Volta às aulas em janeiro

Não sei se a culpa é do professor (que aderiu à greve), da faculdade (que deixa a critério de seu corpo docente participar ou não de movimentos em prol de melhorias financeiras), da reitoria (que deixou a situação fugir ao controle e permitiu que se entrasse em recesso), do governo (que não remunera suficientemente seu quadro de funcionários e repassa pouca verba para as universidades), do sistema (que “inventou” a tão-renomada profissão de advogado, e suas variantes as mais diversas), da sociedade (que sempre deu tanto valor aos jovens que demonstram interesse em cursar Direito), da borboleta (que bateu as asas neste exato momento do outro lado do planeta), dos meus pais (que encheram tanto o meu saco para que eu fizesse Direito) ou se é minha mesmo (quem mandou em aceitar ser manipulada e fazer vestibular para o curso de Direito, e ainda por cima numa universidade pública, suscetível a paralisações e a tudo o mais?), mas fato é que semana que vem acaba a greve e retornam as aulas. Até não pareceria tão absurdo ter aulas em pleno janeiro, das 8h às 11h40, com um misto de 5 ou 6 matérias em aulas extremamente tediosas, em manhãs que se derretem lentamente em um calor de 40°, com todos os alunos aglomerados em torno de caquéticos ventiladores de teto que tentam inutilmente produzir vento a partir do bafo. O grande problema é que todos já estã(m)o(s) aprovados em 4 matérias. Apenas um (maldito) professor entrou em greve, e é essa matéria que retorna dia 23. Como se não bastasse o fato de ser uma única matéria, é ainda por cima a mais chata de todas (generalizar é sempre uma coisa perigosa), e a única cuja freqüência era de uma vez por semana (duas horas-aula combinadas, toda terça, às 10h da manhã). E, considerando-se o fato de que o professor entrou em greve já lá pelo final do ano, descontando-se os feriados, digamos que no total tenham nos faltado cerca de 5 ou 6 aulas. Agora não sei o que é pior: encará-las todas de uma vez só, numa espécie de maratona, com a bendita quarta avaliação faltante ao final, ou então sofrer a doses homeopáticas, com uma aulinha por semana, no horário normal de todo o ano. Tortura lenta e ritmada: uma hora e quarenta minutos ouvindo sobre receita e despesa pública. Tortura lenta e demorada: cinco ou seis semanas de sofrimento. Tortura lenta e cruel: é impossível não estar em férias apenas um dia por semana; ou se está em férias completamente, ou não se está. Raiva, cólera, irritação, fúria, impaciência, frustração, ira, furor, iracúndia (vida longa ao Aurélio de bolso!), todas essas palavras, em outros contextos tão impactantes, parecem vazias de sentido na hora de enunciar meu sentimento atual (ou acaso isso tudo seria simples capricho de uma alma já acostumada ao ócio das férias? :P)… Enfim, também ainda não está nada definido. Certos detalhes ainda precisam ser acertados antes de assinar o cartão de mudança de endereço. Dado o inusitado da situação, a gente ainda tem que esperar a primeira aula para ver como as demais serão posicionadas. O que é (menos) pior: todas de uma vez só, ou uma a cada semana?

P.S.: Tenho percebido que só os estudantes de Direito conferem ao curso o status de algo que deva ser escrito com LETRA MAIÚSCULA. As demais pessoas parecem não se preocuparem em dar ao curso tamanha relevância. E, muitas vezes, a palavra passa batida, disfarçada de contrário de esquerda, ou oposto de algo que está torto. Prefiro dizer que faço Direito e Jornalismo (shift D, shift J, ou caps lock, como preferir). Assim mesmo, de igual para igual. E seria bacana se todo mundo fizesse o mesmo (desse jeito eu não me sentiria errada por me referir ao curso com o d maiúsculo).
(Definitivamente, o mundo está irremediavelmente torto…)

One thought on “Volta às aulas em janeiro

  1. “caquéticos ventiladores de teto que tentam inutilmente produzir vento a partir do bafo”LOL! LOL!AMEI o “estã(m)o(s)”!!! Posso imitar?!?! o/”Raiva, cólera, irritação, fúria, impaciência, frustração, ira, furor, iracúndia (vida longa ao Aurélio de bolso!),”LOL! LOL!Ninguém. Ninguém. Ninguém me faz rir mais que você o/[essa frase ficou ambígua, mas vc entendeu a semântica, né amiga advogada-jornalista?!]Concordo com vc plenamente. É um absuro não colocar LETRA MAIÚSCULA no nosso curso de Direito. Que sirva tb pro de Jornalismo, claro ;)Beijão!Bruno Lovatti(aguardando coments no blog e flog)

Leave a Reply to Bruno Lovatti Cancel reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *