Monthly Archives: September 2008

Technorati e o Estado da Blogosfera

Você sabia que existem cerca de 133 milhões de blogs (até abril de 2007 eram 70 milhões), e que apenas 1,5 milhão foi atualizado ao menos uma vez nos últimos sete dias? Ou então que a maior parte dos blogueiros são homens, predominam blogs pessoais e cada vez mais há blogs com alguma forma de propaganda?
O Technorati publica, anualmente, o relatório sobre o estado da blogosfera. Este ano a novidade fica por conta de que, além de apresentar dados quantitativos, também foi feita uma pesquisa qualitativa com blogueiros. Os resultados estão sendo apresentados em partes, uma parte por dia. Ontem saiu a parte sobre quem são os blogueiros (alguns resultados foram questionados pelo ReadWriteWeb). Hoje sai a parte sobre motivações para blogar. Amanhã vem a parte sobre como se bloga. (Para os interessados por monetização, depois de amanhã vem a parte sobre blogando por lucro, e no dia seguinte vem a parte sobre marcas na blogosfera.).
O último relatório, publicado pelo Technorati em abril de 2007, pode ser acessado aqui. (O relatório é publicado anualmente desde 2004).
Para saber mais, acompanhe os comentários da Raquel Recuero sobre o relatório deste ano.

Trabalho sobre jornalismo no Twitter

Seguindo o exemplo do Träsel, compartilho abaixo o link para o artigo que escrevi sobre Twitter e jornalismo para apresentar no encontro da SBPJor (que acontece de 19 a 21 de novembro, em São Bernardo do Campo, SP). Além do Marcelo Träsel, com o trabalho “O uso do microblog como ferramenta de interação da imprensa televisiva com o público” (com resultados muito interessantes, por sinal), por lá também estará o Fernando Firmino da Silva, que apresentará o trabalho “Jornalismo Live Streaming: tempo real, mobilidade e espaço urbano“.
Para mim, será uma excelente oportunidade para trocar informações com grandes pesquisadores da área. Ainda estou dando os primeiros passos no mundo da pesquisa (este será, oficialmente, o primeiro trabalho que apresento sem o rótulo de “iniciação científica”), então toda e qualquer crítica será muito bem vinda. 🙂
O trabalho pode ser acessado no link abaixo:
O Twitter como suporte para produção e difusão de conteúdos jornalísticos

Meme no Twitter: há seis anos, um ano depois

Há um ano, surgia espontaneamente na twittosfera um dos primeiros memes brasileiros no Twitter. Em 2007, ao relembrar o 11 de setembro de 2001, os usuários do Twitter passaram a usar uma estrutura sintática parecida: iniciavam a frase com “Há seis anos atrás”, “Há 6 anos”, e após contavam o que estavam fazendo no momento em que tomaram conhecimento do ataque às torres gêmeas.
Em 2008, o mesmo fenômeno de recontar o que acontecia em 2001 pode ser observado. Mas, desta vez, com o poder de sistematização propiciado pelas tags (#11set, #11), as participações têm sido bem mais organizadas – inclusive com direito a piadinhas relacionadas ao meme.
O que mudou em um ano? Os usuários do Twitter passaram a ser mais unidos, em maior quantidade, mais propícios a participar em ações coletivas, conhecem mais a fundo o sistema (aprendemos a usar as #tags!)… Mas, mesmo que o tempo passe, permanece ainda marcado em nossas memórias o que fazíamos no fatídico 11 de setembro…

Baleiada do TRE-CE

Definitivamente, o Judiciário brasileiro não entende a Internet. A decisão absurda da vez diz respeito ao blog Twitter Brasil, para o qual escrevo junto com Raquel Camargo e Fernando Souza.
Ao que parece, foi criado um perfil fake de uma candidata a prefeita no Ceará, Luizianne Lins, e resolveram ajuizar ação tentando tirar o perfil do ar, por se tratar de propaganda eleitoral irregular. Veja a descrição do caso, conforme consulta no site do TRE-CE:
twitter
O esperto juiz, ao cumprir a medida, concedeu liminar pedindo para tirar do ar o TwitterBrasil.org, que não tem absolutamente nada a ver com a história (exceto, ahm, por eu ter feito um post sobre fakes alguns dias atrás – isso foi o máximo de analogia que consegui pensar para o caso, e mesmo assim forçando muita a barra). Miraram o Twitter e acertaram um blog sobre o Twitter. Total baleiada do TRE-CE.
Assim que tivermos mais informações, atualizo o post.
Enquanto isso, veja também os posts da Raquel Camargo e do Fernando Souza, e acompanhe a discussão no Twitter.

Atualização — o TwitterBrasil.org está de volta, mas ainda instável. Há uma nota oficial explicando o ocorrido.

[ops, tinha escrito errado o título do post; consertei o título, mas o permalink denuncia a baleiada]

Aqui, agora, e em todos os lugares

Há algum tempo atrás, falar sobre uma ferramenta que permite dizer o que se está fazendo no momento em doses de 140 caracteres pareceria insano. Hoje, tem gente que já não sabe mais viver sem acompanhar a vida dos outros e narrar a própria vida através de microblogs.
No artigo “Brave New World of Digital Intimacy“, publicado na NYTimes Magazine deste domingo (cuja leitura me foi sugerida pela Lucia Malla via Twitter – thanks!), Clive Thompson trata de como as ferramentas de streaming (em especial o Twitter e o Facebook) têm modificado o modo como nos relacionamos com outras pessoas. Em sua argumentação, o autor procura relacionar sistemas como o news feed do Facebook (que causou furor na web há dois anos atrás, quando foi lançado) e as microatualizações do Twitter com a idéia de ambient awareness (percepção do ambiente). Essas ferramentas permitem que saibamos o que todo mundo está fazendo a todo momento, o que também leva a questionamentos quanto a aspectos como privacidade e vigilância, e o quanto é possível controlar, ou tentar controlar, as informações que passamos para os demais.
A idéia básica é que, na rede, o compartilhamento de pequenas informações sobre o nosso dia-a-dia faz com que as pessoas tenham acesso a cada vez mais informações sobre a vida de outras pessoas. Como resultado, tem-se novas formas de constituição de laços sociais – relacionamentos que podem se desenvolver a partir do consumo de microatualizações sobre vidas alheias, ou até mesmo “amizades unilaterais”, que é mais ou menos o que acontece quando acompanhamos minuto a minuto a vida de alguém que sequer sabe que existimos (danah boyd, citada no artigo, vai se referir a esse tipo de relacionamento como “relações parasociais”). O autor chega a questionar se esse tipo de constituição de amizades não estaria, enfim, nos levando a extrapolar o Dunbar’s number, na medida em que as pessoas conseguem acompanhar facilmente as atualizações de centenas de contatos em ferramentas como Twitter e Facebook.
O interessante nessas ferramentas de streaming minuto a minuto da própria vida é que, diferentemente do e-mail, por exemplo, que requer 100% de atenção, no Twitter pode-se manter a atenção em baixa: pode-se apenas passar os olhos por cima de tudo e escolher o que ler; não é preciso ler tudo para poder interagir e participar do sistema. (Ou, como no Plurk ou no Google Reader, se há coisas demais por ler, basta “marcar tudo como lido” e seguir em frente.)
Alguns trechos do artigo:

“This is the paradox of ambient awareness. Each little update — each individual bit of social information — is insignificant on its own, even supremely mundane. But taken together, over time, the little snippets coalesce into a surprisingly sophisticated portrait of your friends’ and family members’ lives, like thousands of dots making a pointillist painting. This was never before possible, because in the real world, no friend would bother to call you up and detail the sandwiches she was eating.”

“Merely looking at a stranger’s Twitter or Facebook feed isn’t interesting, because it seems like blather. Follow it for a day, though, and it begins to feel like a short story; follow it for a month, and it’s a novel.”

“Young people today are already developing an attitude toward their privacy that is simultaneously vigilant and laissez-faire. They curate their online personas as carefully as possible, knowing that everyone is watching — but they have also learned to shrug and accept the limits of what they can control.”

Leia o texto completo aqui.