#cnhm impressões sobre o Congresso de História da Mídia

Ontem e anteontem estive em Niterói, RJ, acompanhando, junto com o Gilberto Consoni (amigo e companheiro no mundo cientifico), as discussões do GT de História da Mídia Digital no VI Congresso Nacional de História da Mídia. Além de acompanhar, nós dois também aproveitamos a oportunidade para twittar sobre o evento. Apesar de termos parecido um tanto anti-sociais (muitos não tinham entendido, a princípio, o que tanto a gente fazia digitando no celular o tempo todo, e, por uma questão de tornar a situação mais interessante, optamos por deixar para contar o que estávamos fazendo apenas no dia seguinte), a experiência foi bastante divertida.
#cnhm no Twitter
À esquerda, busca pela tag #cnhm no Tweetscan. Ao lado, alguns dos replies recebidos durante o congresso.
A parte mais interessante de ir contando aos poucos o que acontecia no evento talvez tenha sido, mais tarde, acessar o Twitter pela web e poder ver as respostas (ou questionamentos) que tínhamos recebido de pessoas que estavam acompanhando a cobertura (infelizmente, não conseguimos ver todas as respostas em tempo real – a interface do Twitter móvel é bastante simplificada, e ela só mostra as 10 últimas atualizações – clicar no older vária vezes pode se tornar um tanto inviável economicamente -; mas, na medida do possível, os recados enviados pelo Twitter foram repassados para o pessoal do GT). (As atualizações foram feitas pelo celular porque no prédio do IACS, da UFF, não tem wi-fi).
De qualquer modo, quem quiser acompanhar o que aconteceu nos dois dias do GT, pode refazer o caminho da tag #cnhm no Twitter, no Terraminds, no Summize, no Twemes, no Tweetscan, ou em seu buscador derivado do Twitter favorito 🙂

[modo entusiasmo acadêmico on] Além de twittar freneticamente o tempo todo e floodar os amigos com repetidas mensagens com a mesma tag, também fomos a Niterói para apresentar trabalhos no GT. O interessante é que o evento aceita trabalhos de todos os níveis – de iniciação científica a pós-doutorado, de trabalhos científicos a relatos profissionais – e todos apresentam em sessões conjuntas, sem aquelas frescuras a la Intercom de separar as apresentações pelo nível de formação do apresentador do trabalho. Digamos que apresentar trabalho pela primeira vez para uma platéia que não era majoritariamente constituída apenas por outros graduandos foi uma experiência extremamente interessante. Mas mais legal ainda foi poder acompanhar as discussões de (quase) todo o GT (tivemos de sair um pouco mais cedo no último dia, em função do horário do vôo).
Foi ótimo poder conhecer e assistir às apresentações de trabalhos de pesquisadores como Adriana Amaral, Sandra Montardo, Walter Lima Jr. (coordenador do GT), do pessoal do curso de graduação em Jogos Digitais da Feevale, o relato do (in)sucesso do CD produzido pelo Roberto Tietzmann lá em 1996/1997… Não tem como não sair de um evento desses sem se sentir em um turbilhão de idéias e inquietações. [modo entusiasmo acadêmico off]

Update 21/05 — aí vai um link para baixar o trabalho que apresentei lá em Niterói, para caso alguém tenha interesse em acessá-lo:
>> Dos Blogs aos Microblogs: Aspectos Históricos, Formatos e Características [PDF]

Como medir o sucesso de um blog?

Tradução do post “How do you measure a blog’s success“, no
Online Journalism Blog. O texto foi escrito no começo de abril, a partir de temática sugerida pelo próprio autor do blog (basicamente, apenas executei a idéia de comparar os blogs britânicos em mais de um ranking). 

Há muitas maneiras
de se medir o sucesso de um site
. Algumas usam um método mais
quantitativo, e outras são mais qualitativas. É possível dizer que um weblog é
popular por muitos motivos, como:

–  tráfego (page views, visits,
visitors
);
– discussões (comentários, trackbacks, linkbacks);
  posição em sistemas
de busca
 (page
rank
);
  leitores (assinantes do feed, presença em blogrolls) e
  reputação (algo um tanto mais subjetivo, baseado no que
as pessoas pensam de um website,
e nas qualificações da pessoa que escreve para ele).

Se você pegar todos esses dados e elaborar rankings baseados
nesses diferentes tipos de informação, ha grandes chances de que nem todos os
blogs listados irão aparecer na exata mesma posição em cada um desses rankings.

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Novidades no Google Reader

Desde ontem, o Google Reader oferece alguns novos recursos, como a possibilidade de escolha do template da página de Shared Items, ou a exibição das fotinhos das pessoas ao lado dos itens compartilhados pelos contatos. Mas a novidade mais legal é a possibilidade de acrescentar pequenas notas aos itens compartilhados.
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Post do Forense Contemporâneo usado como “cobaia” para testar o sistema 😛
A própria idéia de se compartilhar as leituras pelo Google Reader já é algo por si só muito interessante, pois permite que a leitura de feeds se torne uma atividade social. Por meio das recomendações dos amigos, é possível conhecer os padrões de leituras dos outros, e também tem-se a chance de conhecer blogs novos, que ainda não se assina. Mas poder acrescentar comentários aos feeds compartilhados torna a experiência ainda mais interessante.
Voltemos aos tempos de outrora (aqueles, que já passaram, e ninguém lembra mais). Imagine que você está lendo um jornal impresso que costuma assinar, e lá pela página 37 encontra uma materia realmente interessante, que seus amigos iriam adorar poder ler também. Você recorta aquele pedaço da página e depois leva para os amigos lerem. Como tem algo ali, uma frasesinha só, que você não concorda, você anota, na margem, essa ressalva. Depois o papel recortado vai passando de mão em mão entre seu círculo de amigos, e alguns gostam tanto do texto que até decidem fotocopiá-lo e também fazer comentários às margens – isso sem falar nos que ficam tão fascinados com o texto que optam por assinar o jornal como um todo. Forçando um pouco a comparação, é mais ou menos isso o que permitem as notes no Google Reader.
Também dá para acrescentar notas puras, não vinculadas a itens compartilhados, ou então usar essa via para compartilhar conteúdos de páginas que não usam RSS. As notas puras parecem, a princípio, um tanto sem sentido, mas com o tempo poderão surgir novos usos, a partir da apropriação social da nova ferramenta. Ou, como o Google Discovery aponta, é como se fosse um “Twitter interno” dentro do Google Reader.
Via tweet da Olivia.

Em tempo: o fav.or.it traz a possibilidade de converter comentários feitos no feed em comentários no post (por enquanto, só funciona em Blogger e WordPress). Também é algo interessante.
E não, não vale argumentar que já existe o espaço de comentários nos próprios posts… Comentar os feeds é uma experiência completamente diferente.

Fav.or.it Update — em resposta ao comentário do Gilberto: na verdade, o fav.or.it está em beta testável — dá para usar, mediante convite, mas só e possível adicionar os feeds previamente selecionados pela própria ferramenta para o teste. No geral, o visual é bem parecido com os outros leitores de feeds – Bloglines e Google Readers da vida – e a diferença é a presençazinha sutil de um botão “Reply” ao final de posts de blogs do WordPress ou do Blogger. Para quem tiver curiosidade, a imagem aí do lado é um printscreen do sistema de comentários via feed do fav.or.it. E para quem for meeega curioso, é só reivindicar via comentário que envio convite para testar o sistema 🙂

Facebook na vida real

Já imaginou como seriam estranhos nossos relacionamentos sociais se nos baseassemos no que fazemos na Internet para interagir com as pessoas no mundo offline? Pois foi pensando nessa situação que o grupo de comédia inglês Idiots of Ants gravou um video que de certa forma ilustra como seria o Facebook na vida real – são dois minutos de cutucada, mensagem na parede, e pedido de confirmação de amizade. (Senti falta de uma tentativa de tentar converter o amigo em vampiro ou zumbi…)

Via En el Medio (“apud” Dutto PR).

Outro video interessante, também sobre a temática de redes sociais na Internet, é o Social Networking Wars, do Current.com (via O Lago).

Jornalismo e Twitter

Image Hosted by ImageShack.us Em um post recente no ReadWriteWeb, Marshall Kirkpatrick discute, em linhas gerais, a idéia de se fazer jornalismo através do Twitter. Na verdade, o post enumera as formas com o próprio RWW vem usando a ferramenta. E o resultado acaba sendo um apanhado bem útil do que se pode fazer com o Twitter:
ficar sabendo das últimas notícias – seja através de feeds de jornais online, seja a partir de comentários de amigos – o que, no caso de um blog sobre novidades na área de tecnologia, como é o caso do RWW, acaba sendo algo bastante útil. Muitas vezes, postar primeiro que os demais acaba sendo um fator crucial para conseguir um maior número de visitas.
realizar entrevistas – o RWW tem pedido direto através do Twitter sugestões de perguntas para seus leitores, e essas perguntas são depois selecionadas e usadas em entrevistas realizadas pela equipe do site.
controle de qualidade – além de se poder usar o Twitter para fazer perguntas rápidas (e, na maior parte das vezes, obter respostas), ele também serve como um canal para obter feedback rápido sobre determinados assuntos – por exemplo, ao se postar o link para um post de blog no Twitter, tem-se mais chance de receber comentários e correções/complementos das pessoas do Twitter pelo próprio Twitter do que junto ao post do blog.
divulgação – a criação de um feed para notícias é citado no post do RWW como o uso jornalístico mais óbvio do Twitter. Há inúmeros feeds de notícias espalhados pelo Twitter. E a maior parte deles não é oficial. Entretanto, no Twitter vige uma espécie de regra não escrita segundo a qual fica chato usar a ferramenta o tempo todo para se auto-promover – talvez por isso muitos blogueiros optem por linkar apenas alguns dos seus posts, ou então criar contas no Twitter em separado para servirem como feeds de seus blogs.
Os usos que o RWW faz do Twitter dão uma boa idéia do potencial que a ferramenta tem para ser usada para assuntos sérios. Ou seja: há muita coisa para além da pergunta “O que você está fazendo?”. O Twitter não é só o que deixa transparecer o hype em torno dele.

Paul Bradshaw também fez, recentemente, uma espécie de texto guia sobre jornalismo no Twitter, voltado para jornalistas, com várias sugestões de usos interessantes que estão sendo feitos do sistema ao redor do mundo. Vale a pena conferir.

Falando em usos interessantes do Twitter, em um dos comentários ao post sobre jornalismo no Twitter do RWW, cheguei até o Crowdstatus, uma ferramenta criada por Darren Stuart a partir da API do Twitter que possibita a criação de páginas com grupos de usuários do Twitter que permitem que se visualize a última atualização desses usuários de uma forma amigável em um mesmo endereço. Dá para criar manualmente os grupos (criei um lá, como teste, com alguns exemplos de usos jornalísticos do Twitter), ou então entrar com seu nome de usuário e acompanhar as atualizações dos seus contatos nesse formato diferente.

Brasil: Eleições 1.0?

Picture 4 Na Itália, alguns dos partidos dos candidatos a primeiro-ministro possuíam terrenos no Second Life, mas suas terras ficavam praticamente desertas (em um clássico exemplo de que não basta criar a conta na ferramenta; tem que usar). O ponto alto das campanhas eram as páginas dos partidos. Alguns partidos chegaram a disponibilizar vídeos no YouTube e apostar no conteúdo gerado por usuário.

Debate Second Life Na Espanha, houve até um debate entre os candidatos que aconteceu primeiro no Second Life – e só depois foi feito um debate “presencial” na televisão. (Ainda dá para acompanhar o que rolou no debate em um video no YouTube.) Os candidatos também usaram Second Life e YouTube para ações diferenciadas. E o uso do Second Life foi apenas uma das muitas inovações que pôde ser observada nas eleições do país – cabe ressaltar, entretanto, que a maior parte das iniciativas de Web 2.0 das eleições na Espanha vieram dos veículos de comunicação, e não dos próprios partidos. (Okay, talvez falar sobre eleições e Second Life fosse um tema pertinente a outro blog.)

Nos Estados Unidos, o uso criativo das ferramentas da Web 2.0 pelos pré-candidatos à presidencia fez com que se criasse um verdadeiro ambiente de “Eleições 2.0“.

E no Brasil? Por aqui a gente tem se envolvido em discussões mirabolantes sobre o teor de uma resolução do TSE que, aparentemente, não permite a utilização de ferramentas da Internet para as eleições municipais de 2008. Por uma interpretação estrita da resolução n. 22.718 do TSE, a princípio, só se poderia falar de eleições no próprio site oficial dos candidatos (na verdade, tem também a questão de um parecer encomendado por um pré-candidato, que, embora ainda não tenha sido emitido em caráter definitivo, proíbe expressamente a utilização dessas ferramentas). Nada de ações criativas em blogs. Nada de virais no YouTube. Nada de Twitter. Nada de Second Life. A princípio, teremos (teríamos) eleições completamente 1.0 – a menos que o TSE esclareça em que termos não se pode publicar conteúdo fora da página dos candidatos. (Se bem que… há controvérsiasas regras valeriam apenas para os candidatos, o que não impediria, por exemplo, que eles se utilizassem de “laranjas” para poder publicar conteúdo em sites de redes sociais). De qualquer modo, a resolução não atingiria manifestações espontâneas de cidadãos em mídias sociais (ou seja: nada impede que pessoas comuns falem sobre candidatos e eleições em blogs ou no Twitter – ou que postem no YouTube videos bizarros – mas com alto potencial de viralização – declarando sua paixão por um candidato, por exemplo).

Afinal, como você acha que vai ser o uso da Internet para as eleições municipais deste ano? Pesadas restrições impostas pelo TSE, ou liberdade de expressão assegurada? Campanha 1.0, ou utilização criativa das ferramentas da Web 2.0?

Vídeos no Flickr e outros assuntos

Passar uma semana inteira sem postar traz conseqüências bizarras tipo ter de falar sobre assuntos que todo mundo já comentou na semana passada. Mas tudo bem, vamos lá…

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– No dia 9 de abril (é, a notícia é velha), o Flickr decidiu lançar a opção de se postar vídeos no site. Embora a possibilidade, por enquanto, seja bem restrita (só podem postar vídeos os usuários pro, e o vídeo não pode ultrapassar 90 segundos!), a iniciativa gerou uma grande repercurssão negativa (e um tanto divertida), inclusive dentro do próprio Flickr (o grupo We Say NO to Videos on Flickr, por exemplo, possui mais de 29 mil membros). O principal argumento de quem reclama? O Flickr serve para o compartilhamento de fotos. Ponto. Sobre o assunto, vale a pena ler o post de Gustavo Mini, do Conector, comentando o fato de que, ao menos em termos de páginas da Internet, menos é bom… (via del.icio.us do Träsel)
Videos flickr
Imagem da galeria de AlbySpace

– Vale a pena conferir a entrevista feita pela estudante Gabriela Forlin, da Univali, com José Luis Orihuela, do eCuaderno, para o Monitor de Mídia. Dentre outros assuntos, Orihuela fala de blogs, jornalismo, e até do Twitter (via tweet da @raquelrecuero).

Agora, além do Tweetscan, os órfãos do Terraminds têm também o Summize Realtime Twitter Search para procurar por informações no Twitter. O novo buscador até tenta agrupar os resultados em torno de “conversações”. Mas, assim como acontece com o Quotably, em geral, os agrupamentos são toscos, e as respostas não costumam ter lá muita lógica com as perguntas (em especial quando há uma grande assincronia entre pergunta e reposta). Talvez um pouquinho de semântica pudesse salvar ambos os serviços… (via tweet do @paulbradshaw)

A listinha continua assim que eu conseguir enfrentar os mais de mil itens não lidos no Google Reader… 🙂

Primeira atualização – encontrei uma ótima notícia para a Gaby: foi aprovada a lei estadual (Rio Grande do Sul) que permite o transporte de animais de pequeno porte em ônibus intermunicipais. Pela lei, o animalzinho paga meia passagem, e deve viajar sedado em uma caixa própria para transporte, acomodado debaixo do banco de seu dono. Pelo menos não precisa viajar escondido… (via Zero Hora – resolvi ver primeiro a pilha de jornais não lidos)

WordPress poderá ser bloqueado no Brasil

Depois do absurdo de bloquearem o YouTube inteiro por causa de um video, agora, uma decisão da Justiça brasileira poderá levar ao bloqueio do acesso ao WordPress inteiro em função de um blog. O motivo é uma decisão judicial expedida em março, que determina a proibição de acesso a um determinado blog, hospedado no WordPress. O nome do blog e o motivo do bloqueio não foram revelados. O problema é que, segundo a Abranet, para que a decisão seja cumprida, seria preciso bloquear todo o domínio wordpress.com (não é possível impedir acesso a um único blog, visto que o domínio inteiro divide o mesmo IP). Blogs baseados em WordPress, mas hospedados em outros endereços, não seriam afetados pelo bloqueio. 90% dos provedores de internet do Brasil são filiados à Abranet, o que em termos práticos significa que, caso ocorra o bloqueio, quase todo mundo no Brasil ficará sem acesso aos blogs hospedados no WordPress.
A grande questão é: a blogosfera vai permitir que o Judiciário brasileiro ponha em prática mais uma decisão absurda?
Via Monitorando e Forense Contemporâneo.

Atualização — tive uma espécie de sensação de “deja vù ao contrário” ao ler este post do Global Voices Online sobre um bloqueio semelhante realizado ano passado na Turquia:

“Em 17 de agosto de 2007, a 2ª Vara Civil de Fatih na Turquia bloqueou acesso a todos os blogues no wordpress.com como resposta ao processo iniciado pelos advogados de Adnan Oktar com base no fato de que blogues hospedados na plataforma publicam relatos presumivelmente difamatórios e ‘ilegais’ sobre o cliente deles. A decisão judicial resultou nos internautas turcos sendo proibídos de visitar um milhão de blogues hospedados no wordpress.com.”

(Apenas a título de curiosidade… atualmente, o número estimado de blogs brasileiros hospedados no wordpress.com é de 1 milhão)

Outra atualização — alguns detalhes sobre o caso que motivou o bloqueio podem ser encontrados neste post do Pedro Dória. Para variar, parece que tem algo a ver com o YouTube…
E já foi criado um blog, hospedado no próprio wordpress.com, para protestar contra a possibilidade de bloqueio: http://naoaobloqueio.wordpress.com/

Twitter e conversações

Na sexta-feira, Paul Bradshaw, do Online Journalism Blog, usou sua conta no Twitter para fazer algo à primeira vista um tanto estranho: narrar, em tempo real, seu progresso e suas impressões na leitura do livro “Here Come Everybody”, de Clay Shirky. E ele não fez isso sozinho. Pessoas de várias partes do mundo participaram, acompanhando a leitura, fazendo críticas, perguntas e sugestões, ou apenas recebendo a avalanche de atualizações sobre um mesmo assunto.
Ainda no mesmo dia, sobre a situação, Dave Lee, do jBlog, fez uma constatação interessante: “Você não pode oferecer uma cobertura ao vivo de algo que, você sabe, não é ao vivo!”. Afinal, qual é o propósito de se contar, minuto a minuto, o que está acontecendo enquanto se faz a leitura de um livro? (ou, indo mais a fundo… qual é o propósito de se contar o que quer que se esteja fazendo para um monte de pessoas, conhecidas ou semi-conhecidas, ao mesmo tempo? – afinal, pra que serve o Twitter???).
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A grande questão é que a idéia de Paul Bradshaw não era fazer uma espécie bizarra de “cobertura ao vivo da leitura de um livro”, e sim experimentar a possibilidade de utilização do Twitter para construir um forum público de leitura. Enquanto contava o que lia no livro, as atualizações dele eram recebidas por várias outras pessoas, que tinham a possibilidade de intervir, de forma síncrona ou assíncrona, no que estava sendo discutido. Mesmo quem não tivesse lido o livro poderia acabar se interessando pela temática da obra, por exemplo, e – por que não? – fazer perguntas.
O que ele fez de certa forma tem menos a ver com a idéia de se usar o Twitter para coberturas ao vivo, e mais a ver com a proposta de se usar o Twitter como uma espécie de ferramenta de gerenciamento de conhecimento, como um instrumento para a construção de uma inteligência coletiva (e aqui cabe uma leve ressalva: até hoje não sei ao certo se entendi a proposta de Lévy para o termo), enfim, como uma gigantesca conversação (as)síncrona e pública.
Não entendeu? Experimente usar o Twitter para fazer uma pergunta, qualquer que seja. Em instantes, alguém irá responder, nem que seja para reclamar que a pergunta é idiota. E nem precisa ser uma pergunta para que se obtenha respostas. Há vezes em que simplesmente resolvemos jogar um pensamento para o alto, fazemos uma pseudoreflexão solta no microblog, e, no mesmo instante – ou então horas depois (no Twitter não se está preso à sincronia) -, quem a gente menos espera nos diz alguma coisa. No fim das contas, o Twitter é útil para que percebamos que não estamos navegando sozinhos…
E não vale argumentar que dá para fazer o mesmo em outros espaços públicos virtuais da web, até mesmo em blogs… a grande graça do Twitter está no fato de que as mensagens precisam ser, obrigatoriamente, curtas! 😛

Conversando sobre Jornalismo e novas mídias

No dia 12 de abril acontece em São Paulo a segunda edição do NewsCamp, uma desconferência sobre Jornalismo. Assim como a Ciranda de Textos, o NewsCamp também teve sua origem na Lista Jornalistas da Web.
Quem não puder ir até São Paulo para participar do evento pode acompanhar a “desconferência virtual”. Desde o final de março, rola blogosfera afora o “Esquenta do NewsCamp!“. A idéia é a de se fazer postagens sobre temáticas que se gostaria ver sendo discutidas no evento, como uma forma de se preparar para as discussões que por lá serão travadas. Além de servir como um ótimo aperitivo do que vai acontecer por lá, também é uma forma interessante de fazer com que pessoas que, como a gente, não terão como estar presentes, também possam participar das discussões.
Então, vamos lá… entrei… er, entramos (vide rodapé do post) nesta conversa mediante provocação. Sam Shiraishi, do Nossa Via, colocou em pauta a discussão sobre nova e velha mídia, além de comentar um pouco sobre as especificidades do meio online. No post, ela sugere a idéia de que uma mídia absorve a outra, e que a nova geração de jornalistas estaria mais preparada para enfrentar essas mudanças. A partir disso, a Ceila Santos, lá no blog do NewsCamp, sugeriu que a discussão fosse continuada…
Dentro dessa perspectiva, talvez fosse ser interessante discutir no NewsCamp, também, a questão das novas ferramentas para comunicação na web, e no que elas podem influenciar na prática do Jornalismo. Será que o Twitter poderá acabar com o impresso? Será que joguinhos e entretenimento serão a grande tendência do online? As empresas jornalísticas que ficarem de fora das redes sociais terão condições de sobreviver?
A discussão de como a mídia irá lidar com essas ferramentas, e também com as participações espontâneas dos internautas, não deve ser vista como um mal que irá mudar o jornalismo como o conhecemos hoje. As possibilidades de interação entre os meios de comunicação e a sociedade, através das ferramentas da Web, devem ser vistas como uma extensão do jornalismo “tradicional” – um avanço, um complemento. Por exemplo, as contribuições que podem ser feitas nos espaços destinados aos comentários de alguns veículos podem influenciar na pauta desses mesmos veículos. Além disso, os links que alguns sites estão utilizando para blogs que comentam suas notícias através da ferramenta trackback também provocam pequenas mudanças no modo como encaramos as notícias. Este é o caso, por exemplo, dos jornais Público, de Portugal, e La Vanguardia, da Espanha (e muitos outros sites europeus) que utilizam a ferramenta Twingly para disponibilizar de forma automática links das postagens de blogs que fazem referência àquela notícia. A CNN.com usa a tecnologia do Sphere para linkar para posts de blog (conforme comentado pelo Thassius). No Brasil, a própria Agência Brasil já faz algo parecido, listando as notícias “mais blogadas” em sua página inicial (como lembrado pelo Gustavo D’Andrea). Então, o leitor mais apurado, que procura ver a discussão e repercussão daquela informação na blogosfera, poderá acompanhar as opiniões das pessoas que estão escrevendo e fazendo referência àquele texto. Ou seja, a notícia online já não termina mais na última palavra do texto, mas pode ser apenas o primeiro passo rumo à discussão sobre um tema, que pode ser comentado por qualquer pessoa que possua um blog, ou então, gerar discussões em redes sociais ou servir de pretexto para diálogos no Twitter.
O leitor tem outras formas de interagir com a notícia votando nas que ele julgar melhor, dando de certa forma o seu aval àquela informação. Uma outra forma, porém mais passiva, de voto, seria o seu simples acesso, pois há sites que disponibilizam em suas home pages listas das notícias mais acessadas, que podem acabar influenciando nos clics dos visitantes. Antes, quando se comprava um jornal impresso, as manchetes eram definidas exclusivamente pela redação dos jornais. Agora, o leitor passa a poder influenciar nas manchetes que irão para a capa num simples clicar. Com isso, tem-se conhecimento instantâneo e imediato do que está sendo mais lido pelos visitantes do site, e, mesmo que ainda sejam influenciados pelas manchetes sugeridas pela redação, há a possibilidade de uma notícia que foi julgada de pouca importância para a capa ir parar na página inicial.
Essas são algumas sugestões de assuntos que também poderiam ser abordados lá no NewsCamp. E também daria para discutir no que a interconexão em tempo real poderia contribuir para a prática jornalística – será que a web e suas ferramentas não abriria a possibilidade de construção de redações descentralizadas e produção colaborativa à distância de conteúdo?

Além de participar do Esquenta do NewsCamp!, este post também foi uma tentativa de escrita coletiva. O texto foi elaborado no Google Docs. A autoria de cada frase é indeterminada – o texto inteiro foi escrito por mim e pelo Gilberto Consoni.