Não-lugares

Quando a gente estava voltando de Brasília no início do mês, nosso vôo teve uma conexão um tanto absurda em São Paulo. Descemos do avião, fomos levados de ônibus até uma porta a alguns metros de distância, e então fomos colocados em uma fila quilométrica diante de um pequenino balcão: aparentemente, todos ali faziam conexões pela mesma operadora, mas cada um perseguia um destino diferente. Enquanto esperávamos, começamos a falar sobre os professores da faculdade, e uma das pessoas que estava na fila comentou com nós que já tinha ouvido falar de um deles. Conversa vai, conversa vem, reclamamos da fila, do fato de que todos os aeroportos pareciam ser sempre iguais, e ela nos apresentou à noção de ‘não-lugares’. Estávamos em um aeroporto, numa fila, mas pouco importava a localização física daquele aeroporto: importava que estávamos num aeroporto, e, segundo as tendências de um mundo globalizado, os aeroportos das diferentes partes do mundo costumam ser cada vez mais iguais. Aquela situação, aquele aeroporto era um não-lugar. A moça chegou a nos falar o nome do autor e do livro que explicavam melhor a noção de não-lugar, mas antes que pudéssemos anotar ou algo do tipo, chegou nossa vez na fila, e cada um de nós tomou um rumo diferente, em aviões diferentes, para diferentes lugares (se bem que o avião em si é um não-lugar).
Passadas duas semanas, recordei essa história, e resolvi ir atrás do livro. Achei que bastaria digitar na Internet e o encontraria. Encontrei. Quer dizer, fiquei em dúvida. Há o livro “Não-lugares”, de Marc Augé (uma referência óbvia, portanto), mas também encontrei textos que atribuíam ao sociólogo francês Michel Maffesoli (a propósito, estou lendo “O tempo das tribos” desse autor, bem interessante) a criação do termo não-lugar. Alguém saberia me dizer se os não-lugares são antes apresentados em alguma obra de Maffesoli? Ou devo me basear apenas no Augé para entender o que é um não-lugar? 😛

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4 thoughts on “Não-lugares

  1. Pra essa eu não tenho uma indicação..rs Mas vale acrescentar que pelo que parece, quando um lugar se torna um não-lugar, é como se perdesse as características peculiares à ele que os diferenciava anteriormente. Pode ser à respeito até da ambientação ao estética… quem sabe até mesmo da sua unicidade… Bem interessante!

  2. Então, é o seguinte. Não sei se Mafessoli fala algo sobre isso, mas estou bem compenetrada em Marc Augé. Ele diz que um não lugar é aquele espaço de transição, em que as pessoas não se identificam e não criam vínculo algum com nada. Tipo aeroportos, aviões, autoestradas, shoppings , etc… não voui entrar em detalhes pois estou no trabalho, mas acho que isso é válido…

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