Afinal, o que é um microblog?

O que é o Twitter? — Sim, eu sei, é um microblog. Mas e o que é um microblog? Um blog pequenininho?
A primeira vez que tentei definir o Twitter, ainda em 2007, saiu assim:

“O Twitter é um microblog. Um microblog é uma ferramenta que permite atualizações rápidas e curtas e, se possível, a partir de uma multiplicidade de suportes diferentes. É possível atualizar o Twitter, por exemplo, pela web, por instant messaging (IM), ou até pelo celular – por short message service (SMS) ou internet móvel.” (daqui).

Apesar de simplória, essa definição já chegou até mesmo a ser descaradamente copiada, com as mesmas vírgulas, sem referência alguma, em um artigo científico de uma desconhecida numa revista acadêmica (mais detalhes sobre esse assunto em posts futuros; aguarde). Mas, sei lá, dizer que um microblog é qualquer coisa que permita atualizações rápidas e curtas é muito limitado, ou não?
Mais adiante, passei a adotar a definição de José Luis Orihuela, segundo o qual o Twitter seria uma mistura entre blog, rede social e mensageiro instantâneo (parti dessa definição neste trabalho, por exemplo). Tentando ampliar as considerações do autor, pode-se dizer que o Twitter seria blog na medida em que envolve a publicação de conteúdo em ordem cronológica inversa. Seria rede social porque nele cada pessoa é representada por um perfil, há uma lista de contatos, e pode-se interagir uns com os outros. Já o caráter de mensageiro instantâneo decorreria da limitação de tamanho a cada atualização, e do fato de que as pessoas costumam ficar bastante tempo online nele, o que faz com que se possa estabelecer conversações síncronas – como numa espécie bizarra de MSN coletivo.
O interessante dessa definição é que ela não se prende a um ou outro aspecto dos microblogs – e sim faz uma analogia com o pouquinho que o Twitter tem de cada coisa.
Só que aí, quando a gente está quase aceitando que o Twitter é isso, eis que surge algo tipo o Plurk. O Plurk foge completamente à idéia do que se imagina para um blog – as postagens são exibidas em ordem cronológica inversa, mas dispostas numa linha do tempo. Onde já se viu, blog em uma linha do tempo??? Por outro lado, há a possibilidade de se responder plurks, o que de certa forma guarda semelhanças com a relação entre postagens e comentários em um blog.
E nessa situação a gente começa a se perguntar até que ponto os microblogs são “micro” e “blogs” mesmo. Ou será que já se tornaram um gênero autônomo, tão autônomo que de blog só possuem o sufixo no nome? E será mesmo que são tão micro? Claro, não dá para escrever um tratado em 140 caracteres. Mas dá para desdobrar uma informação entre vários tweets, ou então vir a complementá-la por intermédio de links para outros textos.
Também não sei por que cargas d’água fui me preocupar logo com isso. Qual a relevância prática de se discutir a definição de um fenômeno? Realmente importa saber se os microblogs são micro, se os microblogs são blogs, ou que raios é isso? As definições, as categorias, são apenas modos de classificar o mundo: ajudam a melhor compreender as coisas. Por outro lado, toda e qualquer tentativa de definição será sempre necessariamente reducionista (lembrando que generalizar é também sempre uma coisa perigosa).
E que tal se a gente definisse microblogs e Twitter como um bebedouro virtual? Como um bate-papo pós-moderno (aliás, o termo pós-moderno, por si só, mereceria toda uma discussão à parte)? Como a versão pública e via web das mensagens de celular? Como uma forma alternativa de representar as coisas? Como uma ferramenta comunicacional peculiar? Como a democratização das frases curtas? Como uma tentativa forçada de reduzir idéias e pensamentos a 140 caracteres – e, dessa forma, ajudar-nos a melhor compreender o mundo?
Alguém aí tem uma idéia melhor de como definir microblogs e o Twitter?
E, só para complicar um pouquinho: o Tumblr é microblog também?

7 thoughts on “Afinal, o que é um microblog?

  1. Na minha vã ignorância, acredito que o microblog forma uma espécie apartada, tal qual blog, fórum, rede social e outras. Isso porque, como seu texto diz, dada as características dos microblogs, é impossível situá-lo numa das espécies pré-existentes.
    E quanto ao tumblelog, ele segue a mesma linha: uma nova espécie. São espécies bem pequenas se considerarmos o ambiente como um todo, mas tal qual os peixes-boi na fauna, o fato de serem poucos seus representantes não as desqualificam como espécies 🙂 .
    []’s!

  2. pois é. se é difícil definir um só, o que fazer com as mutações, não? 🙂
    então começo pelo final. se pudermos deixar o pós-moderno de lado e usar a âncora do tio Bauman, poderíamos bem definir a “cena” como mídia líquida: meios e ferramentas de comunicação que servem a qualquer escala, descentralizados, em beta permanente e com muitos pontos de contato entre si – que geram novos produtos e/ou funcionalidades, seguindo o fluxo da necessidade do usuário (idealmente).
    blog, twitter e tumbler são ferramentas diferentes, com finalidades diferentes. (alguém pode dizer que todas servem para comunicar, claro, mas a gente tá na especificidade, certo?). e ao se tentar focar nas características para desenhar a definição, pode-se ficar à deriva diante de qualquer nova funcionalidade adicionada, e que pode “borrar” essa definição.
    ainda,
    • acho que a definição do Orihuela para o twitter é boa. para agora.
    • o plurk modifica a apresentação do conteúdo, mas é algo que os blogs já vinham experimentando, em escalas e maneiras diversas. a diferença é que o plurk é um serviço que efetivamente apresentou a mudança como feature. não acho que desafie a definição de blog; sigo achando que blog é mais ferramenta do forma de apresentação de conteúdo.
    • não que eu ache que o plurk seja uma ferramenta de blogagem! acho que a estratificação blogagem vs. microblogagem tem lugar, sim. não são a mesma coisa e não servem ao mesmo propósito.
    • e o tumbler entra na microblogagem? grosso modo, não seria ele um twitter de imagens – mas ao mesmo tempo em que retoma a antiga concepção do web log? “gender bender”, eh?
    acho fascinante a busca pelas definições (que só tratei de complicar com os pensamentos soltos aí de cima hahahah). o pobrema é que definição é uma descrição definitiva, e é um desafio aplicar algo assim à web. principalmente a dita 2.0.
    beijo!

  3. Não sei o que é microblogs, mas sei algumas coisas que ele não é (ou não deveria ser):
    – Leitor de feed. Tem gente que usa o Twitter unicamente para dizer que atualizou seu blog, colocando o título do post e um link. Isso é chato! Se quero ler seus textos vou lá e assino o um RSS.
    – Chat. Ficam de bate-papo. Ficam se conhecendo por Microblog é foda!

  4. Então, já sabemos o que os microblogs não são (leitor de feed e chat), e também o que eles seriam caso fossem animais (peixes-boi). 😛
    Talvez a solução seja quebrar a palavra no b. Microbs são uma coisa, logs são outra. A essência dos logs está presente em todas as formas – blogs (web-logs), tumblelogs (tumbles – logs) (e fotologs, videologs, moblogs, [insiraalgumacoisaaqui]logs). Logs são registros. Ora, microblogs, tumblelogs, blogs, enfim, tudo são formas de deixar registradas nossas impressões no ciberespaço. 🙂 – distintas formas, mas eis aí um elo comum entre elas. Ou não.
    Enfim, melhor se agarrar no Bauman e aceitar que tudo é líquido, e as definições são fluidas… 🙂
    Mais alguém arrisca? 😀

  5. Leva em conta o que eu sempre coloco aqui é opinião de leigo….
    Mas me parece que um mecanismo como o twitter por exemplo com características muito próprias, por mais que tenha reminiscências do blog é antes de qualquer coisa muito mais dona de si, na hora de ser definida, do que filha do blog.
    Me lembro de tu já ter falado que era uma espécie de bebedouro virtual, concordo também que é um método de democratização das frases curtas. A peculiaridade de um instrumento como o Twitter ( que é o único dos citados com o qual eu tenho alguma familiaridade ) é o que transforma a análise do que vem antes dele sempre necessária ( aliás tudo que for objeto de análise assim tem que ser estudado ). Agora, mais importante, sem deixar desnecessária o que precede ela, é saber que as ferramentas de comunicação rápida são de uma peculiariadade que me parece fazer com que a parte mais importante de estudo deste fenômeno é o que ele é e pra onde vai. O microblog devia também perder esse nome e ganhar algum novo, nas ferramentas de 140 caracteres o conteúdo e a maneira de uso é totalemnte distinta de um blog convencional. Mas como o nome é microblog, eu fico com a tua definição Gabi que é na mosca, um método de comunicação rápida, curto e peculiar. Acrescento que deve ser essencialmente estudada devido a peculiaridade apartir da existência presente dela, fazendo o estudo e a busca de onde ela surgiu como um trâmite, necessário, mas não da mesma relevância do presente e das mudanças que o objeto recebe e terminarão por moldar aquilo que será o futuro desta tecnologia.

  6. sabe que fiquei com esse papo na cabeça?
    e tu antecipou a referência que eu vim fazer: logs. talvez, sim, seja preciso olhar o gênero comum entre eles, o log, a coleta, o link, o eco. no somatório, a nuvem de informação do usuário é a blogagem. ou melhor, todos os processos realizados para formá-la.
    assim, eu afastaria o termo microblogging da definição de twitter. pra ir na direção de – ferramenta de comunicação baseada na internet com limite de 140 caracteres. que une o conceito – e o uso – do SMS às características de rede social da web2.0.
    o que, afinal, seria microblogging? o micro quer se referir a uma tecnicidade do sistema, a blogagem é o processo; o termo leva à confusão. se eu faço apenas posts curtos no meu blog convencional, isso é microblogging? e isso leva forçosamente a admitir um “macroblogging” pra posts com mais de três parágrafos e/ou UGC e/ou etc. ainda na perspectiva do blogar como o amplo processo de coleta, criação e retransmissão de informação, o que existe é apenas o blogging – em maior ou menor volume de acordo com o usuário/transmissor.
    também me parece que é uma forma segura de fazer referência a blog e suas ferramentas, menos vulnerável a marcas/empresas/hype etc 🙂
    (microblipping… hardflickering… argh…)
    😀

  7. Oi! navegando pela internet a procura de uma ferramente para minha empresa onde eu pudesse ter uma “espécie de blog”, neste caso eu estava a procura de um “livro de plantão” para que a minha equipe que trabalha em locais diferentes e em esquema de plantão onde a cada 06 horas ou 12 horas um fica responsável (á distancia)por todos os clientes; eis aí o motivo da minha pesquisa por termos clientes em locais diferentes e haver a necessidade de que cada um de nós saiba o que acontece com cada um dos clientes e o atendimento de forma geral, bem como pendências, problemas resolvidos e a resolver, intercorrências etc; então achei vcs e pergunto será que um microblog poderia resolver meu problema que é; TER UM LIVRO DE PLANTÃO ON-LINE, SEGURO E RESTRITO APENAS A EQUIPE DE TRABALHO; ONDE POSSA SE ACESSAR A QUALQUER HORA E QUALQUER LUGAR PELA INTERNET, E QUE SEU CONTEÚDO (“POSTS”?) FOSSEM DE ACESSO EXCLUSIVO DA EQUIPE; GOSTARIA DE RECEBER RESPOSTAS SOBRE ESTE ASSUNTO E SE POSSÍVEL SOLUÇÕES; VALEU!! DESCULPEM A IGNORÂNCIA MAS A GENTE CHEGA LÁ!!

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