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Palavra do ano: desinformação

A palavra do ano é desinformação. O site Dictionary.com elegeu “misinformation” como a palavra do ano.

Na falta de uma tradução literal precisa, podemos mais ou menos traduzir como desinformação, ou, conforme a definição do site, “informação falsa que é espalhada, independente de haver intenção de enganar”.

Embora esse termo tenha sido escolhido por um site norte-americano, ele diz muito sobre a situação vivida no Brasil ao longo de 2018. Durante o período eleitoral diversos casos de “desinformação” puderam ser observados. Era possível ver informações falsas circulando em todos os lados do espectro político – principalmente a favor e contra os principais candidatos.

Esse termo deve continuar a ser relevante nos próximos anos, também, à medida em que os novos candidatos assumirem o governo. Seguirá relevante, ainda, em escala mundial, e em outros contextos que não a política.

Os sites de rede social e os algoritmos de propagação de conteúdo facilitam a disseminação em massa de informações falsas ou errôneas. Assim, mesmo que não se tenha a intenção de espalhar informações falsas, como a definição do termo sugere, pode-se acabar compartilhando uma informação sem saber ter sido criada com o intuito de gerar discórdia. A informação falsa, muitas vezes, parece verdadeira. Ela é feita para parecer verídica – muitas vezes até cita fontes sérias para parecer verdadeira.

Porém as informações falsas não são novidade da era das redes sociais. Boatos, correntes, notícias falsas, tudo isso já circulava nos primórdios da internet (e até fora dela). Antes dos sites de rede social, as correntes falsas eram distribuídas por email. Antes do Facebook, circulavam via scrapbook e mensagens no Orkut (inclusive esse assunto já foi abordado  inúmeras vezes neste blog aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui).

O que muda com os sites de rede social é a escala da distribuição. Se antes se dependia de passar o email de uma para outra pessoa, para um consumo privado, hoje, com um clique em um botão, é possível espalhar essas informações falsas para vários contatos ao mesmo tempo, e até para potenciais desconhecidos (nossas audiências invisíveis), num consumo semi-público das informações.

Outra novidade dos tempos contemporâneos são os bots, ou contas automatizadas dedicadas a postar e compartilhar notícias falsas. As notícias falsas compartilhadas pelos amigos (sabendo ou não se tratarem de notícias falsas), combinadas com as informações falsas postadas pelos milhares de bots, acabam por criar uma falsa ideia de consenso. Passa-se a achar que “todo mundo” pensa como nós, quando, de fato, pode se tratar de uma mera combinação de algoritmos com informações falsas sendo disseminadas – a tal da desinformação.

 

 

Em tempo: Percebi que, sem querer, desde 2014, tenho feito apenas um post por ano neste blog.

 

Vírus no Orkut

O dia 18 de dezembro [ou, mais especificamente, a madrugada do dia 19] ficará marcado na ‘história’ do Orkut. Um blogueiro conhecido como RodLac resolveu criar um script para testar seus conhecimentos. Não havia propriamente uma intenção maliciosa por trás da ‘brincadeira’, embora ela tenha ficado conhecida como #virusdoorkut no Twitter – local de onde partiram as investigações em busca da identidade do idealizador do ‘vírus’ [e o próprio RodLac chamou de vírus]. Em seu blog, RodLac conta que, inicialmente, pretendia fazer um script para divulgar seu blog pelo Orkut. Como achou que isso seria uma publicidade negativa para o blog, ele mudou de idéia, e simplesmente propagou um script que fazia com que, cada vez que um scrap infectado fosse lido, o dono do perfil fosse automaticamente incluído na comunidade “Infectados pelo Vírus do Orkut” [hoje com mais de 600.000 membros], e a mensagem infectada fosse então repassada para todos os contatos. Recebi esse scrap seis vezes durante a madrugada. O primeiro chegou às 00h38, e o último veio pouco antes das 3h.
Para quem está tomando conhecimento do fato só agora, pode ficar tranqüilo. A equipe do Orkut foi ágil e já apagou todos os scraps infectados, por volta das 3 horas da madrugada. Aos poucos, está tudo voltando ao normal. Como sugere uma das alternativas da enquete “O que vai acontecer amanhã?”, na comunidade “Eu tava no vírus do Orkut!!!!”, “as pessoas que dormiram vão achar que somos loucos”… 😛

O Inagaki fez uma excelente síntese da evolução do vírus, numa espécie de “ata” do que foi discutido durante a madrugada no Twitter.

Em tempo: o tal do RodLac pode não ter feito diretamente o que pretendia (divulgar seu blog a partir do script). Mas com certeza a tática lhe renderá uma infinidade de acessos no dia de hoje. E uma fama instantânea e efêmera por ter criado a talvez quase-primeira-ameaça-real ao Orkut.

Enquanto isso, do outro lado das redes sociais…
Recebi a primeira corrente apocalíptica do Facebook. Não é só o pessoal do Orkut que teme perder seu perfil:

Attention all Facebook membeRs.
Facebook is recently becoming very overpopulated,
There have been many members complaining that Facebook
is becoming very slow.Record shows that the reason is
that there are too many non-active Facebook members
And on the other side too many new Facebook members.
We will be sending this messages around to see if the
Members are active or not,If you’re active please send
to other users using Copy+Paste to show that you are active
Those who do not send this message within 2 weeks,
The user will be deleted without hesitation to create more space,
If Facebook is still overpopulated we kindly ask for donations but until then send this message to all your friends and make sure you send
this message to show me that your active and not deleted.
Founder of Facebook
Mark Zuckerberg

Uma corrente bastante parecida com essa circulou em 2006 no Orkut. É tão grande assim o medo de perder a própria conta???

Quase dois dias depois, o blog do Orkut se manifestou sobre o tal vírus.

Correntes apocalípticas do Orkut

Para mim, o Orkut acabou em 2005. Ou pelo menos começou a entrar em declínio com a crescente favelização da rede social. 2006 foi um ano marcado pela circulação de diversas correntes apocalípticas que anunciavam – em diferentes gradações – o fim do Orkut (ou, ao menos, o fim da gratuidade do serviço).

De correntes bizarras que anunciavam que o Orkut passaria a se chamar Orcut, a outras um tanto mais absurdas, que sugeriam a mudança do azul constante para um tom verdinho. Teve até corrente que se utilizava de fortes “argumentos de autoridade” para se mostrar crível, como dizer que a fonte da informação é a Revista Veja, ou a TV Globo.

E por que diabos estou retomando esse assunto logo hoje? Pois bem, resolvi dar uma olhada nas estatísticas deste blog, e notei que, nos últimos 3 dias, cerca de 80% das visitações são de gente procurando saber mais sobre o boato de que “foi confirmado ontem pela Rede Globo que o Orkut vai passar a ser pago”, ou que “deu na veja de 10/06 que o Orkut vai ser pago”. Sim, algum idiota sem nada melhor para fazer resolveu repropagar as clássicas correntes apocalípticas do Orkut. E por scrap, para assustar mais ainda os salsinhas do Orkut.

Bom, ficam aqui minhas boas vindas aos pára-quedistas, e um pedido de desculpas pelo fato de alguns textos serem extremamente críticos com os coitados. Tipo este. Ou este.

Update 05/12 — acabei de receber uma cópia da corrente da revista Veja. E gostei da astúcia de um dos pára-quedistas do Google: ele procurou por revista Veja de outubro de 2006, e não pela revista de 10 de junho – bastante inteligente, exceto pelo fato de que esse boato começou a circular antes de outubro do ano passado 😉

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Orkut no Facebook

Orkut no Facebook e MSN no iGoogle. Também dá para acessar o Facebook no Netvibes. O futuro é a integração total?

Problemas práticos do Orkut no Facebook: dá para ver logo de cara que o sistema não é nada seguro. A importação dos dados se dá mediante a colocação da URL do perfil da pesosa no Orkut. Ou seja: basta você colocar a URL de qualquer outro perfil, e terá acesso aos dados dessa pessoa. Não é à toa que o envio de scraps pelo Facebook foi desativado. Era só “entrar” em um perfil alheio e enviar scraps com o nome de outros indivíduos.

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Novidades sutis no Orkut e no Google Reader

Quer saber quando seus amigos atualizam seus perfis no Orkut sem ter que se dar ao trabalho de abrir página por página? Agora é possível! O recurso é meio Facebook, mas não deixa de ser interessante. O Google Reader também apareceu hoje com algumas mudanças sutis, como mostrar o total de feeds não lidos. Era menos assustador abrir e ver “100+” ao invés de “857” na quantidade de novos itens…

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Orkut 2.0

… ou a mesma coisa, só que mais bonitinho?

Mexeram no design. Agora só falta uma integração completa com todas as outras ferramentas Google (ok, algo mais profundo que incluir feeds e exibir videozinhos). Algo como um Facebook.

Em tempo: conheça o Arsebook, a rede anti-social que conecta você aos seus inimigos (Via GPavoni).

Update, 03/09 – já que, de acordo com as estatísticas do blog, este post tem sido altamente visitado… aproveito para remeter os visitantes para este e para este outro post, que trazem mais informações… 🙂

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Google poderá ter que indenizar usuário do Orkut

Segundo esta notícia, houve uma decisão condenando o Google a pagar indenização a um usuário do Orkut que teve o perfil clonado. A decisão foi em primeira instância, o que significa que o Google ainda pode recorrer. Mas… em termos práticos, isso significa que, se alguém cria um perfil falso que ofenda um terceiro, ou crie ‘comunidades’ falando mal de alguém, a rede social onde tudo isso acontece pode ter a obrigação de indenizar. Em que mundo a gente vive?

Fazendo analogia com um blog, é como se alguém sofresse uma ofensa em post ou em comentário (respectiva e analogamente, em perfil de orkut ou em comunidades) pudesse culpar o proprietário da ferramenta que hospeda o serviço (Blogger, WordPress, e coisas do tipo)???

Claro que a situação envolvendo o Orkut foi bastante peculiar, pois o juiz reconheceu que houve litigância de má fé por parte do Google. Litigância de má fé é o ‘termo jurídico absurdo’ utilizado quando umas das partes faz de tudo para atrasar o andamento do julgamento. No processo em questão, a Google Brasil afirmava o tempo todo que os dados do Orkut só poderiam ser acessados a partir da Google Inc., e que, portanto, seria preciso oficiar à sede norte-americana da empresa pra se obter alguma informação.

Outro fato interessante é que no processo foi reconhecida a natureza de consumo na relação entre o usuário lesado e a Google – o que justifica a aplicação de dispositivos do Código de Defesa do Consumidor, bem mais rígidos que o Código Civil brasileiro. A relação de consumo¹ foi identificada pois o Orkut possui anúncios, o que leva a ganhos indiretos por parte da empresa com a manutenção do cadastro do usuário (ainda não processei essa informação direito, mas, ao menos aparentemente, faz sentido).

Por isso tudo, estou achando que alegar que seria possível responsabilizar civil ou penalmente *apenas* quem pratica o ato pelas ofensas à honra praticadas contra terceiros ou por terceiros em comentários de blogs² é completamente insano. No mínimo, pelo Judiciário brasileiro, seria caso para responsabilidade do dono do blog (independente de quem praticasse o ato), ou então, por mais absurdo que possa parecer, a culpa recairia sobre a empresa que disponibiliza o serviço. Forçando a barra, daria para alegar uma espécie de co-responsablização entre a empresa e o dono do blog (ou entre o dono do blog e o terceiro que fez o comentário, dependendo do caso), seguindo o que diz a Lei de Imprensa (para isso, seria preciso ainda admitir que um blog é um veículo de imprensa!).

Entretanto, como o Direito se constrói basicamente por correntes de pensamento (há sempre os que defendem A, os que defendem B, e os que defendem um meio termo possível entre A e B), nada impede que se defenda tudo ao contrário do que diz atualmente a jurisprudência (tipo, vou me filiar à “corrente B da responsabilização em blogs” :P).

¹ Não sei se sei fazer essa distinção, mas… há relação de consumo quando um fornecedor de um produto ou serviço o faz profissionalmente, como quando uma empresa que vende bicicletas oferece o produto a um potencial comprador. Entretanto, não seria relação de consumo se um colecionador de bicicletas decidisse vender um de seus exemplares para outra pessoa. Nesse caso, tanto vendedor quanto comprador seriam sujeitos com iguais condições sócio-econômicas (tipo, não há um lado teoricamente mais forte e um lado teoricamente mais fraco).

² O que eu pretendo fazer em um trabalho para a faculdade (que provavelmente nunca vai ser lido, diga-se de passagem).

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Orkut 2.0

Dentro do fenômeno de pipocação de novas redes sociais, dois novos serviços estariam sendo gestados.
O primeiro vem do Google, que patrocinou um projeto de criação de uma página que integrasse várias ferramentas em um só local, ao mesmo tempo que permitisse interação entre os usuários. — Mas, espera aí, o Google já não tem o Orkut?
O Yahoo também teria planos de lançar uma nova rede social (embora já tenha o 360°).
Resta saber se as pessoas terão tempo de conviver com tantas ferramentas de comunicação digital ao mesmo tempo.

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Orkut ainda não morreu

…a.k.a. Indianos também acreditam em correntes, parte 2

(sem assunto)

HEY ITS DIANNA, FROM THE DIRECTOR OF ORKUT,EVERYBODY SORRY FOR THE INTERRUPTION BUT ORKUT IS CLOSING THE SYSTEM DOWN BECAUSE TOO MANY BOTTERS ARE TAKING UP ALL THE NAMES, WE ONLY HAVE 57 NAMES LEFT, IF YOU WOULD LIKE TO CLOSE YOUR ACCOUNT, DONT SEND THIS MESSAGE, IF YOU WANT TO KEEP YOUR ACCOUNT ,SEND THIS MESSAGE TO EVERYONE ON YOUR LIST. THIS IS NOT A JOKE, YOU’LL BE SORRY IF YOU DONT SEND IT. THANKS DIRECTOR OF ORKUT, TIM BUISKI. WHOEVER DOESNT SEND THIS MESSAGE, YOUR ACCOUNT WILL BE DEACTIVATED AND IT WILL COST YOU $ 10.00 A MONTH TO USE IT.

Vamos aos fatos:
– Dizer que se fala em nome do diretor da organização torna a mensagem mais importante?
– Eles pedem desculpa pela interrupção, mas… e se eu não quisesse ser interrompida?
– O que vem a ser um botter?
– Eles têm 57 nomes de quê sobrando? Nomes de usuário? Nesse caso, teria sobrado provavelmente só coisas absurdas, tipo, 16hgs8tt25. Melhor negócio seria vender contas do Orkut para futuros interessados em entrar para a rede social. Com aquela história da lei da oferta e da procura, certamente teríamos pessoas do mundo todo interessados em pagar bem caro por uma conta. Principalmente os indianos. O Orkut já não faz mais tanto sucesso no Brasil mesmo… Mas, peraí, por acaso o nome dos usuários do Orkut precisa ser exclusivo? Estariam então acabando no universo irreal criado pela corrente as Contas Google como um todo?
– Enviar a mensagem para todos faz manter a conta. Não agir leva à destruição. Ação leva à inação, e a inação leva à ação? E a lei da inércia?
– Clássico. Dizer textualmente que não é uma piada é ter a garantia de que realmente se trata de uma piada.
– Você vai se arrepender se não enviar esta mensagem… Mas e se a pessoa estava apenas esperando um pretexto para sair definitivamente do Orkut?
– Diretor do Orkut – Tim Buiski. Busca rápida Google: pelo menos os 10 primeiros resultados associam o nome a práticas de spam e hoaxes. Inclusive do Yahoo.
– Falta uma vírgula após o thanks. Do contrário, parece que a mensagem está agradecendo ao pseudodiretor do Orkut pela medida absurda (o que, forçando a barra, pareceria uma ironia), ao invés de ser o falso-diretor do Orkut quem está agradecendo pela atenção 😛
– Então, vejamos… se a pessoa envia a mensagem para todos da lista, mantém a conta. Se não envia, perde a conta – e, como punição extra, terá de pagar 10 “dinheiros” (dólares, talvez) por mês para poder voltar a usá-la.

Conclusão – ninguém pode alegar que a corrente não funciona, pois, ao enviar para todos os amigos da lista, a pessoa irá manter a conta – funcione a corrente ou não – mas às custas de torrar a paciência de todos os seus amigos com o envio de mais uma corrente pelo Orkut…

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