Twitter e consumo de notícias

Uma pergunta para aqueles que seguem veículos jornalísticos no Twitter (G1, Último Segundo, BBCBrasil, etc.) – vocês efetivamente acompanham o que dizem os veículos, ou preferem tomar conhecimento dos fatos pelas atualizações dos amigos? (Óbvio que não me refiro aqui àqueles que lêem notícias apenas pelo Twitter – seria insano, não? – mas aos que, além de recorrer a outros sites e meios, também acompanham notícias pelo Twitter).
Chris Garrett, do Blog Herald, questiona se o Twitter não estaria modificando nossos hábitos de consumo de notícias. Garrett comenta que a maior parte das notícias que ele lê atualmente é lida a partir do Twitter (em detrimento de outros meios ou de outros sites). Mas não necessariamente essas notícias vêm da mídia tradicional – ele também fica sabendo das novidades a partir das sugestões dos amigos.
O questionamento veio logo após a morte de Heath Ledger, em janeiro – ocasião em que os usuários do Twitter mostraram-se particularmente ávidos em (re-)informar a novidade, disputando o direito ao furo (ou re-furo, pois reverberavam um fato anteriormente divulgado pela mídia). Mas será que as pessoas realmente acompanham o que diz a grande mídia, ou preferem ler o que seus amigos dizem sobre o que diz a grande mídia? É mais ou menos assim: é mais provável que você tenha tomado conhecimento da morte do Heath Ledger porque algum dos seus amigos comentou sobre o fato (algo como “oh, pobre Ledger, era tão novo e foi dessa para uma melhor”) do que propriamente por ter visto a atualização do G1, por exemplo, com link para matéria sobre a morte. Não sei quanto aos outros, mas, de minha parte, já até desenvolvi uma espécie de “filtro subconsciente” para o mar de atualizações no Twitter, e na maior parte das vezes acabo ‘pulando’ o que dizem os veículos para ler logo as atualizações dos amigos.
Para quem busca notícias, o Twitter traz alternativas interessantes. Há desde empresas jornalísticas que disponibilizam bots automáticos para manchetes e links (mais ou menos desempenhando o papel de um feed) até complexos projetos colaborativos que contam com a participação de vários usuários (também tem vários experimentos praticamente desertos, mas isso é outra questão). A idéia geral é que, se você seguir vários bots de notícias no Twitter, é possível receber notícias o tempo inteiro. Mas isso, por si só, não significa que a pessoa estará bem informada. É como ao assistir televisão: se você não assistir ao telejornal, não vai ficar sabendo das notícias (e isso vale mesmo que a televisão esteja ligada durante o jornal, mas você esteja longe dela).
Assim, há um problema prático ao se usar o Twitter para tomar conhecimento das notícias: como Tamar Weinberg aponta em seu post sobre o consumo de notícias em redes sociais, publicar notícias é apenas uma das 17 maneiras de se utilizar o Twitter, o que significa que é extremamente fácil se perder no fluxo contínuo de informações (a menos que se crie uma conta APENAS para acompanhar notícias, o que ainda leva ao segundo problema prático de simplesmente se esquecer que essa conta existe e voltar a consumir informações apenas na conta principal do Twitter – aquela que tem seguidores, permite falar e ser lido e responder às mensagens dos outros).
Com isso, retorno à pergunta inicial: dentre os que acompanham notícias pelo Twitter, quantos, efetivamente, o fazem a partir de veículos tradicionais? E, só para complicar ainda mais as coisas, substituta “Twitter” por “Internet” ao longo do post, e tente responder à pergunta, tentando pensar na relação blogs, redes sociais, conteúdo colaborativo X sites tradicionais de notícias.

Assunto paralelo: Lembram da perguntinha embutida como assunto paralelo alguns posts atrás? Obtive o imenso total de QUATRO respostas, e cada respondente anônimo (ou quatro vezes a mesma pessoa) informou ter chegado ao blog de uma forma diferente… Dos quatro, dois chegaram por feed, um por link em outro blog, e outro por indicação de amigos. Veja o gráfico abaixo:

Interpretação absurda dos dados: Versão otimista: tenho apenas quatro leitores, dos quais dois são fiéis (assinam o feed). Dos dois fiéis, um tem blog e colocou link para o meu blog em algum lugar (o que explica o leitor que chegou por link em outro blog). O outro leitor do feed indicou o blog para um amigo (o que explica o quarto leitor). Versão pessimista: Tenho um único leitor, e este, sentindo pena, respondeu a pergunta quatro vezes, de formas diferentes e aleatórias. Versão pulso-cortante: Eu mesma respondi o questionário quatro vezes, enquanto testava o sistema, e esqueci de apagar os dados. Versão super otimista: o questionário estava fora do ar, daí muitas possíveis respostas se perderam. Versão extremamente otimista: o Google entrou em colapso com tantos acessos ao questionário que esqueceu de coletar as milhares de respostas obtidas. Versão realista: colocar uma pergunta teste como assunto paralelo em uma postagem sobre outro assunto não foi uma boa idéia 😛 (e vejam que insisto no erro, colocando o resultado novamente em assunto paralelo).

17 thoughts on “Twitter e consumo de notícias

  1. não tinha visto a pesquisa! 😛
    e não me enquadro nas respostas 😀
    sobre o twitter: ainda não achei uma forma confortável de usar a ferramenta. muitas coisas me incomodam. e um dos hábitos que desisti foi o das atualizações noticiosas. prefiro usar os feeds e ter mais controle sobre o que chega até meus olhos.

  2. Bom saber que pelo menos 3 dos respondentes são reais. E admito que talvez o quarto tenha sido eu mesma (!), ao testar o questionário… 😛 (o que resulta numa mistura da versão pulso-cortante com a otimista).
    Quanto ao consumo de notícias… já ando saturada até de feed. Voltei a acompanhar as notícias convencionais via impresso, e uso blogs (aí sim, por feeds) e recomendações de amigos no Twitter para saber sobre o resto 🙂

  3. Uso a mídia tradicional e feed para notícias; o único blog político que leio é o do Tom Watson. Achei que havia respondido ao seu questionário e a resposta é que leio o feed, um adendo recente. Antes lia o blog diretamente.

  4. Então é isso, mistério resolvido. Os 4 leitores teoricamente anônimos foram encontrados. (E acho que acabei com a graça do questionário tentando identificá-los :/ :P).
    Pelo visto, feeds são os campeões para acompanhar notícias e blogs, pelo menos dentre os que comentaram.

  5. Tenho uma certa preocupação se as pessoas passarem a ler apenas o que os amigos dizem da mídia. Pois, como sabemos, os jornalistas têm uma certa preocupação e obrigação ética com o tratamento da informação. Se lermos apenas o que nossos amigos dizes, poderemos estar caindo numa opinião deles e acabando por ignorar outros fato.
    Ah, é importante ressaltar que sempre será necessário alguém que esteja lendo a mídia para comentar e os outros lerem.
    Mesmo acreditando em todas as possibilidades da Web para o jornalismo, vejo que ainda estamos muito no início para conclusões precipitadas e sempre gosto de usar o exemplo dos investidores buscando informação para fazerem seus investimentos. Eles continuam buscando notícias em veículos como a Folha para tomarem suas decisões.
    Legal a postagem, vale mesmo um TCC.
    não esquece e-TCC 😛

  6. Robson: obrigada pela visita! 🙂 Não foi mesmo uma boa idéia fazer essa pergunta. O objetivo principal era testar a ferramenta de formulários do Google – mas acho que acabei errando na abordagem, na metodologia, na pergunta, enfim, em tudo 😛 Há outros caminhos bem mais viáveis para descobrir de onde vêem os leitores do blog (e que indicam que a imensa maioria vem pelo Google).
    Gilberto: mas assim…. os amigos também indicam matérias da mídia tradicional, sugerem textos da grande mídia. O consumo social das notícias permite ter acesso a um conteúdo que já foi processado por alguém que leu antes, achou interessante, e resolveu indicar. Também acho que sempre haverá espaço para o jornalista – como mediador, como hieraquizador, como aquele que fornece a informação pura, teoricamente isenta e imparcial.

  7. Puxa, eu queria ter respondido ao questionário, mas estou com problemas graves de tempo para comentar direitinho em blogs.
    Ah, aproveitando o ensejo, o cevas e blogs deveria ocorrer a cada dois meses ou quando um blogueiro de fora aparecesse.
    Ou seja, aparece em POA que a gente dá um jeito!

  8. “Mas será que as pessoas realmente acompanham o que diz a grande mídia, ou preferem ler o que seus amigos dizem sobre o que diz a grande mídia? ”
    Agora me diga, Gabi: qual a razão de se ter um dispositivo que reproduza em linguagem coloquial aquilo que a mídia mainstream noticia?
    Me parece uma redundância absurda, non-sense, que não interfere na qualidade da notícia nem em seu grau de credibilidade.
    Por essas e outras é que não vejo o Twitter como algo revolucionário. Dizer “vocês viram o que deu na Folha?” é algo tão agenda-setting quanto os papos de vizinhas nas varandas de casa.
    Dissestes bem:é reverberação. Zero criação. Zero conteúdo. A menos que a indicação venha acompanhada por um comentário de quem a faça. Mas isso não é coisa que caiba em Twitter…
    Abração!

  9. Pois é, Ana, de certa forma não faz sentido usar uma nova ferramenta para fazer o que em tese já pode ser feito de uma forma bem mais prática por outras vias.
    Acho que já entrei em um período de desilusão com o Twitter (pelo menos quanto aos usos jornalísticos), antes mesmo de iniciar a escrever a monografia 😛

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