Category Archives: internet

Driblando a censura

Hugo Chávez resolveu encarnar a figura de ditador malévolo e cruel (com um atraso de 40 anos em relação às demais ditaduras latino-americanas, mas tudo bem) e tirou a emissora Radio Caracas Televisión (RCTV) do ar nesta semana (acusando-a de atos contra o governo). Mas ele não se deu conta de que atualmente vivemos na era da Internet. Sim, a emissora perdeu o sinal de concessão para transmissão via sinal de televisão na Venezuela. Mas a RCTV encontrou uma maneira alternativa de continuar transmitindo – e de manter seu público. Os principais programas do canal estão sendo transmitidos pela Internet, como as novas edições do telejornal El Observador, carro-chefe da emissora, que podem ser acompanhadas pelo YouTube. Claro, não é a mesma coisa. Programas muito longos precisam ser fracionados (para se adaptar às exigências do site), e a imagem precisa ter menos qualidade para ser reproduzível em qualquer computador. Mas fora essas pequenas limitações, a RCTV segue transmitindo, e isso é o que importa. E os milhares de acessos que os vídeos já tiveram até então apenas confirmam que não há limites para a inventividade humana…
Agora só falta Chávez dar uma de juiz-brasileiro-que-não-entende-como-funciona-a-internet e proibir o acesso ao YouTube inteiro para tentar evitar que as pessoas assistam a um único vídeo (qualquer semelhança com o caso Cicarelli não terá sido mera coincidência).

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Sala de Redação no Second Life

Amanhã (1° de junho), às 13h, a Rádio Gaúcha irá transmitir um programa ao vivo pelo Second Life. Todos os locutores do programa Sala de Redação estarão virtualmente representados por avatares. Apesar da superexposição midiática anterior ao evento (sempre desconfio de coberturas exageradas), a idéia tem tudo para ser interessante. No site da rádio tem até um blog, que fala não só sobre esse como também sobre outros eventos que estão acontecendo lá no Second Life.

>> Detalhes sobre a transmissão da Rádio Gaúcha podem ser encontrados aqui.

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Universal sem totalidade

“O ciberespaço possui o caráter de sistema dos sistemas mas, por isso mesmo, também é o sistema do caos. Máxima encarnação da transparência técnica, acolhe, no entanto, devido à sua irreprimível profusão, todas as opacidades do sentido. Desenha e redesenha a figura de um labirinto móvel, em extensão, sem plano possível, universal, um labirinto com o qual o próprio Dédalo não poderia ter sonhado. Essa universalidade desprovida de significado central, esse sistema da desordem, essa transparência labiríntica, eu a chamo o «universal sem totalidade». Constitui a essência paradoxal da cybercultura” (Pierre Lévy em “O Universal sem Totalidade, Essência da Cybercultura”*).

Na idéia do autor seria mais ou menos assim: universal e totalidade não são a mesma coisa. O universal se difere da totalidade na medida em que aquele se compõe da possibilidade fática de compartilhar o conhecimento, de modo que cada ser humano possa contribuir para a produção do sentido. Com base nisso, Lévy enumera três grandes etapas na história: cultural oral (na qual se tem uma totalidade sem universalidade, há manifestações isoladas, mas não se partilha o conhecimento em grandes extensões de tempo e espaço), cultura escrita (universal totalizante, quebra-se a barreira do tempo e espaço para a aquisição de conhecimento, mas ainda há predomínio de meios massivos, sem interação) e cibercultura (universal sem totalidade, participação e interação no ciberespaço). É possível relacionar a oposição universal/totalidade também com os direitos humanos (considerá-los como algo totalizante leva à ditadura e aos regimes totalitários; desse modo, os direitos humanos são – ou deveriam ser – sempre universais). Fica mais fácil de entender lendo a transcrição da palestra inteira 😛

* odeio referências não-datadas, mas na Internet já estava assim quando encontrei. Imagino que seja algo escrito em meados da década de 90. Se alguém souber mais sobre o arquivo, a caixa de comentários não está ali por acaso 😛

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Mundo virtual?

>> Ação terrorista e rivalidade partidária no Second Life.

E depois tem gente que insiste em dizer que o SL é só um joguinho… No máximo pode ser uma simulação e ampliação da vida real (mas com conseqüências reais). Ou o uso da tecnologia como uma extensão de nossas capacidades físicas e mentais (mais ou menos como o ideal proposto por McLuhan lá na década de 60).

(via comentário do w1zard)

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the Konstrukt

A partir de amanhã os brasileiros poderão contar com uma
revista digital mensal em português com as últimas novidades sobre o Second Life. A iniciativa é da Verbeat, uma “não-organização, não-lucrativa, não-governamental” que se propõe a fomentar a comunicação, a arte e a cultura no ambiente digital.
O pessoal da Verbeat está sempre de olho nas novas tendências da Internet. Em 2005, eles fizeram uma pesquisa que procurou mapear os usos e costumes da blogosfera brasileira. Desde 2003, a página também funciona como um condomínio de blogs, um espaço que reúne blogs interessantes sobre os mais variados temas.
A próxima novidade deles, com lançamento oficial previsto para amanhã, é a versão em português da revista the Konstrukt. Para quem não sabe, a Konstrukt é uma revista mensal sobre Second Life, produzida na Suécia, escrita em inglês, e que se propõe a ser um veículo de conteúdo especializado sobre o ambiente virtual do SL. O conteúdo pode ser acessado gratuitamente em pdf, e a partir de hoje já é possível baixar a edição especial em português da revista. Mas os investimentos da Verbeat no universo do SL não param por aí: prepare-se para muitas outras novidades em breve no inversus, o espaço do portal dedicado a metaversos em geral.
Aliás, já aproveito o post para perguntar: alguém aí costuma usar regularmente o Second Life e teria aventuras para relatar? Se sim, entre em contato.

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Second Life

A revista Época desta semana traz uma matéria de capa sobre o Second Life. O clima da reportagem parece ser em tom de “será esse o futuro da Internet?”. A revista anda bem tecnológica ultimamente. Já teve capa sobre blogs, iPhone, You Tube, entre outras maravilhas raitéqui.

Em tempo: quando ficará pronta a versão brasileira do SL?

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A incrível história dos emoticons

Conforme atestam várias páginas da web, o emoticon, ou a idéia de representar graficamente emoções na tela do computador, teria surgido por acaso, numa tentativa de ajudar a distinguir entre mensagens de humor e mensagens mais sérias. Uma cópia do log da discussão que deu origem às clássicas carinhas “:-)” e “:-(“ pode ser ainda encontrado na Internet. Scott E. Fahlman se diz o inventor do :-), e a invenção teria se dado no começo dos anos 80.

Outros afirmam que o primeiro emoticon teria aparecido ainda em 1979, pelas mãos de um tal de Kevin Mackenzie. Ele teria usado o estranho símbolo -) para expressar graficamente uma emoção na tela do computador. A idéia era representar uma língua no queixo (o hífen representa uma língua, e não um nariz) para passar a idéia de humor. Mesmo que se pareça fisicamente com :-), o significado era diferente. Mesmo assim, -) não parece ter servido como inspiração para os demais emoticons que foram surgindo depois.

Indo mais a fundo ainda, em uma entrevista para o New York Times em 1969, Vladimir Nabokov teria afirmado: “Eu muitas vezes penso que deveria haver um sinal tipográfico especial para um sorriso – algo como uma marca côncava, um parêntese deitado, o qual eu gostaria de traçar agora como resposta a sua questão”. Seria essa uma previsão abstrata histórica do que seria anos depois um emoticon?

Qualquer que tenha sido o pai do emoticon, desde o princípio os sinais textuais eram uma maneira simplificada de representar graficamente as emoções em interações virtuais, bastante apropriada para o baixo desempenho dos primeiros computadores aliado às irrisórias velocidades de interconexão dos primórdios da Internet. De lá para cá, os emoticons foram se desenvolvendo, e novas versões aprimoradas, coloridas, na forma de desenhos ou em 3D, foram surgindo. Muitas vezes, usam-se até emoticons que nem sequer representam emoções, como no caso de se usar uma xícara para indicar café.

De acordo com a etimologia popular, emoticon viria do inglês emotion (emoção) + icon (ícone). Segundo a Wikipedia, um emoticon é uma arte em ASCII usada em mensagens textuais como uma marca informal para indicar emoções e atitudes que poderiam ser feitas pela linguagem corporal nas comunicações face-a-face.

Os emoticons costumam funcionar como ícone ou índice. Será ícone quando guardar semelhanças físicas com o objeto real que representa (ex.: forçando um pouco, 🙂 guarda uma certa analogia com o modo como o rosto de alguém se parece ao sorrir). Já o índice é quando algo faz lembrar outra coisa por uma relação de similaridade conceitual. É mais ou menos o que acontece com uma xícara de café ao lado de um nome para indicar que o usuário está longe do computador. Xícara lembra café que lembra momento de descontração e descanso. Outro exemplo é a figura de uma violão para significar música.

Formas aprimoradas de emoticons também surgiram com o tempo. Como exemplo, há o estilo da Ásia Oriental, que são emoticons textuais que não requerem que se vire a cabeça para serem compreendidos, como (-_-) para significar tristeza ou tédio. Atualmente, os programas instantâneos de trocas de mensagens costumam vir com emoticons gráficos animados, como é o caso do MSN Messenger.

Sejam gráficos, lineares, ou textuais, o que importa é que os emoticons são um elemento indispensável na nossa vida virtual. Sem eles, grandes desentendimentos poderiam ocorrer, na medida em que as pessoas teriam dificuldades em compreender o estado de espírito de quem escreve uma frase puramente textual na Internet. De outro modo, como identificar que algo se trata de ironia, sarcasmo, deboche, piada, pilhéria, ou da mais pura e insana verdade?

Links relacionados:

10 fatos sobre os smileys* – matéria especial do GuardianUnlimited que resume a trajetória dos smileys. Texto de 2002.
Livro “Smileys” – escrito em março de 1997 por David Sanderson, trata-se de uma tentativa de catalogar todos os smileys existentes até então.
Smiley Dictionary – segundo o GuardianUnlimited, há vários outros dicionários similares na Internet.

* não consegui encontrar nenhuma página que me explicasse a real diferença entre emoticon e smiley. Talvez seja algo sutil como o primeiro termo para tudo e o segundo apenas para as carinhas…

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Falha no Digg

Essa é boa. Uma jornalista da revista Wired queria provar que existiam falhas no funcionamento do Digg. E conseguiu.

A matéria, intitulada “I Bought Votes on Digg” (“Eu comprei votos no Digg”), explica detalhadamente como Annalee Newitz, jornalista da Wired, conseguiu contratar uma empresa norte-americana para burlar o sistema de votos do Digg.

O Digg é um exemplo típico de site da Web 2.0, baseado na colaboração dos usuários. Cada usuário pode participar através do envio de links para postagens de blogs, notícias, sites ou qualquer outra página da Internet que seja interessante ou inusitado, e o resto da comunidade participa dando um voto positivo ou negativo ao material enviado. Os materiais mais votados adquirem popularidade de forma astronômica, pois, à medida que recebem mais votos, recebem maior visibilidade, o que leva a uma maior quantidade de votos, num círculo vicioso que só não permanece por mais tempo porque outras novidades podem surgir, e as pessoas seguem a onda e passam a votar na novidade seguinte. Aliás, o verbo to digg, em inglês, significa cavar, ir a fundo, o que tem tudo a ver com a forma de funcionamento do site.

O que a jornalista da Wired fez foi contratar um serviço pago para alavancar a popularidade de uma página intencionalmente criada para testar as falhas do sistema do Digg. Para isso, Newitz criou um blog fraco e sem muito propósito, reunindo fotos de multidões coletadas aleatoriamente no Flickr, mas sem que houvesse muita lógica na escolha das imagens. De uma página totalmente desconhecida no ciberespaço, o blog se transformou em um grande fenômeno no Digg. Para tanto, Newitz teve de desembolsar U$20 para o serviço, mas um adicional de U$1 por voto. Além dos votos pagos, o blog recebeu inúmeros votos de pessoas que seguiram a onda e também deram um ponto positivo à página. Mas não tardou muito para as pessoas percebessem que o blog não tinha razão nenhuma para estar no topo da página, e ele acabou caindo.

A maluquice serviu para provar que o Digg apresenta falhas, mesmo que a empresa insista em dizer que o sistema é praticamente infalível.


A notícia foi recebida pelo feed de Mídia do Le Monde. Também recebo feeds da Wired, mas por algum motivo essa história tinha me escapado. Não sei até que ponto gosto desse sistema de só receber notícias selecionadas por RSS. Ás vezes acompanhar um jornal completo seria útil para saber o que acontece no mundo em áreas as quais geralmente não demonstro qualquer tipo de interesse. Por exemplo, de que outro modo eu poderia saber que algum time de futebol jogou, ganhou ou perdeu, se não for a partir da capa de um jornal impresso? Talvez eu reconsidere o cancelamento da assinatura do jornal impresso. Não estou pronta para receber informações apenas pela Internet.

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Como aprender idiomas online

Podcast também é cultura. Ontem, stumbleando por aí, acabei chegando a alguns sites bacanas, com dicas de coisas que se pode ouvir em um iPod – ou no próprio computador – tanto para aprender quanto para praticar um novo idioma. Esta página, sugere que se ouça notícias em ritmo mais lento (ideal para quem está aprendendo um novo idioma), esta outra traz uma série de links para cursos online de idiomas, e este site oferece diversos livros em áudio para download gratuito.

Os livros em áudio, em inglês, podem ser baixados em ThoughtAudio.com. Há diversas opções de clássicos da literatura, nos mais variados estilos, desde A Metamorfose, de Kafka, até O Manifesto Comunista, de Marx e Engels.

Para quem quer praticar um idioma em doses homeopáticas, duas emissoras européias, a Radio France Internacionale (RFI), da França, e a Deutsche Welle (DW), da Alemanha, oferecem programas em áudio em versão fácil de entender, com duração aproximada de 10 minutos cada. O programa diário da RFI, Le Journal en français facile, traz notícias internacionais em um francês lento e fácil de entender. O programa da DW, Langsam gesprochene Nachrichten, traz o mesmo conceito (notícias internacionais, ritmo diário, facilidade de compreensão), mas é feito em alemão, e num ritmo ainda mais lento que o programa análogo em francês. Para quem ainda assim acha complicado entender outro idioma, ambos os programas oferecem a transcrição do áudio, aí é só colocar o áudio para rodar e ler o texto para acompanhar (a transcrição em alemão pode ser encontrada neste feed).

E se você não sabe nada, ou sabe muito pouco desses idiomas, é possível aprender o básico online, também em áudio. Para aprender francês, uma boa opção são as aulas da French Ecole. As lições são apenas em áudio (portanto, espere aprender a ouvir e a falar em francês – escrever fica complicado), e ao final de cada aula há uma dica de filme (em francês) e um quiz com questões relativas à lição que se acabou de ouvir. Entretanto, há um único inconveniente: as aulas são em inglês.

Já para aprender alemão, uma boa dica é o curso Alemão – Por que Não?, oferecido pela Deutsche Welle (a mesma das notícias em ritmo lento) em 4 séries de 26 lições cada. As mais de 100 lições vêm com áudio, livro-texto em pdf (com exercícios, e o texto da lição, para acompanhar) além de abordar detalhadamente tópicos de gramática e vocabulário. O curso é bastante completo, e é em português.

Enfim, há muito mais do que simplesmente música para se ouvir em um player portátil de música.

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Leitura digital

“Em relação às técnicas anteriores de leitura em rede, a digitalização introduz uma pequena revolução copernicana: não é mais o navegador que segue as instruções de leitura e se desloca fisicamente no hipertexto, virando as páginas, transportando pesados volumes, percorrendo com seus passos a biblioteca, mas doravante é um texto móvel, caleidoscópico, que apresenta suas facetas, gira, dobra-se e desdobra-se à vontade diante do leitor” (Pierre Lévy em “O que é o virtual?”).

É isso. Embora um livro seja bem mais prazeroso de se ler, pois nos permite “ter em mãos” o objeto da leitura – além de se poder manuseá-lo, abri-lo, fechá-lo, riscá-lo, marcá-lo, emprestá-lo, enfim, há todo um fetichismo em torno do livro –, a leitura hipertextual em um ambiente virtual também tem seus atrativos. O livro impresso, considerado dentro do sistema em rede de remissões internas de uma biblioteca (um livro que remete a outro que remete a outro que remete a outro, além de índices e catálogos que remetem a vários outros livros), requer que se faça deslocamentos físicos – é o leitor quem precisa ir de um livro a outro em busca de informações adicionais. Na web, basta clicar em um link, ou buscar em um banco de dados, que a informação requisitada estará diante de nós, em instantes. A possibilidade aberta pelos hiperlinks permite que se vá de página em página, sem sair do lugar (físico) onde se encontra. E é isso o que torna a navegação na web uma experiência tão interessante e singular: somos nós quem estamos no comando do caminho a ser traçado em nossa leitura hipertextual.

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