Monthly Archives: February 2007

Produção de significado

É interessante o modo como a mídia (toda, em geral, a televisão, em particular) tenta produzir sentido a partir da justaposição de fatos sem conexão alguma, de modo que, ao mostrarem uma coisa após a outra, a sucessão dos acontecimentos produz um efeito de que se tratam de assuntos relacionados. Às vezes a mídia chega a fazer conexões absurdas. Isso é feito o tempo inteiro nos telejornais. Passa-se de uma manchete a outra sem que a relação entre elas seja estabelecida, de modo que cabe ao espectador, sem subsídio algum, conectar os fatos. Assim, vai-se da reportagem de um macaco no zoológico à cena de um prédio em chamas, ou da vitória de um time azarão em um campeonato importante para um marido que mata a mulher.
Um exemplo de tentativa de conexão explícita de fatos é o que aconteceu na abertura do Jornal Nacional de sábado, que tentava a todo custo fazer ligações mirabolantes entre o menino morto ao ser arrastado do lado de fora do carro e o pai que foi baleado na frente do filho e dos sobrinhos. Exceto pelo fato de que ambos os crimes aconteceram no Rio, e que ambos tiveram como resultado a destruição brutal de famílias, qualquer outra tentativa de conexão pareceria extremamente forçada. Algo como “o pai baleado provavelmente tenha visto o menino ser arrastado, já que morava nos arredores” não parece fugir dos limites do razoável?
Enfim, muitas vezes o objetivo dos jornais é exatamente produzir sentido a partir da justaposição de fatos inicialmente estranhos entre si. O que os jornais muitas vezes (nem sempre) falham em repassar aos telespectadores é algum elo que junte todos os fatos, como dizer que as demissões de uma fábrica e a alta no dólar têm a ver com um recesso que se está tendo na economia, ou, forçando ao máximo, passar aos espectadores a idéia de que todas as notícias ali descritas nada mais são do que um verdadeiro panorama da cultura contemporânea. (Se bem que a cultura, como muitas outras coisas do mundo, só adquire significado dentro de uma perspectiva histórica – é preciso passar algum tempo para que se dê valor ao que era produzido até então.)

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Só faltava essa

A notícia é “velha”, mas… só falta a Cicarelli inventar de tentar tirar a Wired do ar também. Para quem conseguiu deixar o YouTube fora do ar, bloquear o acesso à Wired não ia ser nada difícil. E dessa vez a revista tem sua parcela de culpa, porque, ao menos tecnicamente, a modelo não estava fazendo nada de errado (não que ela estivesse fazendo algo errado para causar a polêmica no YouTube, mas, dessa vez, um processo judicial pareceria justo).

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Meu primeiro Almodóvar

O primeiro Almodóvar a gente nunca esquece. Além de “Volver” ter sido o primeiro filme do diretor espanhol Pedro Almodóvar que assisti, foi também a primeira vez que fui ao cinema de Bagé. Duas experiências singulares, portanto. Descreverei ambas, em separado. Primeiro, o cinema, depois, o filme:

O cinema

Sempre tive curiosidade em ir conhecer o cinema de Bagé, mas sempre me faltava a oportunidade. O Cine Via Sete é relativamente recente (algo como dois ou três anos) – antes disso, a cidade ficou um longo período sem cinemas. Apesar de ser recente, o cinema está localizado onde há muito tempo atrás havia outro cinema.
Basicamente, sintetizando a saga dos cinemas de Bagé ao máximo, no final da década de 90 e início dos anos 2000, a cidade tinha três cinemas. Mas, num curtíssimo período de tempo, um pegou fogo, outro foi transformado em bingo (no local onde hoje novamente funciona o cinema) e o terceiro virou igreja universal (aliás, destino de todos os prédios grandes da cidade). E Bagé ficou sem cinema.
Várias empresas fizeram planos de abrir um cinema novo na cidade, mas o grande problema era a falta de público em potencial. O problema foi resolvido com o Cine Via Sete.
Em termos de infra-estrutura, a única sala do único cinema de Bagé é melhor que as cinco salas de cinema de Pelotas somadas. A comparação com os cinemas de Pelotas é inevitável, no sentido de que costumo freqüentá-los quase que uma vez por semana. Em comparação, Bagé tem poltronas melhores, ar melhor, maior limpeza, atendimento mais personalizado e sala mais moderna. Entretanto, Pelotas ainda ganha no preço para estudantes – pois permite que se pague meia entrada em todos os dias da semana – e na variedade de filmes.
Para começar, é preciso ter ingresso para entrar nas instalações físicas do cinema bajeense. Do contrário, não é sequer possível ter acesso à área para a compra da pipoca, por exemplo. Com um ingresso na mão, sobem-se as escadas e chega-se a uma espécie de barzinho, com mesas e um balcão, onde se pode comprar pipoca, refrigerante, entre outras coisas. Mas só é possível subir com o ingresso cerca de dez minutos após o final da sessão anterior – entre um filme e outro, o pessoal da limpeza é acionado, para deixar a sala impecável para a transmissão seguinte. A limpeza é tão maniaticamente feita que a sala chega a cheirar a desinfetante – daqueles que se usa para limpar banheiro de ônibus -, o que me causou uma péssima má impressão inicial ao entrar na sala, mas logo desfeita assim que me acomodei em uma das confortabilíssimas poltronas (assunto que será retomado logo adiante).
Antes, cabe falar do que acontece antes do começo do filme quando já se está na sala de projeção. Assim como no ônibus Bagé-Pelotas, que a gente paga para circular por meia hora ainda dentro da cidade, no cinema a gente paga para assistir comerciais de empresas locais, incluindo o informativo semanal da prefeitura da cidade. Os malditos moradores locais sabiam que havia comerciais antes da exibição, e já chegaram 15 minutos depois da hora marcada para o começo do filme. Mas tudo bem, esse é o tipo de coisa que só se aprende após ter ido pelo menos uma única vez no cinema. Da próxima vez já sei que posso chegar mais tarde – ou na hora, caso eu queria me informar acerca das ações do governo municipal.
Após os comerciais, são exibidos os trailers. Mas como o cinema é todo personalizado e feliz, ao invés de serem exibidos trailers aleatórios, eles optam por projetar, a partir de um dvd, apenas os trailers de filmes que serão exibidos no Cine Via Sete nas semanas seguintes. A medida é interessante porque nos poupa o trabalho de criar a expectativa de ver um filme que não irá passar no cinema local.
Os filmes costumam demorar para entrar em cartaz aqui, e quando chegam, mesmo atrasados, se caem no gosto do público, permanecem em cartaz indefinidamente, o que faz com que muitos outros filmes deixem de serem exibidos porque ficarão velhos com o tempo.
No final de 2005 e início de 2006, chegou a passar Oliver Twist por duas semanas. Harry Potter ficou em cartaz por mais de mês. As Crônicas de Nárnia também. Imagino quantos filmes mais apropriados para um público, digamos, mais “adulto”, deixaram de serem exibidos no período.
Mas, voltando à ida ao cinema de ontem, antes do começo do filme (ou melhor, antes do começo dos comerciais que antecedem o filme), há música ambiente na sala de cinema. O tempo todo era música nacional instrumental. Muito bacana. Associado às confortáveis poltronas, daria até mesmo para dormir naquela sala.
As poltronas são um caso a parte. O encosto é bastante alto, o que torna o assento muito confortável. O único inconveniente é que as pessoas baixinhas, como eu, precisam desviar o olhar das poltronas à frente. Mas parece que o pessoal do cinema já pensou nisso por nós, pois a tela fica lá no alto, quase grudada no teto da sala de projeção, de modo que basta olhar para cima para enxergá-la sem se preocupar com o encosto do banco da frente.
Além de confortáveis, as poltronas também possuem porta-copos, o que é bastante prático para apoiar não só as bebidas, como também pipocas ou doces. Na prática, a opção é pouco relevante, pois as pessoas em geral costumam ser civilizadas e evitam comer dentro da sala do cinema – deve ser por isso que existem as mesinhas do lado de fora. Em Pelotas, principalmente no cinema Capitólio, é preciso desviar dos arremessos de pipoca de criaturas felizes sem nada melhor para fazer que vão ao cinema apenas para incomodar os demais.
Em suma, o cinema é bom. Gostei tanto da experiência que pretendo ver mais filmes na cidade, nem que para isso eu tenha que deixar de ver os filmes em Pelotas – visto que é preciso esperar um pouco mais que nos cinemas convencionais para poder assistir aos grandes sucessos de bilheteria em Bagé.

O filme

Volver é um filme divertido, sério, trágico, dramático e emocionante, tudo ao mesmo tempo e na medida certa. Foi o filme indicado pela Espanha para concorrer ao Oscar, mas, por algum motivo qualquer, não entrou para a lista dos cinco indicados para filme estrangeiro. Em compensação, Penélope Cruz recebeu uma justa indicação ao Oscar de melhor atriz – embora na prática tenha poucas chances de levar a estatueta, pois enfrentará concorrentes de peso.
A trama de Volver, como em todo Almodóvar, envolve personagens femininas fortes, uma mãe, uma filha, uma irmã, uma avó e uma amiga tão intensas que chegam praticamente a anular qualquer atuação masculina do filme.
O enredo básico envolve uma filha que mata o (suposto) pai que tentava molestá-la sexualmente, e uma mãe (Raimunda, em excelente atuação de Penélope Cruz) que tenta acobertar o ato da filha, escondendo o corpo do marido em um freezer e inventando desculpas absurdas para que ninguém perceba que ele tenha morrido. No mesmo dia, morre também uma tia de Raimunda (Paula), mas, mesmo gostando muito dessa tia, ela deixa que somente sua irmã (Sole) vá ao funeral, em outra cidade, pois tem que dar um jeito de se livrar do corpo do marido.
A ida ao velório da tia é apenas o começo para que um passado cheio de intrigas e fatos mal-resolvidos possa ser desvendado. A começar pelo aparecimento do fantasma da mãe de Raimunda e Sole, que muitos afirmam ter ressurgido para cuidar de sua irmã Paula enquanto esta estava em seus últimos dias de vida.
Além da trama mirabolante, a parte visual do filme também é riquíssima. Há tomadas feitas em ângulos diferenciados, como a que mostra a movimentação no velório de Paula a partir de imag
ens captadas do alto. A imagem do guardanapo de papel enxugando o sangue do pai também é interessante (assim como a idéia toda de Raimunda de secar o sangue do marido com toalhas de papel). Já a cena em que Raimunda tenta colocar o corpo – pesado e inerte – do marido no freezer horizontal de um restaurante parece tão real que é capaz de causar um certo desconforto. Na fotografia, predomina uma explosão de cores intensas e vibrantes, aliadas a um tom escuro característico na iluminação (o que também ocorre em filmes brasileiros).
O nome do filme se refere ao título da canção homônima de Carlos Gardel, com letra de Alfredo Le Pera. “Volver” é cantada no filme pela personagem de Raimunda.

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O que é ius communicatio?

Ius communicatio, ou jus communicatio é uma forma de aquisição de nacionalidade segundo a qual a mulher, através do matrimônio, adquire a nacionalidade do marido, numa verdadeira “comunicação de direitos”. A mulher fica, desse modo, com uma dupla nacionalidade, adquirida em virtude da relação familiar. Essa forma de aquisição de nacionalidade é possível em poucos lugares, e um desses lugares é a Itália (para quando o marido é italiano e a esposa possui uma outra nacionalidade anterior).

Okay, sentido esclarecido, agora vem o problema: quero mudar o nome do meu blog para algo com um significado menos confuso. Mas, ao mesmo tempo, não ia ser nada bom mudar radicalmente. Por isso, recorro aos leitores: alguém tem alguma sugestão do que fazer?

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Como se tornar imortal

… encontrando a pedra filosofal.
Alquimistas do mundo inteiro tentaram em vão encontrá-la. Vá que você tenha a sorte de conseguir achar o Elixir da Longa Vida e o segredo para transmutar qualquer metal inferior em ouro. Se bem que passar por todos aqueles feitiços que protegem a pedra em Hogwarts não será nada fácil. Além do mais, disputar a pedra com você-sabe-quem pode representar um verdadeiro risco à vida. E, você sabe, é preciso estar vivo para se poder atingir a imortalidade.

… quebrando espelhos.
Diz a lenda que quebrar um espelho traz sete anos de azar. Mas com a garantia de se viver por sete anos. Assim, bastaria quebrar um espelho a cada sete anos para alcançar a imortalidade*. O único inconveniente seria ter uma vida azarada. Mas não é nada que alguns galhos de arruda não resolvam.

… fazendo download da consciência.
Para a filosofia do pós-humano, atingir-se-á em breve um ponto da tecnologia em que seja capaz de se fazer download da consciência. Desse modo, bastaria “baixar” os dados da mente para viver em um outro corpo ou em um computador, alcançando, assim, a vida eterna.

… vivendo numa câmara criogênica.
Passar vários anos numa câmara até que se encontre a cura da morte Há um ponto negativo que não deve ser menosprezado: o mundo pode acabar antes disso, e você terá perdido a oportunidade de viver. Em vão.

… entrando para a Academia Brasileira de Letras.
Trata-se de uma espécie diferente de vida imortal. Sua obra será eterna, embora fisicamente você não exista além do tempo de vida padrão. O difícil vai ser se tornar um grande escritor, de talento renomado. Mas vale a pena o esforço, em nome da imortalidade.

… convertendo-se ao espiritismo.
Você passará a crer que viverá para sempre, embora, na prática, terá uma vida com a mesma duração da dos demais. De qualquer modo, a ilusão o fará viver melhor consigo mesmo, na medida em que terá a certeza de que a vida será eterna – e, como bônus, você ainda pode aspirar a ter sua alma aprimorada na próxima reencarnação.

* idéia baseada no comentário de Lynz no post sobre a quebra de espelhos 😛

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Redução da menoridade penal

A discussão sobre a redução da menoridade penal voltou a ocupar um papel de destaque na mídia após o caso do menino João, de 6 anos, que morreu ao ser arrastado por 7km em um carro no Rio, estando preso do lado de fora do automóvel pelo cinto de segurança.

Um dos responsáveis pelo crime é menor de idade. Pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, a punição do menor será de no máximo três anos (por medida sócio-educativa). Os demais envolvidos no caso podem ficar presos por até 30 anos (pena máxima permitida no Brasil). Será que é justo?

As soluções possíveis para o problema incluem, entre outras alternativas:

– A possibilidade de se cumprir três anos como medida sócio-educativa, e, assim que adquirir a maioridade penal, o menor ser transferido para um presídio e continuar o cumprimento da pena pelo delito – o que exigiria uma dosimetria de pena especial.

– A redução da menoridade penal (de 18 para 16 ou 14 anos).

– Dar a liberdade para que cada estado tenha a possibilidade de legislar sobre direito penal, de modo que possam escolher livremente a idade mínima para que se vá para a prisão convencional, mais ou menos como acontece nos EUA. Isso exigira mudanças na Constituição Federal.

A redução da menoridade penal é a solução mais simples. Entretanto, não será necessariamente a mais eficaz. Ter a possibilidade de colocar em uma cadeia simples menores de 18 anos não significa que a criminalidade irá reduzir.

O problema é que a redução da menoridade penal valeria para todos. Não é só para o caso em questão, e sim para todo e qualquer menor infrator que venha a cometer um delito. Aliás, como no Direito Penal brasileiro vigora o princípio de que não há pena sem prévia cominação legal, mesmo que a redução da menoridade penal fosse sancionada no Congresso Nacional hoje mesmo, em um processo legislativo em tempo recorde, o menor envolvido no caso do menino arrastado não poderá ser preso com base nessa lei, pois ao momento do cometimento do crime o menor de idade ainda era punível pelo ECA.

O fato de que isso valeria para todos torna ainda mais polêmica a questão, e agrava a dificuldade em se alterar a legislação penal. Mudar pelo êxtase do momento pode não ser muito apropriado. Voltar atrás pode ser bem mais difícil depois.

Mesmo assim, desde muito a divulgação de crimes bárbaros pela mídia tem contribuído para provocar alterações na legislação. Um exemplo recente é o que aconteceu com a lei de crimes hediondos (8.072/90). A lei foi editada após uma onda de seqüestros mediante extorsão (quando se exige dinheiro pelo resgate) ocorrida no Brasil no final da década de 80. A lei se tornou ainda mais conhecida após a morte da atriz Daniella Pérez, morta por outro ator que contracenava com ela em uma novela à época. A mãe da atriz era também autora da novela, e utilizou sua posição de destaque na mídia na ocasião para pressionar que a legislação fosse alterada de modo que o crime de homicídio qualificado fosse incluído no rol de crimes hediondos. Embora o culpado pelo assassinato da atriz não tenha podido ser condenado nesses moldes, a mudança na lei provocada pela mídia alterou o destino de todos aqueles que vieram a cometer o delito a partir de então. Outra alteração na mesma lei ocorreu após uma denúncia de falsificação de remédios feita pelo Jornal Nacional.

Enfim, é inegável o quanto a mídia contribuiu e vem contribuindo para mudanças na lei. A pergunta é: será o caso do garoto também capaz de modificar a legislação penal?

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Do celular para o YouTube

Além de se poder enviar fotos diretamente do celular para o Flickr, também é possível enviar vídeos gravados na câmera do celular diretamente para o YouTube. As fotos para o Flickr são enviadas através de uma simples conexão com a web pelo celular. Para tanto, é preciso tirar a foto enquanto se está conectado. Já o vídeo a ser enviado pelo YouTube pode ser preparado e editado com antecedência: o envio é feito por MMS (mensagem multimídia).

O primeiro passo é ativar o endereço de e-mail para envio da mensagem junto ao site do YouTube (antes disso, é claro, é preciso ter uma conta no YouTube). É só preencher alguns detalhes, como o título e as características do vídeo a ser enviado, e ao final do processo será criada uma conta para envio de vídeos de seu celular, com um endereço de e-mail exclusivo pelo qual você deverá enviar o seu vídeo. Depois, basta escolher um vídeo já pronto no celular, incluí-lo numa mensagem multimídia, e enviar para o e-mail fornecido pelo YouTube. Se a opção correspondente for escolhida no site do YouTube, ainda no computador, você poderá receber uma mensagem de confirmação no celular certificando que o upload do vídeo foi feito com sucesso. Depois é só esperar os trâmites de conversão do vídeo (do formato do celular para o formato padrão do YouTube – a parte mais demorada do processo), e, pouco tempo depois, o vídeo feito na câmera do celular irá aparecer em sua conta do YouTube. Aí é só copiar o endereço, assistir até cansar, divulgar para os amigos, e ainda aproveitar para publicar na parte de vídeos do Orkut (!).
Este é o vídeo que usei como teste. Gravado e editado no celular, enviado por MMS para o YouTube. Preço total da operação: R$0,60.

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Melhor petição de todos os tempos

Um advogado paulista que movia uma ação em causa própria juntou aos autos do processo uma petição com a imagem de um palhaço. A petição teria sido enviada logo após a prescrição da queixa-crime. Na petição, além da imagem (precedida da frase “A imagem resume o atual estado de alma do Querelante”), o advogado reclama da inércia do juiz, que teria ficado quatro meses com os autos conclusos para sentença (a conclusão para sentença ocorre quando as páginas do processo saem do cartório e vão para o gabinete do juiz aguardando que este profira a sentença que dará fim ao processo, decidindo sobre a causa ou reconhecendo algum aspecto formal que dê fim ao processo sem que haja julgamento de mérito), e dos servidores jurídicos em geral, pois teriam contribuído para que os prazos não fossem respeitados, como, por exemplo, quando uma carta precatória (uma carta precatória é expedida quando é preciso realizar algum ato em outra cidade – o juiz não possui competência para intimar alguém que resida em outra cidade, por exemplo, e, para realizar a intimação, deve enviar uma carta precatória solicitando que um juiz de mesma hierarquia da outra cidade tome as providências necessárias para fazê-lo) com prazo de 60 dias expedida em abril de um ano só fosse retornar em março do ano seguinte.
Vale a pena conferir a íntegra da petição, que se encerra com as seguintes palavras:
“A lamentação termina aqui. Não cabe continuar gastando vela boa com mau defunto. O processo está morto, e logo o seu fim será o de um insepulto cadáver de papel mofando no arquivo geral de Jundiaí”.

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Viagem de ônibus

Os ônibus que fazem a linha Pelotas-Bagé-Pelotas são um tanto antigos e desconfortáveis. A maior parte deles possui ar condicionado. Alguns poucos possuem “ar condicionado digital” (aquele que a gente abre com o dedo: janela). Mas, mesmo quando o ar funciona, muitas vezes ele é insuficiente para refrescar todos os passageiros – principalmente nos dias quentes de verão. Além do ar, há o problema dos bancos. Os assentos são duros e reclinam pouco. Entretanto, no geral, o problema maior nunca é no ônibus em si, mas sim no modo como as pessoas se comportam dentro dele a cada viagem que se faça.

Ontem fiz uma viagem noturna (nada de livros, portanto). O trajeto era Pelotas-Bagé. Não havia crianças chorando, nem pessoas conversando em alto tom como se estivessem na sala de suas casas. Talvez porque fosse de noite, o silêncio reinava – não o tempo todo, mas durante boa parte dele. Ninguém sentou do meu lado durante a viagem inteira. Percorri os quase duzentos quilômetros que separam a casa dos meus pais da cidade onde vivo a maior parte do ano com o banco ao lado de mim totalmente vazio. Em tese, isso é bom. Como legítima anti-social, não precisei me sentir culpada por não cumprimentar o estranho do assento ao lado, ou não tive de ficar me remoendo por horas por não ter sequer virado o rosto para o lado quando algum ser de fisionomia duvidosa perguntasse se o lugar ao meu lado estava vago.

Mas mesmo que a viagem na maior parte do tempo estivesse tranqüila, sempre há ressalvas. Em um dos raros momentos em que havia sinal de telefonia celular ao longo da estrada, uma passageira conversava com sua mãe ao celular, pelo odioso sistema de conversa de três segundos. O toque do aparelho era incrivelmente alto e irritante. E, para piorar, cada vez que a mãe ligava, a jovem apenas repetia “Fala, mãe”.

Além disso, toda vez que percorro o trajeto Pelotas-Bagé me pergunto de onde saem tantas pessoas que moram na beira da estrada. Quase todos os ônibus que percorrem essa linha intermunicipal o fazem na modalidade “comum” (o vulgo “pinga-pinga”), o que faz com que o carro tenha que parar em todo e qualquer ponto da estrada onde haja passageiro para subir ou para descer. Em tese, não há diferença nenhuma entre o ônibus comum e o direto: ambos costumam percorrer o exato mesmo trajeto. O que muda na prática é o tempo em que a distância será percorrida e o fato de que no ônibus comum se torna praticamente impossível de se fazer qualquer atividade como dormir ou ler, pois quando se vai começar a pegar no sono, ou quando se está prestes a terminar um parágrafo do texto, o ônibus pára de repente e joga nosso corpo para trás. O resultado é que somos forçados a encontrar outras maneiras de escapar do tédio, como conversar ou pensar. Geralmente (quase sempre) opto pela segunda opção, o que me permite dizer que já tomei muitas decisões importantes durante viagens de ônibus, por mais estranho que isso possa parecer.

Enfim, fazia tanto tempo que eu não percorria esse trajeto (ou qualquer outro trajeto) de ônibus que já tinha até me esquecido o quanto uma viagem (no sentido físico da palavra – ação ou efeito de percorrer uma distância) pode ser inspiradora. Isso de ser forçado a conviver com pessoas estranhas, com opiniões divergentes e ações discrepantes, em um espaço físico restrito e por um período de tempo limitado, pessoas cujo único ponto em comum seja o desejo de chegar a um determinado lugar, é capaz de despertar os mais diversos e conflitantes pensamentos. Nada como viver uma situação absurda para voltar a ter vontade de criar. Viajar de ônibus era o que eu precisava fazer para voltar a postar 😛

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7 anos de azar

Quebrei um espelho. Terei 7 anos de azar? Ótimo. Ao menos tenho a garantia de que viverei por pelo menos mais 7 anos 😛

Origem da superstição:
A lenda do espelho quebrado existe há muito tempo. A imagem de uma pessoa, seja em reflexo, retrato ou pintura, era considerada parte dessa pessoa, e qualquer coisa que acontecesse com a imagem, aconteceria também ao ser que a tivesse destruído.

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