Category Archives: mídia

Um ano de G1

O portal de notícias na Internet da Globo, o G1, completou um ano no dia 18 de setembro. Como uma forma de marcar a passagem da data, o portal tem publicado uma série de especiais sobre o primeiro ano do site. Há notícias que destacam as principais coberturas desse último ano (ótimo para recapitular o que foi notícia nos últimos meses, e também para constatar que o tempo passa), as notícias mais bizarras, as grandes disputas tecnológicas, as principais inovações do G1 nesse primeiro ano (algumas das grandes sacadas do portal são a presença marcante de infográficos, o grande número de vídeos para ilustrar as matérias, a possibilidade de comentários em [algumas das] notícias, e o canal de participação do leitor), e até uma matéria que explica, em detalhes, como são feitos os infográficos do G1.

Não costumo ler sempre o G1 (embora assine o feed de Tecnologia do site) – mas é inegável o quanto eles parecem se preocupar em produzir conteúdo voltado para a Internet (em termos de linguagem e recursos multimídias). É um dos poucos sites que fazem isso hoje em dia, infelizmente. Deveria ser a regra geral.

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A insurreição no Brasil, há 114 anos atrás

Em setembro de 1893, um artigo do New York Times comentava a queda da monarquia no Brasil e os primeiros anos da República. O artigo, em uma página de jornal entupida de texto (bem ao estilo da época), trazia ainda um mapa do Brasil, para ajudar os norte-americanos a compreender a localização daquele novo país recém-descolonizado. Histórico. Interessantíssimo. E acessível gratuitamente via arquivo do New York Times na web – todas as edições do jornal, de 1851 a 2007, estão disponíveis na íntegra na Internet. Os textos publicados até 1922 (e que estão em domínio público) podem ser lidos gratuitamente, em pdf. Para os demais, é preciso pagar pelo acesso. Dá para ficar horas e horas perdido em leituras sobre o passado.

(Via GJol)

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Notícia online

Pirâmide invertida, pirâmide deitada, news diamond… afinal, qual o modelo ideal para uma notícia na internet? Há, de fato, um modelo ideal, ou seria possível lidar com uma verdadeira multiplicidade de opções – algo como… cada tipo de fato requeriria um tipo de texto, que, por sua vez, seguiria um modelo diferente?

A idéia do news diamond parece interessante. E ainda inclui o Twitter (ali no topo, no ‘Alert’, como primeiro passo de uma notícia na internet).

(Via André Deak. Via GJol. Via Online Journalism Blog)

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Jornalismo wiki e o futuro do jornalismo online

Há algum tempo atrás, Paul Bradshaw, do Online Journalism Blog, iniciou uma página em formato wiki para escrever um artigo sobre jornalismo wiki. No dia 13 de setembro, o resultado final foi apresentado na Future of Newspaper Conference, na Cardiff University, Inglaterra. O artigo delinea as principais possibilidades de utilização da ferramenta wiki para a produção jornalística (com ou sem a participação dos leitores).

Aproveitando o assunto, fiz algumas perguntas por e-mail para autor, sobre jornalismo wiki e o futuro do jornalismo online, em uma entrevista para a disciplina de Jornalismo Digital. O resultado pode ser conferido no meu blog de aula (em português), ou no próprio blog de Paul Bradshaw (em inglês).

Em tempo: normalmente, uma jornalista de verdade não precisaria pedir isso… mas… se alguém notar algum deslize grave na tradução, favor noticiá-lo via comentário. É a primeira vez que tento fazer algo do tipo, e erros costumam fazer parte do processo de aprendizagem 🙂

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Zero Hora

Da Zero Hora de hoje, página 36:

– Não é a primeira vez que fazem uma barbaridade dessas. Meu marido e meus filhos também têm moto, poderia ter sido eles – alerta uma moradora que pede para ser identificada

Desculpem o post meio Verdade Absoluta, mas…
Por favor, alguém identifica a moça! Coitada, ela está perdida e não sabe quem é. Deve ter ficado transtornada com a história do motociclista degolado.

(Não me perguntem o que eu estava fazendo lendo a página policial da Zero Hora de domingo; mas é interessante notar que os erros de supressão de palavras não acontecem só no jornalismo online)

Falando em jornalismo online… A Zero Hora irá lançar uma nova versão online na quarta-feira. A estratégia faz parte da comemoração dos 50 anos do Grupo RBS. Dentre as novidades anunciadas, estão notícias em tempo real e espaços para a participação dos usuários. (Finalmente a ZH vai sair do modelo transpositivo!). Só não precisavam fazer tanto suspense, substituindo a página tradicional do site por um contador no estilo “nós vamos mudar o mundo”. A roda já foi inventada. Sites mudam todos os dias.

Update – 20/09 – hora de morder a língua e fazer a mea culpa – o resultado final do novo site da ZH é realmente muito interessante. E também não deixa de surpreender o fato de que se trata de um jornal online de uma empresa jornalística que fica fora do eixo Rio-São Paulo. No máximo, talvez eles tenham exagerado um pouco nos espaços em branco (essa é uma nova tendência feliz para o design de páginas na web?) – falta uma cor marcante e que chame a atenção.

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Leitores (não) sabem escolher notícias

Um estudo do Project of Excellence in Journalism (PEJ) comparou, durante uma semana, o agendamento de notícias em sites em que os usuários podem escolher o que irá receber destaque, e na mídia tradicional. Os resultados apontam que as informações encontradas em um e outro lugar tendem a ser diferentes.

A pesquisa levou em conta as notícias veiculadas na semana entre 24 e 27 de junho de 2007, nos sites Del.icio.us, Digg, Reddit (conteúdo gerado por usuários), Yahoo! News (nas categorias mais vistas, mais enviadas por e-mail e mais recomendadas) e nos jornais normalmente analisados pelo PEJ. Na semana em recorte, observou-se que a mídia tradicional focou em assuntos de interesse público, em áreas como política, ou internacional, ao passo que os sites de conteúdo gerado por usuário focaram-se em novidades tecnológicas e científicas (como o lançamento do iPhone) e em trivialidades (como imagens de frutas e legumes comendo-se uns aos outros).

De acordo com o estudo, ainda,

“In short, the user-news agenda, at least in this one-week snapshot, was more diverse, yet also more fragmented and transitory than that of the mainstream news media”

Sim. Os resultados apontam que, se se deixar tudo nas mãos dos usuários, a audiência emburrece. Essa é mais ou menos a conclusão a que chega Nicholas Carr, ao comentar o estudo em seu blog:

“When you replace professional editors with a crowd or a social network, you actually end up accelerating the dumbing-down of news. News becomes a stream of junk-food-like morsels. The people formerly known as the audience may turn out to be the people formerly known as informed”

Algumas considerações:

– Se o público prefere outras coisas, diferentes das tratadas na grande mídia, será que isso não poderia significar que a mídia é quem está errada?

– O fato de que o público não sabe escolher, significa que a mediação jornalística continuará necessária, talvez não tanto na geração de conteúdo, mas pelo menos na questão de selecionar o que é relevante? (Entretanto: relevante para quem???)

– Não é absolutamente normal que tenha predominado contribuições sobre tecnologia em sites como del.icio.us e digg, cujos públicos são formados, em sua maioria, por geeks?

– Qual seria a necessidade de haver agregadores de notícias controlados por usuários se fosse apenas para reproduzir o conteúdo da grande mídia?

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Princípio da ponderação entre espetáculos

Pelo princípio da ponderação entre espetáculos, com o acidente da TAM, o Pan provavelmente irá perder grande parte do espaço que vinha ocupando na mídia de massa. É assim que a lógica da mídia funciona: um espetáculo novo absorve o anterior. E a probabilidade de se sobrepor aos demais é diretamente proporcional ao número de vítimas.

Apesar da tragédia, minha veia investigativa já pensa em aproveitar o tempo livre decorrente das férias para analisar as notícias sobre o fato. Sádico demais? Há aspectos interessantes decorrentes da busca pelo tempo real, como esta manchete do Terra. Na tevê tem havido bem mais deslizes que no jornalismo online. Também dá para notar a força do jornalismo colaborativo – grande parte das fotos do Terra e do Estadão foram enviadas por leitores.

Update – acompanhe a evolução da cobertura online e colaborativa a partir do Intermezzo.

18/07 – Ainda sobre o acidente:
– Fiz um post parecido sobre o avião da Gol que caiu em setembro passado.
– E o André lenvantou algumas das pérolas da tragédia de ontem, citando, por exemplo, este post do Alex Primo sobre uma notícia do ClicRBS anunciando a morte de alguém que não morreu…

O acidente também permitiu um exemplo prático do “jornalismo wikipediniano” em ação. A página da Wikipédia sobre o acidente, atualizada por vários colaboradores anônimos simultaneamente, apresenta um relato completo da tragédia, e recebe novos dados em tempo real.

Outro post antigo relacionado, desta vez sobre espetáculo.

Update – 11/08 – já que o Terra resolveu ser feliz e mudar o título da notícia quase um mês depois do acidente, fica aqui o link para o post do Marmota com um printscreen da manchete errada.

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A desgraça alheia ’empacotada’ como espetáculo para as massas

E o que eu tenho a ver com um ex-síndico que matou o morador de um prédio há 8 anos atrás? É incrível como a mídia (em especial, a televisiva) consegue transformar todo julgamento em espetáculo. A parte interessante é que isso só acontece com crimes bárbaros. Principalmente quando há registro de imagens.
Crimes bárbaros são bastante telegênicos, mesmo que as imagens que se tenha não sejam nada nítidas.

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Teria sido interessante

Por um deslize do operador de caracteres, a imagem acima pode ser vista durante 12 segundos segunda-feira na CNN International. Imagina a sensação de alguém que tenha ligado a televisão exatamente neste momento. 12 segundos depois, a palavra Bush foi substituída por Blair. Mas o tempo foi suficiente para que o pessoal da internet, que não perdoa ninguém, captar a tela e o erro não passar despercebido.

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Influência midiática

O tema da redução da maioridade penal já começou a ser discutido no Senado. Algumas propostas já passaram pela Comissão de Constituição e Justiça (primeiro passo na tramitação de um projeto legislativo). O caminho para aprovação de uma lei é longo e demorado no país. Ainda mais que se trata de uma PEC (proposta de emenda constitucional) – para alterar a Constituição, há todo um procedimento especial, com exigência de quóruns de aprovação diferenciados. Apesar de tudo, não se pode negar que há uma ponta de influência da mídia nisso tudo. Se o caso João Hélio não tivesse envolvido menores, se a mídia não tivesse insistido nesse ponto, se o debate da redução da maioridade penal não tivesse sido motivado por isso tudo… provavelmente não haveria tantos projetos relacionados à idade mínima para imputação penal no país. Direito e mídia se relacionam. E muito.

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