2008, o ano dos mashups?

Anteontem, na Super Terça (dia decisivo nas prévias das eleições norte-americanas, em que 24 estados iriam decidir seus candidatos do lado democrata e republicano), Google, Twitter e Twittervision anunciaram uma ferramenta que permitia acompanhar ao vivo, em um mapa, os comentários que estavam sendo feitos no Twitter sobre as votações (além de agregar notícias do Google News sobre o assunto). O resultado do cruzamento de dados era/é algo que mistura informação hiperlocal (é possível saber o que pensam os eleitores em cada ponto dos Estados Unidos, e do resto do mundo), com a lógica do tempo real (as atualizações do Twitter vão pipocando sobre o mapa, e ao lado, era possível acompanhar, ao vivo, o andamento da apuração da votação em cada estado – os dados da apuração também eram fornecidos em um gadget), a partir do cruzamento de informações provenientes de mais de uma fonte (ou seja, um mashup). O resultado é um grande volume de dados expostos de uma forma visualmente interessante.

Como se não bastasse isso… os vídeos relacionados às eleições postados no YouTube também foram posicionados em um mapa – o que permitiu acompanhar em vídeo as reações à votação Internet afora. No mapa, há ícones que diferenciam os vídeos postados por usuários do YouTube, por empresas jornalísticas, e por candidatos democratas ou republicanos. Significado disso tudo: um volume imenso de informação sintetizado e apresentado com uma boa dose de criatividade. (Ou, na fórmula sintetizada do Google Maps Mania: Google Maps + Twitter + Twittervision + YouTube + Google News = The Google Super Tuesday Map).

Não é à toa que Paul Bradshaw do Online Journalism Blog chamou a Super Tuesday de “Mashup Election” (“If 2004 was the blogged election, and 2006 the YouTube election, 2008 is the mashup election. The bar has just been raised. Again”). Ele também levanta questionamentos quanto ao modo como as pessoas consomem informações atualmente (para onde é mais provável se dirigir um jovem eleitor – para o site de um jornal, ou para YouTube ou Twitter, para um texto seco e sério, ou para algo dinâmico e divertido? A gente chega à informação de forma tradicional, entrando na home page de um megaportal, ou de uma forma mais social/viralizada, indo de site em site a partir de sugestões de amigos?).
Mas os dois mapas não foram algo isolado. A tendência parece ser produzir cada vez mais infográficos e mashups, cada vez mais conteúdo multimídia. As próprias prévias das eleições norte-americanas já foram objeto de inúmeras outras “experiências jornalísticas”, por assim dizer. De jogos a mapas, de infográficos multimídia a mashups. Quer mais? O Mashable trazia ontem uma lista com 40 fontes para acompanhar a Super Terça, muitas delas realmente interessantes.
É esperar para ver o tanto que a criatividade de empresas jornalísticas e empresas de Internet (o que seria o Google?) serão capazes de produzir ao longo deste ano. (E tomara que o material produzido nas eleições regionais aqui no Brasil seja no mínimo remotamente parecido com o que tem aparecido lá nos Estados Unidos).

Via Blog da Raquel.

Em tempo, a pergunta que não quer calar: qual é o plano secreto do Google para o Jaiku??? — porque ninguém, em sã consciência (empresas têm consciência?), compra uma ferramenta de microblogging para fazer parcerias gratuitas com o concorrente direto dessa ferramenta…

Atualização — percorrendo a barreira de feeds acumulados dos últimos dias, vi que O Biscoito Fino e a Massa tem feito uma cobertura completa das votações, inclusive tendo realizado uma interessante cobertura em tempo real das primárias da Super Terça. Os posts são uma fonte excelente para quem quiser compreender um pouco mais a fundo como funcionam as eleições nos EUA. (Não sabe por onde começar? Que tal partir de um ABC das eleições americanas, e ter uma aula rápida sobre cada um dos principais pré-candidatos?)

One thought on “2008, o ano dos mashups?

  1. Questionamentos quanto ao modo como as pessoas consomem informações atualmente? talvez digitando a palavra de interesse no Google? Sim, eu faço isso muito mais que leio a Folha. 🙂 acho que hoje as pessoas consomem exatamente ‘aquilo que querem’ de informação, não é mais como sentar no sofá e esperar o jornal começar, passando por zilhões de notícias que talvez não te interessem. Há mais foco, objetividade, seleção de acordo com o que se quer.
    Eu só agora descobri o que é mashup, mas realmente não posso comentar muito além de, uau, a informação cada vez menos conhece barreiras 😀
    Gabi, adorei suas respostas ao meme! hehehe 😛

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