Incapacidade discursiva básica

Eu poderia estar falando sobre as megaoperações da Polícia Federal deflagradas recentemente e que envolvem pessoas de altas hierarquias do Poder Judiciário, como a Themis e a Hurricane (que em seguida transformou-se em simplesmente “Furacão”) – na mídia, elas aparecem em matérias sobre a Máfia dos Jogos, e trouxeram à tona novamente discussão sobre a liberalização da jogatina no país. Também poderia comentar a façanha do Grêmio na sexta-feira passada. O time precisava vencer com uma diferença de 4 gols para ir para a final do campeonato gaúcho. E conseguiu. Seria possível ainda comentar o primeiro e o segundo caso de dengue no Rio Grande do Sul (já teve gente contaminada antes, mas esta é a primeira vez que a contaminação se deu dentro do próprio estado). Ou quem sabe então falar um pouco sobre a dominação mundial realizada pela Google – tivemos toda uma Geração Coca-Cola, com uma superinfluência norte-americana nas culturas do mundo simbolizadas pela garrafa do refrigerante, e no entanto uma pesquisa recentemente divulgada anuncia que a marca Google é a mais forte do mundo, ao passo que a Coca encontra-se apenas em quarto. Estaríamos migrando em direção a uma Era Google? O Google vai, efetivamente, dominar o mundo? Forçando um pouco a barra, dava até para falar sobre o devido processo legal e as garantias constitucionais do processo, além dos princípios corolários a esse direito, como a ampla defesa, o contraditório, e o princípio do juiz natural (que alguns vem inclusive estendendo para a garantia do promotor natural) – isso é apenas parte do conteúdo da prova de Processo Constitucional que terei ainda esta semana. Ou até mesmo comentar que o tema da redução da maioridade penal está na pauta da discussão do Senado de amanhã, e que, se o projeto for aprovado, teríamos uma visão nítida do quanto a mídia, alimentada pelo crime (vide caso João Hélio), pode ser capaz de impulsionar mudanças legislativas, sem que haja, entretanto, a contraprestação necessária. Daria até para argumentar que mudar a lei não resolve o problema da criminalidade, uma vez que uma punição mais rigorosa não acaba com o problema de como prender, onde prender, e de como manter preso. Enfim, há vários assuntos que poderiam ser abordados (okay, confesso que em pelo menos 90% dos assuntos eu estaria sendo influenciada pela mídia e fazendo com que meu blog apenas provocasse reverberação midiática). Mesmo assim, não consigo falar sobre nada. O que há de errado comigo? 😛

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