Monthly Archives: December 2005

ACD – parte 2

Texto do dia:Análise de Discurso Crítica: do modelo tridimensional à articulação entre práticas sociais” (Resende e Sebba)

“A Análise de Discurso Crítica (ADC), disciplina com amplo escopo de aplicação, constitui modelo teórico-metodológico aberto ao tratamento de diversas práticas na vida social.”

O modelo tridimensional a que se refere o título foi proposto por Fairclough, na obra “Discurso e mudança social“. De acordo com esse modelo, há três enfoques a se considerar na ACD: texto, prática discursiva e prática social (um englobando o outro, sendo a prática social aquele que engloba tudo). A análise do texto envolve questões como vocabulário, gramática, coesão e estrutura textual. A prática discursiva compreende a produção, distribuição, consumo do texto, contexto, força, coerência e a intertextualidade. Por fim, a prática social corresponde à ideologia e à hegemonia.
Halliday propõe três funções da linguagem que atuam nos textos: ideacional, interpessoal e textual. Num primeiro momento, Fairclough subdivide a função interpessoal em funções indentitária e relacional. Mais recentemente, o mesmo autor propôs uma articulação entre as funções de Halliday e os conceitos de gênero, discurso e estilo, sugerindo, no lugar das funções, três tipos de significados: o significado acional (espécie de fusão das funções relacional e textual; trata dos gêneros), o significado representacional (correspondente ao ideacional no modelo anterior; esfera dos discursos) e o significado identificacional (estilos). E assim, modernamente [?], a prática social se daria numa relação dialética e indissociável entre esses três significados, e a ACD teria por função a tentativa de desarticular as estruturas de dominação, desmascarando a ideologia por trás dos discursos [!].

“O discurso é compreendido como um elemento da prática social, modo de ação sobre o mundo e a sociedade. O discurso, então, é socialmente constitutivo – por meio do discurso se constituem estruturas sociais – e constituído socialmente – os discursos variam segundo os domínios sociais em que são gerados, de acordo com as ordens de discurso a que se filiam.”

Obs.: Não sei se entendi o texto direito. Mas a saga pela compreensão do que é a Análise Crítica do Discurso continua… Ainda tenho bastante tempo (leia-se ‘férias inteiras pela frente’) para tentar entender o que é, exatamente, a tal da ACD (ou ADC… há um plano malévolo no universo que almeja a confundir todos nós…)…

Férias, afinal

Estou em férias.
Ainda não me decidi se isso é bom ou ruim. Ao mesmo tempo que eu não agüentava mais viver entre uma prova final e outra (e isso realmente é complicado quando se faz mais de 10 matérias), também não gosto de ficar parada e não ter nada para fazer.
Vou esperar o desenrolar dos dias. Acho que tédio profundo, assim, extremado, só lá pelo dia 15 de dezembro 😛 até lá ainda tenho muito livro para ler, muita série para ver, muito post para escrever, e muito filme que ainda quero assistir 🙂
Semana que vem vou para Bagé, entregar-me ao mais profundo ócio. Aqui ao menos exerço algum resquício atividade física ao praticar descongelamento de alimentos, arremesso de embalagem de papelão ao lixo, levantamento de garfo e lavagem de pratos (meus esportes favoritos). Lá posso me dar ao luxo de não fazer absolutamente nada, e ainda me entediar com isso.

“Metas” de férias:
– ler
– ler
– ler
– ler
– ver seriados (saudades da TV a cabo…)
– providenciar uma sobrevida ao The Gilmore Girls BR (ou enterrá-lo de vez, o que se mostrar mais conveniente em uma ou duas semanas de férias)
– ler
– ler
– fazer uma lista decente de metas (e efetivamente cumpri-las)
– ler

P.S.: Ainda resta a ínfima possibilidade remotamente quase nula de eu ter pego exame em Direito Penal… é a única matéria que não tenho a nota final… torçam para eu ter tirado ao menos 7,0 na prova de hoje! \o/

Ma français est trés bizarre

Seguindo a doutrina da comunidade homônima do orkut, e com base nas minhas parcas aulinhas do idioma, eis um….

Guia prático para falar francês em 3 minutos:

Regras gerais

     Na hora de ler uma palavra, desconfie de todas as vogais, desconfie de todos os acentos (desconfie de tudo!). Onde está acentuado, não acentue. Onde há u, leia i. Onde há i, leia a. Se for e, leia i. Duvide de toda e qualquer vogal, SEMPRE. No término das palavras, ignore a leitura de toda consoante que parecer que está sobrando na história (exemplo: petit — a palavra indiscutivelmente termina no i; est — o s e o t finais são meras letrinhas simpáticas que acompanham o e onde quer que ele vá)… E, o mais importante de tudo: faça o biquinho. (Como fazê-lo? Simples… engane os outros fingindo que vai dizer um u, faça toda a inflexão vocal de u, mas no fim, diga i…).
     Outra regra interessante é a dos esses.. Onde você acha que não tem s, tem s… e onde é bem provável que tenha, não há… O s do final de uma palavra é tão inútil que, se fosse humano, seria a alegria da psicanálise.
     Entretanto, a desbanalização do som do s sofre uma exceção. Os franceses são fanáticos por juntar uma palavra na outra, sempre que possível (quando a anterior termina por consoante impronunciável e a seguinte começa por vogal). Então, diante de uma palavra iniciada por vogal, a letra s, que seria uma espécie de Valdemort potterniano (aquele-que-não-é-nomeado), perde temporariamente seu caráter de planta pequena que não fala (mudinha) e faz elisão com a palavra seguinte.. Aí originam-se construções toscas, como “vous êtes” (vuzéti — aliás, preste atenção no caráter falacioso do acento da palavra…). Quando ocorre um encontro de vogal ao final de pronome com vogal no começo de verbo ou palavra, os franceses entram em pânico, e tratam de eliminar uma das vogais, o que dá origem, por exemplo, à construção “j’aime” (vide explicação infra) e ao felicíssimo “l’été” (‘o verão’ — ou ‘o extraterrestre’, como preferir :P).

Casos particulares

     O questionamento “Qu’est ce que c’est?”, além de ser um verdadeiro desperdício de letras (tinta, pixels, inflexões vocais, impulsos luminosos, caracteres, bytes, ou o que você preferir), é também uma frase muito útil (mas qual o sentido de tanta parafernália textual para perguntar simplesmente “o que é isto?”). Para pronunciar a expressão, aliás, vale a regra de ouro que diz que toda consoante sobrando no final da palavra é inútil (a pronúncia ficaria algo tosco como… “quêsquecê?”).
     E se alguém quiser te intimidar com um quêsquecê, não tenha dúvidas: a melhor saída é sempre dizer que não sabe “Je ne sais pas” (genecepá)… Na pior das hipóteses, apele para o “je ne parle pas français” (geneparlepá-francê).
     Quêsquecê? Genecepá! Geneparlepá-francê!
      (O que é isto? Não sei! Eu não falo francês!)

     Para dizer allemand, imagine-se engolindo um alemão (tanto faz se em francês ou português). Sua pronúncia sairá tanto mais perto do real quanto mais você for capaz de pronunciar a palavra engolindo-a.

     Contar de 1 a 100 é muito fácil. Você só precisa saber os números de um a dezesseis, e as dezenas do vinte ao sessenta. Un, deux, trois, quatre, cinq, six, sept, huit, neuf, dix, onze, douze, treize, quatorze, quinze, seize… vingt, trente, quarante, cinquante, soixante. O resto você inventa. E é capaz de parecer bem mais verossímil que na realidade! Abuse dos hífens. 88, por exemplo, se diz “quatre-vingt-huit” (sim, isso mesmo, “quatro vintes” oito!). Exercício: como se diz 99?
a) quatre-vingt-dix-neuf (“quatro vintes” dezenove)
b) trois-trente-neuf (“três trintas” nove)
c) novante-neuf (noventa nove)
d) trois-trente-trois-trois (“três trintas” “três três”)
e) deux-quarante-dix-neuf (“dois quarentas” dezenove)

     Há palavras que, ao serem pronunciadas, colocam a pessoa em situação tremendamente embaraçosa. Um exemplo menos leve é falar sobre o “lac Titicaca” (observação: é uma proparoxítona!). Outra situação bizarra é usar o pronome ‘pornográfico’ “nous” (nós) (considere a existência da eliminação compulsória de toda consoante que esteja sobrando no final de uma palavra, combinada com a regra de que todo s é inútil… isso sem falar que “ou” = ú)
     Brincadeira de primeiro grau: repita j’aime várias vezes seguidas (hihihi). Tanto faz se com a pronúncia certa ou a errada (em francês, a pronúncia é bastante similar com a da sigla da montadora de carros “GM”).

Considerações finais

Parabéns! Agora você está apto a dizer que ama tudo (GM), a contar de 1 a 99 e a pronunciar coisas vagas e toscas, como allemand, lac titicaca, e petit — não que com isso não seja válida a frase “GM un petit allemand du lac titicaca”… E se ao perguntar “quêsquecê”, você obter como resposta “genecepá”, não adianta nem querer mandar a pessoa a “la mer” (lá mér…), porque mer é mar… 😛


(brincadeiras à parte… vai dizer que o francês não é um idioma toscamente afrescalhado? :P)

P.S.: para caso alguém leve a sério esta bobagem toda, a resposta do “exercício” é a letra a)

ACD – parte 1

Objetivo: entender Análise Crítica do Discurso
Método: Google 😛
Para começar:Análise Crítica do Discurso: Enquadramento Histórico” (de Carlos A. M. Gouveia Flul)

“A linguagem faz parte da sociedade, é uma prática social e, como tal, é um dos mecanismos pelos quais a sociedade se reproduz e auto-regula.”

No artigo, o autor discorre acerca das origens da Análise Crítica do Discurso, que provavelmente surgiu como um desdobramento da Lingüística Crítica, e teve portanto a mesma origem da Semiótica Social. Na verdade, as três são bastante semelhantes: todas consideram a ideologia como uma presença marcante e indissociável do discurso, tanto a determiná-la, quanto a ser determinado por ela.

“Mas as diferenças entre a linguística crítica, a ACD e a semiótica social ultrapassam tal facto, pois sobretudo reflectem, por um lado, diversos estádios de desenvolvimento de uma mesma teoria e, por outro, aplicação dos mesmos princípios metodológicos, à luz de pressupostos teóricos semelhantes, a diferentes objectos de estudo.”

A grande questão é determinar se as três correntes são no fundo a mesma coisa, se uma é parte da outra, ou se todas são independentes… (na minha opinião, pareceria mais lógico, embora desconsiderando as origens históricas, colocar a ACD dentro da LC, e esta dentro da semiótica social).

Bom, enfim, o texto é bem interessante, mas não ajudou quase nada no objetivo de entender o que é a Análise Crítica do Discurso 😛

Amanhã a busca continua 🙂