2009: o ano do jornalismo no Twitter?

foto aviao
Foto postada por Janis Krums no TwitPic
Steve Clayton, em um post recente, discute o Twitter como a nova fronteira para o jornalismo. A discussão parte de uma foto do pouso do avião no Rio Hudson na semana passada, tirada por Janis Krums, que estava próximo ao local, e que foi postada inicialmente no Twitter, através do TwitPic (reproduzida acima). Segundo Clayton, essa fotografia marcaria a entrada do Twitter na mídia mainstream e a emergência da Internet em Tempo Real. Estamos diante, então, de pelo menos duas discussões:
Twitter e mainstream
No texto, ele discute que 2009 seria o ano em que o jornalismo no Twitter finalmente se tornaria mainstream (Clayton se refere ao fato de que o caso da foto do avião no Twitter chegou a ser bastante discutido na mídia tradicional). Não sei se chegaria a tanto – afinal, embora a ferramenta tenha tido um grande crescimento no número de usuários no último ano, ela ainda está um pouquinho longe do mainstream. Mas acho que dá para ao menos prever, com uma certa margem de segurança, que a ferramenta passará cada vez mais a ser usada para cobertura de fatos e eventos, em uma espécie de microjornalismo cidadão em tempo real (e o número de usuários vai continuar aumentando).
Twitter e tempo real
O grande potencial do Twitter está na rapidez da informação: pode-se usar celulares e outros dispositivos móveis para reportar acontecimentos assim que eles acontecem, direto do local do acontecimento. Há ainda inúmeras ferramentas auxiliares que permitem estender o limite de 140 caracteres, se for preciso (TwitBlogs), incluir imagens na atualização (como o próprio TwitPic), dentre outros recursos.
(via Ponto Media)

Mais sobre Twitter e jornalismo
Aqui no Brasil, o Tiago Dória também discutiu a foto do avião. Sobre o tema, ele fez dois comentários: 1. Krums enviou direto para o Twitter (ele não pensou em enviar para um jornal, ou para um site jornalismo participativo; mandou direto para seus contatos), e 2. Embora as primeiras informações tenham sido postadas no Twitter, as informações detalhadas sobre o acontecimento puderam ser acessadas, logo depois, em jornais online. Conclusão de Tiago Dória a respeito disso tudo: os dois tipos de mídia – a “velha” e a nova mídia – tendem a coexistir: “O Twitter reuniu os primeiros relatos e a chamada grande mídia trouxe a informação editada, mais organizada e legível”. Acho que, ao menos por enquanto, o caminho seria por aí: o Twitter é bom para acompanhar os últimos acontecimentos, mas talvez não muito adequado para acompanhar fatos cotidianos ou os sucessivos desdobramentos das notícias.
Aliás, isso nos remete a uma grande (não sei quão grande) limitação do Twitter para o jornalismo (inclusive, já abordei isso por aqui antes): a timelime é ótima para ficar sabendo de algo assim que acontece. Entretanto, por vezes, se torna bastante complicado acompanhar o que foi dito, especialmente algumas horas depois de um determinado acontecimento. Exceto pela busca por palavras-chave, não há, ainda, outro mecanismo para rastrear o caminho da informação. Com uma simples busca por palavra-chave, fica bem complicado separar o joio do trigo, o conteúdo digamos mais, relevante, dos demais comentários do público. Como paliativo, há as hashtags, mas nem todo mundo se lembra de usá-las, fora que também geralmente há várias tags sendo usada para um mesmo acontecimento. Claro que há caminhos para solucionar essa limitação, como partir dos tweets para reconstruir a informação e postá-la em outro lugar. Um exemplo bem interessante foi o que fez Alexandre Gamela com o incidente do avião no Hudson.
Outra saída interessante é buscar acompanhar as informações por uma das inúmeras ferramentas construídas com a API do Twitter: Quer saber o que está sendo discutido no momento? Acompanhe a tag cloud do TwitScoop! Quer saber tudo o que é dito sobre um determinado assunto? Twitter Search ou Twilert podem ser uma saída. Ferramentas para acompanhar acontecimentos é o que não falta. E gente com disposição para postar informações também não.
Outro problema prático é a discussão quanto à credibilidade das informações postadas no Twitter. A BBC já havia discutido esse aspecto por ocasião dos atentados em Mumbai. Clayton menciona em seu post o TweetNews, um mashup Twitter + Yahoo! que busca por notícias e tweets relacionados – uma proposta de saída interessante. No mais, para quem tiver interesse no assunto, recomendo a leitura do artigo da Raquel Recuero no Jornalistas da Web: Informação e Credibilidade no Twitter.

Em síntese, em 2009…
– O Twitter vai continuar a crescer.
– Seu vizinho vai continuar não sabendo que raios é o Twitter.
– As pessoas vão passar cada vez mais a usar a ferramenta para reportar acontecimentos – em especial no caso de breaking news.
– A credibilidade das informações vai continuar sendo discutida.
– As organizações jornalísticas vão passar a ter mais presença na ferramenta.
– Novas experiências vão surgir para tentar organizar o caos da informação no Twitter – mashups, coberturas colaborativas, enfim, o céu é o limite.

Em tempo: aqui em Pelotas, temos usado (leia-se: começado a tentar usar) a tag #pelotasnews para nos referir a fatos e acontecimentos sobre a cidade no Twitter. Todo o conteúdo é depois “puxado” e reunido em uma conta única (@pelotasnews). O sisteminha é simplíssimo e arcaico, mas já seria uma baita mão na roda para o pessoal daqui – considere o fato de que não há, no momento, nenhum jornal online voltado para assuntos da cidade.

Post relacionado: 2008, o ano dos mashups?

8 thoughts on “2009: o ano do jornalismo no Twitter?

  1. Oi Gabi, tudo bem?
    Bem interessante seu post. Acho que vale ressaltar também a maneira de se produzir conteúdo por meio do twitter. Em semana de Campus Party, por exemplo, há um turbilhão de mensagens sendo postadas o tempo todo, mas muito pouco pode ser aproveitado. Muita gente fala sobre cobertura por este canal, mas pouquíssimas pessoas sabem aproveitá-lo mesmo como ferramenta de comunicação.

  2. Gabi,
    Não enxergo o Twitter como a nova fronteira do jornalismo, mas apenas como mais uma ferramenta que pode ser bastante útil a ele.
    Por exemplo, a limitação de 140 caracteres praticamente inexiste sendo que vc compartilha URLs dentro dele (e, com compressores cada vez menores, caberão muitas mais).
    A plataforma (que gosto de chamar apenas de microblog, para não personalizar a coisa _afinal, há outros sites congêneres) é extremamente útil para o disparo do breaking news, desde que num ambiente colaborativo (outro dia comentei que, no caso da Igreja Renascer, as tuitadas foram meramente reativas às TVs).
    E curti o esquema do #pelotasnews. Sempre que possível, a padronização da hashtag é o caminho para tornar a comunicação no micrblog menos caótica.
    bjs

  3. Milton: tem até comentários maiores que o próprio post! 😛
    Eduardo: É bem por aí. Quando todo mundo fala ao mesmo tempo, como quiser, temos ruído. Sabendo filtrar os tweets, dá para extrair algo bom disso tudo. 🙂
    Alec: Tendo a achar o mesmo que você: o Twitter não é algo revolucionário que irá mudar o jornalismo, mas algo que pode exercer um papel complementar interessante.
    O uso para breaking news é bastante interessante. Para coberturas também, mas muitas vezes (como na #cparty) acaba se tornando meio que um caos. Enfim, sabendo usar a ferramenta, dá para tirar diversos proveitos dela. 🙂

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