Oliver Twist

Finalmente terminei de ler Oliver Twist. Foi uma “tortura” (boa) de quase 20 dias, tentando encarar 515 paginazinhas de uma edição de bolso em inglês. Mas valeu a pena. Que venha logo o filme!
Só fiquei meio de cara com a revista Veja. Na edição de 16 de novembro, eles fizeram tudo conforme manda o figurino: falaram sobre o filme (do diretor Roman Polanski, em uma co-produção Inglaterra/França/Itália/República Checa em 2005), disseram alguma coisa sobre o livro (como a questão das workhouses da Inglaterra século XIX, em que as pessoas pobres eram submetidas a jornadas de trabalho intensas e abusivas em troca de comida e habitação) e sobre o autor (de como Dickens escrevia, de sua obra em geral, e coisas do tipo), e até criticaram as atuações e adaptações feitas pelo filme (como a questão de os personagens serem politicamente incorretos na versão impressa, mas perderem parte de sua liberdade de expressão na tela do cinema). Enfim, a crítica da revista foi perfeita: não contou nada de relevante que acontece no livro, mas ao mesmo tempo serviu para incentivar as pessoas a quererem ver o filme (no meu caso, a ler a obra). O problema ocorreu na edição de 21 de dezembro da revista. Numa reportagem aparentemente inocente sobre censura etária no Brasil, eles resolveram colocar exemplos de como ela às vezes acaba sendo arbitrária e/ou insuficiente. Um dos exemplos era o próprio filme Oliver Twist, que recebeu classificação de 14 anos, mesmo sendo um filme com grandes possibilidades de atrair o público infantil (o personagem principal é um menino). Mas a amabilíssima revista Veja resolveu colocar também o motivo da censura. E foi além: sabe-se lá por que cargas d’água eles decidiram que não bastaria simplesmente colocar “por conta das cenas de violência”, e resolveram contar, com todas as letras, qual a cena que especificamente era o motivo da discórdia. O grande problema é que quando li essa reportagem eu ainda estava na metade do livro, e, de fato, a cena descrita na página da revista, acompanhada de uma foto do filme (que, ironicamente, nem mostra a mesma coisa!) só acontece bem no finalzinho do livro. Basicamente, a Veja contou não o final, mas o primeiro grande acontecimento em direção ao fim da obra. Grrr. Mas tudo bem. Um dia eu ainda me recupero desse trauma 🙂 O livro não perdeu a graça mesmo assim; o lado ruim é que fiquei esperando a todo momento que a cena descrita pela revista fosse acontecer, e isso talvez tenha prejudicado um pouco o resultado final da leitura. Mas não é nada que em uns mil ou dois mil anos eu não vá superar naturalmente.
Okay. Li o livro, li a crítica. Pena que as chances do filme passar em algum dos cinemas a que tenho acesso (cidades do interior, cinemas decadentes) sejam remotamente mínimas.

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2 thoughts on “Oliver Twist

  1. “Mas não é nada que em uns mil ou dois mil anos eu não vá superar naturalmente.”Calma amiga. Um dia você se recupera desse terrível trauma.Já te disse pelo MSN: vamos matar o jornalista que fez isso o/

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