O site argentino 20palabras.com suspendeu suas atividades no início de fevereiro. O motivo: seus criadores pretendem dedicar-se a outros projetos.
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Não é nada fácil dar uma notícia completa em apenas 20 palavras. Mas essa era a proposta do 20palabras.com, um projeto argentino idealizado por Pablo Mancini e Darío Gallo, inspirado na idéia de brevidade do Twitter. No ar desde setembro do ano passado, junto com as notícias curtas, o site também trabalhava com uma proposta de redação descentralizada, e apostava em publicações a partir de e para dispositivos móveis.
Ao suspender suas atividades, o projeto demonstra as dificuldades que ainda se enfrenta ao se tentar inovar online. As vinte palavras que José Luis Orihuela, do eCuaderno, usou para comentar a suspensão das atividades do 20palabras.com sintetizam bem essa idéia: “un proyecto original que se toma um respiro porque innovar no es fácil y triunfar no es barato. Hasta pronto”.
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Também na linha de propostas inovadoras em jornalismo que não tiveram fôlego para ir adiante está o ChicagoCrime.org. O projeto de Adrian Holovaty estava no ar desde 2005, e usava dados do departamento de polícia de Chicago para mapear os crimes ocorridos em Chicago. Dava para navegar por tipo de crime, ou por localização. O mapa criado por Holovaty foi um dos primeiros mashups criados com o Google Maps, em uma época em que acrescentar dados a um mapa não era nada fácil (hoje, basta ter uma Google Account para fazer isso). O projeto foi o vencedor do Batten Awards for Innovations in Journalism no ano de 2005.
Mas a idéia do ChicagoCrime não morreu por completo – foi incorporada ao EveryBlock, um projeto mais abrangente de jornalismo hiperlocal, também idealizado por Holovaty.
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Ver grandes idéias chegarem a um fim em tão pouco tempo nos faz repensar os rumos do jornalismo digital. (Mas vai dizer que não seria bacana tentar misturar tudo isso e fazer uma salada mista do tipo notícias colaborativas via Twitter em caráter hiperlocal e posicionadas sobre um Google Map??? — foi mais ou menos isso o que o Google tentou fazer na Super Terça…)
A cobertura da Super Terça pelo Google foi de primeira nem fez o uso da televisão, que eu achei me fosse ser fundamental, lá grandes coisas. Mas era o Google tem grana pra se manter, quando ele tem uma boa idéia, melhor ainda. A manutenção do independente em qualquer meio que seja sempre vai ser complicada e sempre pelo mesmo motivo, a falta de dinheiro. Que solução então se buscar? Sem se cair no chavão ( nem tão chavão, infelizmente ) que para se conseguir dinheiro o negócio é se corromper? Fazer como fez o Chicago Crime pra não acabar por completo? Juntar-se a outro projeto. Fusões de sites com ferramentas do circuito independente. Um único site se encontrar um sistema de mapas pra toda sorte de assunto junto com um noticiario em 20 palavras mais algumas boas idéias junto, mas todas como se fossem partes de uma grande proposta com várias propostas dentro. Não sei, mas pra mim, esses finais de projetos com propostas excelentes trazem a baila no fim de tudo um questionamento velho e chato…. e a busca da sua solução.
Como se manter vivo, conseguir dinheiro e manter a qualidade? Como seguir vivo sem ter que se dobrar?
Quem tem grana quer um resultado rápido e muitas vezes age de maneira intrasigente e na verdade acaba não lidando nem ( o caso ) com jornalismo, o que importa é se entrou o dinheiro ou não. Por outro lado, o camarada que vai começar do nada, ou do muito pouco, ou ainda tem uma boa idéia mas não tem como publicar. ( o grande problema é divulgar e publicar, tem muita coisa boa e genial acontecendo e acabando por aí ). Mas enfim…..
Alguém tem sugestões?
o fim do 20Palabras me deixou triste também. haviam ali colaboradores muito talentosos que tinham uma capacidade de redação e síntese impressionante. e o projeto como um todo também era muito bacana. devia se apostar mais em conteúdo para as pessoas que leem pelo celular, pois a maioria do conteúdo para SMS que existe atualmente é muito fraco. e o 20Palabras provava que era possível conteúdo dinâmico e de qualidade para esse tipo de leitor… uma pena ter acabado. pena mesmo 🙁
ps.: uma sugestão para a dona Gabi — que tal um post sobre ‘jornalismo para celular’? não sou muito fã do Twitter, mas reconheço que dele podem nascer conexões ‘poderosas’ com o mundo dos mobiles…
Confesso que adoro ler textos grandes, mas com certeza textos prolixos demais (principalmente em se tratando de notícias) ficam cansativos e acabam me desinteressando (sintetizar aquilo se que quer passar sem deixar o texto se arrastar talvez seja dos maiores desafios de quem escreve). É pena que o site tenha saído do ar, adorei ler as notícias assim, compactas 🙂 mas penso que, sim, pode-se dizer muito em 20 palavras, talvez não tudo, mas muito, sim (basta ler nas entrelinhas ou estar bem-informado 🙂 )
ps. eu sou extremamente prolixa, mas acho que vale, porque não escrevo notícias ^^
ps2. as partes que mais gosto no jornal impresso são as rapidinhas, aquelas notícias curtas que te deixam interada de tudo numa passada rápida de olhos.
ps3. dizem que o título e (mais ainda) o subtítulo são fundamentais numa notícia – talvez por isso 20 palabras possa dar certo 😀
É bem complicado escrever notícias curtas – sintetizar, sem ser superficial demais -, assim como é complicado escrever títlulos e subtítulos… (aliás, confesso que sou um fracasso para escrever títulos jornalísticos). Nesse quesito, o 20Palabras era sensacional. É uma pena que tenha fechado. Tomara que volte 😀
Quanto a inovar online… também tem o problema de se chegar até as pessoas. De nada adianta colocar em prática um baita idéia, se ninguém vai ler ou acompanhar – de certa forma, esse é hoje um dos problemas enfrentados por grande parte dos projetos de jornalismo colaborativo >> criam-se plataformas de colaboração extremamente interessantes em teoria, mas que são um fracasso na prática, por falta de gente para colaborar.
João: sugestão acatada… já foi para a fila de próximos posts 😀 😛
Não sei se estou sendo conservador demais, mas não me agrada muito a idéia de um site publicar textos de 20 palavras e ainda ter a pretensão de chamar isso de jornalismo.
É bem verdade que eu não sou muito simpático a espaços rigorosamente limitados – e isso inclui os CICs. É quase uma piada ter que supostamente escrever tudo sobre um trabalho em um espaço extremamente restrito. Corta-se informações importantes, economiza-se em palavras, perdendo assim clareza e conteúdo. Conteúdo por razões óbvias e a clareza simplesmente por fomentar o emprego de vócabulos que dizem muito, mas que comunicam pouco. Saldo: grande perda da adesão científica e, é claro, a não-democraticação do meio.
Tá, já desabafei, viva o modus operandi do SIC da PUC!
Pensando agora para o lado do jornalismo. É notícia ou subtítulo expandido? ;P
Tenho certeza de que uma “notícia” de 20 linhas nao cumpre o seu papel jornalístico. É o tipo de texto, que se lê, não se digere e ainda se esquece. Pra mim isso é o abre-alas da superficialidade. O princípio da era do “jornalismo de capa”. Tal coisa aconteceu, muito bem, e o que isso significa? o que isso acarreta? por que isso aconteceu? o que isso vai mudar na minha vida ou na de alguém? Eu tiro o meu chapéu se conseguirem dizer tudo isso em 20 palavras de forma digerível.
Se eu estudar 4 anos de jornalismo e tiver que trabalhar em um negócio desses para simplesmente redigir o banal, eu corto os pulsos!
Ainda dizem que o jornalismo impresso não tem futuro, se o do digital é esse, talvez voltemos cada vez mais ao convencional.
Tá certo que o Twitter também é limitado, mas ao menos mostra um certo potencial. Agora, 20 palavras, essa não consegui engolir!
[momento do mal] ao menos tomei conhecimento só quando esse negócio já foi dessa pra melhor
hshhshs
Também acho que o que a maioria dos CICs fazem é de extrema crueldade. A gente tem que resumir um trabalho complexo a míseras 200 palavras, e ainda por cima precisa agûentar um avaliador que reclama que no pôster tem mais dados que no resumo (!) — óbvio, não cabe tudo no resumo… 😛 Bom, mas isso è uma discussão à parte.
Agora, em defesa do 20 Palabras… O que eles faziam não tinha a pretensão de substituir os meios tradicionais — era jornalismo para a tela do celular, para aqueles que querem navegar pelas manchetes do dia antes de decidir o que ler. É nesse sentido que notícias de 20 palavras faziam sentido (também sou contra a superficialização do jornalimo…). Ah, e quase todas as notícias continham links para textos maiores 🙂
Ah, tá, se tinham notícias mais aprofundadas, tudo bem 😉 Até correu uma lágrima aqui pelo falecimento
hshshshs mas falando sério, é uma pena mesmo, contra subtítulos expandidos eu não sou contra
Temos o nosso criativo blog Blue Bus.
Hm, é verdade. O Blue Blus é um bom exemplo de site que aposta em notícias curtas, mas sempre com links para a fonte, ou para onde se pode buscar mais informações 🙂 Bem lembrado.