Mercado de trabalho para jornalistas

Versão pessimista: A concorrência no mercado de Jornalismo no Brasil é grande. A cada ano, milhares de novos jornalistas saem da faculdade e tentam ingressar no mercado de trabalho. O ingresso no curso de Jornalismo se torna a cada ano mais concorrido. Mas o número de vagas nas grandes empresas jornalísticas do país não cresce na mesma proporção. O resultado é muita gente desempregada, ou tendo que ir trabalhar em outras áreas. E esse cenário assusta.
Versão otimista: O mercado de trabalho para o jornalista é bastante concorrido. Mas basta ser um profissional versátil, que sempre haverá uma vaga para quem realmente se esforça e procura. Além do mais, hoje em dia, com um pouquinho de espírito empreendedor e uma boa visão de mercado, é possível começar o próprio negócio. Nunca se teve tantas possibilidades, e muitas delas surgiram em decorrência do avanço da web. Existe vida além do jornalismo tradicional, fora das redações. E o primeiro passo é reconhecer isso.
Em qual desses cenários é mais fácil acreditar?
periodista_frustrado.jpgO Colegio de Periodistas de Chile iniciou, no final de 2007, uma campanha no mínimo curiosa. Intitulada “Não seja um jornalista frustrado“, a ação objetiva buscar esforços para esclarecer aos ingressantes nos cursos universitários de Jornalismo no país a necessidade de se observar a qualidade dos cursos e o campo de atuação do jornalista. O motivo? Um estudo realizado pela Universidade Adolfo Ibañez indicou que, após dois anos de formado, um em cada cinco jornalistas do Chile estava desempregado. Dentre os 80% que conseguiam emprego, 44% não trabalhavam como jornalistas. (Não sei como andam as porcentagens aqui pelo Brasil. Mas ver os colegas se formar e não conseguir emprego assusta mais do que um punhado aleatório de estatísticas.)
É comum atribuir o problema da falta de emprego à má qualidade dos cursos. Mas será que o problema está apenas na formação? Será que em parte também o problema pode ser culpa do aluno? Fazer um curso universitário não é uma garantia de que se adquirirá conhecimento, de que se estará preparado para o mercado. A única obrigação da universidade é fornecer os subsídios e as ferramentas (livros, aulas, atividades extra-classe) para que o aluno construa o conhecimento. Mas fazer um curso não garante que se esteja preparado para a profissão. E muito menos estar formado garante o ingresso no mercado de trabalho.
Embora não haja uma fórmula definitiva para sair do curso de Jornalismo com um emprego garantido, há inúmeras listas e sugestões do que fazer para quem, como eu, ainda é estudante e quer aproveitar ao máximo o tempo de graduação para facilitar depois o ingresso no mercado de trabalho. Abaixo, segue a lista elaborada por Greg Linch, estudante de Jornalismo da Universidade de Miami, que, em seu terceiro ano de universidade, já traz na bagagem um currículo bastante vasto e invejável – mais ou menos na linha do que representa o Dave Lee para o Reino Unido. A lista é na verdade uma compilação de sugestões e recomendações disponíveis sobre o assunto web afora (meus comentários estão entre parênteses):
1. Use bastante a Internet (algo como: existe vida além do Orkut).
2. Leia blogs sobre jornalismo online (uma boa dica é seguir o caminho da primeira edição da Ciranda de Textos).
3. Comece um blog (se você ainda tem dúvidas quanto a isso, vale a pena ler a discussão iniciada no LinkedIn e continuada no Online Journalism Blog).
4. Aprenda a contar histórias de mais de uma forma (aqui vão algumas dicas).
5. Sites importantes: entre para o LinkedIn (substituto brasileiro: Via 6) e adicione o Poynter aos seus favoritos (substituto brasileiro: Observatório da Imprensa? Jornalistas da Web? Comunique-se?)
6. Você tem experiência? Trabalhe nos veículos de sua universidade, e procure por experiências fora da faculdade (também conhecido como: estágio).
7. Utilize os recursos da universidade: converse com alunos mais antigos, e conheça seus professores (e também cabe a ressalva de que se deve procurar fazer isso ainda antes de entrar para o curso).
8. Networking: faça contatos.
9. Conheça o mercado. Leia sobre ele (siga a bolinha e acompanhe os textos desta edição da Ciranda).
10. Esteja aberto a mudanças (o que permite retornar a um dos pontos iniciais deste post: nem todo jornalista precisa necessariamente trabalhar como repórter).
(Veja a lista original aqui.)
As dicas não garantem um emprego. Mas certamente ajudam a deixar o estudante de Jornalismo um pouco mais preparado para, ao término da faculdade, tentar o ingresso no assustador mundo do mercado de trabalho. Ou, pelo menos, nos ajuda a ter uma visão do mercado um tanto mais realista (na verdade, confesso que a minha visão é a mais pessimista possível, ainda mais depois da discussão que houve na lista de Jornalistas da Web a partir de uma vaga para jornalista por lá postada que oferecia um salário relativamente baixo – essa discussão inclusive acabou inspirando a temática desta edição da Ciranda de Textos).

*Conforme antecipado alguns pixels acima, este post faz parte da segunda edição da Ciranda de Textos. Esta rodada está sendo hospedada no blog Meio Digital.

9 thoughts on “Mercado de trabalho para jornalistas

  1. Gabriela:
    Estou confusa. Fui ao blog Meio Digital e não vi este post lá. Será que estou ainda mais confusa que achava que estaria?
    Se você estiver com tempinho para cinema, catei vários YTubes históricos referentes à noite do Oscar©. StarWars, Liz Taylor, essas coisas vãs.

  2. Gostei do texto, e das dicas, pra mim q sou do segundo semestre de jornalismo, são ainda mais interessantes.

  3. Gabriela
    Adorei seu texto,mas acredito que ser jornalista é muito mais que isso tudo, depois e até mesmo antes da conclusão do curso, o verdadeiro e futuro Jornalista têm que dar a cara a tapa e apreder a escutar o não, pois com certeza um dia receberá um SIM.
    Não ficar com os braços cruzados e ir à luta, começando pelos estágios, que é o ínicio de tudo e mais um pouco. Na carreira promissora de um Bom,Ótimo ou quem sabe Excelente Jornalista…

  4. Curso o 2º ano de Ciências Contábeis e minha vontade sempre foi buscar minha realização no Jornalismo, porém pesquisando sobre, me deparei com um mercado um tanto quanto “competitivo” que me deixa com mais dúvidas…mudar ou não de curso? Espero ajuda de estudantes de Jornalismo a me dizerem que o curso é simplesmente O MAXIMO…rs

  5. Oi Tenho 16 anos e no fim do ano que vem vou engressar na faculdade.Pretendo desde os 13a o curso de Jornalismo, mas após fazer pesquisas e ver os comentários por ai a cada dia me desanimo mais.Gostaria de dicas de como me preparar para o mercado que terei de enfrentar, se posso fazer algo antes da faculdade algum curso ou coisa do tipo.Aguardo Resposta se possivel por imail.

  6. Sou jornalista, apaixonado pela profissão, a ponto de ter largado a faculdade de direito no terceiro ano para fazer jornalismo. No entanto, não recomendo para ninguém pelo abismo existente entre a faculdade e o mercado de trabalho. Pouco do que você aprender na faculdade será colocado em prático, caso você faça parte da minoria de sortudos que conseguem emprego na área. A válvula de escape é a assessoria de imprensa, que está muito distante do jornalismo propriamente dito.

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