“O ciberespaço possui o caráter de sistema dos sistemas mas, por isso mesmo, também é o sistema do caos. Máxima encarnação da transparência técnica, acolhe, no entanto, devido à sua irreprimível profusão, todas as opacidades do sentido. Desenha e redesenha a figura de um labirinto móvel, em extensão, sem plano possível, universal, um labirinto com o qual o próprio Dédalo não poderia ter sonhado. Essa universalidade desprovida de significado central, esse sistema da desordem, essa transparência labiríntica, eu a chamo o «universal sem totalidade». Constitui a essência paradoxal da cybercultura” (Pierre Lévy em “O Universal sem Totalidade, Essência da Cybercultura”*).
Na idéia do autor seria mais ou menos assim: universal e totalidade não são a mesma coisa. O universal se difere da totalidade na medida em que aquele se compõe da possibilidade fática de compartilhar o conhecimento, de modo que cada ser humano possa contribuir para a produção do sentido. Com base nisso, Lévy enumera três grandes etapas na história: cultural oral (na qual se tem uma totalidade sem universalidade, há manifestações isoladas, mas não se partilha o conhecimento em grandes extensões de tempo e espaço), cultura escrita (universal totalizante, quebra-se a barreira do tempo e espaço para a aquisição de conhecimento, mas ainda há predomínio de meios massivos, sem interação) e cibercultura (universal sem totalidade, participação e interação no ciberespaço). É possível relacionar a oposição universal/totalidade também com os direitos humanos (considerá-los como algo totalizante leva à ditadura e aos regimes totalitários; desse modo, os direitos humanos são – ou deveriam ser – sempre universais). Fica mais fácil de entender lendo a transcrição da palestra inteira 😛
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* odeio referências não-datadas, mas na Internet já estava assim quando encontrei. Imagino que seja algo escrito em meados da década de 90. Se alguém souber mais sobre o arquivo, a caixa de comentários não está ali por acaso 😛
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LÉVY, Pierre. Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa.1 ed.São Paulo: Editora 34, 1999.
o trecho citado encontra-se na página 111.
Boa leitura a todos
LÉVY, Pierre. Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa. 1 ed. São Paulo: edtora 34, 1999.
O trecho citado se encontra na página 111.
Boa leitura a todos.
André