A máquina não substitui o homem

Conta o G1 que um motorista, dirigindo em um carro alugado (provavelmente porque estava em alguma cidade que lhe era estranha), resolveu seguir à risca as indicações do aparelho de GPS¹ do veículo e foi parar em cima dos trilhos de um trem. Ele até tentou tirar o carro de lá, ou então chamar a atenção do maquinista para que este freasse. Não deu certo. O trem bateu no carro a uma velocidade de 96km/h, o carro foi arrastado por 30 metros, 80 metros de trilho ficaram danificados, e o povo que estava no trem (cerca de 500 passageiros) ainda teve que esperar por mais de 2 horas até que tudo fosse resolvido. Resultado: motorista e companhia que alugou o carro terão de pagar pelos estragos (apenas danos materiais, felizmente), na ordem de centenas de milhares de dólares.
Bizarro? Bizarro foi ter confiado cegamente nas instruções de um aparelho eletrônico. Sim, GPSs podem facilitar a nossa vida, e indicar o caminho (muitas vezes novo, inexplorado, desconhecido, implorando para ser desbravado) a que se quer chegar, mas não substitui a necessidade de verificar se o que o equipamento mostra realmente é o que se encontra ao nosso redor. A técnica até pode ajudar o homem, mas não o substitui. A máquina mostra indícios de que aquele seja o caminho. Até dá para confiar nas indicações. Mas confiar cegamente no que nos diz a máquina pode ser perigoso.
Peguemos um exemplo completamente pontual e aleatório para ilustrar localmente a situação: ao digitar meu endereço físico no Google Maps (com rua, número, cidade e CEP), o resultado retornado erra, por pouco mais de dois quarteirões, o lugar em que efetivamente moro. Se alguém fosse se basear no Google Maps para ir me visitar, ia acabar parando mais ou menos no meio de uma praça (!). Mas nem por isso vou deixar de conferir o mapa do Google quando tenho dúvida na localização de algum endereço na minha cidade. Só não preciso confiar cegamente nas informações prestadas – até porque sei que o meu próprio endereço está errado.
A lição que se pode tirar do motorista que foi parar em cima dos trilhos do trem por conta do GPS é a de que os homens falham. As técnicas – criadas pelos homens – também são falíveis. Basta aprender a conciliar as duas coisas – algo como usar a tecnologia para facilitar a nossa vida, mas usá-la com um pouquinho de desconfiômetro.

¹ O amigo Gilberto esclarece: aparelhos de GPS não são 100% precisos – em parte por culpa do Departamento de Defesa dos EUA, que é quem controla os satélites. Preocupados com a segurança dos indivíduos, eles criaram o programa Selective Availability, que provoca(va) um erro intencional no posicionamento fornecido pelo GPS, de modo a desviar possíveis atentados terroristas. Teoricamente, o sistema já foi desativado. Mas ainda assim a precisão da localização indicada no GPS não é absoluta. Mesmo com o sistema desativado, o erro pode chegar a 30 metros, uma distância mais do que suficiente para se entrar numa rua errada, ou ir parar no meio de uma estrada de ferro.

Assunto paralelo: irei poupá-los de ter que ler sobre Twitter e microblogs por aqui o tempo inteiro (o que não impede que eventualmente sejam feitas algumas postagens sobre microblogs). As postagens sobre o Twitter serão feitas no Twitter Brasil, um blog idealizado por Fernando Souza e Raquel Camargo. A idéia era fazer um blog em português apenas sobre o Twitter e seus concorrentes. Espero que dê certo.

8 thoughts on “A máquina não substitui o homem

  1. Bom, na minha opiniao, o GPS é dificil de errar, entao, isso deve ter acontecido por um erro de plotagem, ou desatualizaçao do cartao do GPS, salvo, que tudo isso esteja entre os conformes.
    E a unica coisa certa, e sou obrigado a concordar com voce, a maquina não substitui, não troca, nunca vai acontecer de trocar o homem pela maquina.
    parabens pelo blog!
    sucesso!

  2. dois episodios:
    1. chegamos em berlim com o mapa do google, bem indicada a KURFUERSTEN STRASSE, descobrimos a linha de metrô e nada do hotel. berlim tem três ruas com esse nome. e a kurfuersten não é o unico caso.
    2. duas moças sairam de clermont-ferrand em direção à aubière – duas cidades proximas, a estrada estava em obras, o gps não dava conta do(s) retorno(s) e desvio(s). resumo: o trajeto feito em 20 minutos, normalmente, nos tomou exatos 40. fora o stress de aguentar uma pessoa, normalmente estressada, ainda mais estressada e perdida, sem mapa e que confia demasiado em maquinas… eu quis parar o mundo pra descer, nesse dia.
    vizinha, recebi um negocio que me deixou meio passada. veja no blog, please, tu que entende da matéria do direito, pra onde se encaminha?
    (eu, pra variar, sem acentos…)

  3. o GPS tem la suas vantagens e são muitas, até salvador de vidas é.
    Posso só dar fezer um off-topic dentro do topic? 😛
    No esporte, especialmente no tênis, hoje se usa um sistema de um número de câmeras e mais uma câmera dentro da bolinha!!!!! Que mesmo assim falha como nunca, acho que a tecnologia nesses casos mais cruciais, como no carro, deve se fazer presente é uma chance que vai se ter pelo menos. Agora espero muito que isso não se espalhe pra outros campos da atividade humana, ah mas isso mesmo.
    As máquinas são importantes e nós é que temos de ajudá-las a nos serem úteis, n o contrario.

  4. eu tendo a confiar cegamente em parafernálias eletrônicas. mas parar no meio dos trilhos já é um pouquito demais. teu post fica como um alerta, mesmo assim 🙂
    e eu retornei à blogosfera. és a primeira a ser notificada já que te considero minha mentora aqui uahauhauha.
    note que até template fiz. estou super orgulhosa de mim mesma :DDD
    *duas notas sobre meu 1o comentário no verbeat
    1. de cara ele presume que eu não sou a real person e já me pede pra isnerir códigos. cadê a confiança nas pessoas, dels?
    2. na 1a tentativa, ele comeu meu comentario e tive de reescreve-lo.

  5. Foram citados na explicação os satélites norte-americanos… Quando estive na Alemanha, e lá o GPS já é muito popular e item de fábrica em qualquer fusca, a precisão dos aparelhos era impressionante. E não apenas para dar uma localização, mas também para informar as condições de trânsito da origem e do destino.
    Pelo que eu entendi, por exemplo, se houvesse um acidente grave e no carro o rádio estivesse ligado, o aparelho de GPS automaticamente direcionava para uma estação que informasse o boletim excepcional. Dessa forma, a pessoa estaria sempre informada sobre o trânsito.

  6. Guilherme, ou vai ver foi desatenção do motorista mesmo, que confiou cegamente nas instruções, sem observar o que acontecia na prática 😛
    Larissa, apesar de tudo, não fosse pelo mapa, ou pelo GPS, vcs poderiam demorar mais ainda 🙂
    Pois é, Sérgio, às vezes parece que os humanos esquecem do detalhe de que foram eles mesmos que criaram as máquinas…
    Carol, seja bem-vinda de volta à blogosfera 😀 O template ficou ótimo! 🙂 E a caixinha de comentário parece hostil nas primeiras vezes, mas aos poucos ela se torna mais simpática 😛
    E parece muito interessante esse sistema, Thássius. Tecnologias interligadas. No Brasil, a recém os primeiros carros nacionais estão saindo de fábrica com GPS. Vai demorar até que tenha um sistema interligado como esse 🙁

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