A renúncia de Fidel Castro e a mídia

Uma postagem de Marshall Kirkpatrick no ReadWriteWeb analisa o papel desempenhado pelas mídias sociais na cobertura da renúncia de Fidel Castro. A idéia geral é a de que, na Web 2.0, as pessoas consomem cada vez mais notícias de forma social (através de redes sociais, de indicações de amigos, em blogs), e, por isso, uma análise de como foram essas coberturas seria algo pertinente. O post segue a linha do Uncov, que faz divertidas críticas a empreendimentos de Web 2.0.
Os sites Digg, Mahalo, Memeorandum (não conhecia, é uma espécie de agregador da blogosfera política), Slashdot, Technorati, Twitter e Wikipedia foram analisados. Como considerações gerais, Kirkpatrick constata que o Twitter é o melhor lugar para ficar sabendo primeiro dos fatos (as informações fluem de forma rápida), porém não é bom para acompanhar os desdobramentos do acontecimento (okay, nenhuma novidade nisso – vide a categoria microblogging ali no menu ao lado). Já o Mahalo, com suas páginas de resultados construídas manualmente, fornece uma boa quantidade de links para quem busca informações básicas sobre o fato, já no meio do desenrolar do acontecimento. Por fim, a Wikipedia seria o melhor caminho para acompanhar os desdobramentos de um fato (numa espécie de megajornal em tempo real).
A partir do questionamento “What social news site can break the news, offer quality background resources and stay relevant for a global 24 hours news cylce? So far, no one but mainstream media has proven able to do that”, Kirkpatrick analisa site por site, vendo o destaque conferido ao fato logo que a renúncia foi anunciada, e mais tarde, algumas horas depois. Com isso, ele percebeu que a maior parte desses sites não continuou a dar destaque a Fidel Castro ao longo do dia. A conclusão a que ele chega é no sentido de que o potencial da Web 2.0 para notícias é imenso, mas que nenhum dos sites analisados teria conseguido fazer uma cobertura completa por si só.
Mas, espera aí… quem disse que a mídia social precisa fazer exatamente a mesma coisa que a mídia tradicional? Qual é a graça de imitar o que já faz a grande mídia??? Outro problema é que a análise leva em consideração o número de notícias, a quantidade de tempo que o fato permaneceu em destaque nas redes sociais, e não tanto o que foi dito e como foi dito. E conclui que a cobertura social foi um fracasso, sem nem ao menos analisar o conteúdo do (pouco) que foi dito. Será que as pessoas realmente queriam mais informações sobre o caso? Será que o tempo que o fato ficou em destaque nas redes sociais não demonstra o grau de importância que as pessoas realmente deram ao fato (em contraposição ao tempo excessivo que a mídia tradicional achou que ele mereceria)? E tem mais… nos comentários ao post, as pessoas se deram conta do fato de que a análise feita pelo ReadWriteWeb desconsiderou completamente a cobertura em espanhol sobre o caso – provavelmente a maior e mais completa.
Bom, de qualquer modo, passadas mais de 24 horas do fato, lanço a pergunta: como você tomou conhecimento da renúncia de Fidel Castro? Foi por blogs, pelo Twitter (enfim, pelas mídias sociais), por um site de notícias tradicional, ou por algum outro meio? E o meio escolhido foi suficiente, ou você precisou procurar mais dados por outra via?

13 thoughts on “A renúncia de Fidel Castro e a mídia

  1. Eu soube da renúncia lendo o site da UOL, e confesso que ainda não me aprofundei nadica de nada!
    Na correria do dia-a-dia acabo não analisando minha forma de consumir notícias – sei que, de um tempo pra cá, abandonei os jornais impressos e comecei a procurar mais na internet aquilo que me interessa – nesse momento percebi que perdia muitos enfoques mais “alternativos” lendo apenas aqueles. É isso que as mídias sociais nos possibilitam, uma certa liberdade de pensar ao ler a notícia, sem aquele pacote congelado de idéias prontas. Tem muita notícia inchada de informações inúteis, mas que estão lá para mascararem um “grande” conteúdo com “muita” importância.
    O caso do Ryan Grace, por exemplo. Pra quê tanto enfoque? Tanta mentira, entendimentos distorcidos…agora o cara “foi morto” e virou bonzinho?
    ¬¬”
    Por falar em mídias sociais, até to tentando me familiarizar com o delicious, mas tá difícil.. cada dia ele aparece de um jeito no meu blog :/ achei legal a idéia de adicionar links sem ser aos favoritos e poder acessá-los de qqr lugar :))

  2. Gostei muitíssimo deste post pela forma como você abordou o tema e pela sua paixão rara em tomada de posição, com todo respeito. Achei o máximo.
    Recebi a notícia através do G1 da Cora Rónai no Twitter, uma casualidade pois não sou frequentadora de Twitter e Facebook e outros apêndices da vida blogueira.
    Simplesmente, a notícia saiu primeiro no Brasil devido ao fuso horário. E saiu completamente deturpada aqui nos EUA por causa dos problemas políticos entre Cuba e os EUA.
    Acho que a conbinação de apêndices de blogs, blogs, jornais on-line e jornais de papel são a melhor forma de saber realmente o que acontece. Isso é para quem tem tempo ou é fissurado na notícia. Logo, é mais fácil ir na onda do disse-me-disse, né?

  3. Resultado parcial: 50% ficou sabendo da notícia de uma forma mais ou menos tradicional (home page do UOL) e 50% de forma “social” (Google Reader, Twitter). [Não sei como classificar o e-mail :P] E não sei quanto a vocês, mas, de minha parte, depois que li uma twittada, uma postagem de blog e uma notícia sobre o caso (não necessariamente nessa ordem), não procurei saber de mais nada. Para mim o assunto tinha acabado ali 😛
    Gilberto: bom, teu caso parece ser uma dupla exceção, por ter recebido a informação por e-mail, e também ter procurado por notícias da mídia de lá. É um caminho diferente, ao menos.
    MC: hehe, se serve de consolo, tbm não sei ao certo onde vi primeiro 😛
    Matheus: bem-vindo ao blog! 🙂 Pelo feed é um caminho interessante de chegar a uma informação. No caso, foi a informação que chegou até vc 🙂
    Fernanda: ao consumir fatos que já passaram pela avaliação de outros, a gente sente que a coisa já vem ‘filtrada’, mais voltada aos nossos interesses… é legal isso 🙂 E faça isso mesmo, dê uma chance ao del.icio.us. É tão bom poder levar os bookmarks para qualquer lugar 😀
    Tina: Pois é, não sei quanto às outras pessoas, mas para mim parece meio insano demais ficar o dia todo acompanhando a tela inicial do Digg, por exemplo, para saber o que aconteceu após a renúncia de um ditador em um país da América Central. Slashdot, então, nem se fala 😛
    E sigo mais ou menos esse caminho traçado por ti para acompanhar as notícias. Não fico só na “mídia tradicional” (jornal em papel, jornal online), nem exclusivamente acompanho os fatos pelas “mídias sociais” (Twitter é bom para saber o que está acontecendo no momento, para depois se buscar mais informações em blogs, ou na própria mídia tradicional…).

  4. Eu fiquei sabendo do fato através do twitter (CNN) e fiquei por dentro da notícia mesmo através da Folha de São Paulo. Me espantei tanto com a notícia que tive de ir na Folha para confirmar e ler tudo sobre o fato. Digamos que o twitter foi a minha instantaniedade (CNN) e a Folha o complemento para preencher a notícia. De certa forma, uma construção coletiva.
    Beijo Gabi!

  5. Eu vi o pessoal comentando no twitter e, como sempre procuro fontes “mais confiáveis”, fui pra folha. Só li a manchete, já era suficiente pra confirmar. Hoje é que vou aos blogs de política pra ler a repercussão.
    O que eu sei é que a renúncia dele não faz a menor diferença… ainda.

  6. Google Reader, lá pelas 9 e pouco da manhã, via blogs de hermanos argentinos. A melhor matéria que li foi no El Pais.
    Li em algum blog (não me lembro mesmo onde) uma observação interessante: a renúncia do Fidel ocupou tanto espaço, rendeu tantas retrospectivas e etc., que quase pareceu que ele havia morrido…

  7. João: confesso que o título original deste post era “A morte de Fidel Castro e a mídia”. Felizmente, dei-me conta do lapso de digitação antes de salvar o arquivo (e o permalink escapou ileso). Mas foi por pouco 😛 Foi tanta cobertura, tanto destaque, que parecia que o cara tinha morrido mesmo…

  8. Televisão, por mais que já esperasse por isso na semana mesmo pq domingo tinha o aggiornamento no parlamento cubano, não deixou de me chatear, essa é que a verdade, a cobertura da imprensa argentina foi majoritariamente bem fascistóide. O contraponto era dado por opiniões de grandes expoentes da esquerda figuras fortes, mais parcialidade. Quem fala aqui é alguém simpatissimo a Revolução e ao Fidel. Mas o noticiário por lá pelo menos, nos jornais também a tonica foi a mesma, na parte grossa da noticia mais a direita, contrapondo com colunistas de esquerda.
    Mas acho que o principal deixou de ser dito, é o ultimo mito vivo, isso diz muito. Não o suficiente mas isso não foi o proposto. Então me limito a responder a pergunta hehehehe.

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