Por que tanto furor com relação ao cara que devolveu a mala com 200 mil reais? Poxa, ele não fez mais que a sua obrigação!
Vejamos: num belo dia você está andando por aí e encontra uma mala abandonada em um local público. Se estivéssemos em um país dito de “primeiro mundo”, você sairia correndo, provavelmente — maleta, sozinha… BOMBA! — mas como você vive num país de terceiro mundo, onde o povo famigerado precisa se preocupar em comer, não sobrando tempo para se atacarem uns aos outros, você resolve pegar a mala para si. Ao abrir a mala, depara-se com uma enorme quantidade de dinheiro, superior a tudo que já tinha visto na vida. Pode ser que você conte quanto de dinheiro há na mala, ou então desista dos cálculos por ser notas demais. No interior da mala, você procura uma identificação, algo que remeta ao dono (mas, secretamente, espera que não haja; espera que a mala não seja de ninguém, que seja um presente a você dos céus). Ao encontrar o cartão do dono, você:
a) Entra em contato e se dispõe a devolver a maleta.
a) Entra em contato e se dispõe a devolver a maleta.
b) Fica com o dinheiro, e aceita todas as implicações morais que isso acarreta. Perde noites e noites de sono. Não gasta o dinheiro, simplesmente por se sentir culpado demais por apropriar-se do dinheiro alheio (além disso, não saberia esclarecer ao fisco o porquê de ter, de uma hora para outra, ganhado 200 mil reais, a menos que apelasse para as puras ‘causas divinas’, o que seria o mesmo que atestar insanidade, e acabar sendo acusado por um crime maior ainda — sim, até porque o desconhecimento da lei penal não extingue a punibilidade — apropriar-se coisa móvel alheia é furto, mesmo quando despercebido por parte do proprietário!)
Diante disso, fica difícil entender por que um cara que não fez mais do que sua obrigação (ou seja, devolver a mala ao encontrá-la perdida e COM identificação) tenha ocupado tanto espaço na mídia, inclusive indo a programas de auditório para ‘conceder entrevistas’, contanto o porquê de ter decidido devolver o dinheiro. Cuidado! Por muito menos que isso já teve gente que virou herói nacional!
Mas fica a pergunta: e se não houvesse identificação na maleta, o cara devolveria?
(E você, o que faria?)
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