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Livro: Eating Animals

Desde muito tempo evito certos alimentos em minha alimentação, muitas vezes sem uma causa profunda, simplesmente por uma questão de gosto. Foi só após a leitura de Eating Animals, de Jonathan Safran Foer, que passei a buscar outras motivações além do gosto para escolher o que comer.
O livro não chega exatamente a ser um manifesto em prol do vegetarianismo, mas passa perto disso. O autor (mais conhecido por Extremely Loud and Incredibly Close, um dos meus livros favoritos, e por Everything is Illuminated) decidiu escrever sua primeira obra de não ficção diante da expectativa do nascimento de seu primeiro filho, preocupado em fazer escolhas conscientes sobre o que dar de alimento para ele. O resultado é uma obra em tom informal que procura retratar como os animais são atualmente criados para serem posteriormente consumidos, intercalado com narrativas sobre a trajetória de vida do autor, e de como ele próprio se tornou vegetariano.
A ideia do autor não é que todo mundo passe a ser vegetariano após o livro – apenas que faça escolhas conscientes quanto ao que comer. Dentre os argumentos apresentados, está o fato de que a criação de animais para consumo é a atividade que mais contribui para o aquecimento global. Isso fora o fato de que parece contraprodutivo para diminuir a fome no mundo o fato de que precisamos dar comida para alimentar os animais, quando poderíamos dar comida diretamente para aqueles que têm fome.
A principal contraposição apresentada pelo livro parece ser entre fazendas que criam animais em condições “desumanas”, visando lucro e produtividade, e fazendas que procuram dar boas condições de vida aos animais, ainda que os retirem a vida de modo cruel, mas pelo menos garantindo que os bichinhos desfrutem de bons momentos antes de virarem ensopado ou bife. Obviamente, nos Estados Unidos predominam as fazendas do primeiro tipo. E a maioria das pessoas simplesmente não para para pensar de onde vem a carne que compramos já como carne no supermercado. E o pior: a gente não precisaria comer carne – é perfeitamente possível obter todos os nutrientes necessários a partir de outras fontes.
Ao final, o autor convida os leitores a se tornarem vegetarianos, ou o que ele chama de “onívoros seletivos” (aqueles que só comem carne proveniente de fazendas que tratam bem os animais). Ele reconhece que adotar um ou outro posicionamento pode ser bastante complicado, mas desencoraja qualquer tentativa de meio termo. Ou se pensa no bem estar dos animais, ou não se pensa. Ou se come apenas carne de procedência conhecida, ou não se come carne alguma. Como afirma o autor, “to those for whom it sounds like a hard decision (I would have counted myself in this group), the ultimate question is whether it is worth the inconvenience”.
O livro me ajudou a compreender melhor como funciona o sistema, e possibilitou saber, por exemplo, que peixes, camarões, frangos, perus e porcos criados para virarem carne para consumo humano são bem mais mal tratados em vida do que bois e vacas. Há granjas que criam os animais em condições artificiais, em reduzidos espaços físicos fechados e controlados, de modo a possibilitar que seu ciclo de vida seja mais rápido e eficiente, e que possam virar carne ainda mais cedo. Ótimo para o bolso do consumidor, terrível em uma perspectiva moral. Diante disso o autor questiona: “We are the ones of whom it will be fairly asked, What did you do when you learned the truth about eating animals?”.
Ainda não sei se conseguiria me comprometer a uma dieta apenas vegetariana. Por ora, continuo contribuindo para a crueldade contra os animais de fazenda. Mas não posso dizer que o livro não me fez pensar e repensar hábitos alimentares. Não consigo mais olhar para uma inocente almondega de frango (já não como carne vermelha há anos) e não pensar nos dilemas éticos levantados pelo livro.

Experiência de leitura no Kindle

Esta semana terminei de ler um livro pela primeira vez no Kindle. Antes que alguém pergunte, não, o post não é sobre o livro (talvez em um post futuro eu comente sobre ele), e sim sobre a própria experiência de usar um leitor digital para… leitura.
Minha experiência com o Kindle começa um pouco antes de adquirir esse primeiro livro pela Amazon Kindle Store. No primeiro dia de uso do novo brinquedinho resolvi navegar pela Kindle Store a partir do próprio aparelho, que vem equipado com um chip 3G. A experiência foi interrompida assim que comprei sem querer um livro, antes mesmo de ver o título da obra ou o preço. Fui clicar para abrir uma categoria de livros e sem querer cliquei mais de uma vez ao mesmo tempo no botão de navegação. Foi o suficiente para não só abrir a página de um livro qualquer como efetuar a compra do produto. Como o aparelho ofereceu a opção de cancelar a compra, cancelei antes ainda de saber que produto havia comprado. Em seguida recebi um e-mail, pelo computador, informando o livro que havia comprado e o preço – era um livro com dicas para usar o Kindle, cujo custo era U$2.99. Se soubesse antes do valor irrisório, talvez tivesse mantido o livro no aparelho. Mas como me assustei, e na confirmação da compra não havia menção nem ao nome do livro nem ao preço pago por ele, procurei cancelar o mais rápido possível. Na fatura seguinte do meu cartão de crédito veio a cobrança e o estorno do valor desse livro. No fim a brincadeira me saiu R$0,07 referentes a taxa de conversão cobrada pelo banco.
Superado o trauma inicial da compra com um clique, nas primeiras semanas de uso resolvi utilizar o aparelho para leitura de arquivos em PDF, em especial para as leituras do mestrado. Para isso, baixei o programa Calibre para converter os PDFs em arquivos .mobi. Embora ele faça um bom trabalho, permitindo, por exemplo, que posteriormente se possa aumentar ou diminuir a letra do texto no Kindle, não consegui me livrar de cabeçalhos e rodapés dos artigos, e tive que aprender a abstrair a presença desses elementos na hora de ler algum texto no Kindle. Outro problema que também não consegui contornar é como fazer para ler PDFs de textos em duas colunas no Kindle. Dá para enviar o próprio PDF para o Kindle, mas como não tem como mudar o tamanho da letra, fica tudo muito pequenininho.
Foi só na semana passada que comprei um livro pela primeira vez na Amazon Kindle Store – The Shallows, de Nicholas Carr. O livro tem o preço padrão cobrado por um lançamento para Kindle na Amazon: U$11.99. Após a compra, recebi via 3G no aparelho em poucos minutos.
O aspecto mais interessante da leitura no Kindle é que é possível sublinhar os trechos mais interessantes, tal qual na leitura do papel. Também é possível fazer “anotações nas margens” (na verdade, as anotações se tornam espécies de notas de rodapé no texto), digitando num tecladinho simpático em miniatura que vem no próprio Kindle. O aparelho vem com um dicionário de inglês acoplado, então é só parar o cursor diante de uma palavra desconhecida e ele já mostra na tela o significado. (O recurso foi bem útil na leitura do livro. Confesso que quando comecei a ler eu não sabia nem ao menos o significado da palavra “shallows” no título do livro.)
Pontos negativos incluem, por exemplo, a extrema facilidade com que deletei sem querer esse mesmo livro agora há pouco quando fui tentar abri-lo para rever as anotações. Ao clicar com o botão de navegação sem querer coloquei para baixo também e *puf*, o livro sumiu, evaporou, desapareceu. Pelo menos consegui recuperar as anotações no arquivo “My Clippings”, que reúne todas as anotações feitas em todos os livros no Kindle.

Tecladinho simpático no centro, e botão de navegação feio bobo e peludo à direita
Apesar de ter gostado da experiência de leitura no Kindle – não cansa a vista, como em monitores de computador – odiei o botão de navegação do Kindle. Tal qual muitos celulares, ele possui um botão de navegação que pode ser movido para cima, para baixo, para a esquerda, para a direita, e também pode ser clicado no centro. Em 99% das vezes que tentei clicar nesse botão, meu clique foi acompanhado de um leve direcionamento para uma das posições que o botão se move, o que pode significar desde simplesmente não funcionar o clique, até apagar o livro inteiro ao invés abri-lo. Por essas e outras também não gosto de usar touchpads clicáveis em notebooks…

Assunto relacionado: O advogado Marcel Leonardi conseguiu sentença favorável na Justiça brasileira para comprar o Kindle sem impostos. Interessados em tentar seguir o mesmo caminho podem acompanhar a saga do advogado neste post.

Assunto paralelo: Alguém tem alguma ideia de como se livrar do monstro do malware no blog?

Livro: O show do eu

21458457 O que nos leva a contar episódios de nossas vidas em um blog, a narrar tudo o que estamos fazendo no Twitter, a mandar para o YouTube vídeos das coisas que fazemos, a postar no Flickr fotos do que vimos, ou, pior, a reunir tudo isso em um único espaço como no FriendFeed? De onde vem essa necessidade constante de tornar pública nossa intimidade, de tornar nebulosa a fronteira da privacidade, enfim, de mostrar ao mundo como, o que, quando, onde e por que estamos vivendo?
O livro “O show do eu – A intimidade como espetáculo“, de Paula Sibilia (Nova Fronteira, 2008, 286pp.) procura desvendar os motivos da crescente espetacularização dos indivíduos, que revelam suas intimidades para conhecidos e anônimos, em especial na Internet, tanto na forma escrita como em vídeos e fotografias. Fruto da tese de doutorado da autora, o trabalho aborda o eu sob diversas perspectivas: o eu narrador, o eu privado, o eu visível, o eu atual, o eu autor, o eu real, o eu personagem e o eu espetacular.
Os exemplos são variados. De diários íntimos online – blogs intimistas, em que se conta de tudo – a diários de garotas de programa que se tornam livros. De webcams que transmitem incessantemente a rotina de pessoas comuns, a fotografias tornadas públicas de situações privadas.
Como explicar “fenômenos editoriais” como Bruna Surfistinha senão pela espetacularização do autor, pelo culto à personalidade? Pouco importa a obra produzida. Na sociedade atual, a inversão de valores é tanta que cultua-se o autor, ainda que nem obra possua:

“Qual é a principal obra que produzem os autores-narradores dos novos gêneros confessionais da internet? Tal obra é um personagem chamado eu, pois o que se cria e recria incessantemente nesses espaços interativos é a própria personalidade” (p. 233)

O livro parte do crescente papel de “eu, você, e todos nós” em narrativas disponibilizadas e popularizadas em especial via Internet. O ponto culminante desse fenômeno se deu por ocasião da escolha da personalidade do ano de 2006 pela Revista Time: Você. A capa da edição trazia um computador com uma tela parecida com a de um vídeo do YouTube. Entretanto, ao invés de trazer um vídeo qualquer estampado, havia ali um espelho. A personalidade do ano era você – mas também eu, e todos nós – que publicam conteúdo na rede, que narram para uma, duas, três ou 67 pessoas (olá, leitores anônimos do feed!) seus cotidianos (patéticos?) e suas vidas online.
Mais do que observação do outro e exposição de si próprio, tratam-se de pessoas reais que almejam ser (re)conhecidas. Toda essa publicização do eu pode levar a transformações da subjetividade contemporânea. E gera discussões quanto a questões como a privacidade na Internet.
A leitura do livro é recomendada para todos aqueles que disponibilizam informações pessoais na Internet e em outros espaços, ou que acompanham narrativas de outras pessoas, de ilustres desconhecidos a celebridades instantâneas, do vizinho do lado ao desconhecido que mora do outro lado do mundo.

Saiba mais:
Confira a entrevista concedida pela autora sobre o livro para o IHU On-Line.
Site oficial do livro – lá é possível ler o primeiro capítulo da obra.


[modo paranóia]
Engana-se quem pensa que isso tudo está longe de sua realidade. A fronteira entre público e privado na Internet se torna cada vez mais tênue. Saindo um pouco do contexto do livro, tome-se o exemplo mais recente desta extensão para Firefox, cujo objetivo é identificar e reunir dados de perfis de um determinado usuário de uma rede social. Dependendo do quanto de informações o indivíduo disponibiliza online, ainda que em sites distintos, o resultado obtido pode ser uma ficha completa do usuário.
Mesmo aqueles que aparentemente não se preocupam com a privacidade podem acabar se tornando vítimas do sistema. Recentemente, o juiz Antonin Scalia, da Suprema Corte dos Estados Unidos, foi o alvo de estudantes de Direito da Universidade de Fordham. A tarefa, proposta pelo professor Joel Reindenberg, consistia em elaborar um dossiê sobre o juiz, apenas com informações que pudessem ser encontradas online. Os alunos conseguiram levantar 15 páginas sobre a vida pessoal de Scalia, incluindo endereço e telefone pessoal do juiz. O caso pode ser tomado como alerta para se repensar a questão da privacidade online.
[/modo paranóia]

Livro: Globalidade – A Nova Era da Globalização

Você sabia que a Tata Motors, da Índia, após anos e anos de pesquisa, conseguiu lançar no começo de 2008 um carro popular ao preço de U$2.500? Ou que a Embraer, empresa de aviação no Brasil, tem um curso de especialização de engenheiros, com titulação de Mestrado, para recém-graduados interessados em ingressar na companhia?
O livro Globalidade – A Nova Era da Globalização (com o sugestivo subtítulo de “Como vencer num mundo em que se concorre com todos, por tudo e em toda parte”), de Harold Sirkin, James Hemerling e Arindam Bhattacharya, do Boston Consulting Group (BCG), trata do papel das empresas desafiantes, em países ditos em desenvolvimento, mas que mesmo assim cresceram e se tornaram marcas com presença global. De acordo com o próprio livro, “Globalidade não é uma nova forma de se referir à globalização. É o que vem depois”.
Os casos relatados no livro são das empresas que aparecem na lista, elaborada pelo próprio BCG, das cem desafiantes globais – empresas situadas em países periféricos que mesmo assim conseguiram marcar presença no mundo todo. Da China, são 41 empresas. Da Índia, são outras 20. O Brasil está representado por 13 empresas (além da Embraer, também estão na lista, por exemplo, Natura, Petrobrás, Gerdau e Vale do Rio Doce, entre outras – a lista completa pode ser conferida aqui [PDF] – no mesmo lugar também dá para ler o comecinho do primeiro capítulo do livro).
O livro é interessante por mostrar que uma empresa não precisa estar sediada em um país dominante para poder vender no mundo todo. Basta saber atuar em escala global. E como essas empresas passam a competir cada vez mais com as demais marcas globais, daí reside a tal concorrência “com todos, por tudo e em toda parte” de que trata o subtítulo do livro.
No Brasil, o livro foi lançado pela Nova Fronteira, e tem prefácio assinado por Roger Agnelli, presidente da Companhia Vale do Rio Doce.

Livro: Deus, um delírio

No ano passado retrasado passei por uma situação em que não tive argumentos para justificar meu ateísmo. Hoje talvez me saísse melhor em uma discussão de tal tipo, especialmente após ter lido “Deus, um delírio” de Richard Dawkins.
Primeira das minhas leituras de férias (ainda no finalzinho de 2008), o livro traz uma série de argumentos contrários à hípotese de existência de deus, e também rebate alguns dos argumentos mais comuns em sentido contrário.
Para dar uma idéia do tom crítico da obra, eis um trecho: “Sugerir que a causa primeira, o grande desconhecido que é responsável por alguma coisa existir, é um ser capaz de projetar o universo e de falar com 1 milhão de pessoas simultaneamente é a abdicação completa da responsabilidade de encontrar uma explicação” (p. 209).
(Com isso, vem-me à mente a cena do personagem de Jim Carrey em “Todo Poderoso” tendo de responder a milhares de preces simultâneas por e-mail. Aliás, se deus é onisciente mesmo, por que raios deveríamos perder tempo fazendo preces? Ele já sabe de tudo mesmo…)
São mais de 400 páginas em que Dawkins, um darwinista assumido, ataca não uma religião em específico, mas a idéia toda de um “deus” único para explicar todas as coisas. Dawkins ainda diz que ensinar religião às crianças seria uma espécie de abuso infantil (afinal, elas ainda não têm condições de decidir por si próprias em que – e se – acreditar), e sugere que a religião seria uma espécie de meme (Dawkins, que é biólogo, foi quem propôs inicialmente a teoria dos memes, como idéias que se replicam tal qual os genes, de uma mente para outra).
Apesar das incoerências na hipótese de que deus existe, mesmo assim pessoas no mundo inteiro seguem recorrendo a uma religião para dar sentido a suas vidas. Por quê? Uma tentativa de explicar isso é esboçada pelo autor: “Será a religião um placebo que prolonga a vida reduzindo o estresse?” (p. 221)
Há quem argumente, ainda, que as pessoas precisam ter uma religião para lhe ditar os padrões morais, para serem pessoas boas. Entretanto, do mesmo modo que a religião pode tornar as pessoas boas, por outro lado, várias atrocidades são cometidas em nome da religião (vide 11 de setembro. Vide guerras motivadas por disputas religiosas). Então que possuir valores morais não chega a ter a ver tanto com religião. De certa forma, depende mais de cada um: há católicos bons e maus, assim como há ateus bons e maus.
O único problema do livro é que só ateus ou pessoas em dúvida quanto à religião irão se dar ao trabalho de lê-lo… 😛
Se o tema lhe interessa, recomendo a leitura da série de posts sobre religião que o Marcus fez, ano passado, em seu blog A Grande Abóbora, em especial o post sobre a redução ao absurdo.
É possível, ainda, encontrar a obra, na íntegra, em sites de compartilhamento de arquivos, como no scribd ou no 4shared. Comecei a ler online, gostei, e resolvi comprar incluir na minha lista de presentes de formatura.

Em tempo: este post é uma tentativa de resgatar a série de resenhas de livros e filmes deste blog.

Rememoração através dos meios

“Os primeiros tópicos que atraem a atenção dos homens são aquêles que se referem às coisas que êles já conhecem. Se presenciamos algum acontecimento, seja êle uma partida de futebol, um estouro de Bôlsa ou uma tempestade de neve, logo tratamos de ler notícias sôbre êle, em primeiro lugar. Por quê? A resposta é da maior importância para a compreensão dos meios. (…) A experiência traduzida num nôvo meio fornece, literalmente, uma agradável rememoração, um delicioso play-back de um conhecimento anterior”
Marshall McLuhan em Understanding Media (São Paulo: Cultrix, 1964:239)

Isso ajuda a explicar a vontade de querer contar tudo o que acontece em nossas vidas em um blog. Também serve como possível explanação para o fato de que as pessoas que comentam em blogs tenham a tendência a relatar fatos pessoais similares ao do post em seus comentários (naturalmente, isso ocorre porque as pessoas só irão ler o post se a priori se identificarem com o assunto tratado – isso sem falar que só irão ler o blog em si se tiverem um mínimo de afinidade com as temáticas ali abordadas).

Nada como buscar explicações sobre a vida e o mundo em uma obra clássica sobre o papel dos meios… A idéia básica de Understanding Media (e que provocou uma revolução na Comunicação à época em que foi lançado) é a de que os meios de comunicação funcionariam como extensões das capacidades do homem. A televisão, o rádio, a imprensa, e tantos outros meios, atuariam como dispositivos para ampliar o alcance dos sentidos e funções humanos.

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Título de livro mais bizarro do ano

O site theBookseller.com está promovendo uma votação para escolher o título de livro mais bizarro do ano de 2006 (“Diagram Prize for Oddest Title of the Year”). Os concorrentes são:

Tattooed Mountain Women and Spoon Boxes of Daghestan, de Robert Chenciner, Gabib Ismailov, Magomedkhan Magomedkhanov e Alex Binnie (algo como “Mulher tatuada da montanha e caixas de colheres do Daguistão”)

How Green Were the Nazis? – Nature, Environment, and Nation in the Third Reich, Thomas Zeller, Franz-Josef Bruggemeier e Mark Cioc (“O quão verde eram os nazistas? – Natureza, ambiente e nação no Terceiro Reich”)

D. Di Mascio’s Delicious Ice Cream: D. Di Mascio of Coventry?An Ice Cream Company of Repute, with an Interesting and Varied Fleet of Ice Cream Vans, de Roger De Boer, Harvey Francis Pitcher e Alan Wilkinson (“Deliciosos sorvetes de Di Mascio: Di Mascio de Coventry, uma companhia de sorvetes de reputação, com uma interessante e variada frota de furgões de sorvetes”)

The Stray Shopping Carts of Eastern North America: A Guide to Field Identification, de Julian Montague (“Os carrinhos de supermercados desgovernados da América do Norte Oriental: um guia para identificação de campo”)

Proceedings of the Eighteenth International Seaweed Symposium (“Relatórios do décimo oitavo simpósio de algas”)

Better Never To Have Been: The Harm of Coming Into Existence de David Benatar (“Melhor nunca ter sido: os danos de alcançar a existência”).

O vencedor do ano passado foi People who don’t know they’re dead: how they attach themselves to unsuspecting bystanders and what to do about it, de Gary Leon (“Pessoas que não sabem que estão mortas: como elas se prendem a terceiros desavisados e o que fazer a respeito disso”).

Por enquanto, o que está na frente é o livro sobre os carrinhos de supermercados desgovernados. Meu voto foi para o livro da existência. Mas a tese dos nazistas verdes também é interessante.

Todos os concorrentes são títulos reais, e o prêmio é dado desde 1978. A disputa é tão séria que alguns livros com nomes bárbaros tiveram que ficar de fora por terem sido publicados antes de 2006. Vale a data de publicação na Inglaterra. O vencedor será anunciado no dia 13 de abril.

Via G1.

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El Ángel Más Tonto del Mundo

Nada como a leitura de uma história completamente absurda para poder nos inspirar a escrever e ler cada vez mais. Em “El Ángel Más Tonto del Mundo” (The Stupidest Angel em inglês, aparentemente ainda sem tradução para o português), Christopher Moore, considerado um dos maiores escritores satíricos da atualidade, nos brinda com uma história natalina sem pé nem cabeça.
A história se passa em Pine Cove, um pequeno povoado na Califórnia, a uma semana do Natal. A trama básica envolve um menino de sete anos, Joshua Baker, que, ao voltar tarde para a casa um dia, vê o Papai Noel sendo morto por uma mulher com uma pá. A partir daí, o menino passa sofrer porque, além de achar ser sua culpa o fato de Papai Noel estar morto (já que ele voltou tarde para casa), os adultos acreditam que ele esteja falando metaforicamente quando diz que o Papai Noel morreu. Na verdade, o que Josh viu foi a morte de um homem vestido de Papai Noel. Mas como ele realmente crê que era o Papai Noel, e sem Papai Noel não haveria Natal, somente um milagre poderá salvá-lo. E a única pessoa que pode ajudá-lo a salvar o Natal é o anjo mais idiota do mundo, Raziel, que era para ser o anjo que ia anunciar o nascimento de Jesus, mas chegou vários anos mais tarde do horário combinado e acabou dizendo para o próprio Jesus que ele iria nascer.
A advertência do autor numa das primeiras páginas do livro já demonstra o tom de deboche que permeia toda a história: a obra não é recomendada para idosos ou crianças, pois contém “palavrões e suculentas descrições de canibalismo, assim como atos sexuais entre quarentões”.
Um trecho aleatório do começo da obra:
“El teléfono móvil de Theophilus Crowe sonó ocho veces com un irritante Tangled Up in Blue electrónico que parecía un coro de sufridas amas de casa, o como Jiminy Cricket después de aspirar helio, o, bueno, en fin, como Bob Dylan” (página 14)
O autor lançou recentemente uma versão 2.0 da obra, que inclui 35 páginas extras com o que acontece no Natal do ano seguinte dos personagens malucos do livro. Li a versão normal, mas acredito que seria interessante poder saber também o que acontece depois. Se o livro for lançado no Brasil, espero que seja na versão 2. Até lá, fico com a minha cópia em espanhol, impressa na Espanha e adquirida em Punta del Este, numa compra impulsionada mais pelo design da capa e pelo título do livro do que por qualquer outro motivo – mas que se transformou em uma grata surpresa (ao menos no quesito “leitura de descontração”).

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