Procurando lógica no nome dos esmaltes

Fugindo um pouco (completamente) da temática (!) do blog…
Descobri que existe uma cor de esmalte com o meu nome. Quer dizer, eu já sabia que existia esmalte nessa tonalidade, e sabia que o nome dessa cor era Gabriela. Mas nunca tinha parado para pensar no real significado disso. E muito menos tinha me dado conta do grau de falta de lógica na escolha de nomes para cores de esmaltes – e, em geral, para todos os produtos. Ou melhor, para tudo.
Dos mais enigmáticos – como Samba Juliana, Misturinha ou Paris – e o próprio Gabriela (por que não?) – aos que possuem uma relação metafórica um tanto mais óbvia (como Terra, Bege, Jabuticaba ou Framboesa), o que se percebe é que as palavras utilizadas para designar as cores de esmaltes têm as origens mais diversas*. A parte estranha é que elas significam, independente de terem ou não alguma lógica na relação metafórica que estabelecem com a cor que representam. Pergunte a qualquer mulher com uma relativa vivência de salões de beleza, e ela saberá nomear várias cores, inclusive algumas com nomes bizarros bastante criativos (aliás, achei particularmente interessante a história por trás da cor Samba Juliana…).
Na prática, o que acontece é que é o uso da língua que imprime os mais variados sentidos para os nomes. Não há como prever os usos possíveis. O significado vai ser dado pelo contexto do uso. E, quanto maior o uso, maior o peso de uma marca. Às vezes chega a ser tão forte que por vezes o sentido original se apaga: a palavra passa a significar o novo produto que designa. Também há vezes em que o próprio nome do produto passa a designar a coisa que significa (mais ou menos a lógica que nos impele a chamar as fitas adesivas de durex, mesmo que saibamos que, no fundo, se trata de uma das inúmeras marcas de durex fitas adesivas…).
A própria escolha dos nomes de blogs, por exemplo, segue uma lógica um tanto aleatória. Ontem, participava com um amigo em um brainstorm pra a escolha do nome de um novo blog. O nome escolhido foi completamente diferente da idéia original – a escolha do nome passou por vários critérios, inclusive pela disponibilidade de endereço (de nada adianta querer um nome básico e supercomum, se todos os endereços comuns já foram tomados).
Mas o pior não foi parar para pensar e perceber que os nomes dos esmaltes (e dos blogs) são estranhos e aleatórios. O pior foi constatar que os nomes de todas as coisas são estranhos e aleatórios – a língua é arbitrária, as palavras são arbitrárias. O universo é arbitrário, tudo é arbitrário! Às vezes nos sentimos confortáveis ao utilizarmos referenciais familiares. Mas a verdade seja dita: a graça da coisa é atribuir às palavras novos sentidos. Sem que houvesse (re)invenções de sentido, estaríamos condenados a empregar eternamente um pequeno e reduzido número de signos.

* Não sei por que cargas d’água fiz isso (talvez não fosse conseguir dormir tranqüila sem ao menos saber os nomes), mas elaborei uma listinha de nomes de esmaltes (das marcas Risque, Impala e Colorama). Tentei agrupar de uma forma mais ou menos lógica — veja o resultado aqui. Vai dizer que os nomes não são esquisitos [e aleatórios]?

18 thoughts on “Procurando lógica no nome dos esmaltes

  1. céus.
    eu li a primeira frase e cliquei no link, pensando, vou ler e comantar com certeza.
    aí eu já preparava o thumbs-up (sair do tema, massa!) e a piadinha (bah, agora vão se dar conta que a Gabi é menina!) e vem esse último parágrafo pra me quebrar as pernas. (último antes da spreadsheet, né. ahahahah.)
    o mundo é muito mais idiota – e da gente – do que se pode pensar. hell yeah. 😀
    *captcha timer: 18 min

  2. Esmaltes……….. samba juliana ( a lenda aqui não reza, no caso é atéia ), misturinha, gabriela, tanto pode ser um truque pra se tapear o cheiro que fica pq a criatura fica pensando ” quaaaaaaaaaaa, tenho samba juliana nas mãos “…….. ou então, deixa assim, uma cultura dos nomes bizarros e absurdos! Maravilha!

  3. Ô Gabi!!! esse seu radar me assusta, você tem uma antena ligada 24 horas por dia em todos os blogs? 🙂 abro meu gmail e tá lá um comentário num post [que deveria ser] tímido e escondido. Fico feliz! Mas sabe que nunca é de volta ao blog, é sempre um devoltinha bobo, posts só pra me aliviar 😀 Eu to sempre abrindo e lendo aqui, vi que mudou o layout, ficou bem bacana! fico com vergonha de comentar pq sumo tempo demais, o fluxo bloguístico (o seu então: primeiro a gente entra, leva um bom tempo pra ler, e depois outro muito tempo pra clicar nos links que não tem como deixar de ir!) me dá medo, não dá pra eu acompanhar todo dia :/ Mas vamos lá, escrever com comentários de Gabi é sempre melhor. bjo!

  4. Quem costuma esmaltar as unhas sempre vai pra manicure com essa responsablidade de escolher. Eu sempre achei um saco, na maioria das vezes é a própria pessoa que escolhe pra mim, tipo “ah, joga esse com esse que fica liiindo!” então tá, só escolho o tom. Gosto mto do licor.
    Será que alguém no mundo já pensou em fazer numa planílha siginificados de nomes de cores de esmaltes?
    tem coisas que só a Gabriela faz por vc 😉

  5. Tudo é absurdo e arbitrário – mas é justamente por ser absurdo e arbitrário que algumas coisas nos fascinam 🙂 😛
    [okay, talvez não seja muito saudável ficar observando nomes de esmaltes em farmácias…]
    Larissa: a cor Gruta é um begezinho perolado (aqui tem uma imagem dele).
    Fernanda: sim, tenho um radar poderosíssimo capaz de perceber quando qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, faz um post! 😀 (na verdade, assinei o feed do teu blog… :P)

  6. Por isso é que acho injustas as piadas que satirizam a inteligência dos portugueses… A Língua Portuguesa é riquíssima, fascinante e curiosíssima.
    PS: meu deus, no meu ranking de “pessoas very very pacientes” você subiu dezenas de posições após confeccionar a lista de esmaltes… 😉

  7. Alguns nomes dos esmaltes mencionados dão a dica da cor, como “rubi” ou “madrepérola”. Os nomes sugeram às vezes lugares; é tudo uma jogada de comércio.
    Muito bom o post. O lance das palavras serem arbitrárias é uma longa história.

  8. Nome de doces no Brasil sempre terem uma parte do corpo de nome, por exemplo no sul, brigadeiro se chama negrinho, o pé-de-moleque é corrente no território todo… enfim, Darcy Ribeiro em um ensaio sobre Casa Grande e Senzala do Gilberto Freyre, que pode ser encontrado em um livro de ensaios do Darcy, Gentidades é o nome do livro, faz um pequeno apanhado sobre o nome de vários nomes nomes de comidas brasileiras remetem a sexualidade, que acabou sendo uma compreensão que os portugueses tinham sobre o fato dos índios andarem por aí sem roupa e terem tantos outros hábitos pra os portugueses raríssimos e que pra eles tinha um ar bem sacana. Eu explicando fica horrendo e sem sentido, mas confiem, Gentidades do Darcy Ribeiro….. é bem interessante.

  9. Gabi, pelo menos isso eu sei, né? u.u Tudo bem que foi meu namorado quem colocou (!) aqui na minha barra de favoritos um monte de feeds (é um trocinho laranja?) com os sites que leio mais, um deles é do seu blog! heheheh
    Mas queria que eles piscassem qdo algo novo fosse adicionado no site. Será que devo pedir isso ao firefox? 😀
    Eu li metade do livro “Deus, um delírio”, e acho que vale sim a pena ler… o que posso dizer? acho que só lendo mesmo, o ponto é que ele tem a pretensão e a certeza de que, ao terminar o livro, você não mais acreditará em Deus (e se vc já não acredita, fica mais fácil!hehe). Não sei, mas até onde eu li, ele “prova” tanto quanto quem acredita piamente que Deus existe, que ele NÃO existe…ou seja, só através de opiniões.
    Daí achar meio massante certas partes. O fato é que Deus não existe mesmo, não sei o que tanto discutem! O que existe é a crença em algo maior, o que ninguém (nem ele) nunca vai conseguir derrubar…afinal são milênios de Deuses pra competir. O que gosto no Dawkins é que ele tem muito bom-senso naquilo que fala, o que falta em quem acredita demais nas coisas cegamente.

  10. Bem vinda ao mundo das bizarrices 🙂
    Esmaltes com nomes estranhos é somente um ponta do iceberg.
    Mas é realmente estranho, dar nomes pessoais a esmaltes, sendo que na minha opinião, ficaria melhor dar nomes que combinassem com as cores… mas, é a vida.

  11. Até que há algum resquício de lógica em alguns dos nomes dos esmaltes (e o mesmo também vale para os doces, embora ‘uva hip hop’ pareça mais uma tentativa bizarra de apelo de marketing do que propriamente um sabor de chiclete :P). Mas, no geral, predominam nomes bizarros, em que a relação metafórica entre cor e nome é dada muito mais pela rotina do uso (“Usa aí um Gabriela com Misturinha”) do que propriamente pelo resgate da memória das relações prévias entre o nome e a cor em outra situações da vida (confuso? :P).
    Fernanda: tente o Google Reader (http://reader.google.com) 🙂 Li o primeiro capítulo de Deus, um delírio, e fiquei bastante entusiasmada. Parece interessante — mas já sou atéia antes de ler a obra (acho que isso ajuda a gostar do/se identificar com o livro :P).

  12. Oi Gabi!
    Legal o teu blog! e curti este post dos nomes dos esmaltes! Realmente uma curiosidade e bizarrice! hehehehehe
    Na verdade, muitas vezes os nomes estão diretamente relacionados com a coleção. Por exemplo, a nova coleção da Colorama “Espelho, espelho meu”, todos os nomes tem a ver com contos de fada, tipo “Conto de Fadas”, “Doce loucura”, “Beijo Roubado”, … heheheheh
    Abraços!

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