Pára-quedismo em ação

Esses dias, durante uma aula no laboratório de informática, notei que uma colega estava fazendo sucessivas buscas no Google, ao invés de realizar a tarefa proposta. Lá pelas tantas, olho para o lado e percebo que ela está lendo este blog (reconheci imediatamente pelos toscos risquinhos azuis à direita; nota mental: já está na hora de providenciar um novo layout para o blog).

Perguntei à colega o que ela estava fazendo ali (também conhecido como “aqui”). Ela olhou para o endereço. Olhou para o nome na parte inferior do post. Olhou para mim. Olhou para a tela. E fez uma gigantesca cara de interrogação. O motivo: a colega tinha chegado ao blog pelo Google, a partir de uma busca por um livro. E estava lá, empolgada, lendo a resenha, sem nem ao menos se dar ao trabalho de conferir quem tinha colocado aquela informação na Internet… Se eu não tivesse olhado para o lado, talvez ela nem teria se dado conta de que o texto que tinha encontrado na web, na imensa e longíqua web, tinha sido escrito por alguém que, naquele momento, estava exatamente ao seu lado…

Então quer dizer que é assim que funciona com todos os demais pára-quedistas do Google? Para eles, nós, macacos, somos uma grande massa de anônimos na web? Importa mais a informação buscada do que o local onde ela se encontra?

Com toda essa confusão de globalização e pós-modernidade (modernidade líquida, hipermodernidade, ou qualquer outro termo feliz para designar os confusos tempos que estamos vivendo), é efetivamente possível que eu esteja lendo o blog do meu vizinho sem nem ao menos saber a) que é o meu vizinho ou, pior, b) quem é o meu vizinho? Essa perspectiva assusta…

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11 thoughts on “Pára-quedismo em ação

  1. A maioria dos pára-quedistas realmente não se importa com a fonte de informação. Acredito que é um problema que já está a ser solucionado: aos poucos, devagar, estamos dizendo ás pessoas que cuidem com as fontes. Como bibliotecários gritam e nunca são ouvidos pelos professores, creio que levará um tempinho até que se ensine a importância de saber identificar as fontes de pesquisa nas escolas. Mas um dia chegaremos lá…

  2. é, e é lindo assim mesmo. leia Bauman, leia leia.nessa confluência líquido-moderna, a geografia não faz nenhum sentido. nem as distâncias. em grande parte, onde tu estás não faz a mínima diferença. a questão aqui é o elo social. se não fosse o blog, a web teria jogado a busca google pra wikipedia, ou pralgum answers.com, ou pra uma livraria. dessa forma, é justo pensar que o blog tem o mesmo peso, de informação legítima, do que os outros. (claro, só estamos falando do google aqui.) e é fácil validar o fato a partir de um princípio ingênuo, de que quem faz um blog é alguém com genuíno interesse pra dispor seu tempo a favor daquilo. talvez isso seja o suficiente. o nível de interesse e envolvimento do leitor ajudam.se vira massa? vira, claro, cai no google e o Berê até hoje paga por um post sobre masturbação feminina. mas também tem os que olham onde pisam, deixam um comentário, assinam o feed. a ferramenta funciona sem deus :Dah, se vai trocar de template, aproveita e cria um pra MT4 🙂

  3. O professor Idelber me disse uma grande verdade. Quer reconhecimento sem plágio, publica primeiro em livro e depois na Net.Gosto do seu layout.

  4. Ok. MT 4. Vale partir de um modelo padrão? 🙂— Mas só porque o blogger destruiu o html que tentei colocar no primeiro comentário que fiz neste post ¬¬ (e isso fez aumentar em 7.286.176.131% a minha raiva contra a tosquice do blogger :P)–Castells fala em espaço de fluxos – importa mais por onde circula a informação do que a localização física dos indivíduos e das empresas.Bauman continua na lista de ‘livros por ler’. Um dia, talvez…

  5. Tina: faz sentido. Mas não haveria por que publicar na web se se publicou antes em livro o.0 A grande graça da coisa é publicar certas coisas apenas na web :)E também não é tanto uma questão de querer obter reconhecimento. É algo mais para o lado de as pessoas não prestarem atenção em que tipo de informação estão lendo.Valeu pelo ponto positivo para o layout 🙂 Verdana 8 na veia! 😀 — Bem que a ABNT podia mudar as regras para Verdana 8, espaço simples entre as linhas, espaço duplo entre parágrafos 🙂

  6. Depois de mil anos tentando lembrar o nome do teu blog, foi o Google que me ajudou! Que bom que tu continuas por aqui escrevendo! Que fim levou Gilmore Girls? Ainda passa? Rory casou? Lorelai pariu? Hm? Me contaaaaaa!Um beijão pra ti! Agora que te re-descobri por aqui, virei sempre.Ass: Helia (Lorelai, tua maaaamyy, lembra? heuheuhehe)

  7. Sabe, eu teria que aprender a usar melhor o google, muitas pessoas entravam no meu blog por encheção de saco minha, mas a tempos nem encho mais as pessoas simplismente entrão.O fato curioso que um kra da minha cidade entro num post de celular que eh um dos mais acessados e eu fui arrumar a parada na casa dele hehehfoi legal.

  8. Pois é, e eu ontem emprestei o livro para a colega (o livro que ela estava procurando pelo Google e que a fez entrar o meu blog :P). Função social do blog 🙂

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