Web 2.0

No início da era virtual, os sites da internet limitavam-se a prestar informações aos usuários. Na Web 2.0, a regra é a participação.
A cada dia intensifica-se o movimento de descentralização da Web. Os sites têm se tornado cada vez mais verdadeiros pontos de encontro e confraternização entre os usuários (e não “lugares para se visitar”, como antigamente). É o que ocorre, por exemplo, na tecnologia P2P, empregada por softwares como o BitTorrent, no qual a transferência de arquivos é realizada entre os usuários, que se tornam ao mesmo tempo fonte e destinação dos downloads, pois são eles mesmos que fornecem os arquivos que irão baixar, permitindo uma maior diversidade e disponibilidade de arquivos, algo impensável na internet de alguns anos atrás.
Há também uma nova ordem de classificação de sites (o hiperlink é a base da internet, e atua como elo ligador entre as diversas páginas, fazendo com que a web seja de fato uma teia de informações e interações), antes baseada no esquema da taxonomia e a classificação por diretórios (estáticos, criados pelo site-base) para o sistema de “folksonomy”, no qual o visitante é convidado a participar da escolha da categoria, com o sistema de tags.
Várias características podem ser usadas para descrever o movimento de Web 2.0. Uma delas é que a “contaminação” se dá por via viral: esses sites raramente fazem investimentos pesados propaganda, e seu sucesso ocorre meramente pela satisfação no uso e o conseqüente comentário boca a boca. E, quanto maior o número de usuários, melhor o serviço. Os sistemas melhoram com o uso, já que os usuários podem fornecer novos dados (como o que ocorre com o Google, cujo banco de dados é aumentado a cada pesquisa feita e a cada site criado).
O fenômeno Google, por sua vez, é considerado impossível de ser abalado pela Microsoft por conta de seu dinamismo (enquanto a Microsoft requer que seus usuários a procurem de tempos em tempos para atualizar os programas que utiliza, o usuário do Google apenas precisa acessar os programas como sempre o faz para notar as diferenças automaticamente. É um tipo de abordagem completamente diferente — focado nas necessidades do usuário, e não na geração de lucros —, no qual os ganhos acabam sendo uma conseqüência, e não a mera causa do sucesso).
A popularização dos blogs também faz parte do movimento da Web 2.0. Os antigos sites pessoais não tinham nem metade da interação proporcionada pelo blog. Até mesmo o sistema de postagem na forma de um diário, com os arquivos dispostos em ordem cronológica ascendente, contribui para sua peculiaridade. Os permalinks, baseados na tecnologia RSS, permitem um maior deslocamento entre os posts e a possibilidade de que eles não se percam no tempo.
A Web 2.0 é um serviço, e não um produto. Basicamente, para identificar uma empresa de Web 2.0, basta que ela forneça um serviço (e não um pacote de software), possua um banco de dados exclusivo que aumente à medida que as pessoas se utilizem dele, mantenha os usuários como aliados (co-developers), adote princípios de inteligência coletiva (levada ao extremo no projeto da Wikipedia, no qual, em tese, qualquer pessoa pode alterar o conteúdo de uma página da enciclopédia aberta online), e se interesse em atingir o público em geral, não se limitando apenas aos gigantes da internet (tipo como o que o Google AdSense passou a fazer depois de um tempo, ao aceitar praticamente qualquer site da internet como um editor apto a exibir propagandas em/de seu site, não importando o tamanho e a influência do mesmo).
O conceito de internet como uma comunidade, como um banco de dados coletivo em constante atualização, não era possível alguns anos atrás, por conta das limitações dos servidores (basicamente, por questões de (falta de) espaço, mas também por conta das conexões lentas e do reduzido tempo dedicado por cada usuário à navegação online). Embora o movimento de Web 2.0 não se limite aos sites criados após determinada data, praticamente todos os mecanismos que se enquadram nas da Web 2.0 foram, de fato, criados após o ano 2000.
Mas a questão central da Web 2.0 é a importância da (quantidade de) informação, de modo a possibilitar a interação (e vice-versa). Nesse sentido, o site que tiver o maior banco de dados aliado à maior possibilidade de participação dos visitantes será o vencedor na guerra pela audiência online.
No fundo, o que parece estar acontecendo é não exatamente um desaparecimento dos sites da chamada Web 1.0, e sim um verdadeiro upgrade de qualidade (da versão 1.0 para a versão 2.0) à medida que as empresas da internet vêm percebendo o quanto a participação online é importante.

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