Hoje senti saudades dos meus tempos de FanForum… Eu passava madrugadas inteiras postando por lá (*suspiro*). Sobre seriados, trivialiadades, e, principalmente, treinando o inglês — num tempo em que eu não me preocupava em escrever certo, simplesmente porque ainda não sabia como fazê-lo.
Bump era o termo que designava quando uma pessoa ia em um thread e postava qualquer coisa, com a intenção nítida de fazer com que o tópico aparecesse na lista dos mais ativos/mais recentemente atualizados. Com o passar do tempo, o povo deixou de lado a enrolação e passou a escrever apenas “bump” em posts especificamente designados para isso (e algum tempo depois o bump passou a ser proibido :P). Então, é isso. Este post é um bump 🙂
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Indagaçãozinha básica
Cadê a chuva???
Semana dedicada ao Direito Penal
Desde ontem, eu estou de férias em todas as matérias, menos Direito Penal (e continuam também as inócuas aulas de francês…)… É inegável o sentimento de “oba, estou em férias”, mas ele é inevitavelmente associado ao fato de que preciso tirar 7,0 na prova de sexta-feira (tirei 7 na primeira prova, a média é 7, logo… salve-se quem puder!!!)…
Mas, enfim… passar a semana inteira tendo aulas e estudando apenas Direito Penal é divertido (ao menos é bem mais empolgante que, sei lá, estudar Direito Civil). A matéria da prova é a Teoria do Crime:
“Perigo de regredirmos até o infinito: se não fosse o tataravô, não haveria o bisavô; sem este, não existiria o avô; sem o avô, não teríamos o pai e assim por diante, sem contar as alcoviteiras que apresentaram os casais. Todos são causas de um crime cometido décadas, séculos depois pelo produto final de toda essa complicada operação genealógica. Isto nos leva até Gênesis 3.” (CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal – parte geral. Pg. 177-179 — quadro sinótico sobre nexo causal).
É por conta desses absurdos que o Direito Penal excepciona e só pune a título de dolo (intenção de lesionar) ou culpa (negligência, imprudência ou imperícia; assumem-se os riscos de lesão por conta de atitude descuidada por parte do agente). Além disso, há uma teoria recente (teoria da imputação objetiva) que também considera a necessidade de expor a risco possível de se concretizar para que a um agente seja imputado um crime. Assim, não basta o nexo causal (relação de causa e efeito entre pessoa e crime) ou os critérios subjetivo (dolo) ou normativo (culpa) para que o crime possa ser considerado como causado por alguém. É preciso também que esse alguém tenha contribuído no sentido de ter criado com sua conduta um risco não tolerado em sociedade. Assim, o pai e a mãe de um delinqüente não respondem pelos atos do filho por ausência de dolo ou culpa na conduta reprovável do fruto de sua prole, e também porque, ao conceberem o rapaz, estavam realizando um ato de risco tolerado em sociedade… (a probabilidade que ele viesse a se tornar um criminoso alguns anos depois era muito pequena :P).
Ah, sim, Gênesis 3 é a localização na Bíblia da historinha de Adão e Eva no paraíso. E é a ação primordial deles dois que deu origem (ao menos naturalisticamente) a tudo quanto é comportamento, lícito ou não, sobre a face da terra (viva a regressão ad eternum!!)
“Se Adão não tivesse provado o fruto proibido, nada disso estaria acontecendo. Ocorre que Adão só o fez influenciado por Eva, a qual agiu induzida pela Serpente, que lá foi colocada pelo Criador. Essa teoria leva à seguinte e inexorável conseqüência: todo mundo é causa de tudo.“
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Da série: crimes bizarros
Roberval estava mal da grana. Parecia que todos os esforços que fazia para economizar no fim do mês se dissipavam com gastos imprevistos com material da escola para o filho da esposa. A família vivia em situação apertada, e Roberval estava cheio de dívidas. Mas como negar à mulher o dinheirinho para comprar uma caixa de lápis de cor para o Marquinhos? Um caderno para o Marquinhos? Um conjunto de tintas guache para o Marquinhos? Basicamente, tudo se resumia à vida do Marquinhos. E não se sabe se foi por ciúmes ou por realmente querer que sobrasse dinheiro no fim do mês para se desencalacrar, mas Roberval chegou à conclusão de que a única solução possível para se livrar das dívidas era matar o enteado. Menos uma boca para alimentar, menos um indivíduo para vestir, menos material escolar para comprar… Roberval fez a previsão de gastos e notou que ia economizar uma quantidade de dinheiro razoável. Daria até para guardar uma parcela para a pinga!
E então Roberval planejou todo o crime. Como a vida de Marquinhos resumia-se à tríade casa-escola-casa, o local mais adequado para o crime seria a própria escola do filho. Ia ser chocante, impactante, mas ao menos aos olhos da mulher ele pareceria inocente. E o importante era parecer inocente perante a mulher, pois tudo o que ele fazia, dizia, era para tentar resgatar seu casamento e garantir uma vida digna à esposa. As noites na cama já não eram tão quentes como no princípio, porque a todo momento o Marquinhos poderia ter um pesadelo e surpreendê-los. E não adiantava trancar a porta do quarto: o menino já sabia que bastava ser bastante insistente que alguém se levantaria para prontamente atendê-lo. Além disso, Roberval sentia-se impotente (no bom sentido) por não poder prover (financeiramente falando) melhores condições para sua mulher. Ela não reclamava, mas seu silêncio era como que uma resignação implícita.
Depois de muito pensar, Roberval decidiu que mataria Marquinhos com uma arma de caça, dessas que disparam chumbinho. Como o menino era pequeno, pensava, era só dar um golpe certeiro que ele morreria em seguida. Não seria preciso gastar muito dinheiro com isso.
O problema seria determinar como matar e não ser percebido… Principalmente em se tratando de um local público!
Algumas semanas depois, levando e buscando o enteado todos os dias à escola, Roberval decidiu que o melhor a fazer era atirar do terraço do prédio em frente (mas era preciso escalá-lo pelos telhados adjacentes; entrar pela porta da frente pareceria óbvio demais!) e acertá-lo na cabeça bem na hora da saída. Ele notou também que o enteado costumava ser um dos últimos a sair da escola, o que reduziria a probabilidade de errar de criança.
Nas semanas seguintes, parou de trabalhar: dedicou-se única e exclusivamente ao aprendizado de como disparar armas de caça e acertar o alvo. Tudo parecia brincadeira de criança, e de fato não deixava de ser, já que ao final de tudo o objetivo maior era atingir uma criança (por mais cruel que isso possa parecer).
E então, no dia marcado, Roberval posicionou-se, sem muito esforço (pois já acostumado) no terraço do prédio onde tinha planejado matar Marquinhos. Enquanto escalava os muros e telhados das casas vizinhas, imaginava mentalmente a cena: ele se posicionaria num lugar onde não fosse visível aos transeuntes, apontaria o revólver para a escola, e, em no máximo 7 minutos, o menino estaria saindo de lá, sozinho. Logo que passasse pela porta, ele olharia para os dois lados, para certificar-se de que seu padrasto não estava por perto. E, então, em um andar desolado, iria até a parada de ônibus esperar por ele. A idéia era atirar no Marquinhos bem no meio do trajeto. Roberval já tinha observado do alto do terraço o enteado saindo da escola tantas vezes que o cobrador do ônibus já nem achava tão absurdo o fato de ele subir no veículo a duas quadras da escola para descer na parada seguinte e pegar o menino.
E então, chegou a hora. Roberval se posicionou. Colocou a arma em punhos. Certificou-se de que estava carregada. Aguardou alguns minutos, que mais pareciam uma eternidade. Chegou a se questionar se devia ou não fazer aquilo, mas a indagação não demorou muito para fugir-lhe à mente assim que se lembrou de que não pagava a conta de luz há três meses e aquele era o dia em que iriam cortá-la… Sentiu raiva do menino. Tanta raiva, que queria matá-lo naquele momento. Sua visão ficou parcialmente cegada: só enxergava alvos. Para onde olhava, via aqueles anéis redondos com um ponto no meio. Sabia que quando atirasse, para onde mirasse, acertaria. Ao ver um corpo se mexendo lá embaixo, puxou o gatilho. Disparou com força. E acertou o anão que vendia doces na esquina…
Resultado: trata-se de erro sobre a pessoa… o agente, pensando em matar A, acerta em B. E esse tipo de erro não exclui a tipicidade do fato. Considera-se vítima virtual o alvo pretendido, e vítima efetiva aquele que morreu de fato. Roberval responderá pelo crime de homicídio doloso contra a vítima virtual (sua intenção era matar a criança… foi um mero detalhe o fato de ter matado uma pessoa diferente….) e sobre ele incidem qualificadoras e agravantes do crime correspondentes ao fato de ter [intencionado matar] uma criança (menor de 14 anos).
O texto acima trata-se de uma “dramatização” e leve adaptação do exemplo dado pelo Capez (e pelo professor, em sala de aula) de erro quanto à pessoa: “O agente deseja matar o pequenino filho de sua amante, para poder desfrutá-la com exclusividade. No dia dos fatos, à saída da escolhinha, do alto de um edifício, o perverso autor efetua um disparo certeiro na cabeça da vítima, supondo tê-la matado. No entanto, ao aproximar-se do local, constata que, na verdade, assassinou um anãozinho que trabalhava no estabelecimento como bedel, confundindo-o, portanto, com a criança que desejava eliminar.” (Curso de Direito Penal – parte geral, pg. 223)
Obs.: para se mais alguém não souber o que é bedel:
bedel s. m. Empregado que, nas universidades, faz a chamada e aponta as faltas dos alunos e lentes.
lente s. m. e f. Professor ou professora de escola superior.
(Dicionario Michaelis)
No relato acima, troquei amante por esposa, e bedel por vendedor de doces 😛
Obs2: O outro crime da “série”
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Filme “Noiva Cadáver”
“A Noiva Cadáver“, dos diretores Tim Burton e Mike Johnson, e com vozes de Johnny Depp, Helena Bonham Carter e Emily Watson, é um filme de animação que consegue ser bastante divertido, ao mesmo tempo em que é absurdamente deprimente. O trunfo principal do filme é querer produzir escárnio a partir da morte: por um lado, sucumbe-se ao riso. Por outro, as imagens de esqueletos caricaturizados estão ali como que para lembrar “ei, você um dia vai ficar reduzido a isso”; da morte ninguém tem escapatória, por mais que dela se tente zombar.
A história se passa num vilarejo europeu do século XIX e é baseada num conto do folclore russo de um rapaz que sem querer propõe em casamento uma jovem morta pouco antes de seu casamento*. Uma parte interessante da história original que é meio deixada de lado pelo filme é a questão de o assassinato se dar por conta de uma onda de anti-semitismo que estava espalhada pelo mundo na época: na história original, a noiva cadáver fora morta a caminho do casamento por grupos que tentavam evitar a proliferação de judeus.
A atmosfera do desenho faz lembrar um filme antigo, com trechos musicais (e essa é a parte mais tediosa dos desenhos animados… :P), cenas em preto e branco, roupas de época, personagens caricaturais que ostentam títulos vagos de nobreza, e outras coisas do tipo. Mas talvez o que mais chame a atenção é que o filme foi de fato feito à moda antiga, com a técnica de stop-motion — aquela que é empregada para animar personagens feitos de massinha de modelar. Na verdade, de acordo com o CinePop, os bonecos do filme eram feitos de ferro e cobertos de silicone. Ao ver o desenho de forma atenta, quase dá para perceber nitidamente o avanço quadro a quadro das cenas.
No filme, há uma certa inversão de valores intencional. Enquanto o mundo dos vivos aparece como algo profundamente melancólico, em tons quase que exclusivamente cinzas, o mundo dos mortos se apresenta como o exato oposto: nele, há uma verdadeira explosão de cores, combinada com muita música, riso e alegria. A idéia a ser passada é a de que morrer talvez não seja tão ruim assim — e no filme, ao menos, os personagens mais divertidos são aqueles que já passaram desta para uma melhor. É muito fácil ser agradável e bem-humorado quando já se tem a solução para todos os problemas, pois a pessoa morta não tem que se preocupar com o maior problema da vida: permanecer vivo.
Se de cara eles eliminam a velha distinção entre ricos e pobres (pois há um novo rico que irá se casar com uma moça de uma família que está perdendo a riqueza), eles deixam a desejar na distinção tosca entre vivos e mortos. Aparentemente, mortos não podem casar com vivos, pois pertencem a mundos diferentes. Mas tudo bem, quem disse que todos devemos ser sempre iguais?
E é de uma façanha incrível conseguir fazer rir quase que naturalmente quando o olho da mocinha salta da órbita e no buraco vê-se uma larva falante, ou quando algum esqueleto se exalta e sem querer se desmonta ou perde um braço ou uma perna. Ou então numa situação um tanto mais inquietante, como quando o ancião sábio dos mortos simula coçar sua cabeça (crânio) e na verdade o que se vê é um osso fraturado sendo deslocado. Mas apesar do tom melancólico e do tema macabro, o filme consegue sim ser bastante divertido. Uma das sacadas mais geniais é sem dúvida o cãozinho Scraps, que surge de um irônico amontoado de ossos. Outro lance legal é a presença constante de borboletas, simbolizando transformação.
Por tudo isso, a gente é capaz de perdoar o final-clichê do filme — até porque, na verdade, por grande parte da história, permanece a dúvida do que vai acontecer com o noivo (como nenhuma das duas mocinhas do filme é uma vilã, chega um ponto em que a gente se vê tão dividido quanto o personagem principal do filme…).
E o mais legal de tudo: a cópia que vi do filme era legendada! 😀 Viva os cinemas recentemente-civilizados de Pelotas!
* a frase foi intencionalmente construída tanto para significar que o rapaz estava prestes a se casar com outra moça, como que para dizer que a noiva-cadáver morrera pouco antes de seu próprio casamento 😛 mas acho que não ficou claro, por isso a ressalva…
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Se um viajante numa noite de inverno
Numa mistura de crítica literária e romance de ficção, “Se um viajante numa noite de inverno“, de Italo Calvino, é uma obra em que a participação do leitor não é relegada ao segundo plano como nos romances tradicionais.
O personagem principal da obra é o Leitor, e sua missão é ler livros. Só que, estranhamente, todos os livros que ele lê (e você os lê junto!) são interrompidos de forma misteriosa por motivos os mais diversos. E nessa colagem de textos distintos, nesse emaranhado de romances que começam e não terminam, você (que em certo ponto já começa a se confundir com o Leitor) sente-se indignado junto com o personagem, pois também tem interesse em saber o que aconteceria além do que foi lido, ao mesmo tempo que se sente curioso em saber o que vai acontecer com o Leitor, e também em seu envolvimento com a Leitora. Enquanto ao Leitor Calvino atribui apenas traços vagos e indeterminados (para que o leitor comum possa se identificar com ele e se sentir parte importante da história), a Leitora possui nome e atributos físicos e psicológicos bem determinados: ela representa uma leitora de tipo ideal, que adquire o prazer máximo de todo livro que coloca nas mãos.
O livro é complexo e interessante. As dez histórias, escritas por um autor que se desdobrou em dez autores para poder fazê-las tão distintas, funcionam como uma verdadeira crítica à literatura contemporânea que, baseada na superficialidade dos best-sellers e na falta de tempo dos leitores, falha em fazer aquilo que os livros do passado melhor sabiam fazer: criar uma história completa, com começo, meio e fim.
Como uma espécie compensação ao esforço de tentar entender esse verdadeiro entrelaçamento de textos, o final do livro acaba sendo duplo: há um desfecho para o caso dos dez trechos inacabados, e há um final feliz (previsível e anunciado mais de uma vez ao longo do livro) para o Leitor e a Leitora.
[E é impossível dizer algo mais sobre o livro, sob pena de contar o final e fazer perder toda a graça :P]
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Feriados
— E aí, como foi o feriado?
— Que feriado????
É impressão minha ou essa história de renegar o feriado do aniversário da proclamação da República foi uma coisa generalizada? De minha parte, confesso que não parei em nenhum momento para refletir sobre os valores de se viver numa nação pautada por valores [ditos] democráticos e republicanos, e que também não refleti sobre o quanto a imagem de nossa República encontra-se manchada pelos escandalosos acontecimentos recentes no âmbito político. Mas será que isso também aconteceu com todo mundo?
Particularmente, eu tinha motivos de sobra para nem sentir a passagem do feriado: três provas e um trabalho. Como passei o dia de “folga” inteiro estudando, é como se fosse simplesmente um dia em que não se fosse à aula. Um dia como outro qualquer. Um dia qualquer. Um dia.
Mas, convenhamos, dos feriados dedicados à nação, o da república é o mais inútil de todos. No 7 de setembro ao menos há desfiles. Responda rápido: o que se faz para comemorar a República? Fala sério… dava para fazer um referendo (já que virou moda!) propondo acabar com o feriado da república e transportando-o para um mês que já não tenha outro feriado (2 de novembro – 15 de novembro.. para que dois feriados no mesmo mês e em menos de quinze dias?). Para não perder o cunho político, dava para comemorar algo mais concreto e objetivo, como, sei lá, a abolição da escravatura (embora já haja outro feriado em maio… o problema é que feriado em fim de ano não tem a mínima graça! Qual a utilidade de um feriado a duas semanas das férias? :P), ou a data de edição da Constituição atual (aí teríamos um feriado relativamente móvel, visto que uma Constituição no Brasil não costuma durar mais do que 50 anos… mas num país com uma data tão móvel quanto o Carnaval, o que significa mudar a data de um mísero feriadinho de tempos em tempos?) ou a reconquista da democracia (bem mais interessante que comemorar a República! E dava até para fazer desfiles comemorativos felizes, simulando o dia em que os jovens foram às ruas clamando por eleições diretas)…
O que não dá é para seguir comemorando uma mera decisão arbitrária de meia dúzia de generais de transformar o país de monarquia para república. Tudo bem que esse ato simboliza a passagem do poder político das mãos de portugueses para brasileiros, mas não passa disso. Não reflete os anseios de um povo. Não houve revolta. Não teve a mínima graça. (mas aí poderíamos cair também no desvalor da comemoração da independência; ao menos a independência assinala algo relativamente concreto — o país passou das mãos de Portugal para… os portugueses…?). Ah, enfim, para que feriados? Abole tudo de uma vez e aumenta as férias no fim do ano! 😀
[P.S.: Nunca leve a sério nada do que escrevo no período pós-24h :P]
Internet of Things
O relatório deste ano da International Telecommunication Union (ITU) da ONU, entitulado “Internet of Things“, chama atenção para o crescente aumento do número de dispotivos, máquinas e chips que está tomando conta da internet e que poderão provocar transformações radicais nas relações da rede nos próximos anos.
“Machines will take over from humans as the biggest users of the Internet in a brave new world of electronic sensors, smart homes, and tags that track users’ movements and habits, the UN’s telecommunications agency predicted.”
(mais informações…)
Sobre a mídia
O livro “Sobre a Televisão“, do sociólogo francês Pierre Bourdieu, é de fato uma crítica ao campo jornalístico em geral, cada vez mais submetido às leis da concorrência e às exigências do mercado. A competição entre os canais de televisão, ao invés de promover a diversificação de ofertas, tem levado a uma verdadeira homogeneização do que é transmitido, porque os outros canais tendem a copiar fórmulas de sucesso, em busca de audiência e maior número de anunciantes (que, na maior parte das vezes, são os mesmos a financiar os mais diversos canais).
Na obra, o autor desenvolve conceitos bem interessantes, como fatos-ônibus (“são fatos que, como se diz, não devem chocar ninguém, que não envolvem disputa, que não dividem, que formam consenso, que interessam a todo mundo, mas de um modo tal que não tocam em nada de importante.” Os assuntos-ônibus seriam as notícias de variedade de um jornal, que preenchem o tempo útil com o vazio — é impossível causar polêmica tratando de assuntos como a previsão do tempo!), a chamada “mentalidade-índice-de-audiência” (que induz à produção voltada para o consumo), e as ilusões do “sempre assim” e “nunca visto”. Talvez o livro não devesse se chamar sobre a televisão (a despeito do fato de tratar-se da transcrição de algo que passou na televisão e falar sobre ela — o que aliás já se constitui numa bela quebra de sintagma!) mas a crítica é tão descaradamente destinada à pessoa do jornalista que é como se o culpado de tudo fosse sempre aquele que produz, (des)considerando as influências do meio em que se veicula a mensagem. Na verdade, o autor ressalta que os jornalistas são tão manipulados como manipuladores. O próprio veículo de informação pode impor limites ao agir individual do jornalista, mas mesmo assim, é ele próprio quem seleciona e constrói o que vai ser mostrado pela mídia. Ou seja, o profissional da mídia coloca uma espécie de “óculos” sobre a realidade, e impõe aos outros sua visão de mundo, exercendo uma espécie de censura prévia ao que vai ser veiculado pela televisão. E são essas “censuras” que fazem da televisão “um formidável instrumento de manutenção da ordem simbólica“. O resultado disso tudo é uma verdadeira despolitização do mundo.
E o pior é que parece que o autor tem razão! Ele faz alusão a uma espécie de círculo vicioso que reina no universo jornalístico, do qual não se consegue nunca escapar, e acaba sustentando as idéias dominantes. Um exemplo é o que acontece com a busca ensandecida dos noticiários pela urgência e pelo furo. Para o espectador, é irrelevante saber que uma determinada informação está sendo veiculada pela primeira vez por determinado veículo — porque, salvo raras exceções, ele só assiste ao jornal de um único canal mesmo. Na verdade, são os próprios jornalistas que vivem a se observar e se auto-exigir tal incumbência (pois quem mais além de um jornalista iria querer ver todos os noticiários de todos os canais, para compará-los e perceber que o seu jornal deveria falar também sobre aquilo que o outro falou?? :P)..
O autor também destaca o fato de a mídia (e em particular a televisão, por ser de fácil acesso) influir na elaboração de leis (no Brasil há exemplos contundentes, como o caso de uma onda de seqüestros que houve no país ao final da década de 80, bastante noticiados pela mídia, e que levou à edição da lei de crimes hediondos, tendo como carro-chefe a inclusão nessa categoria do crime de seqüestro mediante extorsão… outro exemplo, envolvendo praticamente a mesma situação, é o caso Daniela Perez, que levou à ascensão do crime de homicídio qualificado à categoria de hediondo, dadas as inúmeras pressões da televisão, visto que se tratava de um crime contra uma atriz de novela — o que causou enorme comoção pública — praticado por um ator — o que estimulou a necessidade de que o rapaz não ficasse impune — e deu a calhar de a diretora da novela também ser mãe da vítima — ou seja, a pressão era tamanha que o legislativo não viu outra saída senão sucumbir ao poder da mídia). Bourdieu fala mal até dos operadores do direito (pois sustentam a hipocrisia coletiva ao se submeterem ao poder da mídia a influenciar suas decisões!).
Assim, o jornalismo na televisão, ao menos das grandes emissoras que precisam fazer de tudo para manter a audiência, está sempre submetido a pressões (externas – concorrência, leis de mercado; ou internas – urgência, medo de entediar e perder o telespectador). O jornal escrito deveria estar livre disso, mas no entanto cada vez mais tem se preocupado em mostrar de forma impressa aquilo que a TV o faz de forma mais atraente: e é assim que crescem o número de imagens, tabelas, quadros, e notícias que não dizem nada e apenas ocupam espaço.
“Em um universo dominado pelo temor de ser entediante e pela preocupação de divertir a qualquer preço“, parece que tudo o que a mídia faz é elaborar maneiras de escapar do tédio. E uma das maneiras de fazer isso é mostrar uma “seqüência de acontecimentos que, surgidos sem explicação desaparecerão sem solução“. A televisão mostra tudo de forma dinâmica, aparentemente desconexa e de modo fragmentário, e seus telespectadores falham em perceber que no fundo todos os acontecimentos têm alguma coisa a ver com os demais.
As críticas do livro são um pouco exageradas. Mas mesmo assim são válidas como uma maneira de se repensar o papel da mídia na sociedade contemporânea, já que ela tem produzido efeitos sobre todas as demais esferas culturais… 🙂
Overdose de Google
No site Google Tutor há uma série de dicas para quem quer explorar ao máximo o poder do Google. Dentre as sugestões que estão por lá, achei algumas coisas particularmente interessantes (mas a maioria não serve para nada mesmo :P).
Primeiro, há dois sites-clones do Google (Woogle e Toogle) que usam o banco de imagens do Google para gerar resultados divertidos 🙂 No Woogle, é possível escrever uma frase com imagens (experimente procurar, por exemplo, “the sky is blue“). O Toogle transforma qualquer imagem em uma série ascii com repetições coloridas do termo pesquisado para encontrá-la (só vendo para entender como funciona… :P).
Outra dica curiosa que o site mostra diz respeito às opções de idiomas do Google. Se você prestar atenção na lista de opções disponíveis, vai perceber que há uma chamada “Elmer Fudd” (em português, “Hortelino Trocaletras“). Se você trocar o idioma do Google para essa opção, sua página de buscas ficará um tanto mais divertida 😀 E há também uma série de outros idiomas falsamente divertidos, como Bork, bork, bork!, Hacker e Língua do P 🙂
P.S.: Faltou citar Klingon, o Google tem até versão para o idioma falado em Star Trek!!!
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