Monthly Archives: October 2005

Ideologia nos meios de comunicação de massa

Um livro interessante que terminei de ler no feriado foi “Ideologia e Cultura Moderna“, do sociólogo inglês John B. Thompson. Em uma linguagem simples, o autor esboça uma teoria social crítica, na qual coloca os meios de comunicação de massa numa posição central da vida moderna, dando especial ênfase à ideologia, presente tanto na mídia quanto nas relações intersubjetivas.
A ideologia aparece como algo que “serve para estabelecer e sustentar relações de dominação e, com isso, serve para reproduzir a ordem social que favorece indivíduos e grupos dominantes”. Nesse sentido, “interpretar a ideologia é explicitar a conexão entre o sentido mobilizado pelas formas simbólicas e as relações de dominação que este sentido ajuda a estabelecer e sustentar”. Comunicação de massa, por sua vez, aparece como “a produção institucionalizada e a difusão generalizada de bens simbólicos através da transmissão e do armazenamento da informação/comunicação“. “Com o surgimento da comunicação de massa, o processo de transmissão cultural torna-se cada vez mais mediado por um conjunto de instituições interessadas na mercantilzação e circulação ampliada das formas simbólicas.”
O que mais gostei na obra é que o carinha repete tudo tantas vezes que a gente acaba entendendo pelo cansaço. Isso é bom porque não há necessidade de ficar indo e voltando para tentar entender e associar o que foi dito em capítulos anteriores com o que está sendo explicitado no momento. Claro que isso faz com que o livro tenha lá suas mais de 300 páginas, mas quem se importa? 😛 O importante é finalizar um livro com o sentimento de que se aprendeu alguma coisa, independente do tempo que se levou para lê-lo… 😉
Ironicamente, o livro dá ênfase aos três dos meios de comunicação que eu mais odeio (rádio e televisão, na questão da comunicação de massa, e telefone, no tocante a comunicação intersubjetiva). Basicamente, de tudo o que o autor fala no livro, só me interesso realmente pela imprensa escrita. E em todo o tempo de leitura reinou aquele sentimento de “tá, mas e a internet?” (o livro foi escrito num período em que a Internet como meio de comunicação de massa ainda estava no plano das idéias — 1990). Mesmo assim, o livro é muuuito bom.
Atualmente, o autor está pesquisando sobre as inovações na indústria de publicação de livros nos Estados Unidos e Inglaterra — meio viajante, mas parece legal 🙂 Fiquei com vontade de ler “Books in the Digital Age”, obra dele publicada este ano, mas garanto que vai levar ainda uns bons mil anos para chegar aqui no Brasil… :/

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Google Alerts

Servicinho interessante esse do Google Alerts. Você inclui temas que gosta e todo dia/semana o Google te envia e-mails contendo excertos de notícias que incluam a palavra desejada… Bastante útil.
No meu resumo de Technology de hoje vieram várias notas falando sobre a futura fusão dos MSN e Yahoo! Messenger. Até que ponto a união de empresas virtuais em gigantescos “conglomerados” pode ser prejudicial para o desenvolvimento da internet?? Ah, enfim… vai ser útil a união dos dois 😛 Pra que ter um monte de parafernália comunicativa se a gente no fundo acaba usando só uma? 🙂

P.S.: 100° post… Yay! *<:P~

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Fragmentos

Sabe quando você está fisicamente em uma festa, mas sua cabeça passa longe, bem longe? Sabe quando todos à sua volta bebem e você só consegue pensar em dormir? E, ironicamente, eu cheguei em casa agora e liguei o computador. Vá entender o que se passa nas minhas camadas internas de pensamento ¬¬
Estou notando que meu blog está se desvirtuando cada vez mais de seu caminho. O que há de jurídico ou jornalístico em postar sobre mim ou sobre sofás? 😛
Aliás, até ius communicatio é um título equivocado. Eu não sabia que isso era uma expressão latina que quer dizer “comunicação de direitos” — minha intenção era significar exatamente o oposto — Direito de comunicar.
Antes que eu comece a postar receita de bolos (ou algo mais meloso ainda), vou começar a restringir o quantidade de textos. Afinal, a escolha dos assuntos a serem tratados aqui no blog merece contar com os requisitos do due process of law (aquele que assegura o direito à ampla defesa e ao contraditório). A regra é simples: um menor número de posts para uma maior qualidade dos mesmos. Nem vou submeter minha decisão a referendo (já que tá na moda usar dispositivos constitucionais sérios para consultas inúteis) porque minha única leitora assídua pode ser facilmente influenciável (é fácil ganhar uma eleição quando só se tem um único eleitor para convencer). 😛

Se nem eu mesma consigo ser fiel ao que proponho, como posso pretender influenciar as pessoas na futura e hipotética profissão de jornalista ou advogada? É, está na hora de rever meus conceitos… 😛

Falando em influenciar pessoas… a aula de hoje de Filosofia Geral e Jurídica estava bastante interessante (nunca pensei que eu fosse dizer isso um dia!)… O tema era a liberdade psicológica. Tipo, como podemos ser livres para pensar se nosso próprio cérebro, atuando por intermédio do superego, já cerceia nosso direito de pensar e expressar-se? Ele atua como uma espécie de censor moral, filtrando aquilo que pode emergir do inconsciente em direção à nossa consciência. Assim, a liberdade de expressão precisa se submeter ao jugo não só dos demais seres vivos em sociedade (regras de convivência apenas — já que, tecnicamente, não há censura formal no Brasil), mas também de um dos próprios componentes de nossa psique!! De acordo com o professor de Filosofia (e com as teorias freudianas), basta que entendamos como funcionam os mecanismos da psique humana (em especial, os do superego) para que possamos pensar mais livremente (ao menos pensar — a decisão de expressar-se, entretanto, ficará ainda submetida aos juízos de valor do ego (consciente). Também não dá para extrapolar e sair por aí postando em blogs anônimos 😛 É preciso ter coragem para afirmar aquilo que se diz!! Não basta a criatura se sentir livre para pensar, e depois não ter coragem de assumir aquilo que exteriorizou. Se não for para ser assim, então não tem por que se preocupar em driblar os censores morais naturais do superego…

Blogs anônimos

Site idiota que explica como entrar para a blogosfera e postar anonimamente. Um dos princípios da liberdade de expressão é poder dizer o que pensa (mas requer também que se tenha a capacidade de assumir aquilo que se diz…) Qual a graça de postar sem assinar? A liberdade de expressão termina onde acaba a coragem de se expressar de forma não-anônima.
Além disso, postar de forma anônima parece tão trabalhoso que o melhor mesmo é só dizer aquilo que se tem coragem de assinar (e guardar para si aquilo que não se tem envergadura moral para assumir publicamente)… 😛

Obs.: encontrado via StumbleUpon.com.

Propostas de referendos

Com a aproximação do utilíssimo referendo do desarmamento, passei a refletir sobre a urgência da realização de consultas populares acerca de temas igualmente relevantes para o interesse nacional… Pena que os governantes não se dão conta disso…

O referendo de armas de fogo deve ser realizado no Brasil?
Porque ninguém se questionou sobre a relevância de fazer uma pergunta cretina dessas à população nacional.

O comércio de veículos automotores deve ser proibido no Brasil?
Dizem que mata menos que as armas de fogo, mas quem acredita? Todos têm o direito de andar nas ruas sem ter medo de ser atropelado por algum motorista inescrupuloso! Nem que isso signifique ter de voltar a períodos pré-históricos onde o único meio de transporte eram os cavalos (e torcer que ninguém promova campanhas contra o maus tratos aos animais!)…

O comércio de CDs de Funk deve ser proibido no Brasil?
É preciso acabar com esse desserviço à moral pública do país! Abaixo a popularização de músicas que desmoralizam os indivíduos em letras totalmente promíscuas!

A exibição de programas idiotas deve ser proibido na televisão brasileira?
Estou sendo forçada a ouvir Zorra Total neste exato momento, por maioria absoluta (família reunida na sala). Ninguém merece!

A existência de professores medíocres que fingem dar aulas deve ser proibida nas instituições públicas e privadas do país?
Sem comentários. Tem gente que simplesmente não tem vocação (para usar um eufemismo) para o Magistério.

A existência de segundas-feiras com chuva deve ser proibida no Brasil?
Segunda fui para a aula com dois guarda-chuvas. Um quebrou e o outro virou. Grrr.

O comércio de passagens de poltronas de ônibus muito próximas ao banheiro deve ser proibido no Brasil?
Sexta-feira viajei de guardiã do WC. Fui comprar a passagem e me restavam as melhores opções possíveis — poltronas 44, 45, 46, 47 e 48. Escolhi a 45 porque, ao menos, era uma janela. O ruim dos ônibus é que os últimos lugares — além do fato já suficientemente trágico de ser em frente, ao lado ou na diagonal do banheiro — não possuem ar condicionado. De fato, eles ficam situados abaixo da central de refrigeração do ônibus e, por uma ironia viária, não dispõem de buraquinhos de saída de ar. Talvez porque aí teriam que furar o próprio ar condicionado, o que seria algo completamente tosco (mas creio que possível). Aí o ar “puro” (reciclado, aquele ar que passa por todos, mistura todos os tipos de gripes existentes e imaginárias, e retorna geladinho) vinha dos bancos da frente em baforadas inconstantes, mas revigorantes. O ruim era quando alguém abria a porta do banheiro. Aí era preciso esperar mais uns 2 ou 3 minutos para que se fosse possível respirar novamente.

O comércio de sofás pesados deve ser proibido no Brasil?
E o meu sofá segue sem os seus pézinhos…

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Sobre patos e Disney

O livro “Para ler o Pato Donald – Comunicação de massa e colonialismo“, de Ariel Dorfman e Armand Mattelart, é uma das críticas mais famosas ao grande império infantil construído por Walt Disney. Os autores chilenos falam mal de tudo, das cores dos cenários até à ausência de sexo na vida das personagens, e acabam exagerando em certos pontos. Mesmo assim, a leitura do livro é interessante. Principalmente para os fãs do universo Disney que tenham um mínimo de senso crítico.
Não dá para simplesmente concordar com tudo o que está dito na obra. Mas muito do que está ali é bem interessante. Os autores falam da ausência de estruturas familiares (há tios, sobrinhos, avós… jamais pais e mães; há casais de eternos namorados, mas parece que nenhum animalzinho tem coragem de assumir compromissos fixos), da falta de relações de produção no trabalho (há uma verdadeira exaltação do consumo; “só há setor primário e terciário no universo de Disney“), e de coisas toscas como o fenômeno da multiplicação dos gêmeos e trigêmeos (há uma predisposição enorme a fazer tríades de sobrinhos, com o exemplo clássico de Huguinho, Zezinho e Luizinho), e o culto ao ócio, que é apresentado nas historinhas como tudo o que mais pode se desejar na vida. Estranhamente, os autores elogiam bastante o personagem Mickey, por ser o único que não rege suas ações em função de si, mas sim pelos outros (o que poderia ser suficiente para taxá-lo de “tolo”). Por acaso o Donald é menos interessante por ser meio atrapalhado, ou o Tio Patinhas não merece relevo por ser avarento — o que poderia ser traduzido por simples consciência [talvez um pouco exagerada] do valor do dinheiro? Ressalve-se: estamos falando de literatura infantil. Estamos falando de histórias em quadrinhos. Tem que ter um pouco de eufemismo, um pouco de antropomorfização… (talvez Disney tenha exagerado no número de patos, ou em certas suavizações da realidade do mundo, mas mesmo assim… é uma história infantil… ninguém ia querer uma criança de 7 anos aprendendo a ler e ao mesmo tempo refletindo sobre os princípios do marxismo…).
Não sei se todas as historinhas da Disney seguem esse tipo de linha teórica (a análise dos autores restringiu-se a edições chilenas de pouco antes da publicação do livro, em 1971), mas é interessante notar que tipo de coisa as crianças andam lendo na infância. Claro que não é o caso de condenar toda e qualquer HQ e declarar o fim da confiança nos meios de comunicação de massa. O ideal seria que todos tivessem consciência para selecionar aquilo que lêem 🙂 (num mundo perfeito talvez isso fosse possível…).

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Roland Barthes, aleatoriamente

A importância de se contextualizar mensagens…

Todos esses jovens fotógrafos que se movimentam no mundo, dedicando-se à captura da atualidade, não sabem que são agentes da Morte.
(A Câmara Clara, de Roland Barthes, pg. 137)

Arrã. Palavra de quem morreu atropelado por uma van de lavanderia ao sair de uma aula que estava dando na universidade, pouco tempo depois da publicação do referido livro…

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Cheguei à conclusão de que é mais divertido ler Barthes do que ter que fazer análises semióticas como as sugeridas por ele em “Elementos de Semiologia”.

Ver alguém não vendo é a melhor maneira de ver intensamente o que ele não vê.” (Mitologias, de Roland Barthes, pg. 32). Até porque “nada é mais apaixonante do que ver em um olhar o mundo desabrochar de um sentido.” (Dentro dos Olhos, O Óbvio e o Obtuso, de Roland Barthes, pg. 281). Sem falar que “hoje em dia, as imagens são mais vivas que as pessoas.” (A Câmara Clara, de Roland Barthes, pg. 173). Mas tudo bem. O importante é que a fotografia é “uma realidade da qual estamos protegidos” (A Retórica da Imagem, em O Óbvio e o Obtuso, de Roland Barthes, pg. 36).

E viva as frases descontextualizadas!! \o/

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Estatísticas

Aniversário do blog… Êêê! *<:P (faça de conta que isso é um boneco com chapéu de aniversário…)

2 meses (61 dias)
92 posts (1,5 por dia)
90 comentários
358 visitas (desde 07/09)
Primeiro post
Post mais divertido
Menor post (5 palavras em 34 caracteres)
Maior post (1823 palavras em 8241 caracteres)

Freqüência das palavras no blog:
9 “inútil”
9 “política”
16 “enfim”
19 “Semiótica”
24 “Constituição”
88 “:P”

Tudo o que você nunca quis saber sobre a Mauritânia

A professora de francês pediu que a gente fizesse uma pesquisa sobre usos, costumes e cultura de algum país francófono qualquer. Em português, é claro (considere-se que faço francês há 1 mês, e tive no máximo 5 aulas — e foi a apenas na última que a gente aprendeu o verbo être). Para não cair no convencionalismo de escolher um país sem graça como França ou Canadá, peguei o mapa dos países francófonos do livro e me decidi a escolher o país que tivesse o nome mais bizarro. A escolha recaiu sobre a Mauritânia. Então eu passei o domingo inteiro pesquisando tudo na internet sobre um país insignificante da África. E qual é a graça de ter todo um conhecimento inútil e não poder compartilhá-lo? 😛 Fiquem aí com o meu trabalho (não achei quase nada de usos, costumes, e coisas do tipo; por isso o texto se detém a falar sobre basicamente TUDO que tenha a ver com o país)…

P.S.: Eu nunca tinha entrado em um site árabe antes. É bem legal, tudo aparece invertido. Até a barra de rolagem migra da direita para a esquerda da tela 😛 hehe… Visitem o site oficial da Mauritânia em www.mauritania.mr 😉

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Países francófonos são aqueles que de certa forma encontram-se ligados à França por laços culturais ou pelo idioma. A Mauritânia, uma ex-colônia francesa na Àfrica, recebeu muitas influências da França ao longo da sua história. A curiosidade em pesquisá-la surgiu da irreverência do nome país, e do profundo desconhecimento que normalmente se tem sobre ele.
O nome vem do fato de o território ter sido antes ocupado por mouros (Mauritânia é “terra dos mouros”, em latim). E a relação com a França advém do fato de a Mauritânia ter sido colônia de exploração francesa entre 1908 (ou 1920, de acordo com a Embaixada da Mauritânia em Washington) e 1960 (a independência é comemorada no dia 28 de novembro).
A República Islâmica da Mauritânia tem 3 milhões de habitantes. É banhada pelo Oceano Atlântico a Oeste, e faz fronteira com o Saara Ocidental, Mali e Senegal. A capital do país é Nouakchott, com cerca de 600 mil habitantes. Os idiomas oficiais são o árabe e o francês (utilizado basicamente para comunicações oficiais). Outras línguas e dialetos também são faladas na região, como hassniya, soninké e oulof. A religião predominante (100% da população) é a muçulmana. A moeda é a Ouguiya. A Mauritânia é uma República unitária, e seu regime de governo é o presidencialista.
O lema do país é Honneur, Fraternité, Justice (Honra, Fraternidade e Justiça), e as leis vigentes são uma combinação da lei islâmica com o código civil francês, o que reforça a influência francesa sobre a nação. Há o presidente e um Conselho de Ministros. O primeiro Ministro, escolhido pelo presidente, é Sidi Mohamed Ould Boubacar (desde 7 de agosto de 2005). O Presidente do Conselho Militar para Justiça e Democracia é Elv Ould Mohamed Vall. O presidente do país, Muauía Uld Sidi Ahmed Taya, foi deposto pelo Conselho Militar para a Justiça e a Democracia em agosto deste ano, após mais de 20 anos se mantendo no poder através de eleições fraudulentas e de um regime autoritário.
O país está localizado a noroeste da África. Dois terços do território é ocupado pelo deserto do Saara (onde predomina o clima quente e seco, e vegetação de planícies cobertas por dunas de areia). A atividade agrícola é exercida apenas numa estreita faixa de terras ao sul do país, ao longo do Rio Senegal (única fonte de água potável do país) e concentra-se no cultivo de cereais e tâmaras, além da pecuária. A extração de minério de ferro – produto do qual a Mauritânia tem uma das maiores reservas do mundo – e a pesca marítima são as principais fontes de receita. Gesso, cobre e fosfato são outros recursos naturais explorados no país.
A Mauritânia é o 28° maior país do mundo, com uma área de 1.030.700km². Os recursos aquáticos são desprezíveis (apenas 300km² da área total do país). Há 754km de litoral. Podem ocorrer tempestades de areia e ocorrem secas periódicas. As cidades concentram-se nas margens do único rio do país.
A expectativa de vida da população é baixa (52,73 anos). A taxa de alfabetização é de 41,7%. Metade da população vive abaixo da linha de pobreza. O desemprego atinge 23% da população economicamente ativa do país. E a taxa de fertilidade é de 5,94 filhos por mulher!
Em termos tecnológicos, o país vem tentando crescer cada vez mais. Em 2000, havia 20 mil linhas telefônicas e 14 mil telefones celulares, 360 mil rádios e 1 emissora de televisão. A Universidade de Nouakchott dedica-se à pesquisa de Ciência e Tecnologia, e é também quem cuida do registro de domínios .mr na internet.
A cultura do país é bastante rica. É na Mauritânia que nasceu Abderrahmane Sissako, cineasta famoso por filmes como o premiado “Heremakono” (À Espera da Felicidade) e “A Vida sobre a Terra” (este último retrata o contraste entre a Europa e a África, e o massacre econômico e cultural operado pela primeira sobre a segunda).
Os descendentes dos povos árabe e bérbere são a maioria no país. No passado, eram principalmente nômades, o que explica as influências do sul da África e do Deserto do Saara, bem como de tradições árabes, em sua cultura. O tuaregue é um dos últimos povos nômades do mundo. Alguns membros desse povo ainda vivem como pastores, atravessando o deserto do Saara em caravanas de camelos. As mulheres vestem tradicionais túnicas de índigo, que incluem o tagilmust (turbante que cobre o rosto delas a fim de protegê-las do sol) e a espada. Eles falam tamarshak, um idioma bérbere.
O hino nacional da Mauritânia foi feito a partir de um poema de Baba Ould Cheikh, um poeta e líder religioso do país. Foi escrito por volta do fim do século XIX e adotado como hino em 1960, na ocasião da independência do país. A bandeira foi escolhida em 1959. As cores verde e dourada são consideradas cores pan-africanas. O verde é a cor do Islã, e o dourado simboliza as areias do deserto do Saara. O crescente e a estrela são símbolos do Islã – maior religião do país. Seria o equivalente à cruz para o cristianismo. Esses símbolos também estão presentes nas bandeiras de vários outros países que adotam a mesma religião, como o Egito, o Paquistão, a Turquia, etc.