguma forma?
Claro, foi apenas um fato, escolhido aleatoriamente, e com pouca relevância prática para o nosso país. Mas talvez se se utilizar dos recursos proporcionados pela web fosse rotina, infográficos, slides, galerias, discussão de notícias e outros formatos diferenciados para narrativas poderiam se tornar a regra, e não a exceção.

* Este texto faz parte da primeira edição brasileira do Carnival of Journalism – Ciranda de textos sobre jornalismo online. Veja o guia de leitura deste mês no blog do André Deak.

Número de acessos X relevância do conteúdo

Mais uma prova de que rankings são bastante relativos. Seamus McCauley do Virtual Economics fez uma análise das notícias mais lidas em 2007 em alguns veículos online, e constatou que há uma presença marcante de notícias relacionadas a sexo ou a animais (e, mais ainda, a sexo com animais) no topo dessas listas. Ou seja: notícias bizarras atraem a atenção das pessoas (okay, não há potencialmente nenhuma novidade nisso). Segundo ele, haveria uma distância entre o que os jornalistas querem escrever, e o que os leitores gostariam de ler (o que não é lá muito diferente do que concluiu este estudo do PEJ).
Partindo do post de McCauley, o jornalista britânico Shane Richmond fez algumas considerações interessantes em seu blog (no Telegraph.co.uk), mais ou menos tentando explicar o que passa na cabeça de um leitor que decide ler uma notícia sobre um homem que fazia sexo com bicicletas (a segunda notícia mais lida no Telegraph.co.uk, considerando apenas leitores do Reino Unido). Suas considerações não têm base científica alguma, são apenas especulações. Mas basicamente se resumem ao seguinte: as notícias mais acessadas não são necessariamente as melhores notícias, pois nem sempre o que chama mais atenção, à primeira vista, é o conteúdo que estávamos procurando a princípio. Ele usa como exemplo um leitor hipotético que entra no jornal toda quinta-feira para ler notícias sobre música. Esse leitor entra, localiza na página inicial o que procura, mas aquela manchete bizarra do homem com a bicicleta lhe desperta a curiosidade, e ele acaba abrindo-a primeiro, antes de partir para as notícias sobre o mundo da música. Parece um cenário possível, não? A grande pergunta é: a notícia sobre o homem fazendo sexo com a bicicleta é relevante para ele? Talvez – muito provavelmente – não. Mas esse leitor, mesmo sem querer, contribuiu para aumentar os índices de visitação da notícia do homem com a bicicleta…
Richmond conclui seu texto sugerindo que, “In a Venn diagram of readers interests, the most popular stories sit in the centre. They’ve caught a little bit of everyone’s attention but they might not be anyone’s most important story.”
Assim, por mais que uma notícia tenha recebido muitos acessos, isso não quer dizer que ela seja relevante. Não é à toa que estão repensando o modelo de medição de audiência de sites – de quantidade de page views para tempo de permanência em cada página.
Blogosfericamente, isso não significa que a gente precisa passar a postar apenas sobre assuntos bizarros para conseguir atrair leitores. Não, longe disso. Mas as considerações servem para refletir se se o que desejamos é simplesmente aumentar o número de visitas (e, para isso, bastam posts bizarros) ou gerar conversação (o que requer a produção de textos relevantes, ainda que rendam pouca visitação).
Via OJB Agregator.

Assunto paralelo: o xkcd fez uma tirinha sobre os resultados do Google para tipos de mortes bizarras. À época de elaboração da tirinha, eram apenas dois resultados no Google para “died in a blogging accident” (referentes a este post aqui). Depois da tirinha, o número de resultados já aumentou para 2.990. E continua subindo…

A quem pertencem os dados?

Robert Scoble teve sua conta no Facebook desativada ao tentar importar alguns dos dados de seus contatos (nome, e-mail e data de aniversário) para o Plaxo Pulse, mediante a utilização de um script, ainda em versão de testes, fornecido pelo Plaxo. O Facebook percebeu a utilização anormal da conta (o script estava retirando dados, o que vai contra os Termos de Uso do site), enviou um e-mail solicitando uma resposta quanto ao que, exatamente, Scoble estava fazendo, e bloqueou o usuário. O resultado? Tem surgido, Internet afora, um amplo debate quanto a quem pertencem os dados que adicionamos nas redes sociais.
A indignação de Scoble também tem a ver com o fato de que é possível importar dados de outros sistemas para o Facebook (como os contatos do Gmail), mas a rede social o impediu de exportar os dados do Facebook para outros sistemas. Até que ponto isso é justo?
E, afinal, a quem pertencem os dados que adicionamos às redes sociais? Ao site, que fornece gratuitamente a estrutura para que os dados sejam adicionados, ao criador do perfil (Robert Scoble, no caso), ou a cada um de seus 5.000 contatos, na medida em que contribuíram ao fornecerem seus dados? (Ou será que não seria questão de aproveitar o momento como uma oportunidade para repensar o modelo de negócios adotado?)
Parece que o primeiro grande assunto do ano será a portabilidade dos dados e a conseqüente possibilidade de interoperabilidade entre as redes sociais
Acompanhe os desdobramentos do caso pelo Twitter de Robert Scoble.

Em tempo: já há um grupo no Facebook pedindo a volta de Scoble. [E até um outro que pede para que ele não volte mais :P]

Atualização 22h02min — o perfil de Robert Scoble voltou a funcionar no Facebook. Está tudo de volta ao normal – mas a discussão sobre a propriedade dos dados continua… 🙂

Distribuição de conteúdo online

Na quarta parte sobre o modelo de produção de notícias no século XXI (serão ao todo cinco partes), Paul Bradshaw fala sobre uma mudança no modelo de distribuição de conteúdo na Internet. Diferentemente do paradigma tradicional de distribuição de notícias (como em publicações impressas, ou nas transmissões de rádio ou televisão), na Internet, uma mesma pessoa (um mesmo jornalista) pode produzir, publicar e distribuir conteúdo de uma só vez, e a partir de um único clique. E essa especificidade faz com que algumas atitudes precisem ser repensadas na distribuição de notícias online: não se trata de se tentar promover um jornal inteiro, como ocorre nos formatos tradicionais de distribuição. Na Internet, é preciso promover cada página isoladamente.
A idéia é que na distribuição online há um componente a mais a ser considerado: a possibilidade de se passar adiante o conteúdo. Bradshaw reconhece que “É claro, as pessoas sempre passaram adiante jornais, ou contaram aos amigos sobre uma história que acabaram de ouvir no rádio, mas a replicabilidade digital e as tecnologias em rede tornam o processo mais fácil, rápido e – principalmente – mais mensurável para os anunciantes”. E isso implica em pensar em estratégias que facilitem essa distribuição em rede, como a preferência por vídeos ’embedded’ (que podem ser passados adiante até mesmo em scraps no Orkut), a disponibilização de widgets, a inclusão de links externos nas notícias, a utilização de estratégias de SEO (search engine optimization), ou a colocação, ao final do texto, de links que permitam que a informação seja passada adiante com um clique, através de redes sociais, social bookmarking, ou e-mail. Com a distribuição social, o conteúdo se torna mais importante que o jornal em si, e permite que mesmo conteúdos mais antigos possam ser ‘redescobertos’ e voltarem à tona a qualquer momento (meio que provocando um efeito de cauda longa em arquivos jornalísticos).
E o que eu tenho a ver com isso? As mesmas estratégias podem ser/são usadas por blogs em busca de maior visibilidade – principalmente em blogs que buscam rendimentos financeiros. Por que contar uma história de forma tediosa, se você pode dizer a mesma coisa de diferentes maneiras e interagir com seu público? Por que se preocupar apenas com a página inicial do blog, se grande parte das visitas entra direto em páginas internas? Por que dificultar a vida de alguém que tenha gostado de seu conteúdo e queira compartilhar com outras pessoas, se com algumas linhas básicas de códigos é possível permitir que as informações sejam passadas adiante de forma mais fácil? São questões para se pensar…
Leia o post no Online Journalism Blog.

Facebook em outros idiomas

Pegue a idéia de colaboração das comunidades de software livre, misture com alguns conceitos de participação na Web 2.0 e adicione uma pitada de inteligência coletiva a uma comunidade com milhões de usuários ávidos por um reduto de interação social online em seu idioma pátrio, abstraia o fato de que a rede social em questão possui interesses capitalistas, e coloque todo mundo a trabalhar de graça em um serviço que, se realizado às custas da empresa, seria demorado e dispendioso. Pronto. Assim você já tem uma noção geral de como funciona o aplicativo “Translations” do Facebook.
Para participar, basta adicionar o aplicativo, e, a partir de então, passar sugerir traduções para as páginas que se está visitando no Facebook. Também é possível votar nas traduções sugeridas por outros usuários. Após uma determinada quantidade de votos, a tradução passa a ser considerada oficial. Por enquanto, apenas está disponível o modo de tradução para o espanhol. Centenas de pessoas já estão trabalhando na tradução. As dúvidas são resolvidas no fórum, onde há até uma discussão sobre a melhor forma de traduzir o intraduzível “poke”.
A parte interessante é que todo mundo pode contribuir para disponibilizar a página em seu próprio idioma, de forma rápida e eficaz. Com essa ferramenta, o Facebook tem a possibilidade fática de poder disponibilizar a rede social em uma infinidade de idiomas, em sintonia com as tendências de Web 2.0 e participação, e sem pagar muito caro por isso – afinal, as pessoas gostam de trabalhar de graça colaborar para o bem comum. (E é uma solução bem melhor do que levar as pessoas a criarem “Fakebooks“)
O aplicativo ainda não aparece na lista pública de apps do Facebook. Mas é possível acessá-lo por aqui.
Via Mashable, a partir de sugestão do Jandré.

Em tempo: qualquer semelhança com a ferramenta de tradução colaborativa do Google Tradutor pode ser mera antecipação de tendência coincidência.

Excesso de informação

Se a gente seguir produzindo no ritmo em que produzimos atualmente – ou melhor, se a produção continuar aumentando no ritmo em que aumenta – em no máximo 2 anos teremos um excesso de informação incontornável na Internet.

De acordo com um estudo divulgado pelo Nemertes Research Group na semana passada, a Internet ficará sem capacidade até 2010, a menos que se invistam bilhões de dólares no reforço aos backbones que atualmente suportam o tráfego mundial de dados — algo como uma lei de Moore aplicada à circulação de dados na Internet.

O grande culpado serão os videozinhos bobinhos e inocentes que você assiste diariamente no YouTube, os filmes de qualidade duvidosa que você baixa para economizar com cinema e as músicas que tenta pegar de graça para sua imitação barata de iPod [não que eu não faça isso… sempre]. O crescimento no fluxo de streaming de vídeo, nos downloads de músicas, ou na troca de arquivos por P2P pode contribuir para entupir as vias de circulação dos dados. O estudo sugere que a demanda para esses serviços irá acelerar cada vez mais, o que requer, urgentemente, mais capacidade.

A estimativa é que os usuários da Internet produzam 161 exabytes de novos dados, apenas neste ano. Um exabyte é o equivalente a 1,1 bilhão de gigabytes, ou seja, algo como 50 mil anos de vídeo em DVD de alta qualidade.

Via GJol

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Ask 500 People

Quer saber alguma coisa? Pergunte a 500 pessoas espalhadas ao redor do mundo!

O Ask 500 People é uma ferramenta baseada na “sabedoria das multidões” (Surowiecki, 2004). A idéia é permitir que qualquer um faça uma enquete descentralizada em instantes. Você cria a pergunta, estabelece as opções de resposta, e, se a questão for considerada relevante pela comunidade, ela será feita a 500 100 pessoas (a versão beta é limitada a 100 respondentes) de todas as partes do mundo. E ainda é possível acompanhar, em tempo real, as respostas dadas, em um mashup construído sobre um Google Map.

E qual é a mágica por trás disso? A mesma pergunta é veiculada em 75.000 sites ao mesmo tempo, permitindo que se obtenha a resposta em poucos minutos.

Fiz uma pergunta teste ontem. Hoje pela manhã ela foi ao ar (recebi um e-mail avisando alguns minutos antes, para caso quisesse acompanhar a votação ao vivo) e o resultado pode ser conferido neste endereço.

A parte interessante é que os demais usuários do Ask 500 votam nas perguntas, para que elas sejam colocadas no ar (em um sistema de pontuação a la Digg). E eles também podem deixar comentários. Por exemplo, o usuário kkkkkrissss ressaltou o fato de que uma das alternativas para a minha pergunta era, na verdade, uma contradição total. (E pior que é mesmo!)

A pergunta

Let’s be honest: do you always tell the truth when answering online polls?

As alternativas, e respectivos resultados:

Yes, of course. Why would anybody lie on polls? (61 votos)
Um… most of the time. (33 votos)
Nope, I lie all the time. (6 votos) [eis o paradoxo da minha pergunta: alguém que efetivamente mente, irá sempre responder “sim, sempre digo a verdade”, o que faz com que os resultados da enquete percam qualquer relevância prática :P]

Distorções inevitáveis

Reparem no mapa [imagem que ilustra o post] que a esmagadora maioria das pessoas que responderam à pergunta estão localizadas na Europa ou na América do Norte. Há bem menos respostas provenientes da América do Sul, da Ásia, da Oceania ou da África.

Mesmo assim, com as devidas adaptações, a ferramenta pode se tornar interessante, inclusive para a prática do jornalismo.

E-mail 2.0

Qual é o futuro do e-mail? RSS, rede-socialização ou visual 3D bonitinho?

Segundo Brad Garlinghouse, do Yahoo!, o e-mail do futuro será capaz de identificar quais as mensagens são mais relevantes, com base nos seus hábitos de leitura. Além disso, os contatos terão cada vez mais características de perfis de redes sociais. Outros elementos de redes sociais que o e-mail do futuro do Yahoo! ainda poderá ter incluem lista de aniversários (útil, muito útil) e uma espécie de news feed a la Facebook (tipo aquele recurso tosco do Orkut com as últimas atualizações nos perfis de seus amigos). O ReadWriteWeb aposta ainda na possibilidade de se ver quem acessou seu perfil do e-mail por último (tipo o que faz o MyBlogLog, recentemente adquirido pelo Yahoo!; ou, trazendo a analogia para o universo Orkut, algo como aquela lista com os cinco últimos indivíduos que bisbilhotaram o seu perfil).

Uma outra opção é, literamente, mergulhar nos e-mails. O 3D Mailbox é uma mistura bizarra de e-mail com metaverso. E não é algo prometido para o futuro: existe e está em funcionamento. Com ele, você pode ler as novas mensagens à beira da piscina, e pode servir spams de alimento aos tubarões. Em uma segunda opção de metaverso, suas mensagens chegam em um aeroporto. Cada nova mensagem é um Boeing 747, e chega pelo portão de desembarque. E-mails com anexos vêm em aviões de carga. As mensagens que você redige saem pelo terminal de embarque. E os temíveis spams vão parar em uma pista paralela.

O interessante é que a gente usa tanto o e-mail, que nunca pára para pensar no que ele ainda pode ser melhorado. As mudanças anunciadas para o futuro vão um pouco além do que a “nova versão” do Gmail já faz. Cada vez mais as alterações irão além do que meras modificações de ordem estética, a caminho de transformarem os e-mails em ferramentas inteligentes.

Em tempo: será que o e-mail do futuro não vai “sofrer” do mesmo mal que os celulares? Assim como para um telefone o que importa é fazer ligações (e não tirar fotos, enviar videozinhos, escutar mp3 e acessar a Internet em qualquer hora e em qualquer lugar), um programa de e-mails ideal deve se basear, fundamentalmente, na possibilidade de enviar e receber, de maneira prática, dados e informações. O resto é frescura — mas tudo o que vier é lucro.

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