Monthly Archives: September 2006

“O Grito” vale 2 milhões de M&M’s

Na semana passada, a Masterfoods*, empresa norte-americana que fabrica os chocolates coloridos M&M’s, lançou uma promoção absurda (mas criativa) para divulgar a nova versão dos chocolates, os M&M’s dark. A tarefa proposta era simples: quem encontrasse o quadro “O Grito”, de Edvard Munch, levaria 2 milhões de bolinhas da nova versão do chocolate (o equivalente a cerca de 40 mil embalagens de M&M’s, com valor total aproximado de U$22 mil).
“O Grito” e “Madona”, obras de Munch, ambas de 1893, haviam sido roubadas no dia 22 de agosto de 2004. Dois homens armados invadiram o Museu Munch, em Oslo (capital da Noruega), e levaram as pinturas na frente de dezenas de turistas.
A promoção do M&M’s foi lançada dois anos depois do roubo, no dia 22 de agosto de 2006. Bizarro ou não, o quadro foi encontrado pouco tempo depois do lançamento da campanha. As duas pinturas de Munch foram recuperadas pela polícia norueguesa nesta quinta-feira, 31 de agosto. A polícia norueguesa ainda não se manifestou a respeito da recompensa.
A pergunta que não quer calar: será que os policiais noruegueses só foram atrás do quadro porque queriam os 2 milhões de confeitos? 😛
A Masterfoods prometeu que vai honrar seu compromisso: dará 2 milhões de confeitos na versão dark para a polícia norueguesa. Mas a entrega do prêmio ficará condicionada à comprovação da autenticidade da obra.

* Masterfoods: braço corporativo para as operações de alimentos, lanches e rações da Mars Incorporated, a Masterfoods é uma das líderes mundiais na fabricação de alimentos. Algumas de suas marcas mais famosas são M&M’s (oh!), Snickers, Uncle Ben’s, Pedigree e Whiskas.

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Eleições vazias

A cada dois anos é sempre a mesma coisa. Mudam os candidatos, mudam os cargos que estão sendo disputados, muda o motivo das eleições. Mas o discurso é sempre o mesmo.
O diferencial deste ano fica por conta das frases-clichê anticorrupção. Temas como renovação ética e mudança política têm proliferado na propaganda eleitoral gratuita pela televisão e pelo rádio. E o que mais chama a atenção é que esses termos são usados não só pelos candidatos de partidos que fazem oposição ao governo, mas também de partidos que já estão no poder!
Enfim, a crise política é generalizada. Entretanto, o problema é que o uso excessivo dessas palavras esvazia-as de sentido. Além disso, desvia-se do destaque necessário às propostas (partidárias) que realmente valham a pena e que precisam ser feitas. Afinal, os candidatos estão lá para serem eleitos para administrar o país. Apesar das aparências, não se trata de um festival para escolher quem tem a melhor campanha.
Todo mundo espera que os próximos candidatos no mínimo pretendam ser diferentes do atuais ocupantes dos cargos públicos eletivos que estão em jogo (principalmente com relação aos candidatos a deputado federal e deputado estadual, por conta dos recentes escândalos de corrupção). Do contrário, não haveria necessidade de renovação. Mas e o que eles pretendem fazer para mudar a situação?
Ao contrário do que diz a máxima de Maquiavel, talvez os fins não justifiquem os meios. Ou até poderiam justificar. Mas que meios seriam esses?
Com o tempo curto na televisão, poucos candidatos apresentam suas propostas (fins), e o modo como pretendem realizá-las (meios). A preferência parece ser por chamar a atenção, da melhor forma possível. A nova lógica é vencer as eleições (fim), destacando-se da massa de candidatos iguais de forma criativa (meio). Depois de eleito é que o candidato vai pensar em seu programa governo, em seu comprometimento com a população. Se não der certo, é só mudar de partido…
Assim, o que se vê são campanhas vazias de sentido. Os candidatos fingem que estão em campanha eleitoral. Os eleitores fingem que compram as suas idéias. O resultado disso tudo é que parece que o objetivo dos candidatos passou a ser simplesmente vencer a eleição. Não é mudar o país. Depois ninguém entende por que as pesquisas mostram que as pessoas não se lembram em quem votaram nas últimas eleições. Falta comprometimento político nesse país. Falta conscientização. Faltam verdadeiros partidos políticos, pautados por idéias basilares e comprometidos com princípios éticos.

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