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Dá para confiar na Wikipedia?

“Still, the question of Wikipedia, as of so much of what you find online, is: Can you trust it?”

Confie desconfiando. Ao menos é essa a mensagem que tenta passar o artigo “Snared in the Web of a Wikipedia Liar” do Week in Review no NY Times de hoje…
O texto fala do caso de John Seigenthaler, ex-editor do The Tennessean e do USAToday (espero que os dados já tenham sido corrigidos :P), que tinha falsas informações atribuídas a ele (como suspeita de envolvimento no assassinato de Kennedy!) em um artigo da Wikipedia.

“The case triggered extensive debate on the Internet over the value and reliability of Wikipedia, and more broadly, over the nature of online information.”

Para solucionar o problema, os responsáveis pelo site estão pensando em lançar um review machanism, no qual os visitantes pudessem dar uma nota para os artigos, baseados em um critério de confiabilidade das informações prestadas. Parece ser útil 🙂
O caso também envolve questões legais, já que a postagem errônea na Wikipedia foi anônima (e até daria para chegar ao autor original das alterações no artigo, mas isso iria contra a tal da liberdade de expressão na web…)

Confira também: a opinião do próprio envolvido no caso em um editorial do USAToday

Desmaterializando o mundo

Zero Hora, 02/12/05, página 3:

Abraço virtual

Vem aí a jaqueta que transmite a sensação de toque pela Internet. Na mesma linha, pesquisadores já pensam em produzir pijamas infantis que serviriam para dar abraços virtuais. A roupa wireless recebe comando a partir de um computador e seria um achado para os pais que viajam muito.
Num teste com animais, alterações na pressão e na temperatura promovidas pela roupa faziam eles se sentirem como se estivessem sendo tocados.

Qual é o próximo passo? Sabor virtual? Ou um computador que chora enquanto seu dono, impávido, mostra-se completamente indiferente?
Haverá um tempo em que os cientistas se trancarão em seus laboratórios, enquanto os ratinhos sairão felizes a perambular pelo universo… E os seres humanos passarão a viver em cubículos de meio metro quadrado, desprovidos de qualquer recurso material, não mais necessitando dos outros para (sobre)viver: basta ter uma jaqueta, para sentir emoções falsamente verdadeiras, e um computador conectado à internet, para que possa se comunicar com o mundo. O resto é supérfluo.
Não duvido de mais nada (se é que em algum momento cheguei a duvidar de qualquer coisa).

Mas tudo bem. Apesar de tudo, a idéia do toque virtual ainda é interessante.
E há inúmeras possibilidades de uso para o equipamento, não só para pais relapsos e seus filhinhos de pijama sozinhos em casa antes de ir para cama (que cena meiga de se imaginar!!)… Se for um daqueles pijamas clássicos de listrinhas e touquinha combinando haverá, enfim, algum resquício de sensibilidade…

ACD – parte 2

Texto do dia:Análise de Discurso Crítica: do modelo tridimensional à articulação entre práticas sociais” (Resende e Sebba)

“A Análise de Discurso Crítica (ADC), disciplina com amplo escopo de aplicação, constitui modelo teórico-metodológico aberto ao tratamento de diversas práticas na vida social.”

O modelo tridimensional a que se refere o título foi proposto por Fairclough, na obra “Discurso e mudança social“. De acordo com esse modelo, há três enfoques a se considerar na ACD: texto, prática discursiva e prática social (um englobando o outro, sendo a prática social aquele que engloba tudo). A análise do texto envolve questões como vocabulário, gramática, coesão e estrutura textual. A prática discursiva compreende a produção, distribuição, consumo do texto, contexto, força, coerência e a intertextualidade. Por fim, a prática social corresponde à ideologia e à hegemonia.
Halliday propõe três funções da linguagem que atuam nos textos: ideacional, interpessoal e textual. Num primeiro momento, Fairclough subdivide a função interpessoal em funções indentitária e relacional. Mais recentemente, o mesmo autor propôs uma articulação entre as funções de Halliday e os conceitos de gênero, discurso e estilo, sugerindo, no lugar das funções, três tipos de significados: o significado acional (espécie de fusão das funções relacional e textual; trata dos gêneros), o significado representacional (correspondente ao ideacional no modelo anterior; esfera dos discursos) e o significado identificacional (estilos). E assim, modernamente [?], a prática social se daria numa relação dialética e indissociável entre esses três significados, e a ACD teria por função a tentativa de desarticular as estruturas de dominação, desmascarando a ideologia por trás dos discursos [!].

“O discurso é compreendido como um elemento da prática social, modo de ação sobre o mundo e a sociedade. O discurso, então, é socialmente constitutivo – por meio do discurso se constituem estruturas sociais – e constituído socialmente – os discursos variam segundo os domínios sociais em que são gerados, de acordo com as ordens de discurso a que se filiam.”

Obs.: Não sei se entendi o texto direito. Mas a saga pela compreensão do que é a Análise Crítica do Discurso continua… Ainda tenho bastante tempo (leia-se ‘férias inteiras pela frente’) para tentar entender o que é, exatamente, a tal da ACD (ou ADC… há um plano malévolo no universo que almeja a confundir todos nós…)…

Férias, afinal

Estou em férias.
Ainda não me decidi se isso é bom ou ruim. Ao mesmo tempo que eu não agüentava mais viver entre uma prova final e outra (e isso realmente é complicado quando se faz mais de 10 matérias), também não gosto de ficar parada e não ter nada para fazer.
Vou esperar o desenrolar dos dias. Acho que tédio profundo, assim, extremado, só lá pelo dia 15 de dezembro 😛 até lá ainda tenho muito livro para ler, muita série para ver, muito post para escrever, e muito filme que ainda quero assistir 🙂
Semana que vem vou para Bagé, entregar-me ao mais profundo ócio. Aqui ao menos exerço algum resquício atividade física ao praticar descongelamento de alimentos, arremesso de embalagem de papelão ao lixo, levantamento de garfo e lavagem de pratos (meus esportes favoritos). Lá posso me dar ao luxo de não fazer absolutamente nada, e ainda me entediar com isso.

“Metas” de férias:
– ler
– ler
– ler
– ler
– ver seriados (saudades da TV a cabo…)
– providenciar uma sobrevida ao The Gilmore Girls BR (ou enterrá-lo de vez, o que se mostrar mais conveniente em uma ou duas semanas de férias)
– ler
– ler
– fazer uma lista decente de metas (e efetivamente cumpri-las)
– ler

P.S.: Ainda resta a ínfima possibilidade remotamente quase nula de eu ter pego exame em Direito Penal… é a única matéria que não tenho a nota final… torçam para eu ter tirado ao menos 7,0 na prova de hoje! \o/

Ma français est trés bizarre

Seguindo a doutrina da comunidade homônima do orkut, e com base nas minhas parcas aulinhas do idioma, eis um….

Guia prático para falar francês em 3 minutos:

Regras gerais

     Na hora de ler uma palavra, desconfie de todas as vogais, desconfie de todos os acentos (desconfie de tudo!). Onde está acentuado, não acentue. Onde há u, leia i. Onde há i, leia a. Se for e, leia i. Duvide de toda e qualquer vogal, SEMPRE. No término das palavras, ignore a leitura de toda consoante que parecer que está sobrando na história (exemplo: petit — a palavra indiscutivelmente termina no i; est — o s e o t finais são meras letrinhas simpáticas que acompanham o e onde quer que ele vá)… E, o mais importante de tudo: faça o biquinho. (Como fazê-lo? Simples… engane os outros fingindo que vai dizer um u, faça toda a inflexão vocal de u, mas no fim, diga i…).
     Outra regra interessante é a dos esses.. Onde você acha que não tem s, tem s… e onde é bem provável que tenha, não há… O s do final de uma palavra é tão inútil que, se fosse humano, seria a alegria da psicanálise.
     Entretanto, a desbanalização do som do s sofre uma exceção. Os franceses são fanáticos por juntar uma palavra na outra, sempre que possível (quando a anterior termina por consoante impronunciável e a seguinte começa por vogal). Então, diante de uma palavra iniciada por vogal, a letra s, que seria uma espécie de Valdemort potterniano (aquele-que-não-é-nomeado), perde temporariamente seu caráter de planta pequena que não fala (mudinha) e faz elisão com a palavra seguinte.. Aí originam-se construções toscas, como “vous êtes” (vuzéti — aliás, preste atenção no caráter falacioso do acento da palavra…). Quando ocorre um encontro de vogal ao final de pronome com vogal no começo de verbo ou palavra, os franceses entram em pânico, e tratam de eliminar uma das vogais, o que dá origem, por exemplo, à construção “j’aime” (vide explicação infra) e ao felicíssimo “l’été” (‘o verão’ — ou ‘o extraterrestre’, como preferir :P).

Casos particulares

     O questionamento “Qu’est ce que c’est?”, além de ser um verdadeiro desperdício de letras (tinta, pixels, inflexões vocais, impulsos luminosos, caracteres, bytes, ou o que você preferir), é também uma frase muito útil (mas qual o sentido de tanta parafernália textual para perguntar simplesmente “o que é isto?”). Para pronunciar a expressão, aliás, vale a regra de ouro que diz que toda consoante sobrando no final da palavra é inútil (a pronúncia ficaria algo tosco como… “quêsquecê?”).
     E se alguém quiser te intimidar com um quêsquecê, não tenha dúvidas: a melhor saída é sempre dizer que não sabe “Je ne sais pas” (genecepá)… Na pior das hipóteses, apele para o “je ne parle pas français” (geneparlepá-francê).
     Quêsquecê? Genecepá! Geneparlepá-francê!
      (O que é isto? Não sei! Eu não falo francês!)

     Para dizer allemand, imagine-se engolindo um alemão (tanto faz se em francês ou português). Sua pronúncia sairá tanto mais perto do real quanto mais você for capaz de pronunciar a palavra engolindo-a.

     Contar de 1 a 100 é muito fácil. Você só precisa saber os números de um a dezesseis, e as dezenas do vinte ao sessenta. Un, deux, trois, quatre, cinq, six, sept, huit, neuf, dix, onze, douze, treize, quatorze, quinze, seize… vingt, trente, quarante, cinquante, soixante. O resto você inventa. E é capaz de parecer bem mais verossímil que na realidade! Abuse dos hífens. 88, por exemplo, se diz “quatre-vingt-huit” (sim, isso mesmo, “quatro vintes” oito!). Exercício: como se diz 99?
a) quatre-vingt-dix-neuf (“quatro vintes” dezenove)
b) trois-trente-neuf (“três trintas” nove)
c) novante-neuf (noventa nove)
d) trois-trente-trois-trois (“três trintas” “três três”)
e) deux-quarante-dix-neuf (“dois quarentas” dezenove)

     Há palavras que, ao serem pronunciadas, colocam a pessoa em situação tremendamente embaraçosa. Um exemplo menos leve é falar sobre o “lac Titicaca” (observação: é uma proparoxítona!). Outra situação bizarra é usar o pronome ‘pornográfico’ “nous” (nós) (considere a existência da eliminação compulsória de toda consoante que esteja sobrando no final de uma palavra, combinada com a regra de que todo s é inútil… isso sem falar que “ou” = ú)
     Brincadeira de primeiro grau: repita j’aime várias vezes seguidas (hihihi). Tanto faz se com a pronúncia certa ou a errada (em francês, a pronúncia é bastante similar com a da sigla da montadora de carros “GM”).

Considerações finais

Parabéns! Agora você está apto a dizer que ama tudo (GM), a contar de 1 a 99 e a pronunciar coisas vagas e toscas, como allemand, lac titicaca, e petit — não que com isso não seja válida a frase “GM un petit allemand du lac titicaca”… E se ao perguntar “quêsquecê”, você obter como resposta “genecepá”, não adianta nem querer mandar a pessoa a “la mer” (lá mér…), porque mer é mar… 😛


(brincadeiras à parte… vai dizer que o francês não é um idioma toscamente afrescalhado? :P)

P.S.: para caso alguém leve a sério esta bobagem toda, a resposta do “exercício” é a letra a)

ACD – parte 1

Objetivo: entender Análise Crítica do Discurso
Método: Google 😛
Para começar:Análise Crítica do Discurso: Enquadramento Histórico” (de Carlos A. M. Gouveia Flul)

“A linguagem faz parte da sociedade, é uma prática social e, como tal, é um dos mecanismos pelos quais a sociedade se reproduz e auto-regula.”

No artigo, o autor discorre acerca das origens da Análise Crítica do Discurso, que provavelmente surgiu como um desdobramento da Lingüística Crítica, e teve portanto a mesma origem da Semiótica Social. Na verdade, as três são bastante semelhantes: todas consideram a ideologia como uma presença marcante e indissociável do discurso, tanto a determiná-la, quanto a ser determinado por ela.

“Mas as diferenças entre a linguística crítica, a ACD e a semiótica social ultrapassam tal facto, pois sobretudo reflectem, por um lado, diversos estádios de desenvolvimento de uma mesma teoria e, por outro, aplicação dos mesmos princípios metodológicos, à luz de pressupostos teóricos semelhantes, a diferentes objectos de estudo.”

A grande questão é determinar se as três correntes são no fundo a mesma coisa, se uma é parte da outra, ou se todas são independentes… (na minha opinião, pareceria mais lógico, embora desconsiderando as origens históricas, colocar a ACD dentro da LC, e esta dentro da semiótica social).

Bom, enfim, o texto é bem interessante, mas não ajudou quase nada no objetivo de entender o que é a Análise Crítica do Discurso 😛

Amanhã a busca continua 🙂

NaNoWriMo

Hoje é o último dia do NaNoWriMo. O “National Novel Writing Month” é um site que se propõe a reunir pessoas com o propósito de, como o próprio título diz, passar um mês escrevendo uma novela. O objetivo é simples: escrever um texto de 50,000 palavras durante o mês de novembro. E tudo se traduz em termos quantitativos: não importa a qualidade; importa apenas que o texto tenha mais de 50,000 palavras!
Como eu só descobri o site com o mês em andamento (lá pelo dia 7 de novembro; perdi, portanto, a primeira semana inteira de trabalhos), e estava envolvida com um zilhão de provas e trabalhos na facul (aliás, a saga continua — sexta-feira tem a última prova), acabei empacando pouco depois das 7 mil palavras, sem que tivesse acontecido coisa alguma na minha história — é nisso que dá não planejar antes o que se vai escrever…
Mas para o ano que vem, pretendo elaborar um roteiro mais interessante a ser seguido 🙂 A idéia do site é bem bacana, e funda-se no princípio de que, ao escrever 50 mil palavras, não importando a idiotice que sair, a pessoa acaba exercitando implicitamente a escrita 😀

Meu texto — para demonstrar a falta de planejamento, ele não tem nem título… — é sobre um rapaz que foi abandonado na infância e que…. bem, eu realmente não planejei o que aconteceria depois 😛 O capítulo 1 teve 12 páginas, e interrompi a história no começo do capítulo 2, ainda na primeira página, ao dar-me conta de que eu não só não teria tempo de concluí-la até o final do mês, como também não saberia que rumo dar à história! O resultado foi a façanha de não dizer absolutamente nada (exceto que o cara foi abandonado na infância.. :P) em um texto de 7.238 palavras! Eis um trecho:

“Decidi ir em busca de meu passado. Eu deveria ter feito isso antes, mas precisava de um motivo que me colocasse de volta no caminho em busca de determinados fatos já acontecidos há muitos anos e que ainda me atormentam a memória. Minhas lembranças são recheadas de histórias que eu preferia esquecer. E, no entanto, quanto mais me esforço para apagá-las, mais elas cismam em aflorar-me à consciência, cada vez mais fortes, cada vez mais céleres, cada vez mais aterrorizantes.”

Execuções penais

Recentemente os jornais deram destaque ao juiz Livingsthon José Machado, da Vara de Execuções Penais de Contagem-MG, que alegou superlotação para tomar a infeliz iniciativa liberar detentos da 2ª DP de Contagem. Ora, num espaço para 28 pessoas (será mesmo que cabiam 28 pessoas lá dentro?), estavam 103. Como ninguém tomava nenhuma atitude, o juiz simplesmente decidiu soltar alguns presos… A conseqüência foi o afastamento do magistrado, por decisão unânime dos desembargadores do estado.
O episódio chama a atenção para a situação degradante dos detentos em nosso país. Eles se amontoam em espaços reservados para menos da metade de pessoas, e precisam abusar da criatividade para que todos consigam dormir, respirar, ou simplesmente viver.
E o que mais indigna é que a mídia não tem tempo para se preocupar com essas coisas. Mas garanto que se os grandes jornais denunciassem essa situação, em seguidinha ela mudaria… 😛
Os meios de comunicação de massa estão muito ocupados preenchendo nossa pauta de discussões diárias (agenda setting?) com coisas completamente frívolas… Eles, coitados, não podem conscientizar o cidadão, sob pena de perder o público…
Mas como meu blog é um meio de comunicação que atinge… sei lá, 2 ou 3 pessoas? (não faço mais a velha suposição de que tenho apenas uma única leitora :P), não custa nada tentar mudar a realidade (pretensão feliz e utópica! \o/) a partir dos meios [singelos] de que disponho.

Então, [bem] hipoteticamente falando… Imagina se uma lei dessas cai na mão de um preso:

Lei 7.210, de 11 de julho de 1984
(Lei de Execução Penal, que entrou em vigor junto com a reforma da Parte Geral do Código Penal em 1984)

     Art. 1°. A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado.
(…)
     Art. 5°. Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da execução penal.
[vai dizer que esse começo da lei não é a coisa mais meiga do mundo?]

     Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade.
     Parágrafo único. A assistência estende-se ao egresso.
     Art. 11. A assistência será:
I – material;
II – à saúde;
III – jurídica;
IV – educacional;
V – social;
VI – religiosa.
     Art. 12. A assistência material ao preso e ao internado consistirá no fornecimento de alimentação, vestuário e instalações higiênicas.
(…)
     Art. 17. A assistência educacional compreenderá a instrução escolar e a formação profissional do preso e do internado.
(…)
     Art. 21. Em atendimento às condições locais, dotar-se-á cada estabelecimento de uma biblioteca, para uso de todas as categorias de reclusos, provida de livros instrutivos, recreativos e didáticos.
(…)
     Art. 28. O trabalho do condenado, como dever social e condição de dignidade humana, terá finalidade educativa e produtiva.

[e o que eu ainda estou fazendo aqui, na patética vida em sociedade? Eu quero ir para , para esse lugar onde há livros a toda hora, ensino profissional gratuito, alimentação, emprego para todos, etc… :P]

Alguns artigos, parágrafos, incisos e alíneas adiante, há os dispositivos que falam sobre os direitos e deveres dos presos — simplesmente utópicos demais! Vale a pena dar uma conferida…. Mas o maior absurdo encontra-se no Título IV, “Dos estabelecimentos penais”…

O capítulo II fala sobre as penitenciárias:
     Art. 87.A penitenciária destina-se ao condenado à pena de reclusão, em regime fechado.

[Obs.: regime fechado é para crimes de mais de 8 anos de condenação; no caso de crimes hediondos, o preso tem como punição por ter sido muito malvado o fato de que não terá direito à progressão de regime, e, por isso, terá de cumprir a pena toda em uma penitenciária.]

     Art. 88. O condenado será alojado em cela individual que conterá dormitório, aparelho sanitário e lavatório.
     Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade celular:
a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à existência humana;
b) área mínima de 6m² (seis metros quadrados).

E tem mais: a lei ainda estatui, nos capítulos III e IV do mesmo título, que os presos do regime semi-aberto cumprem pena em colônias agrícolas, industriais, ou similares (podendo ser alojados em celas coletivas, desde que observados os requisitos do § único do art. 88, alínea a… 😛 — pena que não há menção à letra b :P) e os presos de regime aberto deverão ser alojados na chamada “casa do albergado”… e é sobre esta que se encontra outro artigo bastante interessante da lei:
     Art. 94. O prédio deverá situar-se em centro urbano, separado dos demais estabelecimentos, e caracterizar-se pela ausência de obstáculos físicos contra a fuga.

Claro que na prática nada disso funciona. Observe que a lei possui todos os verbos no futuro do presente, o que só ressalta a idéia de que já nasceu como uma mera pretensão de justiça, totalmente afastada da realidade. E os presídios que misturam todos os presos não são ilegais não: o dispositivo que permite essa bagunça toda, de um mesmo presídio abrigar tudo quanto é tipo de preso, e no mesmo lugar, é o bizarro parágrafo 2° do art. 82:

     §2°. O mesmo conjunto arquitetônico poderá abrigar estabelecimentos de destinação diversa desde que devidamente isolados.

Ou seja… a própria lei excepciona e declara, de forma contraditória, que tudo aquilo que ela mesma dispõe pode ser deixado de lado se a situação exigir.

E, last but not least,
     Art. 85. O estabelecimento penal deverá ter lotação compatível com a sua estrutura e finalidade.

É aí que reside a questão!! — É esse o grande problema do sistema penitenciário brasileiro: como atender à demanda de delinqüentes (não querendo reduzir o problema a uma questão de economia…) quando a oferta de estabelecimentos, mesmo os precários, é bastante reduzida?
Numa sociedade ideal, as pessoas teriam igual acesso aos recursos, não se encontrariam populações marginalizadas, e, por isso, não seria necessário delinqüir e as prisões esvaziariam… (futuro do pretérito… 😛 isso é bem mais utópico que as aspirações teoricamente possíveis da lei).
Se tal rumo constitui-se em tarefa árdua de se concretizar, por que não tentar o caminho inverso? Assim, não seria útil melhorar o sistema carcerário para que o preso seja de fato ressocalizado, para que ele retorne à sociedade sentindo-se mais humano, capaz de provocar mudanças no status quo? Voltando conscientizado e com curso profissionalizante o ex-presidiário pode melhorar as condições de vida de sua família, e, assim operar o caminho inverso, de
modo que o investimento inicial com o sistema carcerário se converta novamente em ganhos sociais.
Ora, se a realidade carcerária brasileira fosse como dita a lei, o juiz de MG não precisaria desrespeitá-la… 😛

Em tempo: Não agüento mais respirar Direito Penal! Desde a semana passada estou tendo apenas aulas de Penal, feito apenas provas de Penal, lido apenas livros de Penal, pensado apenas em Direito Penal… aaaaaaah! Ainda bem que depois de sexta-feira, dependendo da minha nota na última prova, estarei livre 😀

P.S.: este post ainda não passou pelo devido processo legal dos posts de blog… logo, reservo-me no direito de alterá-lo, ou até mesmo a deletá-lo, nos próximos dias 😛

Marcadores:

Caos

What is Chaos?” é um nanocurso online (realmente minúsculo :P) para quem quer entender um pouco mais sobre a noção de caos da Física. O curso é dividido em 5 lições (cada lição tem de 10 a 20 frases, apenas) e, em uma linguagem bastante didática, explica para qualquer leigo conceitos como o determinismo de Newton e o efeito borboleta de Lorenz 🙂

(encontrado via Stumble Upon)

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Nemester

Nada como uma rede anti-social de internet:

“Joining Nemester will put you in the vanguard of enmity technology. Don’t let your enemies get the upper hand by joining before you do.”

😛