Monthly Archives: October 2007

Mistura de meme com termo jurídico absurdo

O Marcus me repassou um meme. A idéia é pegar o livro mais próximo, abri-lo na página 61, postar no blog a primeira frase completa dessa página, e repassar para cinco pessoas. (Qualquer semelhança com este meme não é mera coincidência)

Como o livro mais próximo a mim é Instituições de Direito Civil (Vol. IV – Direitos Reais), de Caio Mário da Silva Pereira, e a primeira frase da página 61 é relativamente divertida sob o ponto de vista do juridiquês arcaico, confira abaixo a frase, seguida de uma breve explicação:

“O possuidor de má-fé responde por todos os frutos, inclusive aqueles que, culposamente, deixou de colher”

Simplificando ao máximo, imagine um camponês mercenário que, além de usar árvore alheia sem autorização, decida ser malvado e não colher as frutas do pomar. Ele precisará ressarcir os danos do proprietário da árvore, tanto em relação às frutas não colhidas, quanto no que diz respeito às frutas que colheu e consumiu ou vendeu. Só que a noção de ‘fruto’ em Direito Civil é bem mais ampla, e abrange não só maçãs, mas também qualquer tipo de bem acessório derivado de um principal e que possa ser obtido sem destruir o principal. Um exemplo é o aluguel. O valor cobrado a título de aluguel é um bem acessório em relação a um principal (nesse caso, o bem principal é a casa, ou o objeto que está sendo alugado) e que pode ser obtido sem destruir o principal (paga-se o aluguel todo mês, e, não obstante, a casa permanece lá, inteira, sem mudar nada).

O livro de literatura mais próximo (Extremely Loud & Incredibly Close, de Jonathan Safran Foer) não tem nenhuma frase na página 61. Há uma foto. Ou melhor, meia foto – a outra metade encontra-se na página 60. Vale apelar para “o segundo livro de literatura mais próximo”, só para tornar o meme mais interessante? 😀

Não vou repassar este meme para ninguém em específico – quem tiver interesse, é só ir em frente. Ou melhor, repasso em especial para a Fernanda, porque nunca vi alguém se entusiasmar tanto com o funcionamento de um meme.

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Demissão do gerúndio

Em um decreto estapafúrdio (sob o ponto de vista da aplicabilidade prática), mas com alto teor humorístico, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, demitiu o Gerúndio de todos os órgãos do governo do Distrito Federal. O decreto n° 28.314, de 28 de setembro de 2007, ainda busca coibir o uso do gerúndio como desculpa para “INEFICIÊNCIA” administrativa.

Exemplo clássico de uso do gerúndio aplicável à Administração Pública:
“Vou estar providenciando o documento”
(Tradução: “pode esperar sentado, porque não vou providenciar nada”)

Problemas práticos (com base nesta notícia)
– Do ponto de vista da lei, não faz sentido demitir o Gerúndio (assim mesmo, com letra maiúscula).
– Do ponto de vista da língua, há ao menos uma impropriedade grave no decreto: o governador pretendia demitir o gerundismo, e não o gerúndio.
– Do ponto de vista do humor, ficaria mais divertido se a lei trouxesse exemplos de casos em que não se deve usar o gerundismo.
– Do ponto de vista do “protesto”, o governador conseguiu chamar a atenção – mas uma lei sem sanção não tem garantia de que vá ser cumprida.

Se o objetivo era realmente abolir o gerúndio do governo do Distrito Federal, talvez o decreto não dê muito certo. Mas se o objetivo era chamar a atenção com um toque de bom humor… o caminho tomado foi no mínimo interessante.

(Via Verdade Absoluta)

Sobre o gerúndio, vale a pena dar uma olhada nesta matéria da revista Língua Portuguesa.

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National Novel Writing Month 2007

Estão abertas as inscrições para a edição 2007 do National Novel Writing Month. O projeto é um esforço coletivo bizarro em que cada pessoa tem por objetivo escrever uma história de ficção de 50 mil palavras durante o mês de novembro. É permitido fazer um planejamento antes, mas não vale começar a escrever por agora. A grande graça da coisa é a de se obrigar a escrever no curto espaço de tempo exigido – o que requer que se invente, em média, 1.667 palavras por dia (de três a quatro páginas no Word). O resultado se traduz em termos quantitativos: não importa que o produto final seja uma imensa porcaria, e que você não tenha coragem de mostrar nem para a própria mãe. Basta escrever as 50 mil palavras, e você já será declarado um “vencedor”. Com direito a certificado virtual e tudo!

O NaNoWriMo se baseia na idéia de que escrever 50 mil palavras, por mais que disso não resulte um best-seller, fará com que a pessoa desenvolva habilidades de escrita. É preciso inventar personagens, criar enredos, enfim, construir uma história. Escrever um livro, ainda mais sob pressão, não é nada fácil. Mas o resultado final compensa – além da sensação de “dever cumprido”, no ano passado o pessoal da gráfica on demmand Lulu.com ainda presenteou os vencedores do NaNoWriMo com uma cópia impressa grátis (ou seja, além de escrever a pior história da sua vida, você ainda poderá ter a oportunidade única de eternizar a desgraça em uma versão com capa colorida).

Interessados podem se inscrever até novembro. A maratona começa no dia 1° de novembro, e em 2007 está em sua 10ª edição. Dentre os objetivos, também está a arrecadação de dinheiro para estímulo à produção de textos entre jovens.

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