Category Archives: querido diário

De como fui abduzida

Eu estava dirigindo por uma estrada de chão, próxima à minha cidade, sozinha no carro, à noite, sem que passasse qualquer outro veículo pelo caminho. De repente, uma luz forte se aproximou, e era tão intensa, tão poderosa, que me fez parar o motor do carro (ou o motor do carro parou sozinho porque a luz era intensa demais?). Era uma luz azul, realmente intensa, brilhante. Tomada por uma força repentina, decidi sair do carro e seguir em direção à tal luz azul. Afinal, azul é minha cor preferida. Não sei ao certo o que aconteceu, só lembro que a luz brilhava muito (já mencionei que era uma luz intensa?). Depois, não lembro de mais nada. Só sei que cheguei ao meu destino com um atraso de quatro horas. E senti sonolência, muita sonolência.
Quer dizer, eu nem tenho como ter certeza de que fui abduzida, porque só me lembro do clarão. O resto são memórias, reminiscências, lapsos de rememoração, algo como ter em mente a imagem fixa de criaturas de aproximadamente meio metro de altura, seres marrons, com pele com consistência de uma casca de árvore, e três olhos (sim, três olhos).
Mas isso também não quer dizer muita coisa. Afinal, toda e qualquer experiência humana é subjetiva.

Versão alternativa: Fiquei dois dias sem postar empolgada lendo os primeiros capítulos de Harry Potter and the Deathly Hallows.

Pronto. Escolham a versão em que quiserem acreditar.

Da série “desculpas esfarrapadas para se dar quando não se tem um motivo concreto para ter deixado de postar por dois dias”.

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Pensamento não-linear

Não sei o que há de errado comigo, mas, ultimamente, meus pensamentos todos têm saído de forma totalmente não-linear. É como se uma coisa fizesse lembrar outra coisa que tivesse a ver com outra coisa que se relacionasse com outra coisa que, por sua vez, despertasse em mim a lembrança de alguma outra coisa, que — legal! nunca tinha reparado o quanto essa florzinha ao lado do monitor é interessante. Bem verm- Um gato miou no telhado? Poxa, já é 14 de julho. Em seguida recomeçam as- não posso me esquecer de responder aquele e-mail! Quer saber? Vou fazer isso agora mesmo. Mas, espere aí, onde é que eu estava mesmo? Ah, sim, estou escrevendo um post para o — o que aquela caixa faz na estante dos livros?? Eu, hein, que coisa mais sem noção. Esse escritório está uma bagunça. E não é culpa minha, porque, tecnicamente, eu não mor- por que as pessoas nessa foto de 1994 estão vestidas com roupas esquisitas? Será minha percepção que é diferente agora? (as roupas não deveriam parecer esquisitas à época em que a foto foi– E se a porta do armário cair, será que bate na minha cabe- POR QUE RAIOS A IMPRESSORA ESTÁ LIGADA? Ah!, lembrei, tenho que terminar de baixar aquele dicionário para continuar a tra- Não, eu NÃO quero passar o antivírus agora. Computador com vontade própria, era só o que — opa. Já ia me esquecendo de revisar minha parte do rel- Já sei! Já sei!!! Tive uma idéia ótima para um post. Se bem que… eu já não estava escrevendo um? Sobre o que que era mesmo? (…)

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Diálogo na veterinária

Diálogo na veterinária hoje à tarde:

– Como é a primeira vez que você traz sua cachorrinha aqui, precisamos fazer uma ficha para ela.
– Ah, tudo bem.
– Nome?
– Gaby. Com ípsilon.
– E o seu nome?
– O meu nome? Er. Ahm. É…
[minha irmã intervém na conversa]
– Gabriela.
[olhar bizarro da atendente]

O que não gosto nessas situações é que geralmente não me dão a oportunidade de explicar que o cachorro já veio “de fábrica” com esse nome (compramos ela com 6 meses, e trocar de nome nessa idade seria uma crueldade com o bichinho). E que a Gaby tecnicamente não pertence a mim.
É por essas e outras que odeio quando a Gaby troca de pet shop.
Talvez eu devesse pensar em um nome alternativo para dar quando levo a cã a esses lugares. “Caqui”? “Babi”? “Aqui”? (Alguma sugestão de algo mais que rime com Gaby? :P)

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Sentir-se estranha em um lugar antes familiar

Hoje passei por um daqueles momentos em que tudo o que a gente mais quer é ter o manto de invisibilidade de Harry Potter à mão, ou então poder cavar um buraco e enterrar o pescoço dentro da terra.

Fui a uma reunião do Lions com meu pai. Fazia tempo que eu não ia. Eu tinha belas recordações de infância de outras reuniões que fui, algo bucólico, e até um pouco romântico. Os pais levavam seus filhos às reuniões, e a gente ficava correndo e brincando pelos campos da Associação Rural de Bagé. Era divertido. Só que hoje antes de sair de casa eu não me dei conta de um detalhezinho importante: eu cresci. E foi só depois que cheguei lá que percebi isso.

É mais ou menos assim: fui em busca de recordações da infância, mas acabei chegando a um lugar estranho em que a minha presença contribuía para diminuir drasticamente a média de idade de todo o povo lá presente. Algo como: grande demais para brincar com crianças (e, dessa vez, nem tinha crianças), mas pequena demais para interagir com os mais velhos (ou melhor: eles é que não queriam levar a sério alguém com metade da idade deles!).

Era um daqueles lugares em que a gente chega, dá uma olhada ao redor, e tudo o que quer fazer é encontrar uma cadeira bem no cantinho, sentar lá, e torcer para ninguém notar a nossa presença.

Poderia ser pior. Sim, poderia. E foi. O prato principal era churrasco. E eu odeio carne vermelha.

Concentrei-me na tarefa de tornar-me invisível (algo como o que Hiro faria em uma situação semelhante, exceto pelo fato de que eu tinha o tempo todo a consciência de que não conseguiria quebrar a barreira do espaço-tempo), e até consegui dominar a tarefa de passar despercebida por boa parte do tempo (sim, sentei numa cadeira em um cantinho). Mas na hora do almoço em si não tive como me esconder. Fui obrigada a sentar a uma mesa. E todo mundo que passava por mim perguntava por que eu não tinha um suculento prato de carne na minha frente. Foi aí que comecei a chamar atenção, não por fazer algo, mas por não fazer o que todo mundo estava fazendo. “Nem uma saladinha?”.

Levantei-me e peguei um pedaço de pão. Por alguns instantes, tive paz. Mas assim que terminou meu pedaço de trigo processado, as reclamações voltaram. “É por isso que é tão magrinha…”

Servi-me de sobremesa. “Isso, tem que comer para ficar forte”. Mas assim que terminei, voltaram as críticas. “Não vai repetir? É muito pouco doce para uma menininha saudável”.

Fora isso, até que consegui me divertir bastante em um almoço de comemoração do aniversário de alguns associados, e também de um casal que recentemente virou avô. Saí de lá sabendo todas as dicas possíveis do que pode contribuir para aumentar a pressão sangüínea. Bebida alcoólica demais é ruim para a pressão. Churrasco malpassado, também. Carne salgada demais, então, vixi, melhor passar longe. Só não entendi direito a situação do doce, porque embora todos estivessem preocupados com a pressão sangüínea na hora de servir-se de carne, todo mundo abusou do doce. Será que também os mais velhos empregam a lógica do “tomar coca-cola light com torta de chocolate anula as calorias do doce”?

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Correria

Cansei de brincar de fazer duas faculdades 😛

Tenho três trabalhos para entregar hoje, dois para amanhã. Não fiz a prova de hoje de manhã porque dormi até meio dia. Dormi até meio dia porque virei a madrugada fazendo um dos trabalhos para hoje à noite. E não vai me sobrar tempo para fazer qualquer coisa hoje de tarde. Alguém tem horas sobrando? Pago um preço bem especial. É só até o final do semestre, depois devolvo 😀

(sim, eu sempre deixo tudo para a última hora)

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Falta de foco

Ontem, apresentando o projeto de projeto experimental (algo como… “resuma tudo o que foi planejado durante o semestre em 5 minutos* de exposição oral”), fiquei meio frustrada porque não tenho um objetivo definido na vida acadêmica. É mais ou menos assim: meus colegas apresentaram seus trabalhos com uma certa paixão, com aquele ar de certeza de que é aquilo que pretendem fazer para o resto da vida. Nós não. Estamos empolgadas com a idéia, mas nenhuma de nós pretende passar a vida toda em função disso.
Com o término da faculdade se aproximando, preciso pensar em temas para TCCs e coisas do tipo. Mas estou tendo uma dificuldade imensa em definir o que quero fazer. Muita coisa me interessa, e não consigo estabelecer um foco. Já está quase certo que a grande área dos meus estudos será a Internet (algo como direito no ciberespaço, crimes virtuais, jornalismo online, enfim, cibercultura). Mas escolher uma única coisa para aprofundar está sendo difícil. Também não vou querer definir tudo o que vou fazer para o resto da vida no 4° ano de faculdade 😛 Mas seria bom ter um objetivo definido. Admiro as pessoas que conseguem ter alguma certeza na vida.
(Okay, nem todo mundo sabe o que quer, e é preciso aprender a conviver com isso)

* Como o trabalho era em dupla, meu tempo total de fala foi de 2,5 minutos. Como levo pelo menos 1,5 minuto para parar de gaguejar e começar a dizer algo com sentido (e isso vale não só para apresentação de trabalhos como para qualquer tipo de conversa), meu tempo de total de exposição com conteúdo não foi superior a 1 minuto. Basicamente, quando fui começar a dizer algo de relevante, meu tempo acabou, e já era a vez do trabalho seguinte. Limitações temporais deveriam ser abolidas 😛

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Eu sei digitar um texto no Word

Não consigo entender como as provas para ingressar no serviço público costumam ser tão idiotizantes. Hoje, lá em Porto Alegre, teve a segunda fase do concurso para o TRF4, nível médio. A prova consistia-se em pagar a passagem de ida, viajar até Porto Alegre, esperar por pelo menos 4 horas na porta do local de prova, entrar, ficar meia hora em uma fila com um monte de gente cujo nome começa com a mesma letra que o seu, pressionar a digital em um papel, assinar uma folha com o seu próprio nome, ser levado até uma sala com computadores, passar um texto de uma folha impressa para o Word em um tempo total máximo de 6 minutos, imprimir, sair da sala, esperar outras 2 horas, entrar no ônibus para voltar, e chegar em Pelotas depois de ter perdido pelo menos 12 horas de sua vida. E ainda ter que agüentar o pessoal na porta da prova fazendo comentários do tipo “meu texto era difícil, tinha até aspas!”, ao que o interlocutor respondia “e o meu, então, com reticências!!!”.
Sinceramente, não entendo qual a dificuldade disso. A prova de digitação não altera a classificação – serve apenas para comprovar que a pessoa está, ahm, apta a digitar textos (já que isso faz parte das funções de um técnico do judiciário). Já que era no próprio Word, por que a prova não poderia ter sido realizada em Pelotas? Talvez eu esteja no mundo errado, no planeta errado, na galáxia errada, no universo errado, mas, enfim, simplesmente não entendo por que fiz essa prova. Não pretendo ingressar no serviço público – trabalho criativo é bem mais interessante.
De qualquer modo, as doze horas perdidas não foram totalmente em vão. Ao menos pude aproveitar boa parte da manhã de domingo para conhecer e catalogar alguns dos tipos bizarros que circulam pela Redenção, como um cara sem uma perna que dizia que, se tivesse as duas pernas, não estaria andando pela Redenção (!). Ou uma senhora que caminhava escutando música e cantando em alto e desafinado som as canções que ouvia. Teve até um mendigo que disse aceitar pagamento de esmola em cartão de crédito…

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Significante sem significado

Hoje na faculdade tivemos uma interessante (mas brevíssima) discussão quanto à ineficácia do aviso de “não fumar” (e da lei como um todo, que institui a proibição de fumo em locais públicos, mas não estabelece sanções para o seu descumprimento).
A colocação das plaquinhas de proibido fumar só foi feita este mês nas salas de aula da Faculdade de Direito. Na placa diz, textualmente, ser proibido fumar, além de cigarro, também charuto, cachimbo e assemelhados. Mesmo assim, sei de dois professores da faculdade que fumam cachimbo e charuto. Em sala de aula*.
De qualquer modo, não deixa de ser interessante questionar a ineficácia da aplicação prática de uma lei em plena faculdade de Direito. Se nem professores e alunos levam a sério a plaquinha (e toda a simbologia que ela representa), o que esperar das demais relações da vida em sociedade?

* quanto a isso, ano passado os alunos tentaram colocar plaquinhas na sala de aula para intimidar um desses professores. A reação do professor foi a mais idiota possível: ele arrancou a placa da parede e passou a colocar as cinzas do cachimbo na folha, num claro gesto de desprezo com relação aos alunos…

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Overloaded

Tenho passado mais tempo planejando o que fazer, estressando-me com coisas que nem precisariam ser feitas, do que efetivamente fazendo o que tem de ser feito. A confusão é tanta que estou reconsiderando a necessidade de fazer dois cursos. Ao mesmo tempo em que reconheço que seria bem melhor poder aprofundar bem uma área, realizando estágios, pesquisas e estudos focados, também penso que, na prática, largar uma faculdade não alteraria em nada minha rotina (eu continuaria fazendo a mesma quantidade de atividades extra). É estranho. Passo mais tempo nas universidades do que em casa, mas, mesmo assim, sinto que estou tendo uma formação generalista demais – tanto que tenho uma dificuldade incrível para definir o tema e os objetivos de trabalhos, pesquisas e atividades*. Praticamente tudo me interessa.
Enquanto perco tempo me preocupando com isso, minha to do list não pára de crescer. Obviamente que tudo nela é relacionado à faculdade, porque ultimamente tenho vivido só para isso.
Nos interstícios entre um período de hiperatividade e outro… felizmente ainda sobra um tempinho para aparecer aqui pelo blog 🙂

* estopim da crise: elaboração da justificativa do documentário de Telejornalismo + dificuldade na redação de uma análise + indeterminação na escolha do tema para o projeto de Metodologia da Pesquisa

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