Monthly Archives: January 2008

Comentários em blogs e em notícias

Com toda essa onda de Web 2.0 e endeusamento da participação do usuário, de uns tempos para cá, praticamente todos os sites jornalísticos passaram a contar com ferramentas que permitem a expressão de seus leitores. Além de espaços em que se pratica um ainda incipiente “jornalismo cidadão” (vejam o que se tornou o Minha Notícia, usado para autro-promoção de blogs e publicação de releases), em quase todos eles é possível encontrar pelo menos algumas notícias que permitem comentários.
A política de comentários em cada site varia. Há os que possibilitam comentários em toda e qualquer notícia, outros que restringem os comentários a certos temas e certas notícias. Há ainda os que realizam uma moderação prévia, de modo a filtrar os comentários ofensivos ou completamente nada a ver com o tópico posto em discussão (e nisso a Folha Online acaba se saindo bem). Mas, em geral, a quantidade de comentários em notícias de temas parcialmente polêmicos costuma ser bem grande. Entretanto, quantidade de comentários não é sinônimo de conversação.
O que os blogs têm, e que os sites jornalísticos ainda precisarão batalhar muito para atingir, é a característica de serem um espaço pertencente a alguém. Ao comentar, interage-se não só com os demais leitores, mas com um determinado autor, com o dono do blog. Há uma forma de identificação, uma personificação, ainda que mínima.
Nos grandes e frios portais não se tem isso. O texto da notícia aponta um autor, mas esse autor geralmente é um repórter desconhecido, praticamente anônimo. A quem dirigir o comentário? Ao repórter, à empresa jornalística, à fonte utilizada na matéria, aos demais comentaristas? Como construir uma conversação? Não há um jornalista, um repórter para mediar a discussão. Daí o que se vê são opiniões mais ou menos desconexas sobre os fatos, muita repetição de argumento, e um que outro diálogo entre dois ou mais leitores que se disponham a acompanhar a discussão do início ao fim. Fora isso, vocês já viram o jornalista, o editor ou o veículo interagirem com seus leitores? Então, se não for para gerar uma conversação, de que adianta simplesmente abrir para os comentários???
Em um blog é diferente. Há lurkers, fakes, trolls, pára-quedistas, salsinhas, enfim, toda uma variedade típica de visitantes. Com o tempo, aprendemos sobre os comentadores, passamos a prever suas reações – afinal, também comentamos em outros blogs. Ao comentar em um blog, sabemos que o comentário ao menos vai ser lido, e que poderá ser respondido. Falar alguma coisa absurda vai gerar uma reação, senão do blogueiro, de alguém que leia o comentário depois e não aceite o absurdo da declaração. Blogs formam comunidades. Comentamos e voltamos para ver se tem alguma resposta, alguma continuação, algum outro comentário que complemente o que foi dito.
Em um portal jornalístico… bem, o que me faria voltar para ler os demais comentários das notícias? Um texto informativo, seco, pasteurizado, praticamente despersonificado, mesmo que trate de assuntos polêmicos, não gera conversação – como iniciar uma conversa única, fluida, entre centenas de anônimos, como evitar que não se torne um bate-boca descontrolado, com cada um falando algo destoante dos demais? (okay, a dona Folha é uma pseudoexceção, porque aposta na moderação, e na necessidade de cadastro para poder comentar). As pessoas que comentam uma notícia não costumam ser as mesmas que comentam as demais notícias. Não é como em um blog.
Mas há uma saída, pelo menos a longo prazo – formar jornalistas para gerenciar construir comunidades. Imagine a diferença que seria se os leitores tivessem a idéia de que aquele espaço é cuidado por alguém, um jornalista, um editor, que participasse ativamente das discussões, que comentasse junto, que respondesse comentários que sejam passíveis de serem respondidos…
Claro, nem tudo está perdido. Há blogs em sites de notícias (!), e, nesses espaços, os comentários costumam ser mais bem estruturados, mais lógicos, personificados, enfim, gera-se conversação.
Posso ter feito uma interpretação completamente equivocada, mas acho que é mais ou menos isso o que trata o texto “Why newspaper sites will continue to struggle with reader participation“, de Howard Owens. São questões para se pensar…

Sem tempo agora? Deixe para ler este post depois.

O que você faz quando, em suas andanças virtuais, depara-se com um texto que parece ser legal, mas está sem paciência ou tempo para ler nesse exato momento? Eu costumava adicionar a página ao del.icio.us, mas assinalando a opção “do not share” (seria insano compartilhar como bookmark algo de que apenas conheço o título). É algo levemente simples (requer apenas que se forneça URL e título), e ainda traz como vantagem o fato de poder categorizar o texto não lido com tags. Inclusive é possível criar uma tag apenas para classificar os textos não lidos (confesso que isso só passou pela minha cabeça neste exato momento).
Mas, desde ontem, minha rotina online poderá mudar. Descobri, via Tweetmeme, o Instapaper. A página foi criada por Marco Arment, produtor do Tumblr. O slogan do site é engraçadinho: “The best newspaper in the universe”. A premissa básica, segundo o próprio Marco, é a seguinte:

– Você encontra notícias ou posts de blogs importantes que você quer ler, mas não tem tempo no momento.
– Você precisa de algo para ler enquanto está em um ônibus, esperando em uma fila, ou entediado na frente do computador.

Instapaper resolve ambos os problemas.


Um objetivo singelo, uma página ridiculamente simples
Para usar, não precisa nem de cadastro, nem de senha (embora seja recomendável, pelo menos, ter uma senha). Basta escolher um nome de usuário. A partir daí você adiciona um botão à barra do navegador, e, sempre que encontrar algo potencialmente legal, mas quiser deixar para ler depois, é só clicar em “Read Later” que o conteúdo fica salvo para referência futura. Pronto, simples assim. Quando você quiser, pode voltar ao site para ler os textos pendentes, ou eliminá-los, à medida que desista de lê-los – segundo o Techcrunch, os textos ficam separados nas categorias “Unread”, “Recently Read” e “Recently Skipped”. Em síntese, é como se fosse um purgatório virtual: pode ser que o link armazenado fique eternamente ali, como não lido, ou pode ser que ganhe uma segunda chance, e seja passado adiante – promovido ao del.icio.us, talvez.
O único problema é que, como em toda ferramenta da Web 2.0 (criando soluções para problemas que antes não existiam), no dia seguinte (hoje) você pode simplesmente esquecer que a ferramenta existe, e voltar a usar o do not share do del.icio.us para fazer exatamente a mesma coisa…

E vocês, o que normalmente fazem quando enfrentam uma situação parecida?

A máquina não substitui o homem

Conta o G1 que um motorista, dirigindo em um carro alugado (provavelmente porque estava em alguma cidade que lhe era estranha), resolveu seguir à risca as indicações do aparelho de GPS¹ do veículo e foi parar em cima dos trilhos de um trem. Ele até tentou tirar o carro de lá, ou então chamar a atenção do maquinista para que este freasse. Não deu certo. O trem bateu no carro a uma velocidade de 96km/h, o carro foi arrastado por 30 metros, 80 metros de trilho ficaram danificados, e o povo que estava no trem (cerca de 500 passageiros) ainda teve que esperar por mais de 2 horas até que tudo fosse resolvido. Resultado: motorista e companhia que alugou o carro terão de pagar pelos estragos (apenas danos materiais, felizmente), na ordem de centenas de milhares de dólares.
Bizarro? Bizarro foi ter confiado cegamente nas instruções de um aparelho eletrônico. Sim, GPSs podem facilitar a nossa vida, e indicar o caminho (muitas vezes novo, inexplorado, desconhecido, implorando para ser desbravado) a que se quer chegar, mas não substitui a necessidade de verificar se o que o equipamento mostra realmente é o que se encontra ao nosso redor. A técnica até pode ajudar o homem, mas não o substitui. A máquina mostra indícios de que aquele seja o caminho. Até dá para confiar nas indicações. Mas confiar cegamente no que nos diz a máquina pode ser perigoso.
Peguemos um exemplo completamente pontual e aleatório para ilustrar localmente a situação: ao digitar meu endereço físico no Google Maps (com rua, número, cidade e CEP), o resultado retornado erra, por pouco mais de dois quarteirões, o lugar em que efetivamente moro. Se alguém fosse se basear no Google Maps para ir me visitar, ia acabar parando mais ou menos no meio de uma praça (!). Mas nem por isso vou deixar de conferir o mapa do Google quando tenho dúvida na localização de algum endereço na minha cidade. Só não preciso confiar cegamente nas informações prestadas – até porque sei que o meu próprio endereço está errado.
A lição que se pode tirar do motorista que foi parar em cima dos trilhos do trem por conta do GPS é a de que os homens falham. As técnicas – criadas pelos homens – também são falíveis. Basta aprender a conciliar as duas coisas – algo como usar a tecnologia para facilitar a nossa vida, mas usá-la com um pouquinho de desconfiômetro.

¹ O amigo Gilberto esclarece: aparelhos de GPS não são 100% precisos – em parte por culpa do Departamento de Defesa dos EUA, que é quem controla os satélites. Preocupados com a segurança dos indivíduos, eles criaram o programa Selective Availability, que provoca(va) um erro intencional no posicionamento fornecido pelo GPS, de modo a desviar possíveis atentados terroristas. Teoricamente, o sistema já foi desativado. Mas ainda assim a precisão da localização indicada no GPS não é absoluta. Mesmo com o sistema desativado, o erro pode chegar a 30 metros, uma distância mais do que suficiente para se entrar numa rua errada, ou ir parar no meio de uma estrada de ferro.

Assunto paralelo: irei poupá-los de ter que ler sobre Twitter e microblogs por aqui o tempo inteiro (o que não impede que eventualmente sejam feitas algumas postagens sobre microblogs). As postagens sobre o Twitter serão feitas no Twitter Brasil, um blog idealizado por Fernando Souza e Raquel Camargo. A idéia era fazer um blog em português apenas sobre o Twitter e seus concorrentes. Espero que dê certo.

Direito pode ser divertido

Duas dicas para entender os conceitos de copyright e fair use:

A parte interessante é que ambos os trabalhos estão disponibilizados sob a licença Creative Commons (para entender o que isso significa, veja esta animação), o que permite um uso não comercial dos trabalhos. A história em quadrinhos pode ainda ser remixada e traduzida – ela é inclusive disponibilizada em páginas separadas, para facilitar eventuais adaptações. Em termos práticos, isso significa que, dentre outras inumeras possibilidades, dá para não só traduzir o trabalho, como também adaptá-lo para as regras vigentes no ordenamento jurídico brasileiro.
Via Marcel Leonardi (aqui e aqui).

Assunto paralelo: (ou não tão paralelo assim) — navegando pela blogosfera jurídica, descobri, via Argumentandum, que o Damásio de Jesus (quem transita pelo mundo do Direito com certeza sabe de quem estou falando) tem um blog. E, não apenas isso, em seu blog é possível acompanhar a história em quadrinhos “Super-Damasino“, com episódios novos toda segunda-feira. Super-Damasino é um super-herói que esclarece as dúvidas de um estudante chamado Data Vênia (“com a devida licença”, em juridiquês arcaico-romano latim). A história tem como público-alvo estudantes de Direito.

Mapas para todos os caminhos

O mapa não é o território. Mas certamente ajuda a compreender o caminho.
Para não se perder na Internet, há o Web Trends 2008, que se utiliza do mapa do metrô de Tóquio para indicar os caminhos mais badalados da Internet em escala mundial. O mapa, produzido pelo Information Architects, já está em sua terceira versão.
Se você preferir dar um passeio pela ficção, pode achar interessante o mapa interativo de Springfield, a terra dos Simpsons, ou então navegar por este outro mapa, de livros de ficção. Ainda no mundo dos livros, para saber onde se passam as histórias da Bíblia, há o BibleMap. Dá para navegar por livro e capítulo.

bible.jpg
BibleMap

Já o WikiCrimes é um interessante projeto colaborativo brasileiro cujo objetivo é mapear os crimes ocorridos no país (em especial, furtos e roubos). Falando em crimes, você sabia que o Brasil está no mapa da censura online, elaborado pelo Gobal Voices Online? Corra lá para descobrir o motivo!
Quem é ligado em esportes pode acompanhar o andamento das ligas de futebol do mundo todo pelo Soccer Map. Quer ir mais longe? Google Mars e Google Moon ajudam, respectivamente, a explorar as superfícies de Marte e da Lua. Há ainda o WikiSky, que mapeia os céus e as estrelas.
Também dá para acompanhar o andamento das eleições norte-americanas por mapas. E este post do Online Journalism Blog sugere ainda um interessante mapa do Telegraph que apresenta as tendências políticas do Reino Unido.
Quer mais? Que tal explorar os caminhos do corpo humano com o Visible Body? Se o seu negócio é aventura, também dá para visitar o mapa das estradas mais perigosas do mundo. Já este mapa ajuda a encontrar mais de 1.000 emissoras de rádio na Internet.

Mapas e jornalismo
Uma narrativa jornalística pode se tornar bem mais interessante se apresentada na forma de um mashup. Grandes volumes de informação podem ser sintetizados em um formato visualmente atrativo, como num mapa.
Para lugares físicos, o tipo mais comum de mapa são os construídos a partir do Google Maps. Com a ferramenta, é possível fazer mashups da forma mais singela possível. Basta acrescentar pontos de referência em um mapa padrão do Google, e, em instantes, informações complexas podem ser mais facilmente compreendidas. Dá para criar mapas simplesinhos no próprio Google Maps (tipo este que fiz na semana passada, para mapear os usos jornalísticos do Twittere que, diga-se de passagem, baguncei todo ao tentar acrescentar, mais tarde, um novo pino), ou então produzir materiais mais elaborados, a partir da API do Google Maps. Para quem quer ir a fundo mesmo, há ainda o Google Mashup Editor, que traz até um modelo para fazer um “Map Wiki”, ou um mapa em que qualquer um pode acrescentar ou editar informações [além de trazer modelos para a construção de outros tipos de mashups que não necessariamente envolvam a utilização de mapas]. Mas mesmo nos mapas simplesinhos, feitos no próprio Google Maps, tem-se a opção de transformá-lo numa ferramenta colaborativa, e convidar amigos – ou qualquer pessoa – para ajudar a incluir novos pontos de referência no mapa.
Para saber mais sobre mapas:
Google Maps Mania – blog que traz exemplos interessantes de mapas – há ate um post com uma lista de 50 coisas que dá para fazer com o Google Maps
Maps API Blog – blog oficial da API do Google Maps
Undergoogle: Mashups brasileiros feitos com o Google Maps
10,000 words: 6 (More) Notable Maps – post do 10,000 words que serviu de inspiração para este post
Mais sobre mashups:
What are Mash-ups – vídeo que explica o que é um mashup de uma forma relativamente didática.
Mashup Awards – premiação que destaca um mashup por dia. E, sim, existe muita coisa interessante além dos mapas – os mashups construídos a partir da API do Twitter, como o TwittPoll (mashup do dia de hoje no Mashup Awards), são particularmente interessantes.

Let’s play
Quer experimentar criar/modificar um mapa? Ao invés de comentar no post, entre no mapa abaixo (link aqui) e tente deixar um comentário indicando onde você está 🙂
Passo a passo simplificado:
1. Você precisa estar logado em uma conta do Google para poder editar o mapa.
2. Após logar, basta abrir o mapa, e clicar no botão “Editar” no menu da esquerda
3. Vão aparecer no mapa alguns quadradinhos. Clique no que tem o formato de um pino, e escolha o local para o seu comentário.
4. Escreva o texto e clique em Ok quando terminar.
5. No menu da esquerda, clique em Salvar, e depois em Pronto.


Exibir mapa ampliado
(se não gostar da idéia, também vale comentar/criticar por aqui mesmo… :P)

Update 27/01 — mais dois mapas: o ciclo de vida de um post de blog, da Wired, e um mapa de usuários de Internet, da CNN Money.
Atualização da atualização — há ainda o Twitter Atlas, um mashup que mistura as atualizações do Twitter com um mapa do Microsoft Visual Earth (existe vida além do Google Maps).
Em comentário, o professor Idelber Avelar sugeriu o blog Strange Maps. Há muitos mapas estranhos e interessantes por lá.

Dois memes em um post

Ego surfing
Você já procurou pelo seu próprio nome no Google? Pois saiba que isso é uma prática comum. Um estudo do Pew Internet, divulgado no final de 2007, identificou que 47% dos entrevistados já tinham procurado por informações sobre si mesmos pelo menos uma vez. Apenas 3% faziam disso um hábito. Há até um verbo para descrever isso: ego surfing (ego searching). E engana-se quem pensa que isso é uma novidade: este texto de Patrick Dent, no Online Journalism Review, já mencionava (e defendia) a prática em setembro de 2000.
Alguém teve a idéia de transformar a prática de procurar pelo próprio nome no Google em um meme. E a Carla, do Enfim, repassou-me a missão de procurar pelo próprio nome no Google e anotar por aqui os resultados. Para ser justa com a graça do meme, procurei por apenas “Gabriela“. Eis o relatório:
– Gabriela morreu em 2003, aos 14 anos, durante um assalto no metrô em São Paulo. Triste.
– Gabriela também foi capa da revista Sexy de julho (!).
– Na década de 1970, Dorival Caymmi compôs a Modinha para Gabriela para a novela…. Gabriela da TV Globo.
– Há uma Gabriela FM (?) em Ilhéus, na Bahia.
– Gabriela é um lindo bebê com síndrome de Down (e, realmente, pela foto, é uma criança muito linda).
– Gabriela é uma artista plástica graduada em Londres.
– Meu blog aparece como sétimo resultado! – e a Verbeat já teve um outro blog com Gabriela no endereço.
– Gabriela também é o nome de uma cachaça, produzida em Ribeirão Preto-SP.
– Gabriela levou o Prêmio Nobel de Literatura em 1945.
– O décimo segundo resultado é meu blog anterior, no blogspot…
– A seguir, aparecem alguns resultados relacionados à apresentadora Marília Gabriela.
Paro por aqui. Quem tiver curiosidade em ir adiante, é só refazer a busca.

Meme do consumo cultural
Já que o assunto é o próprio ego… aproveito para responder um outro meme, criado e passado pela Gisele, sobre consumo cultural. Ao tentar responder as cinco perguntas, percebi que, ultimamente, não tenho consumido nada de cultura em sentido estrito (ler blogs e assistir a seriados enlatados é uma forma de cultura lato sensu, não?). De qualquer modo, seguem abaixo as respostas:
1. O último livro que comprou/leu:
Crime e Castigo, de Dostoievski. Dos 7537647 livros que estou lendo no momento, é também o mais próximo do final.
2. A última vez que foi ao cinema:
Foi ainda no segundo semestre do ano passado, para ver Ratatouille.
3. O último CD que comprou:
De acordo com o Last.fm, a última música que ouvi foi do Lenny Kravitz. Serve?
4. Um livro que você recomenda a todos:
Se um viajante numa noite de inverno, do Ítalo Calvino (Já leu? Não tem tempo de ler? Talvez você tenha interesse em lê-lo em versão hiper-resumida) .
5. Um filme que você adora:
O Mentiroso (1997). Há toda uma explicação lógica, mas isso mereceria um post à parte.

Repasso os memes (qualquer um dos dois) para o Sérgio, a Fernanda e o Gilberto – e também – obviamente que apenas o meme que ainda não responderam – para a Gisele e a Carla.

Acompanhando o meme — as respostas do Sérgio e da Fernanda (continua aqui) já estão online. E o Sérgio repassou para a Tina, que também já respondeu.

Jornalismo online: velocidade X inovação

O que é mais importante em termos de jornalismo online: ser o primeiro a falar sobre um assunto, ou tratar o assunto de forma diferente dos demais?
Na Internet, ao menos em tese, não há limites de ordem espaço-temporal. Em termos práticos, isso significa que uma notícia pode ser dada a qualquer momento, e pode ter qualquer tamanho. Mas essa é apenas uma das possibilidades abertas pela Internet. Além da velocidade, o jornalismo online também se caracteriza pela integração de mídias, pela interatividade, pela personalização, pela memória, e pela hipertextualidade. Entretanto, paradoxalmente, mesmo sem limitações espaço-temporais, não se tem necessariamente um maior aprofundamento dos fatos. A meta é a instantaneidade – a redução máxima possível do tempo entre o acontecimento e a publicação da notícia.
Assim, pode-se perceber uma grande diferença entre o que se poderia fazer na Internet – matérias diferenciadas, inovadoras em termos de conteúdo e formato, que permitissem a participação/interação com o público – e o que acontece na prática – imitação do conteúdo de outros meios, reaproveitamento de material produzido originalmente para outras mídias, enfim, a produção e notícias para a Internet acaba, muitas vezes, seguindo a lógica dos meios de comunicação de massa: publicar tão logo aconteça o fato, em narrativas em que predomina o texto.
Mas, aos poucos, percebe-se o interesse dos veículos em tentar aproveitar as potencialidades da web e procurar inovar. Para tentar ilustrar essas tentativas de inovação, escolhi, como exemplo aleatório, a morte do ator australiano Heath Ledger, ocorrida ontem. Uma rápida passada de olhos em todos os jornais, por volta das 20h27min de ontem, trazia o seguinte panorama geral:


Primeira conclusão óbvia: todos os sites noticiaram a morte. Independente de quem noticiou primeiro (a lógica do ‘furo’ simplesmente não faz sentido em termos de jornalismo online), o fato é que todos os sites dispunham de informações gerais sobre a morte, além de poder contar com dados padrões para esse tipo de acontecimento (biografia, filmografia e fotos do ator). Há sites que se limitaram a fazer apenas isso – traziam uma notícia textual sobre a morte, com uma fotinho básica do ator, mais ou menos reproduzindo as informações do despacho da Associated Press, além de disponibilizarem uma galeria com fotos. Ah, e claro, a chamada na página inicial. A informação foi dada, os sites cumpriram seu papel. Mas isso basta?


Infográfico do G1 sobre a morte de Heath Ledger

Partindo do pressuposto de que a informação pode ser dada por qualquer um, e mais ou menos ao mesmo tempo (pouco importa quem disse primeiro), o que diferencia um site do outro é a forma de contar a história. Então, por que simplesmente jogar as fotos do ator lá, sem sentido, se é possível usá-las para contar uma história? Por que passar em um texto sem graça as mesmas informações que os demais veículos já deram, se é possível explicar os fatos de uma forma visualmente mais interessante? Por que não aproveitar material de arquivo, e resgatar vídeos, fotos, entrevistas passadas, cruzar informações? Por que não abrir para comentários dos leitores, para aqueles que gostariam de lamentar publicamente a morte do ator? Por que não procurar por fatos que possam ter alguma relação menos óbvia com o ocorrido, mas que possam enriquecer a cobertura de alguma forma?
Claro, foi apenas um fato, escolhido aleatoriamente, e com pouca relevância prática para o nosso país. Mas talvez se se utilizar dos recursos proporcionados pela web fosse rotina, infográficos, slides, galerias, discussão de notícias e outros formatos diferenciados para narrativas poderiam se tornar a regra, e não a exceção.

* Este texto faz parte da primeira edição brasileira do Carnival of Journalism – Ciranda de textos sobre jornalismo online. Veja o guia de leitura deste mês no blog do André Deak.

Efeito bola de neve em escala global

Vamos ver se entendi: alguém ameaça espirrar lá nos Estados Unidos, e, em instantes, uma epidemia de proporções globais atinge todas as partes do mundo – algumas em maior intensidade, outras sofrem menos os efeitos. Mas a intensidade do efeito pouco tem a ver com distâncias geográficas – depende do grau de vulnerabilidade de cada atingido. É isso o que significa viver em um mundo globalizado?
Substitua ‘espirrar’ por ‘possível recessão’, e ‘epidemia’ por ‘queda nas bolsas’. Pronto, você terá um cenário mais ou menos geral do que aconteceu no mundo em termos econômicos nos últimos dias.
Tudo começou A situação se intensificou (vide comentários) na sexta-feira, 18 de janeiro, quando o presidente George W. Bush anunciou um pacote de US$ 145 bilhões para tentar conter a crise no país (há uma ameaça de recessão) e estimular a economia dos Estados Unidos. Os investimentos foram considerados insuficientes — a falta de informações sobre o pacote contribuiu para aumentar o pânico nos mercados globais (o que apenas ressalta o papel central da informação em uma economia em escala global). A partir de então, em efeito bola de neve, as bolsas do mundo todo (e do próprio Estados Unidos) passaram a registrar baixas. O pânico geral foi causado pelo fato de que, se a maior economia do mundo não cresce, ela passa a comprar menos produtos do exterior, o que pode afetar os mercados no mundo inteiro.
Para tentar conter a crise, o Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) reduziu a taxa de juros em 0,75 ponto percentual (foi a primeira redução de juros fora do período normal desde 11 de setembro de 2001). Aí aconteceu meio que um efeito reverso: as bolsas do mundo inteiro dão sinais de recuperação (um possível retorno à tranqüilidade na economia?). A Bovespa está em alta. As bolsas norte-americanas, entretanto, estão em queda (!).
Paro por aqui porque não entendo nada de economia – embora reconheça que deveria procurar saber mais (por isso o post). Mas pelo pouco que vi já é possível constatar: viver em um mundo globalizado assusta.

Twitter e Jornalismo

A partir de um artigo escrito para um jornal da Suíça, Nico Luchsinger fez um post no Online Journalism Blog sobre o potencial de utilização do Twitter por jornalistas. O texto é interessante porque, além de falar do uso óbvio – usar o Twitter como uma forma de ‘alerta’ de notícias (na forma como Último Segundo, G1, BBCBrasil, e outros tantos utilizam – tipo um feed em um formato mais reduzido ainda) – o autor também explora possibilidades mais específicas do Twitter, como interagir com leitores, ou reunir dados e utilizá-los em formatos diferenciados (o Twitter tem a API livre, o que permite que uma série de mashups e integrações possam ser realizadas). Um dos exemplos de sites que reúnem informações que possam ser interessantes do Twitter é o Hashtags, que acompanha e agrega todas as utilizações de palavras precedidas de “#” no Twitter (as hashtags). Um dos criadores do site é Nate Ritter, que ajudou a popularizar o uso das hashtags ao usar a tag #sandiegofire durante os incêndios na Califórnia.
Partindo dos exemplos fornecidos no post de Luchsinger (e incluindo outros que consegui lembrar), resolvi fazer um teste e mapear algumas das iniciativas de utilização do Twitter que tenham relação com o Jornalismo (como no caso dos incêndios na Califórnia). A princípio está tudo meio caótico. Mas assim que tiver dados mais específicos, vou atualizando o mapa. Sugestões (de fatos ou formatos) são extremamente bem-vindas.
Para acessar o mapa, clique aqui.

Exibir mapa ampliado

Procurando lógica no nome dos esmaltes

Fugindo um pouco (completamente) da temática (!) do blog…
Descobri que existe uma cor de esmalte com o meu nome. Quer dizer, eu já sabia que existia esmalte nessa tonalidade, e sabia que o nome dessa cor era Gabriela. Mas nunca tinha parado para pensar no real significado disso. E muito menos tinha me dado conta do grau de falta de lógica na escolha de nomes para cores de esmaltes – e, em geral, para todos os produtos. Ou melhor, para tudo.
Dos mais enigmáticos – como Samba Juliana, Misturinha ou Paris – e o próprio Gabriela (por que não?) – aos que possuem uma relação metafórica um tanto mais óbvia (como Terra, Bege, Jabuticaba ou Framboesa), o que se percebe é que as palavras utilizadas para designar as cores de esmaltes têm as origens mais diversas*. A parte estranha é que elas significam, independente de terem ou não alguma lógica na relação metafórica que estabelecem com a cor que representam. Pergunte a qualquer mulher com uma relativa vivência de salões de beleza, e ela saberá nomear várias cores, inclusive algumas com nomes bizarros bastante criativos (aliás, achei particularmente interessante a história por trás da cor Samba Juliana…).
Na prática, o que acontece é que é o uso da língua que imprime os mais variados sentidos para os nomes. Não há como prever os usos possíveis. O significado vai ser dado pelo contexto do uso. E, quanto maior o uso, maior o peso de uma marca. Às vezes chega a ser tão forte que por vezes o sentido original se apaga: a palavra passa a significar o novo produto que designa. Também há vezes em que o próprio nome do produto passa a designar a coisa que significa (mais ou menos a lógica que nos impele a chamar as fitas adesivas de durex, mesmo que saibamos que, no fundo, se trata de uma das inúmeras marcas de durex fitas adesivas…).
A própria escolha dos nomes de blogs, por exemplo, segue uma lógica um tanto aleatória. Ontem, participava com um amigo em um brainstorm pra a escolha do nome de um novo blog. O nome escolhido foi completamente diferente da idéia original – a escolha do nome passou por vários critérios, inclusive pela disponibilidade de endereço (de nada adianta querer um nome básico e supercomum, se todos os endereços comuns já foram tomados).
Mas o pior não foi parar para pensar e perceber que os nomes dos esmaltes (e dos blogs) são estranhos e aleatórios. O pior foi constatar que os nomes de todas as coisas são estranhos e aleatórios – a língua é arbitrária, as palavras são arbitrárias. O universo é arbitrário, tudo é arbitrário! Às vezes nos sentimos confortáveis ao utilizarmos referenciais familiares. Mas a verdade seja dita: a graça da coisa é atribuir às palavras novos sentidos. Sem que houvesse (re)invenções de sentido, estaríamos condenados a empregar eternamente um pequeno e reduzido número de signos.

* Não sei por que cargas d’água fiz isso (talvez não fosse conseguir dormir tranqüila sem ao menos saber os nomes), mas elaborei uma listinha de nomes de esmaltes (das marcas Risque, Impala e Colorama). Tentei agrupar de uma forma mais ou menos lógica — veja o resultado aqui. Vai dizer que os nomes não são esquisitos [e aleatórios]?