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Você vai pular também?

20 de julho de 2006 será o World Jump Day. A data escolhida é a mesma em que, 37 anos antes (20/07/1969), o astronauta norte-americano Neil Armstrong deu o primeiro pulo na Lua. A idéia é todo mundo (ou ao menos 10% da população da Terra) pular ao mesmo tempo em uma superfície sólida, com o intuito de mudar a órbita da Terra.

“Scientific research has proven that this change of planetary positioning would very likely stop global warming, extend daytime hours and create a more homogenous climate.”

O site do evento ainda se propõe a enviar aos participantes um e-mail de lembrete um dia antes do grande pulo.
Ah, fala sério! 😛

Filme: Oliver Twist

Já faz bem mais de uma semana que fui assistir à versão mais recente de Oliver Twist no cinema. Mas vale a pena falar dele! O filme de 2005, uma versão de Roman Polanski para o drama do menino órfão criado pelo escritor Charles Dickens no século XIX, é considerado por alguns o melhor dos Oliver Twist criados até agora — e isso é relevante, principalmente se considerarmos que a versão Oliver!, um musical de 1968, faturou até um Oscar!
Oliver, brilhantemente interpretado pelo ator-mirim Barney Clark, vive numa workhouse (espécie de asilos para pobres da Inglaterra dos séculos XVIII e XIX, onde as pessoas tinham de trabalhar em troca de abrigo e comida) e é expulso de lá após cometer a heresia de pedir mais comida (com o clássico bordão “Please, sir, I want some more.”). O menino é então vendido a um fabricante de caixões, mas foge de lá após se meter em uma briga com os moradores da casa. Ele sai com a pretensão básica de chegar a Londres, à pé. E olha que a distância a ser percorrida era de mais de 100km! Quando finalmente chega a seu destino final (!), bastante fraco e com fome, Oliver conhece um ladrãozinho astuto, de nome Dodger (a tradução do nome é tosca, mas curiosa — Ardiloso), que oferece a ele comida (obviamente roubada) e abrigo — e então Ardiloso acompanha Oliver até a casa de Fagin (Ben Kingsley), um macabro senhor de ladrões e prostitutas. A partir daí, a inocência de Oliver vai gerar muitas risadas, e quando ele finalmente percebe para quem está trabalhando, já é tarde demais para escapar.
A história é legal, o personagem-título é cativante, os cenários do filme são muito bem feitos (dá até para se imaginar andando na Inglaterra dos séculos passados), a fotografia é bem interessante (embora bastante similar à de outros filmes de Polanski)… mas o que estraga mesmo é aquela abertura tediosa (longa, parada, monótona), e uma cena da fuga a pé de Oliver em que aparece um lindo sol, grande, amarelo, raiado, brilhante, redondo…, enfim, bem mais falso que um sol de Photoshop! 😛
Apesar de terem cortado muitas partes bem legais do livro (é nisso que dá ter lido o livro bem pouco tempo antes de assistir ao filme; além de já saber tudo o que vai acontecer, tem-se ainda um arsenal de reclamações a se fazer), o filme é muito bom 🙂
E quase que nos enxotaram do cinema por dar risadas em volume elevado (principalmente do sol de Photoshop). Que mal tem em alguém se divertir com um bom filme?

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O respeito às religiões e a liberdade de expressão

Interessante o conflito gerado entre liberdade de expressão e fundamentalismo religioso por conta da publicação de charges do profeta Maomé em diversos jornais europeus.

“O Islã não permite representações de Muhammad, mesmo que seja uma imagem respeitosa, pois considerar que pode levar à idolatria.” (Folha Online, 29/01/06)

As charges foram publicadas inicialmente em setembro do ano passado, no jornal dinamarquês Jyllands-Posten. Mas o que gerou toda a polêmica foi a reprodução das mesmas por outros jornais europeus, primeiramente por um polonês. Mesmo assim, estranha o fato de que algo aparentemente tão simples tenha conquistado tanto espaço na mídia e gerado tantos protestos no Oriente. Se é para condenar as caricaturas do profeta… o que dirão os muçulmanos de possíveis caricaturas da figura de deus? Ah, fala sério! (E, aliás, por que toda essa necessidade de dividir o mundo entre orientais e ocidentais? Não somos todos, por mais estranho que possa parecer, e por mais díspares que sejamos, habitantes de um mesmo mundo? :P)
Embora eu seja contra a liberdade de expressão total (se é que ela é possível…; nem tudo pode ser dito), acredito que ela deva ser cultivada nas democracias, sob risco de se cair em tirania. Os meios de comunicação devem ser supostamente livres para que se prestem informações supostamente independentes. Mas, convenhamos, para que publicar charges logo sob esse tema? O jornal dinamarquês foi um pouquinho longe demais. A caricatura que associava o profeta islâmico ao terrorismo (com uma bomba saindo do turbante em sua cabeça) era de muito mau gosto. Mas é liberdade de expressão, mesmo assim… Quem dera os muçulmanos se mobilizassem de tal modo para combater certos exageros cometidos por certos fundamentalistas que praticam atos de terrorismo…
Okay, foi cruel o que fizeram, não deveria ter sido feito (ao menos não do jeito que foi feito), deviam ter respeitado as religiões, mas… NADA justifica a violência. Os manifestantes revoltados incendiaram hoje embaixadas de países europeus em Damasco, na Síria. E os mais revoltados começaram também um boicote a produtos dinamarqueses.
Os dois estão errados: países europeus por difamarem a cultura muçulmana, e muçulmanos por reagirem de forma violenta (e infantil). Mas não é nada que um pedido de desculpas formal (de ambas as partes) não possa resolver. O jornal dinamarquês já deu o primeiro passo:

“In our opinion, the 12 drawings were sober. They were not intended to be offensive, nor were they at variance with Danish law, but they have indisputably offended many Muslims for which we apologize.”(Open letter to Fellow Muslim citizens, 30/01/06)

Enfim, não leva a nada ficar dividindo o mundo entre aqueles que apoiam o ato e os que condenam.
Talvez a liberdade de expressão seja melhor efetivada se forem respeitados certos limites…

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Tudo via Internet

Uma prova de que o Direito e a Comunicação Social andam juntos:
Os Ministérios das Comunicações e da Justiça, e o Superior Tribunal de Justiça assinaram hoje (ou ontem — dependendo da concepção de ‘dia’ que se adote) um acordo para a criação de um serviço que possibilite que as pessoas possam propor ações judiciais pela Internet.
A iniciativa será lançada pelo Gesac (Serviço de Atendimento ao Cidadão, não sei se confio na tradução encontrada para essa sigla), um programa de inclusão digital do Ministério das Comunicações. Também faz parte do projeto disponibilizar computadores com acesso à Internet a uma maior parte da população brasileira.
Arrã. A proposta vem do mesmo Ministério que ainda não se decidiu quanto a que padrão de TV Digital adotar no Brasil… (imagina como seria se eles tivessem que criar um padrão próprio!)
Computador ao alcance de todos, Justiça via Internet, TV Digital… É só eu, ou alguém mais acha isso tudo utópico demais para se concretizar nos próximos meses (ou até mesmo anos?)?
Enfim… em ano eleitoral, tudo é possível! 😛

“An optimist thinks that this is the best possible world. A pessimist fears that this is true.”

Jornalismo online

Muito interessante o artigo “A New Media Tells Different Stories“, de Bruno Giussani, na revista online First Monday, edição de 7 de abril de 1997. Com uma linguagem simples, o jornalista fala dos avanços conquistados no jornalismo online até então, e do muito que ainda está(va) por vir dali em diante. O que mais espanta é que suas palavras permanecem atuais, mesmo tendo sido escritas há quase 10 anos!
Giussani fala da internet como um novo tipo de mídia, e que, portanto, faz surgir um novo tipo de jornalismo, com sua linguagem e estilo característicos. Entretanto, esse novo meio, que agrega não só informação textual como também imagens e áudio, ainda precisa(va) se consolidar. O autor destaca os três conceitos fundamentais dessa nova espécie de jornalismo: diversidade, comunidade e movimento.

“The fact that all of these media are now one unique medium, a series of zeroes and ones aligned in sequences, brings forth to the journalist a diversification of points of view, an increased pressure on mastering technique and above all – because the capacity of the medium is virtually without limits – a complete reversal in journalistic judgment.”

O jornalismo na web destaca-se pela versatilidade. Até mesmo a noção de tempo dos jornais impressos (e as constantes submissões a prazos e limites para entrega de matérias) acaba sendo alargada, pois na internet uma notícia pode ser publicada a qualquer hora. As limitações de espaço também são abolidas: é possível aprofundar bem mais os acontecimentos a serem descritos.
Outra característica importante desse novo meio é permitir a interação entre o público leitor entre si, e entre o leitor e o autor de uma notícia. Criam-se verdadeiras comunidades de leitores, que passam a discutir os assuntos em um fórum na página do jornal. As barreiras geográficas são abolidas: cada vez mais o jornal tem deixado de ser um produto para se ler, para se tornar bem mais um lugar para se visitar:

The newspaper is no longer a product. It becomes a place. A place where people from the community stop by, make contacts and come back again to build a common future.”

E, por fim, há também a questão da hipertextualidade, levada aos extremos no mundo online: os hyperlinks permitem uma maior mobilidade entre os textos, e possibilita que se aprofundem determinados assuntos que possam interessar certos leitores mais exigentes, o que faz com que o jornal online seja uma verdadeira teia (web) de assuntos que se entrelaçam.

“By taking advantage of the unlimited virtual space we call cyberspace, it would be possible – and in a sense it is already – to satisfy the interests and the level of knowledge of each and every single reader.”

Enfim, todos têm a ganhar com o jornalismo online: as leituras tornam-se mais específicas (sem as limitações de espaço e conteúdo das edições em papel), fica mais fácil de navegar entre notícias (é como se elas não fossem mais descartáveis: é possível acrescentar dados, voltar, avançar, continuar, aumentar, sem que se percam informações importantes)… Enquanto que a notícia do dia anterior no jornal de papel vira embrulho para peixe, a notícia online pode ser constantemente reciclada: “today’s breaking news, tomorrow’s fish wrap”.

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Is everybody going crazy?

“No one cares, no one’s there
I guess we’re all just too damn busy
And money’s our first priority
It doesn’t make sense to me”

O Google e a censura

Do ABCNews.com:
“Saying that providing some information is better than providing no information, Google Inc. today defended its decision to cooperate with China’s demand to censor some Web search results.”
Interessante essa estratégia do Google. Eles resolveram colaborar com o governo da China e bloquear alguns resultados de seu site de buscas na versão em chinês. O Google.cn bloqueia, por exemplo, cerca de 40% dos resultados de uma pesquisa com termos como “democracy” e “China”.
O site justifica-se alegando que é melhor fornecer alguma informação do que nenhuma. Apesar de tudo, não dá para negar que a saída encontrada é bastante engenhosa.
Obviamente, estão em jogo interesses comerciais:
“China currently has an estimated 100 million Web users. That number is projected to rise to 187 million over the next two years.”
A China tem cerca de 100 milhões de usuários da web, e perder uma fatia tão grande de mercado não ia valer a pena para o Google. “Yahoo and Microsoft also cooperate with China’s censorship policy.” Se a concorrência colabora, por que o Google não iria também colaborar? 😛

A polêmica diz respeito também à questão da liberdade de expressão e da censura prévia. Ora, mas a censura não está presente em todos os lugares, a todo o momento, em tudo o que se fale? O normal (mas quem define o que é normal em tempos hodiernos?) é associar a censura aos regimes totalitários, e a liberdade de expressão às democracias. Entretanto, “a censura é uma das dimensões intrínsecas de qualquer sistema de poder.”* Não há sociedade sem censura, e o que varia, ao longo do tempo e do espaço, é a modalidade de censura exercida.
Claro que a ditadura chinesa exagera um pouco (não deixar que seus cidadãos procurem se informar acerca dos direitos humanos é ir um tanto longe demais!) e certamente não é um exemplo a ser seguido, mas também não dá para querer falar, ler e saber de tudo. Há coisas que simplesmente não devem ser ditas. E isso varia de país para país, de cultura para cultura.
A liberdade total de expressão é na verdade um discurso mítico, porque “a plenitude do dizer e do fazer equivaleria à própria negação da linguagem, à morte da palavra, ao silêncio total.” Nesse sentido, a espécie de censura predominante nas sociedades democráticas seria a do tipo que, ao invés de limitar o que é dito, simplesmente obriga a dizer: “Esta censura tem sobretudo horror ao silêncio.”
Além do mais, a liberdade de expressão nunca poderia ser total: sempre haver(i)á confronto com outros direitos fundamentais (e aqui entram novamente os tais direitos humanos barrados em pesquisas realizadas no Google da China :P). Talvez a China não tenha lá o melhor dos regimes políticos, mas ao menos exerce a censura em termos claros. Ganha em transparência, perde em liberdade — é impossível agradar a todos ao mesmo tempo 😛

* Figuras das Máquinas Censurantes Modernas, de Adriano Duarte Rodrigues. Recomendo a leitura 🙂

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Salada de frutas

Num singelo arquivo .doc em meu computador, cujo título era a data do dia em que fora criado (8/11/05), lia-se:

E lá se foi um limão. O outro. O terceiro resistiu. E de repente veio uma laranja. Banana. Maçã. E quando se foi ver, já tinha virado uma salada de frutas.

(Definitivamente, eu não sou normal :P)

As pequenas coisas (ou A água evaporou-se junto com o tédio.)

A quantidade de água que choveu em mim hoje foi exorbitante. Se eu fosse uma represa, teria armazenado água potável suficiente para abastecer alguma nação miserável qualquer do centro-nada da África. Parece que toda vez que eu saísse de casa, por mais tempo de sol que antes tivesse, a minha simples presença na rua fosse capaz de reiniciar a batalha milenar entre as gotas de água gelada e o mormaço.
Mas o bom é que estou curtindo essa quebra na rotina. Aulas nas férias é divertido (seria ainda melhor se a frase fosse reversível!). Já tomei banho de chuva, assisti aulas de Financeiro, comprei uma caixa de Nuggets, almocei sozinha no restaurante, enfim, fiz coisas que já não fazia há bastante tempo. Até o ato de lavar louça de certa forma adquiriu um tom todo especial. A vida é mais colorida quando se está de bom humor 🙂

[Editado porque entrou uma lagartixa no meu apartamento: talvez a vida não seja tão colorida assim :P]

Férias em stand by

Até que não é tão ruim ter algumas (poucas) aulas em pleno janeiro. É bom ter alguma atividade intelectual de vez em quando (sinto que meu cérebro estava prestes a enferrujar de vez… e depois de empacar, não há matéria chata ou reflexão profunda que o faça funcionar novamente!)… Também é útil rever os colegas superdotados (intelectualmente) do Direito e conversar sobre as férias. Aí a gente começa a perceber que está desperdiçando tempo vendo filmezinhos bobos e jogando cartas, quando deveria estar estudando, lendo ou trabalhando em alguma coisa de útil e produtivo para a vida sobre a face da Terra. Talvez seja hora de fazer uma visitinha à biblioteca, ou algo do tipo… 😛
Não sei se bati a cabeça, sofri alguma intervenção alienígena, ou se colocaram alguma coisa suspeita na minha comida, mas fato é que gostei da aula de hoje de Direito Financeiro. Não me pareceu tão ruim quanto nas demais aulas no decorrer do ano. Talvez assim, isolada, a matéria até pareça legal (mas é só reunir outras 10 matérias ao redor que Financeiro se torna, instantaneamente, a matéria mais chata do mundo — viva a relativização dos valores!).
Ah. E ao menos uma coisa estava errada na minha “previsão” da volta às aulas em janeiro: como o resto da faculdade está em férias, eles nos permitiram usar a sala de aula (sim, é uma só) com ar condicionado. Nada de ventiladores caquéticos: nosso frescor é proporcionado por refrigeração artificial. É um ar falso, mas bastate refrescante. Faz até a gente esquecer que é Janeiro! 🙂
O mundo necessita de mais aulas na férias (ou de mais férias nas aulas).